A Obra do Prof. Pietro Ubaldi, será o Evangelho da Ciência a orientar os que
buscam a razão de ser das coisas, tendo em vista o caráter universal e imparcial com que sua filosofia,
científica e religiosa, é apresentada. Tornar-se-á, por isso, uma realidade, pois, o Mundo precisará dela no
Terceiro Milênio. Consideramos essa Obra como a "chave" do Reino dos Céus, que o Cristo
prometeu ao seu apóstolo Simão-Pedro, mas só veio a entregá-la nesta oportunidade. Como toda
Revelação, também ela desceu até os homens através da mediunidade, cuja função é ser um canal entre as
Fontes Superiores e a Humanidade.
CONSCIÊNCIA E MEDIUNIDADE
1.A consciência humana é a faculdade através da qual o espírito é
colocado em contato com o mundo da matéria. Após esse contato, a consciência elabora a síntese
psíquica das percepções sensórias do mundo material, as quais passam a ser conhecimento para o seu
progresso. É a Unidade de medida empregada pelo espírito para cumprir a sua função.
2. Já a mediunidade, por definição, é o fenômeno pelo qual os
indivíduos se comunicam de forma não peculiar, através de um intermediário, neste caso chamado de médium
. Quando a comunicação prescinde do médium, a mediunidade não fica caracterizada, é obvio. Como entre os
indivíduos tem de haver afinidade para se comunicarem, também o médium tem de ser afim com os dois pólos com
os quais se comunica, para poder receber de um e transmitir ao outro.
3.
Da mesma forma como a consciência, podemos considerar a mediunidade como uma faculdade do
espírito, e portanto, a condição de médium sempre existiu, desde quando o espírito "saiu das mãos" do
Criador. Assim sendo, onde existir o espírito, aí existirá a mediunidade, sobretudo enquanto o ser estiver
em evolução, pois, a mediunidade é ferramenta evolutiva, acompanhando o ser durante toda a sua caminhada,
evoluindo junto com a sua consciência. 4. Funcionando a evolução como caminho de retorno à Deus, de Onde
saímos por desrespeito à Ordem e à Lei, a mediunidade, como função, é a manifestação da misericórdia
de Deus, ao lado da justiça divina, amparando o homem na sua queda, e ajudando a sua reabilitação.
ORIGEM E CRESCIMENTO
5. A Consciência Humana surgiu,
ao reconhecer o homem a própria personalidade, concomitante com a Mediunidade. O sentimento de ser,
de se sentir um "eu sou", o fez diferenciar-se dos demais seres, seus irmãos, e aí começou a grande
caminhada evolutiva consciente. A consciência comanda-o à solução dos problemas decorrentes das suas
necessidades, expandindo-se com essa atividade, motivando-o à evolução. Tomar consciência de tudo que o
cerca deve ter sido a sua a primeira atividade.
6. Estando o ser humano
imerso num oceano de vibrações que fluem de todas as direções, e sendo também o indivíduo, um centro emissor
e receptor de vibrações, continuamente influi e recebe as influências do meio em que vive. É naturalmente
um médium passivo e ativo, o que lhe permite um relacionamento entre os indivíduos dos demais planos, de
modo a que os mais adiantados ajudem os da retaguarda evolutiva, pois, evoluir, e ajudar evoluir, é Lei
fundamental da vida.
7. Muitos tem considerado Pietro Ubaldi
como um médium, segundo o significado dado pelas filosofias e religiões à essa palavra. Isto porque em seu
livro "A Grande Síntese", diz transmitir conceitos recebidos de "A Sua Voz" e, portanto,
caracterizar o fenômeno como mediúnico; porém, ele se apressa em distinguir o seu caso particular como
diferente dos médiuns comuns, os quais perdem a própria consciência, passando a externar, passivamente, os
pensamentos de uma entidade estranha.
FORMAS COMO SE APRESENTAM
8. Hoje o homem já percebeu em si, a presença de um campo profundo de
consciência, que denominou de subconsciente. Dele partem, fluindo, como de um repositório, as
experiências vividas, boas e más, certas e erradas, que nos dão a segurança de acerto ao tomarmos
deliberações, ou a incerteza e medo de errar quando os erros que estão no arquivo da mente, têm que ser
retomados para serem revivenciados. É a zona dos instintos, dos automatismos criados pela repetição
habitual da vida.
