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O ATUAL MOMENTO HISTÓRICO E A NOVA CIVILIZAÇÃO DO III MILÊNIO

Parte 2

Pietro Ubaldi


     Todo aquele que, pregando e doando- se com humildade e amor, está habituado a olhar para este pensamento divino, que tudo rege, verifica experimentalmente a existência de uma lei de ordem e de amor que está no centro das coisas, que as alimenta e as mantém em vida, embora permita que na periferia, sobre a forma e a matéria, dominem a desordem e o mal. Assim como nas grandes tempestades oceânicas se encontra a calma a poucos metro abaixo da superfície das águas, abaixo do fragor das revoluções, da queda de classes sociais e de tronos, do desmoronamento de enormes construções políticas, está a calma das grandes leis da vida que, lentas, mas seguras, vão preparando o futuro.

     Futuro garantido, como garantida é a primavera que “deve”- “deve” por lei da vida - trazer a germinação das novas sementes. Não podemos, positivamente, presumir que a continuidade da vida seja confiada aos homens e aos seus expedientes. Se ela triunfa sempre e sempre tem triunfado, como o demonstra o fato de haver chegado até aqui, isso é porque ela é protegida precisamente por esta sabedoria divina que a guia, nutre e rege.

     Vamos, pois, à parte mais importante da questão. Que nos está preparando para o futuro a sabedoria das leis biológicas e, portanto, históricas e sociais? A história jamais caminhou segundo uma reta, mas sempre por efeito de ações e reações, por impulsos e contra impulsos, avançando no tempo, não qual um grande rio conduzidos por canais feitos pelo homem, mas qual um rio que, deixado vagar livremente pela planura, aí vai serpenteando na forma que lhe exprime o dinamismo. Logo, ação e reação. Pode, pois, dar-se precisamente o contrário do que presume o cálculo das probabilidades; pode dar- se que se realize justamente a utopia, isto é, que amanhã ocorra o contrário do que ocorre hoje.

     Esta é a lógica da vida que se baseia, não sobre a continuação indefinida de estados idênticos e constantes, mas sobre a compensação dos contrários e sobre seu equilíbrio. Sabemos que a oscilação entre os contrários, isto é, de um extremo positivo a um extremo negativo, em que todo fenômeno se converte em seu oposto, é a base da luta, da evolução, da percepção mesma. A coisa que, ao observador superficial, hoje dominante, se afigura mais inverossímil e utópica é precisamente aquela que ao observador profundo se afigura mais verossímil e lógica: isto é, que nós nos encontramos em uma noite que precede a um novo dia. Sim, porque na vida a noite é precisamente a preparação do dia, é a morte que anuncia o renascimento, é o mal, a destruição e a matéria que anunciam o bem, a construção e o espírito. Estamos no ponto de máxima descida da onda histórica que, depois, deve necessariamente subir de novo, como de novo sobem todas as ondas. Conclusão: marchamos para uma nova civilização do espírito, para a nova civilização do III milênio.

     Trata-se agora de saber como será edificada essa nova civilização. Naturalmente porque é nova, ela deve ser construída, por razões de equilíbrio e compensação, nos antípodas daquela que hoje chamamos civilização. Já não se trata de retoques do velho, nem de novas organizações políticas, com a habitual substituição em proveito de novas pessoas ou classes, nem se trata de continuar, mas de iniciar com princípios diversos. Expor todos esses princípios é coisa demasiado ampla para uma conferência. Basta-nos algumas referências. Os valores atuais, postos acima das apreciações comuns, pertencem mais ao plano animal do que ao que deveria ser humano. O homem atual é um involuído, mais animal do que homem. Hoje prevalecem a força e a astúcia. A honestidade e o mérito, valores superiores, tem importância mínima. A bondade, bem como a inteligência orientada para o bem são as qualidades menos úteis na hodierna vida social, talvez até nocivas.

