Mensagem Original
Eu tento entender alguns aspectos do pensamento ubaldiano, e na parte que tange a ciência, fica especialmente complicado de entender. Eu queria saber se Ubaldi consideraria errônea a maneira pela qual está sendo conduzida a ciência no mundo (pesquisas com células tronco, pesquisas genéticas etc.) que levam muito em consideração as causas orgânicas e não espirituais das doenças ou do complexo funcionamento do corpo (com todas aquelas reações químicas); adotando sempre uma visão materialista.
Eu estou cursando biomedicina e pretendo ser pesquisador, só que eu queria que o meu trabalho tivesse algum sentido, eu queria fazer alguma coisa que pudesse se encaixar nos rumos dessa "nova ciência" (que leva em consideração o espírito). Enfim, tenho muitas dúvidas e queria saber se nos sites que falam sobre o Pietro Ubaldi têm fóruns no qual se possam tirar dúvidas e fazer questionamentos, porque eu não queria que as ideias de Ubaldi viessem me confundir ainda mais, mas sim o contrário. Espero resposta, mas desde já obrigado pela atenção.
Resposta
Prezado amigo,
Creio que antes de entrarmos no mérito das suas perguntas é necessário estabelecermos alguns fundamentos de forma que as respostas sejam construídas sobre um terreno sólido.
O pensamento de Pietro Ubaldi é todo estruturado sobre conceitos bem simples, de fácil compreensão. Veremos mais adiante como e porque surge a complexidade que nos atordoa quando lemos Ubaldi pela primeira vez. Veremos também que esta complexidade torna-se menos nebulosa a medida que formos localizando estes princípios básicos que estão imersos no seio dessa complexidade.
Vamos procurar traduzir estes conceitos básicos de forma bem simples e resumida de maneira a lançarmos uma luz, embora tênue, sobre estes temas difíceis de serem compreendido por uma mente racional incapaz ainda de ver as coisas sobre uma forma global. Nossa mente, pode-se dizer, é estruturada de forma que o nosso raciocínio funciona como se estivesse num plano de duas dimensões e por isso é sequencial no tempo e no espaço. Para seres altamente evoluídos, como Ubaldi, a razão torna-se intuição e, assim os fenômenos, são vistos de uma perspectiva situada fora do plano racional, isto é, a visão globalizante vê todos os pontos do plano e compreende instantaneamente a intricada relação existente entre todos os pontos que estão sobre o plano. Já nossa visão racional tem que se deslocar, trabalhosamente, de ponto a ponto, sequencialmente a fim de tentar construir um desenho coerente com aquilo que está sobre o plano. Essa é a razão porque a ciência humana é edificada passo a passo, com avanços e recuos, isto é, o acervo do conhecimento humano foi construído pelo método de tentativas e erros.
Esta é, portanto a causa porque tudo que existe (incluindo a ciência) no nosso Universo decaído nos parece evoluir de forma oscilante entre duas posições opostas e excludentes. Por exemplo, no mundo moral estas posições opostas são reveladas pela eterna luta entre o bem e o mal. Esse balançar entre situações opostas se denomina DUALISMO.
Estabelecidas estas premissas fica fácil compreender que tudo no nosso Universo funciona na oscilação entre duas posições inversas e excludentes. Assim, sejam qual for o tipo do fenômeno, seja ele material, energético ou espiritual, tudo oscila entre duas posições opostas guiadas, portanto, por dois princípios básicos. É por isso que ao Dia se opõe a Noite, o Bem ao Mal, o grande ao pequeno, o corpo ao espírito, a vida à morte e assim por diante.
As forças evolutivas empregam estes dois princípios básicos para fazer evoluir o Anti-Sistema que embora tenham direções opostas de atuação, os seus resultados, no entanto, são complementares. Estou me referido à Lei das Unidades Coletivas e, a Lei oposta a esta, a Lei da Diferenciação. É pela oposição de contrários que acontece a evolução. Esta oposição é o motor do transformismo evolutivo. Esta oscilação é revelada pelos avanços e recuos da linha espiral da figura 4 de A Grande Síntese.
