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RENOVAÇÃO CELULAR - 2
Pedro Orlando Ribeiro
MENSAGEM ORIGINAL

    Caro amigo Pedro,

Você escreveu:

Assim se dá a renovação celular do nosso corpo, que no prazo de alguns meses suas células são totalmente substituídas. Vida e morte se alternam em todos os níveis, tanto na vida humana, como no sistema celular e até no aparecimento e desaparecimento de universos. Para se construir uma casa mais moderna é preciso demolir a casa velha para liberar o terreno para a nova construção.

A matéria eliminada retorna ao seu estado primitivo mais simples e cai num repositório comum e é retomada por outros seres num ciclo mais baixo de vida, reiniciando seu caminho evolutivo. E assim de grau em grau, com avanços e retornos, os seres de qualquer nível evolutivo evoluem interagindo com os planos evolutivos que lhes estão acima e abaixo. Desta forma, podemos dizer que somos responsáveis em sentido genérico em relação às individuações menores, mas não em sentido especifico com cada individuação menor em particular. Somos, no entanto, especialmente e diretamente responsáveis em relação aos nossos semelhantes do plano humano. Responsabilidade essa que gera o tanto o Carma individual como o coletivo.

Sobre esse assunto, o professor Carlos Torres Pastorino, que foi um estudioso da obra de Ubaldi, do Espiritismo e do Evangelho de Jesus, nos fala sobre a possibilidade de cada célula, que é um princípio inteligente em evolução, não morrer, mas passar por um processo palingenésico e assim, estarmos a elas ligadas por toda a trajetória evolucional. Segundo ele, poderíamos ter sido células no corpo de Jesus quando este passava por uma etapa evolutiva como a nossa, e daí o seu carinho e proteção para conosco. Tudo isso, é lógico, no plano da suposição. O que pensa você sobre isso? Talvez para ficar mais clara a idéia do professor Pastorino, fosse melhor pegar o seu texto original, pois faz muito tempo que li, e posso ter deturpado sua idéia original, assim, se quiser prolongar a conversa, posso procurar o texto.

RESPOSTA
Prezado amigo:

Antes de entrar no foco da questão suscitada pelo texto do Pastorino, precisamos fazer algumas considerações que nos fornecerão uma melhor compreensão do tema.

As forças evolutivas para fazer evoluir o Anti-Sistema empregam dois princípios básicos que embora tenham direções de atuação opostas, no entanto, os seus resultados são complementares. Estou me referido à Lei das Unidades Coletivas e, ao oposto a Lei das unidades coletivas, a Lei da Diferenciação. Esta oposição é o motor do transformismo evolutivo, pois é pela oscilação dos contrários que a evolução acontece. Esta oscilação é revelada pelos avanços e recuos da linha espiral da figura 4 de A Grande Síntese.

O surgimento de um ser coletivo formado por unidades menores é seguido pela multiplicação dessas unidades maiores, mas ao mesmo tempo, por ação da Lei da Diferenciação estes novos seres coletivos, pertencentes ao mesmo nível evolutivo, adquirem um "colorido" individual que os tornam semelhantes, mas não iguais entre si.

Paradoxalmente, isto significa que quanto mais os seres se reunificam mais se individualizam. A Lei da Diferenciação nada mais é que uma de lei de individuação. Creio que fica mais fácil compreendermos a função dessas Leis se lembrarmos que elas se originam dos dois atributos básicos da criação Divina que originou o Sistema orgânico, absolutamente perfeito: o Amor e o Egocentrismo. Com a queda o amor emborcou no ódio separatista e a individualidade, característica do Egocentrismo, mergulhou na ignorância e, desta forma, as criaturas decaídas perderam parcialmente ou quase totalmente suas identidades. A profundidade da queda foi proporcional ao nível da criatura no Sistema hierarquizado, assim, nos planos evolutivos, onde a fragmentação do Sistema foi maior, cada individualidade não podia sentir-se como um ser diferenciado porque não havia mais a integração com outras individualidades que permitisse o contraste entre as qualidades de cada uma.

Podemos concluir que, quanto mais a evolução avança, mais os seres se unificam e, cada vez mais se manifesta a individualidade em razão da ampliação do maior conhecimento das suas próprias qualidades que a diferencia das outras. Assim, se olharmos em direção evolutiva, a medida que subirmos plano a plano, veremos cada vez mais seres individuados, embora sejam resultado da unificação de criaturas menores. E, em conseqüência, será maior, também, a liberdade desfrutada por estes seres porque a liberdade é um aspecto inseparável da individualidade e, deste modo, quanto mais esta aumenta, mais aquela se amplia.