9. A consciência clara, de superfície, racional
e prática, consciente e ativa porque em fase de trabalho, opera com base no livre arbítrio assimilando
experiências que se fixam no determinismo da trajetória do seu destino. Essa consciência é apenas uma
pequena zona de luz que, partindo da primeira emersão do psiquismo oriundo das formas dinâmicas, prossegue
através da fase biológica atravessando agora a fase psíquica, depois a hiper-psíquica, encaminhando-se para
tornar-se consciente em dimensões hoje inconcebíveis.
10. Os psicólogos
julgam ser o subconsciente, quem escolhe a experiência apropriada para o momento pelo qual passa, como
também a fonte da inspiração, a sede da intuição, o germe da criação intelectual do gênio, quando na
verdade, existe uma terceira zona, a qual chamamos de superconsciente, que, por estar também fora da
consciência normal, isto é, no inconsciente, mas superior, foi confundida com o subconsciente. Deste
superconsciente procedem, fluindo, as funções parapsíquicas superiores, assim como as energias espirituais.
11. Ubaldi afirma que, se o subconsciente pertence ao passado, o
superconsciente pertence ao futuro. A diferença entre os dois é do dia para a noite. O primeiro
aprofunda-se nos estratos involutivos dos antecedentes biológicos, enquanto o segundo emerge dos planos
evolutivos das superações espirituais. Os dois são formas inconscientes, mas o primeiro é inferior, e o
segundo é superior.
12. Quanto às formas como a mediunidade se
apresenta no indivíduo, podemos dizer que elas são função do seu nível de consciência. Da mesma forma
como consideramos existir três níveis de consciência no indivíduo:
subconsciente,
consciente e
superconsciente,
e o indivíduo evoluir nessa direção, também podemos
classificar os tipos de mediunidade, segundo esses níveis, evoluindo com eles.
13. Teríamos então, mediunidades inconscientes, semiconscientes e
conscientes. Sendo o superconsciente ou consciência superior, ainda um nível de
inconsciência para a maioria dos indivíduos, devido a sua elevação, a mediunidade neste nível é vista apenas
em alguns seres isolados. Vamos apenas ver como estas formas se apresentam.
14. Em seu primeiro nível inferior, o fenômeno mediúnico se apresenta de
forma mais material, denominada de efeitos físicos. Não é uma mediunidade comum porque se manifesta
de modo quase totalmente inconsciente. Aliás, a vontade e a consciência do médium são afastadas do fenômeno.
Muitos dos que são, nem sabem que são, e muitos o são à própria revelia, geralmente, rebeldes. Apenas
naqueles médiuns em que foi desenvolvida com método, servindo como intermediário nas mãos de pessoas
escrupulosas, encarnadas ou desencarnadas, ela é bem aproveitada, seja para demonstrações, comprovação da
vida espiritual, orientação de vida, ou para trabalhos terapêuticos.
15.
Em nível logo acima, aparece a mediunidade de efeitos mentais ou psíquicos, muito mais comum, como
alavanca propulsora de progresso aos que a revelam em si. Vontade e consciência são ainda elementos
estranhos e inúteis, se bem que, por evolução dos médiuns respectivos, os fenômenos se apresentam dentro de
uma gama muito variável de consciência. Na grande maioria são, porém, ainda passivos e inconscientes. Os
médiuns de psicografia e de psicofonia são os mais comuns entre estes, revelando-se em alguns sob a
forma artística, na pintura, na poesia e na música. A consciência do fenômeno, nesses médiuns, varia de
inconscientes à semiconscientes, tendendo para a consciência plena, mas sempre de forma mais ou menos
passiva.
16. A mediunidade em Pietro Ubaldi se move sempre e
exclusivamente no campo da superconsciência, de forma ativa e consciente, a ela subindo ao longo das
fases de uma realização cada vez mais intensa, para captação e elaboração da Obra. O contato com as fontes
nesse nível lhe proporciona instantes de êxtase espiritual e fenômenos místicos.
17. Todo o processo dessa captação é narrada em seus livros, para que seja
estudado o seu caso particular, servindo de modelo e testemunho do seu método que ele chamou de intuitivo
sistemático, racionalmente controlado, como método de pesquisa. Cuidou em descrever o seu caso como o
viveu, analisando cada pormenor com mínimos detalhes, a ponto de perguntar-se, às vezes, se aquilo era o que
chamavam de mediunidade.