     Hoje, a estima não é medida pelo valor, mas pela capacidade de prejudicar e pelas utilidades que se podem obter. Isso acontece precisamente porque a balança dos julgamentos humanos é a do animal, antes que a do homem. Atualmente, o poder não é entendido como uma função biológica, como missão a serviço do povo, mas é conquistado com qualquer meio, com o objetivo único de satisfazer vantagens pessoais. A seleção biológica de um tal tipo, chamado “mais forte”, corresponde a estados primitivos involuídos. A vida biológica mais elevada, impõe a transição para formas de luta e de seleção orientadas para a formação de um tipo menos inconsciente, menos egoisticamente isolado. A vida evolui para a formação de grandes unidades coletivas humanas em que são necessárias compreensão e colaboração e não esmagamento e exploração. Já passou a época do senhor e do escravo. Caminha-se para novas formas de liberdade que, todavia, não significam, como crê o homem atual, abuso e licenciosidade, mas uma nova e mais alta disciplina, uma ordem mais férrea e uma consciência que lhe compreenda a utilidade e, portanto, a siga, embora seja unicamente por espírito utilitário.

     Hoje se crê no número. Basta uma maioria, não importa de que elementos, para formar uma verdade, um direito, para estabelecer uma norma de vida, uma lei. Ora, como pode a quantidade fazer a qualidade? Não podemos chegar sequer a uma única unidade ajuntando zeros, ainda que em número infinito. Isso é elementar. Hoje a matéria é só meio e dela, no entanto, se fez um fim. A riqueza é o escopo da vida. Troca-se o contingente pelo conteúdo. O trabalho material vale mais do que o intelectual. O que decide na difusão de uma idéia não é o seu valor, mas a posse dos meios materiais aptos para difundi-la.

     Fabricam-se mecanicamente as opiniões. Basta possuir a imprensa e o rádio. A grande floração de meios com que nos enriqueceu nossa pseudo-civilização mecânica e utilitária nos fez esquecer o melhor. Eles absorvem toda a nossa atenção, escravizaram-nos o espírito, invadiram tudo, substituindo-se a tudo e pretendendo bastar a tudo. Mas já sentimos o vazio terrível que reside em nós, a carência de diretrizes, porque sabemos cada vez menos como comandar esses meios cada vez mais poderosos. E o perigo é grave, pois, se não soubermos dirigi-los com sabedoria, eles se converterão, em nossas mãos, num instrumento de destruição universal. Isto o mundo já tem visto e feito, nestes últimos anos. Basta prosseguir um pouco mais nessa loucura, para que a humanidade seja destruída, ou, pelo menos, reduzida ao estado de barbárie.

     Dir-se-á, contudo: para chegar a isso, urge um homem novo, consciente, justo, o que foi e será sempre utopia. Ora, a história nos mostra que, muitas vezes, é precisamente a utopia que se realiza no amanhã. Um exemplo disso é o Cristianismo. Ao demais, há um fato positivo: a evolução. É necessário evolver. Esta é a lei da vida, que atua do íntimo das coisas para não só se manifestar, senão também para subir rumo a manifestações cada vez mais perfeitas. Mas, luta-se tanto, sofre-se, experimenta-se, tudo por isso! Por lei, o amanhã “deve” superar o hoje.

     Além disso, o homem atual chegou a um ponto crítico em que já não é possível continuar com os velhos sistemas, razão por que se impõe uma decisiva mudança de rota. Os poderes atualmente em suas mãos são muito superiores aos que ele possuía no passado. Isto implica a necessidade de uma proporcionada prudência para saber usá-los bem. O homem que possui a bomba atômica não pode agir com a mesma inconsciência e psicologia de ferocidade com que agia o guerreiro medieval, que tinha em mãos apenas uma lança ou pouco mais que isso. Com aquela psicologia o homem moderno destruiria a humanidade.

     Como se vê, a utopia de uma nova civilização não se apoia sobre sentimentos de bondade e altruísmo. Conhecemos o homem e sabemos o que se pode obter dele e quais molas que o movem. Recorre-se, pois, ao terror que lhe inspirará a perspectiva certa da autodestruição. Apela-se depois para o seu sentimento utilitário. Exige-se apenas que o homem novo seja assaz inteligente para entender a enorme vantagem que pode advir, para todos, da valorização do fator moral e espiritual na vida social, porque só assim se podem obter paz, confiança e aquela segurança que constitua a garantia única de qualquer gozo do fruto dos próprios esforços.