O surgimento dos seres coletivos formados por unidades menores é seguido pela multiplicação dessas unidades maiores pela ação da Lei da Diferenciação. Estes novos seres coletivos, pertencentes ao mesmo nível evolutivo, adquirem um "colorido" individual que os tornam semelhantes mas não iguais entre si.
É bom ter em mente que tudo o que existe no Universo constituem unidades coletivas. O próprio corpo humano é formado por bilhões de individualidades menores, as células. Estas formam os orgãos, estes os sistemas (ósseo, muscular, nervoso etc.) e assim por diante. Assim também, a coletividade social mundial é uma individualidade formada pelos povos e estes pelos homens. Os seres abstratos também formam unidades coletivas. Desta forma as idéias formam correntes de pensamentos e em consequência a ciência também evolui sob este diapasão.
Paradoxalmente, isto significa que quanto mais os seres se reunificam mais se acentuam suas diferenças individuais. A Lei da Diferenciação nada mais é que uma de lei de individuação. Creio que fica mais fácil compreendermos a função dessas Leis se lembrarmos que a Criação Divina original se fundamenta em dois atributos indispensáveis para que um Sistema orgânico seja absolutamente perfeito: o Amor e o Egocentrismo. Em razão da queda o amor emborcou no ódio separatista e a individualidade, característica do Egocentrismo, mergulhou na ignorância e, desta forma, as criaturas decaídas perderam quase totalmente suas identidades. A profundidade da queda foi proporcional à altura relativa do ser na hierarquia do Sistema, assim, nos planos evolutivos, onde a fragmentação do Sistema foi maior, não havendo mais a união orgânica, cada individualidade não podia sentir-se como um ser diferenciado pois este sentimento é função do contraste de qualidades entre criaturas pertencentes a um Sistema orgânico hierarquizado.
Podemos concluir que, quanto mais a evolução avança, mais os seres se unificam e, cada vez mais é manifesta a individualidade de cada ser em razão da ampliação conhecimento das suas próprias qualidades que o diferencia dos outros. Assim, se olharmos em direção evolutiva, a medida que subirmos plano a plano, veremos cada vez mais seres individuados, embora sejam resultado da unificação de criaturas menores. E, em consequência, será maior, também, a liberdade desfrutada por estes seres porque a liberdade é um aspecto inseparável da individualidade e, deste modo, quanto mais esta aumenta, mais aquela se amplia.
E se ao contrário olharmos em direção involutiva, veremos que a causa que torna os seres mais ignorantes é o separatismo, visto que o conhecimento é efeito da unificação. Um exemplo que demonstra esta afirmativa pode ser visto em diversas sociedades humanas da nossa época. As sociedades mais organizadas e portanto mais prósperas, livres, e estáveis são formadas por populações esclarecidas e educadas. Em países mais subdesenvolvidos impera uma alta instabilidade social em virtude do baixo nível cultural dos seus povos.
Quanto mais profundamente alcançar o nosso olhar mais e mais as diferenças individuais vão desaparecendo e passa-se da liberdade individual a um férreo determinismo. Embora a individualidade permaneça inviolável em qualquer nível evolutivo, no entanto, nos planos mais involuídos as diferenças individuais diminuem, quase desaparecendo. É por esta razão que a matéria nos parece homogênea e em contraposição a sociedade humana explode, sob o nosso olhar, em diferenças e contrastes em virtude do maior grau de diversidade individual alcançada pelos seus componentes.