CORRENTES DE PENSAMENTO E TÉCNICA DA SUA RECEPÇÃO
18. Pietro Ubaldi, no estudo da própria mediunidade (ele nunca negou ser médium),
através das formas como ela se apresentava em si e das fontes com as quais se comunicava, considerou-a como
sendo de um tipo diferente da comum, pela forma como era produzida por pensamentos, que ele
registrava em si, no nível consciencial que alcançava. Permanecendo consciente em toda escala dimensional,
ascendia e rapidamente retornava à consciência clara, anotando as visões e conceitos que lhe ficavam
gravadas na mente.
19. A esses pensamentos, recebidos em fluxo, de forma
contínua, deu o nome de correntes de pensamento, cunhando um neologismo: "noúres", palavra
formada dos radicais gregos noús = pensamento, espírito, inteligência, e rheo = correr, fluir, significando
pois, noúres = correntes de pensamento. São consciências de elevado nível evolutivo, que, no caso, Ubaldi
chamou de "Sua Voz".
20. Para diferenciar o próprio caso, Ubaldi,
define a sua mediunidade como de "Ultrafania", ou "Metafania" (Meta=além; fanos=luz \
Metafania= luz do além, do plano espiritual), no qual não ocorre perda de consciência, pois o indivíduo
permanece consciente todo tempo do fenômeno. Não é pois, um médium na expressão da palavra, como é entendido
por espíritas, umbandistas, parapsicólogos, enfim, por todos os que admitem que ser o médium, de
características comuns de semiconsciência ou inconsciência, a maior garantia de resultados, sem
interferências.
21. Consideramos a mediunidade, da forma como a
compreendemos, um fenômeno transitório, do qual se vale a Lei, como exceção, nas vezes em que se torna
necessário golpear o raciocínio do homem, no seu apriorismo, no seu orgulho individualista. Assim aconteceu
na história antiga, em Israel com os profetas, na Grécia com as pitonisas, no Pentecostes com os fenômenos
de Xenoglossia, no século passado com as Irmãs Fox, Eusapia Paladino, Madame D'Esperance, Douglas Home, etc,
culminando na atualidade com a disseminação indiscriminada do mediunismo em todas as religiões, seitas,
línguas e países. Sinal dos tempos...
22. Entendemos, por isso, tratar-se
de um fenômeno transitório, que vem preencher determinada função, não podendo permanecer indefinidamente,
pois trata-se de uma violação do livre-arbítrio humano, no que tem de mais sagrado e por isso, respeitado
pela Lei, que é o indivíduo realizar a própria evolução, pela sua vontade, pelos próprios pés e sempre de
forma responsável. Sua principal função seria a sensibilização do indivíduo para a espiritualização, pois
esta é a meta da evolução e a maior necessidade do ser humano na fase evolutiva em que se encontra.
23. Poucas pessoas tornaram-se médiuns espontaneamente, senão coagidos por
situações embaraçosas, de sofrimento, cerceados em suas liberdades para só depois compreenderem que se
tratava de um amadurecimento, uma tarefa a cumprir, a qual lhes conferia qualidades adormecidas. Sua função
era apenas "receber" espíritos, ou suas mensagens, mas pela proximidade desses espíritos, algo mais lhes
acontecia, como o nascimento de uma intuição, uma sensação para coisas que escapam aos sentidos comuns.
24. Em Pietro Ubaldi, nada disso aconteceu, pois a mediunidade surgiu como
fruto da sua evolução. Ela já surgiu grande, nas antípodas do comum conceito de mediunidade passiva, de
efeitos físicos, psicofonia e outras formas inconscientes. Em Ubaldi ela se apresenta de cunho inspirativa,
isto é, intelectual, ativa e consciente, sendo imensamente superior à primeira.
25. Trazia de outras encarnações compromissos com almas afins, dos quais
procurou desvencilhar-se através da formação de uma família que lhe cumpria manter, ao mesmo tempo que se
obrigava à tarefa para a qual vinha se preparando havia séculos. Essa tarefa era o objetivo principal da sua
vida, tendo se preparado dos 25 aos 45 anos, através de grandes sofrimentos, lenta e profunda maturação
espiritual, a poder de estudos, renúncia material e desenvolvimento moral. Também a doença o acompanhou
durante esses 20 anos, porém, era estranha porque de difícil diagnóstico. Não tinha lesão alguma; todos os
órgãos se apresentavam em perfeito estado e, portanto, deveria estar bem. Sua doença era fruto da vida
espiritual demasiado intensa que não se adaptava ao ambiente humano, gerando uma contínua desavença entre o
organismo espiritual e o corpo físico. Era a pseudo-doença da evolução, o pseudo-patológico que induz tantos
a erro, com a febre resultante da maturação espiritual.