     Se não se entender isso é inútil reconstruir. Com a psicologia do “homo homini lupus”, com o sistema de resolver com o punho, poder-se-á fazer um inferno para os demônios e os condenados que vivem na Terra e um purgatório para os justos que, porém, se apressarão a ir-se daqui para mundos melhores. Mas, para a Terra, para quem a trabalha, nela possui e nela prolifera, não haverá nada mais que desesperação. É necessário entender verdades elementares como estas: que se se semeiam violência e mal não se podem colher senão violência e mal; que só se pode fazer a reconstrução recorrendo ao trabalho, que é no ato criativo em que o homem se torna operário colaborador de Deus; que não convém jamais fazer mal aos outros, porquanto quem o faz não o faz aos outros, como lhe parece, mas o faz primeiramente a si mesmo.

     Aí estão as leis da vida. Para obter dados resultados, como por exemplo o nosso bem-estar, é necessário seguir normas. Todo ato tem suas normas, todo fim tem sua estrada para atingi-lo. Todos gostaríamos de viver em um paraíso. Dele, no entanto, fazemos um campo minado. Que, pois, nos é lícito esperar? Diz-se, porém: Mas eu venço e me refaço sobre o vencido. Não. Os vencedores não vencem. Apenas cumprem, na sabedoria divina, uma função biológica diversa da dos vencidos. Funções opostas que se devem compensar e equilibrar para as comuns conquistas que a vida se propõe, indistintamente, “para todos”, embora sejam em formas diversas, segundo a diversa capacidade. O homem futuro deverá ser mais inteligente, tanto quanto lhe permita superar estas ilusões psicológicas e evitar os erros em que elas o induzem.

     O materialismo, fruto espiritual e material dos últimos séculos, tem oferecido todo o seu rendimento. Como a filosofia, foi espremido e agora é lançado à margem da vida. Como técnica, resta-lhe o produto útil, que é o domínio sobre as forças naturais submetidas em parte ao homem. Este produto útil é o produto de nosso tempo e vai transportado( reduzido, porém, afinal, qual ele hoje é, a meio ), ao seio de uma civilização de tipo diverso. A nossa já atingiu seus fins. A nova deverá alcançar outros mais elevados e complexos, servindo-se dos produtos do trabalho executado pelo nosso tempo. A vida hoje diz, deste lado: basta! E acrescenta: compensemo-nos agora, contemplando o edifício, de outro lado. Formou-se, justamente do lado do espírito, um vazio poderoso. É uma mutilação, uma atrofia perigosa para o equilíbrio, é uma carência patológica que urge remediar. E as forças da vida se apressam hoje a preencher a falha, convergindo sua ação precisamente nesta direção, analogamente ao que fazem na defesa orgânica.

     Estas forças se propõem agora construir o homem novo do espírito. Estamos atualmente na noite profunda da matéria. O mundo está desarvorado, sem guia e com muito pouco cérebro. Morto parece o espírito. Já não existe arte. A música é uma confusão de ruídos irritantes. Agora, a vida está tentando a construção de novos grandes organismos coletivos, espécie de colossais unidades biológicas de que o indivíduo é célula. Este novo ser, cujo corpo é representado pelas massas, está ainda vagando incerto à procura de sua alma diretriz, à guisa de antediluviano monstro paleontológico. Aturdido pelo rumor de quem mais grita e percute os sentidos e os seus instintos, desconfiando, embora acreditando, rebelde, embora ansioso, violento, embora fraterno, este corpo social das massas, ainda informe, está atento a escutar no seu instinto a longínqua voz da vida, único guia seu. E a vida está pronta a proclamar neste seu instinto uma palavra nova e as massas estão prontas a ouvir e a seguir. E jamais, quanto hoje, entre tanta luta e destruição, os espíritos estiveram prontos a inflamar-se diante de uma palavra incendiária, feita de verdade sentida, vivida, proclamada seriamente. Talvez virá. Nisso meditarão as sapientes leis da vida.

     Os fatos estão a comprovar a tese, já por mim amplamente sustentada, de que estamos no ponto de máxima descida da onda involutiva e de que é precisamente aí que se inicia a ascensão. Ascensão ainda hoje inconcebível para quem se limita a observar apenas a superfície. No entanto, ela invadirá todo o horizonte de amanhã, preparando a realização daquela idéia hoje considerada utópica e pela qual venho lutando: a Nova Civilização do III Milênio.