É por isso que afirmamos que nos planos evolutivos inferiores ao nosso só podemos considerar os seres de forma genérica porque as diferenças individuais são praticamente indistinguíveis. Outro ponto a considerar no caso da renovação celular é o número astronômico destes seres minúsculos. Calcula-se que o corpo humano tenha 100 trilhões de células e que cada célula é formada em média por um trilhão de átomos, em consequência o corpo de uma pessoa é formado por um número de átomos equivalentes ao algarismo 1 seguido por 26 zeros! Devemos ainda computar o fato de que a renovação celular acontece a cada três meses e que a vida média de um ser humano é de 70 anos e, ainda mais, vivem contemporaneamente na Terra cerca de 6 bilhões de pessoas. Se considerarmos também a vida animal e vegetal estes números ficarão além da nossa imaginação. Desta maneira por um simples cálculo de probabilidades veremos que é praticamente impossível um mesmo átomo de uma substância química qualquer repetir sua passagem pelo ciclo orgânico de uma mesma pessoa.
Concluindo, podemos dizer que Pastorino está correto quando afirma que cada célula é um princípio inteligente em evolução, não morre, mas passa por um processo palingenésico e que, estamos a elas ligados por toda a trajetória evolucional, contudo é preciso acrescentar que estamos ligados ao conjunto e não à algumas células especificas. O universo é monístico e, portanto estamos ligados a infinitos seres porém, essa ligação com os seres mais elementares da vida é genérica pelas razões que vimos acima.
Outro ponto ainda a considerar é que sendo infinito o Sistema, infinitos serão também os Universos, e Universos de Universos, infinitas serão as formas de evolução (... na casa de meu Pai existem muitas moradas) e infinitos serão outros tipos de criaturas e, assim, na rota evolucionária das criaturas não é obrigatório a passagem pela forma humana. Os ramos da árvore da evolução se abrem numa miríade de formas e criaturas A rota seguida pela evolução não é linear mas se abre num amplo leque. Podemos, assim, supor que existem formas de evolução paralelas e diferentes da nossa. Precisamos abandonar o antropomorfismo que coloca o homem como medida das coisas. É essencial que comecemos a pensar numa cosmogênese de dimensões infinitas.
Sobre isto Ubaldi nos alerta: Com o progresso da ciência, que aponta a nossa Terra apenas como um ínfimo grãozinho de poeira cósmica, torna-se cada vez mais inadmissível o antropomorfismo, que pretendia fazer dela o teatro dos maiores acontecimentos da criação. Não é concebível que a vida possa estar toda aqui. E, se Deus enviou Cristo como seu representante, torna- se cada vez mais difícil que Ele se tenha ocupado apenas de nossa humanidade, esse Deus que deve sê-Lo não apenas para nós, mas para todo o infinito Universo que escapa a qualquer medida e compreensão nossa. Por que devemos acreditar que Cristo tenha sido o único meio da intervenção de Deus para salvar o ser decaído, quem sabe em quantas e variadas formas? (P. Ubaldi - Deus e Universo)
No livro A Grande Síntese existe um trecho que faz até a mais radical imaginação explodir: Vosso sistema solar, com todos os seus planetas, poderia considerar-se um átomo de uma química astronômica. Poderia, pergunto eu, o nosso Universo ser um simples átomo ou molécula de outro Universo infinitamente maior que o nosso? Onde ficariam as nossas idéias antropomórficas neste cenário de dimensões inimagináveis?
Mas, o que expusemos acima pode nos esclarecer uma polêmica moderna: É possível a clonagem dos seres vivos? A clonagem poderia ter um sucesso relativo se for realizada em seres onde a individualidade ainda não é muito acentuada, como é o caso das células vegetais, animais e humanas. Mas, no caso onde predomina a consciência de individualidade, como no caso do psiquismo humano, a idéia da clonagem é fantasiosa. Só se pode copiar o genérico e não o específico. Mesmo em animais clonados pela ciência moderna o sucesso é apenas relativo como dissemos acima. Para ilustrar esta última afirmativa, reproduzo abaixo uma reportagem publicada no site da CNN.
Se o amigo quiser participar de um grupo de discussões sobre a obra de Pietro Ubaldi acesse o endereço: http://br.groups.yahoo.com/group/pietroubaldi
abraços,
Pedro Orlando Ribeiro
|