O FENÔMENO INSPIRATIVO
26. Descrevendo o próprio fenômeno inspirativo, Ubaldi explica que os
primeiros contatos com as fontes de inspiração são obtidos com um preparo de ambiente em hora adequada,
geralmente a noite, cuja finalidade é a harmonização. Música suave e, no entorno, silêncio completo. Luzes
moderadas em tom menor; ao redor, tudo escuro. Lentamente, as coisas perdem o seu perfil sensório.
Lentamente, também, vai perdendo a sensação física do corpo, embalado pelos complexos ritmos sinfônicos, num
estado de tranqüilidade confiante. Atravessada esta fase, ele desperta além da vida normal, num outro estado
de consciência. Seu estado não é de sono, nem de passividade, nem inconsciência, porque todas as sensações
da vida retornam com maravilhosa e nova potencialização de todas as faculdades da sua personalidade.
27. O pensamento regressa, mas com uma sensação de potência titânica, com
uma profunda lucidez de visão, com uma rapidez vertiginosa de concepção, despojado de palavras, em sua
essência. O seu novo olhar já não é interceptado pelas formas, mas penetra diretamente na substância,
buscando o conceito genético, o princípio que anima e governa as coisas. Terminada a visão e a registração,
o processo se inverte numa descida: é o retorno à consciência humana. Diz então Ubaldi: "Assim como o
transe lúcido e consciente é preparado por uma fase de adormecimento, do mesmo modo termina por uma fase de
despertar. Essa sonolência e esse despertar, entretanto, referem-se à minha consciência normal, pois, em
face da minha outra consciência, os termos simplesmente se invertem. Para que uma possa despertar é
necessário que a outra adormeça. Evidentemente, a volta ao estado normal, dá-me vivíssima sensação de
enfraquecimento intelectivo, de redução da personalidade, de queda em dimensões mais involuídas, em que tudo
está comprimido entre barreiras e encerrado em limitações: há uma sensação de gigante abatido."
28. No capítulo "O Meu Caso Parapsicológico", do livro "Um
Destino Seguindo Cristo", sobre o qual vamos nos apoiando nesta palestra, Ubaldi nos apresenta o
seguinte relato: "Na minha registração inspirativa, tenho observado que a técnica de funcionamento do
pensamento é neste caso diferente do pensamento que uso no estado normal, para os trabalhos mentais comuns
da vida. O primeiro é um pensamento espontâneo, automático, que foge ao controle de análise, independente de
minha vontade de pensar e esforço de raciocínio para compreender. Parece assim, que os dois tipo de
pensamento sejam antagônicos e se eliminem, porque a intervenção consciente do pensamento cerebral
paralisa o funcionamento do pensamento intuitivo. Assim, para melhor recepção, é útil ocupar-me e
então distrair a atenção, por exemplo, com a boa música harmoniosa e elevada, ou olhando reproduções de
quadros de alta concepção, ou de paisagens com tons agradáveis. Tudo isto prova experimentalmente a
possibilidade de um pensamento não cerebral, elaborado no inconsciente sobre o plano espiritual,
independente dos meus elementos de memorização e de uma precedente preparação mental consciente."
29. Meus amigos.
Da mesma forma como, ao
se cultivar um campo com carinho e sementes selecionadas, se obtém farta colheita, cultivar uma vida mental,
moral e saudável, com hábitos edificantes, amplia a capacidade do superconsciente para que as células
produzam energias portadoras de equilíbrio e paz. No superconsciente, onde funciona a intuição, se realiza
todo o fenômeno inspirativo, e é nele que vamos agora focalizar a nossa atenção.
30. Quando falamos em ouvir a voz da consciência, referimo-nos àquela
cujos pensamentos vêm do inconsciente superior, ou superconsciente, pois este contém todas as
aspirações do ser humano, o seu futuro e as suas conquistas a serem realizadas, mesmo que estejam
adormecidas. É nele que se gravam os modelos orientadores do processo de evolução do indivíduo. Podemos até
dizer que ele é o verdadeiro corpo causal dos esotéricos. Ubaldi diz muito bem, que, o agente transformador,
dinamizante do fenômeno evolutivo, está no pólo superior, positivo, do lado do S. Ele irradia e atrai porque
quer a evolução do inferior sempre mais, na direção do superior.