     Trata-se aqui de movimentos das massas, os quais não se provocam artificialmente. São, antes, espontâneos e, como tal, não obedecem a ordem de nenhum dirigente humano. As leis da vida seguem um plano lógico e entram em ação no momento oportuno, sem se preocuparem com dar-nos explicações, mas tão somente com atingir seu escopo. As concepções materialistas fizeram crer aos dirigentes ser possível modelar a opinião pública, por meio da máquina, com o rádio e a imprensa, produzindo-a em série. Correntes de pensamento existem, independentes, que desdenham de semelhante indústria. Demonstra-nos a vida que nos momentos decisivos a alma coletiva caminha por si só, independente do controle dos dirigentes habituais, seja qual for o campo.

     Ao homem a Terra se apresenta agora como algo de infernal, um mundo inabitável. Por isso, ele procura refúgio alhures, em Deus. Eis que ele ergue os olhos para o céu, apela para Cristo, para outro mundo, enfim, e volve as costas a essa mesma Terra que o materialismo lhe apontara como paraíso imediato e seguro, mas que, em verdade, está convertida num inferno. Semelhante desengano impele o homem a procurar a vida mais além e, destarte, as forças do mal colaboram para o triunfo das forças do bem.

     Tudo isso é lógico. Acaba, porém, aqui ? Clamorosa e profundamente pungente é a derrota do materialismo, ante a falência de suas promessas. Todos o tem entendido. Sente o mundo que o materialismo o traiu e, por isso, o repudia. Precipitado na dor, o mundo pode contemplar o verdadeiro semblante de Satanás, antes oculto sob falsas promessas. E agora? Agora surge o gérmen da reação e o primeiro impulso para nova direção, oposta, ou seja, espiritual. Assim é que a onda da vida, após descer tanto, chega ao fundo e tende a subir. Grande foi o mal ocasionado pelo materialismo, mas o homem é livre e deve experimentar para aprender. A lição foi amarga e tem-nos torturado a carne. Não é fácil esquecer, se desta ainda goteja sangue. Alguma coisa de imenso e novo deve amadurecer, porque Deus não nos faz sofrer em vão, mas somente para nosso bem. As leis da vida querem que tudo, enfim, chegue ao bem, que do mal nasça o bem, sem que haja, contudo, violação do livre arbítrio humano.

     Que, pois, acontece agora no mundo? Acontece uma inversão de rota. Quão estranho é tudo isso! A maré ascendente do bem é sustentada e impelida a subir pelas impulsões do mal. A fase materialista gerou um espírito de luta, e o princípio egoístico sobre que ela se baseia é cisão satânica, que trás a destruição, em contínua progressão implícita no sistema, e que agora o arrasta fatalmente á ruína definitiva, sua única solução. Tão espasmódico é hoje o conflito humano entre idéias e interesses, que a vida já não pode suportá-la e ele não pode deixar de explodir e, conseqüentemente, dissolver-se e exaurir.

     O homem já se sente incapaz e daí a revolta. No fundo da atual descida involutiva da onda histórica há um vértice, em sentido negativo, um ponto crítico de máxima tensão, no qual o edifício de forças criado segundo sistema e na direção separativo destrutiva, acabará por ruir, e ruir fragorosamente. A ressurreição, na direção oposta, da vida que não pode terminar, é implícita e fatal.

     Homens, governos e todos as autoridades humanas existentes na Terra tem sido, em geral e até agora, eminentemente egoístas. A luta dominante os tem igualmente afligido, impondo-lhes antes de tudo a necessidade de pensarem na própria autodefesa. Em todos os campos, inclusive no espiritual do passado, teve que forçosamente, basear-se na luta e na imposição. Ao demais, as multidões eram verdadeiro rebanho inconsciente, ao qual importava não só ensinar, senão também impor tudo quanto elas deviam crer, pensar e fazer, sem direito a discernimento, que teria provocado anarquia. A necessidade de unificação implica, em todos os campos, submissão de consciência. Não se podia exigir da parte das massas um comportamento à base de convicções, além das do ventre e do sexo. Hoje, porém, o homem tenta compreender e quer compreender por si só. E o princípio de autoridade perde sempre mais valor perante a mentalidade moderna mais adaptada a funcionar por persuasão espontânea que por aceitação compulsória. E, assim, tudo se move e a vida avança.