E se ao contrário olharmos em direção involutiva, o separatismo dos seres é a causa que os tornam mais ignorantes, pois o conhecimento é efeito da unificação. Um exemplo que demonstra esta afirmativa pode ser visto nas diversas sociedades humanas de nossa época. As sociedades mais livres, mais estáveis e mais prósperas são formadas por populações mais esclarecidas e educadas. Já os povos dos países subdesenvolvidos por serem mais incultos vivem na miséria e em guerra permanente. Quanto mais profundamente alcançar o nosso olhar mais e mais as diferenças individuais vão desaparecendo e passa-se da liberdade individual a um férreo determinismo. Embora a individualidade permaneça inviolável em qualquer nível evolutivo, no entanto, nos planos mais involuídos as diferenças individuais diminuem, quase desaparecendo. É por esta razão que a matéria nos parece homogênea e por sua vez a sociedade humana, sob o nosso olhar, explode em diferenças e contrastes em virtude da maior individuação alcançada pelos seus componentes. Talvez seja esta a explicação porque certas correntes do pensamento espírita e rosa-cruz falam em alma-grupo ao se referirem aos animais e as plantas.

É por isso que afirmamos que nos planos evolutivos inferiores ao nosso só podemos considerar os seres de forma genérica porque as diferenças individuais são praticamente indistinguíveis. Outro ponto a considerar no caso da renovação celular é o número astronômico destes seres minúsculos. Calcula-se que o corpo humano tenha 100 trilhões de células e que cada célula é formada em média por um trilhão de átomos, em conseqüência o corpo de uma pessoa possuiria um número de átomos equivalentes ao algarismo 1 seguido por 26 zeros! Devemos ainda computar o fato de que a renovação celular acontece a cada três meses e que a vida média de um ser humano é de 70 anos e, ainda mais, vivem contemporaneamente na Terra cerca de 6 bilhões de pessoas. Se considerarmos também a vida animal e vegetal estes números ficarão além da nossa imaginação. Desta maneira por um simples cálculo de probabilidades veremos que é praticamente impossível um mesmo átomo de uma substância química qualquer repetir sua passagem pelo ciclo orgânico de uma mesma pessoa.

Concluindo, podemos dizer que Pastorino está correto quando afirma que cada célula um princípio inteligente em evolução, não morrer, mas passar por um processo palingenésico e que, estarmos a elas ligadas por toda a trajetória evolucional, mas é preciso acrescentar que estamos ligados ao conjunto e não à algumas células especificas. Afinal o universo é monístico e, portanto estamos ligados a infinitos seres, mas de forma genérica. Outro ponto a considerar é que sendo infinito o Sistema, infinitas serão também os Universos, e Universos de Universos, infinitas serão as formas de evolução (...na casa de meu Pai existem muitas moradas) e infinitos serão outros tipos de criaturas e, assim, na rota evolucionária das criaturas não é obrigatório passagem pela forma humana. Podemos conjeturar que possam existir formas de evolução paralelas à nossa. Precisamos abandonar o antropomorfismo que coloca o homem como medida das coisas. É necessário que pensemos numa cosmogênese de dimensões infinitas.

Sobre isto Ubaldi nos alerta: Com o progresso da ciência, que aponta a nossa Terra apenas como um ínfimo grãozinho de poeira cósmica, torna-se cada vez mais inadmissível o antropomorfismo, que pretendia fazer dela o teatro dos maiores acontecimentos da criação. Não é concebível que a vida possa estar toda aqui. E, se Deus enviou Cristo como seu representante, torna-se cada vez mais difícil que Ele se tenha ocupado apenas de nossa humanidade, esse Deus que deve sê-Lo não apenas para nós, mas para todo o infinito Universo que escapa a qualquer medida e compreensão nossa. Por que devemos acreditar que Cristo tenha sido o único meio da intervenção de Deus para salvar o ser decaído, quem sabe em quantas e variadas formas? (P. Ubaldi – Deus e Universo)

No livro A Grande Síntese existe um trecho que faz até a mais radical imaginação explodir: Vosso sistema solar, com todos os seus planetas, poderia considerar-se um átomo de uma química astronômica. Poderia, pergunto eu, o nosso Universo ser um simples átomo ou molécula de outro Universo infinitamente maior que o nosso? Onde ficariam as nossas idéias antropomórficas neste cenário de dimensões inimagináveis?

Mas, o que expusemos acima pode nos esclarecer uma polêmica moderna: É possível a clonagem dos seres vivos? A clonagem poderia ter um sucesso relativo se for realizada em seres onde a individualidade ainda não é muito acentuada, como é o caso das células vegetais, animais e humanas. Mas, no caso onde predomina a consciência de individualidade, como no caso do psiquismo humano, a idéia da clonagem é fantasiosa. Só se pode copiar o genérico e não o específico. Mesmo em animais clonados pela ciência moderna o sucesso é apenas relativo como dissemos acima. Para ilustrar esta última afirmativa, reproduzo abaixo uma reportagem publicada no site da CNN.

Clique aqui para ler o artigo da CNN

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