31. Na
verdade, o superconsciente é o centro onde tem lugar os fenômenos mediúnicos, favorecendo por isso a
paranormalidade, possibilitando a compreensão dos mesmos pela sua transformação em palavras, visões,
manifestações artísticas, culturais etc. É aí que aparece o médium ativo, consciente, evoluído. 32. Excluída
a mediunidade passiva, de portas abertas, a comunicação é canalizada num só sentido, em direção a uma só e
bem definida fonte espiritual. Justifica-se por tratar-se de comunicação com o superconsciente, que é
justamente o plano biológico superior no qual existem as mais altas correntes de pensamento (noúres)
que podem ser concebidas e, mesmo individualizadas, como entidade ou centro transmissor de conceitos.
O CASO PARAPSICOLÓGICO DE PIETRO UBALDI
33. Meus
amigos.
Como na primavera alguns frutos nascem antes dos outros, assim a
vida costuma produzir alguns indivíduos mais avançados que chegam à maturação antecipadamente. Eles
constituem as primícias da evolução, as suas vanguardas, seguidas depois pelas massas. É o caso de Pietro
Ubaldi. O seu despertar é isolado, caracterizado pelo fenômeno da penetração e irrupção do superconsciente
na esfera do consciente. A função de tais antecipadores sobre a evolução da grande massa humana é agir como
antenas aptas a captar os mais longínquos horizontes que a vida quer alcançar, para dirigir em sua direção
os elementos mais atrasados que não os vêem. Estes são, assim, ajudados a avançar na grande marcha da
evolução.
34. A simples hipótese mediúnica não é mais suficiente para
dar-nos explicação deste caso. O instrumento (ultrafano) não é cego, nem passivo; não recebe, mas
capta; o contato com a fonte inspirativa acontece estando em perfeita consciência; o trabalho que se realiza
é uma colaboração entre dois elementos complementares, cada um cumprindo a sua específica função. Para o
contato, o superior, ao avizinhar-se do inferior, tem que evolutivamente descer, enquanto o inferior tem que
evolutivamente subir. Isto significa funcionar mentalmente desperto no superconsciente, que neste caso não é
um inconsciente, mas um consciente superior. Eis a imensa diferença com a comum mediunidade, onde o estado
de inconsciência leva antes a fazer funcionar o subconsciente, em vez do superconsciente, podendo, portanto
representar uma função involutiva, em vez de evolutiva.
35. Em Pietro
Ubaldi, o contato, pelas condições dos dois termos, se faz só em direção ascensional, e se realiza em função
de duas finalidades:
a) a composição de uma Obra para o Bem da Humanidade e,
b) a sublimação do
instrumento, levando-o a viver num plano evolutivo superior.
36.
Assim pois, o que interessa, pelo grande alcance psicológico, não é provar a sobrevivência do ser, pela
comunicação com os desencarnados, pois essa sobrevivência é um fato inegável, importando mais afirmar o
fenômeno do crescimento espiritual, sobre o qual se baseia a evolução. Ele é a solução do grande problema da
redenção, isto é, da libertação de tudo o que é negatividade devida à queda, que passou a fazer parte
da existência, ou seja, libertação da dor para alcançar a felicidade. É assim que a análise do fenômeno
parapsicológico se resolve no estudo do fenômeno da evolução da personalidade humana.
O
CASO ESPIRITUAL DE PIETRO UBALDI.
37. Pietro Ubaldi foi o grande
estudioso do seu próprio caso e as suas conclusões devem nortear a nova civilização do III Milênio, no
sentido de aproveitar de toda sabedoria e utilidade que a vida apresenta, para apressar a evolução de todos.
Sendo a evolução um problema de conscientização do próprio ser, o caminho é trabalhar a consciência com
métodos positivos de investigação psicanalítica, ultrafânica, usando a mediunidade de forma ativa e
consciente, desenvolvendo-a (tirar as capas que a envolvem) do lado do inconsciente superior, ou seja, do
superconsciente.
38. As correntes de pensamento do inferior nível do
subconsciente representam um subproduto de pouco ou nenhum valor para efeito evolutivo, o que não acontece
com o superconsciente, que capta as correntes de pensamento de mais altos planos psíquicos, acarretando
evolução por afinidade, por sensibilização e catarse espiritual. Por isso, é necessário
sempre controlar qual a altura evolutiva do inconsciente de onde provém, isto é, se ele é superior, médio ou
inferior, para aceitar apenas as superiores, de alto valor ético, intelectual, estético e religioso.