     O homem acorda hoje para nova maturidade, mercê da dor. Infeliz dele se não a levar em conta. Já ninguém resiste a expansão do espírito, centro da vida. Em todos os campos, o ideal dos dirigentes, no passado, foi a vitória sobre outros seres humanos, através de rivalidades, lutas e violências intermináveis. O herói da raça era o guerreiro agressivo, o ideal era a conquista, a grandeza consistia no domínio através da servidão. No mundo, harmonia e cooperação eram utopia, porquanto eram praticamente inconcebíveis. Encontramo-nos hoje numa grande curva, diante da qual o homem, cansado de suportar os efeitos coletivos de sua ferocidade universal, apelará para um novo ideal, biologicamente de maior rendimento. Seus heróis já não são espíritos imperialistas, como Júlio César, Carlos Magno, Napoleão, mas espíritos capazes de conceber o mundo como unidade harmônica e cooperativista, e só para esse fim trabalham. Mas, a esta situação só se poderia chegar hoje, quando o mundo tende a reunir-se sob um só governo e os meios de comunicação, multiplicando as relações, permitem uma fusão outrora impossível. Naquele tempo, tendia-se igualmente para a unificação, mas a época, demasiado atrasada, não a permitia, a não ser por aproximação.

     E hoje, embora tudo isso pareça irrealizável, o mundo está reduzido apenas a duas ou três grandes potências. Estas se armam para destruir-se reciprocamente, o que prova que elas não podem deixar de empenhar-se pela supremacia absoluta no mundo, numa derradeira corrida armamentista, para a disputa fatal e eliminatória. Daí resultará a unidade e, com ela, o fim da guerra. Esta não poderá desaparecer por força do pacifismo teóricos ou simulados desarmamentos, mas unicamente pela vitória final de um só, escolhido pela vida na seleção natural, através da luta sem piedade, um só, biologicamente escolhido como o mais dotado das qualidades necessárias, capaz de demonstrar, nas provas, ser o melhor. Com isso, a era dos conflitos, após terrível crescendo, exaurir-se-á, e então dela poderá nascer a nova era, da harmonia e da colaboração, a nova era do conhecimento e do espírito.

     Em torno desses princípios giram todas as potências do mundo, demográficas, bélicas, econômicas. Praticam-nos todas as raças, todas as nações, segundo sua própria forma. Mas a idéia fundamental que avança através de tantos meios diferentes e manifestações exteriores é o retorno do Cristo e a verdadeira implantação do Evangelho na Terra. Até agora, infelizmente, este tem sido mais prédica e teoria do que prática. Cristo avança. Por isso ocorrem as primeiras manifestações como expressão religiosa das multidões. Estes movimentos religiosos populares são o primeiro e verdadeiro sintoma do porvir. As próprias forças do mal são utilizadas pela vida para esse regresso do Cristo. Ele está no centro da nova civilização, é a grande força da nova ascensão humana. É o princípio do amor que concretizará a nova unidade, que será, não só de diretrizes sociais, de interesses, mas também de crenças e de religiões.

     No Cristo, derradeira meta, se extinguirão e diluirão todos os atuais conflitos humanos. À luz da percepção e consciência espirituais, a humanidade ressurgirá, com o Cristo, do túmulo do materialismo. Cristo é a grande força que atua, através de tantos conflitos atuais, para resolvê-los e superá-los. Ele inspira alguns indivíduos, mais próximos Dele e os impele a falar. Ele fala no instinto das massas, orientando-as, por meios insólitos, para novas formas de consciência. A vida não pode deixar de responder ao apelo do Cristo. O mundo sabe que da parte dos homens não pode vir o Salvador e, por isso, O espera dos céus. E o Cristo Libertador se avizinha. Clama por Ele o desesperado grito de dor da humanidade dilacerada, nivelada no sofrimento, perante o qual desaparece a distinção de classes, crenças e raças. Já se delineiam as vias espirituais de Sua presença entre nós. Tudo se acha manifesto e preparado nos acontecimentos e ninguém pode detê-los. Tudo, inclusive o mal, Lhe abre o caminho. Aguardemos com alegria, a final e fatal apoteose do bem.

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