39. Como já foi explanado, no caso particular de Pietro Ubaldi, o fenômeno
deixou de ser um caso de recepção passiva de transmissões provenientes de uma entidade espiritual. Eis que a
corrente de pensamento lhe invade o ser e é sentida como vida operante, revestida de energia e formas
em ação, isto porque este pensamento é, ao mesmo tempo, a idéia e a sua realização, fundidas numa só. Sua
característica é ser positivo do tipo S. Logicamente, é construtivo, benéfico, saneador do mal, corretivo de
erros, ou seja uma força impulsionante na direção do S. Perceber a sua presença por intuição é sentir a
presença de Deus em nós mesmos e em todas as coisas.
40. A inspiração
neste caso, torna-se uma presença viva e vivificante, sendo sentida como emanação de um Ser, Companheiro e
Amigo, fiel colaborador na Obra que se propõe realizar, modelo ideal a alcançar. Significa sentir a
própria presença de Deus!
Como se obtém essa aproximação?
Primeiro, ela é alcançada não procurando nos apossar Dela, como se
usa para as coisas da Terra. Segundo, colocando-se em estado de calma e confiança, em posição de
humildade e bondade (a bondade dos Santos da história), refinando-se até perceber o mundo do espírito como
um sentido interno. Estes são os métodos do S, que nos conduzem a Deus!.
41. O fenômeno inspirativo passa a ser não somente um caso de recepção de
conceitos, mas implica e estabelece um contato entre o consciente médio e o superior. Com a repetição do
fenômeno, realiza-se uma descida do superconsciente no consciente normal, que lhe vai absorvendo e
assimilando o conteúdo, produzindo uma transformação evolutiva, uma catarse ascensional da personalidade
em direção ao EU profundo. É o prelibar do "encontro" que Ubaldi descreve num capítulo da "
Ascese Mística" e o caminho da união com o Cristo Interno, que em todos habita.
42. A mediunidade inspirativa, neste caso, significa também um processo
de ascese espiritual. De fato, o uso constante do estado inspirativo, como aconteceu na composição da
Obra, gerou um contínuo contato com o superconsciente, habituando o Autor a viver conscientemente naquele
plano e tornando-o apto, assim, a continuar a sua vida futura num nível mais alto. Dois fatos estreitamente
conexos, se realizaram, que foram a realização da Obra e a catarse do indivíduo, deslocando a sua
consciência normal para o lado do superconsciente.
43. O elemento básico
determinante é a maturação evolutiva do indivíduo, alcançada por ter vivido e assimilado as
experiências necessárias. Não em sentido genérico de provas iguais para todos, mas especifico, isto é,
segundo a natureza do indivíduo, que como tal deve aperfeiçoar-se, conservando o seu tipo de personalidade.
Quando se chega a esta maturação, a sublimação verifica-se de modo espontâneo e fatal, enquanto que, quando
ela falta, o subconsciente resiste por inércia para ficar no seu nível, reagindo para não subir a um plano
mais alto, que não é o seu. As qualidades do indivíduo são por isso, lentamente construídas, trabalhando na
profundidade para realizar o maior fenômeno da vida, que é a transformação evolutiva.
44. Meus amigos. Meus irmãos. Concluindo:
Consideramos a Obra de Pietro Ubaldi, como capaz de imprimir à massa humana,
um impulso para levá-la ao caminho da espiritualização, afastando-a das distrações em torno dos motivos
imediatos da vida. Trata-se de uma filosofia de vida com caráter teológico unitário, completo, fundamentada
na própria experiência da vida, racionalmente controlada e, portanto, também com base científica.
45. Esta Obra destina-se aos que ingressam numa concepção mais evoluída de vida,
trazendo para isso uma intuição segura do caminho a seguir. Trazem a humildade dos que desejam progredir
abandonando velhos preconceitos, verdadeiros entraves para compreensão dos mecanismos da evolução da vida.
Trazem a fé dos que acreditam em coisas utópicas e impossíveis, aceitando a própria necessidade de
reajustamento constante. Fé e humildade irmanam o indivíduo à Criação, na qual, diante da grandeza e da
sabedoria que Nela vibra, o espírito se felicita por constituir uma parcela mínima desse conjunto.
46. Concitamos os estudiosos e intelectuais de todos os ramos do conhecimento, a
tomarem contato com esses conceitos, admitindo-os pelo menos como hipótese de trabalho, e eles, encontrando
terreno fértil, certamente, darão frutos por si mesmo.
Muito obrigado.
Muita Paz à todos.