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A GRANDE SÍNTESE
Autor: Pietro UbaldiCapítulo 8A LEI | A Lei. Eis a
idéia central do Universo, o sopro divino que o anima, governa e movimenta, tal
como vossa alma, pequena centelha dessa grande luz, governa vosso corpo. O
universo de matéria estelar que vedes, é como a casca, a manifestação externa, o
corpo daquele princípio que reside no âmago, no centro. Vossa ciência, que observa e experimenta,
permanece na superfície e procura encontrar esse princípio através de suas
manifestações. As poucas verdades particulares que aprendeu, são apenas farrapos
mal remendados da grande Lei. A ciência observa, supõe um princípio secundário,
deduz uma hipótese, trabalha sobre ela, esperando uma confirmação da
experiência, e daí conclui uma teoria. Mas vislumbrou somente pequena
ramificação derradeira do conceito central, porque este defenderá com o mistério
até que o homem seja menos malvado, menos propenso a fazer mau uso do saber e
mais digno de olhar na face as coisas santas. Falo-vos de coisas eternas e não
vos choque esta linguagem, para vós anti-científica; ela se mantém fora da
psicologia que vosso atual momento histórico vos proporciona. Minha ciência não
é como a vossa, ciência agnóstica, impotente para concluir; nem é ciência de um
dia. Lembrai-vos de que a verdadeira ciência toca e mergulha nos braços do
mistério: sagrado, santo e divino. A verdadeira ciência é religião e prece, só
pode ser verdadeira se também for fé de apóstolo e heroísmo de mártir. A Lei é Deus. Ele é a grande alma que está no
centro do universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e de atração.
Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é tudo: o princípio e suas
manifestações. Eis como Ele pode - coisa inconcebível para vós - ser realmente
onipresente. É necessário esclarecer
este conceito. Chegou o momento de retomar a idéia de que partimos, dos três
aspectos do universo, para aprofundá-la. A esses três aspectos correspondem três
modos de ser do universo. A
estrutura ou forma, o movimento ou vir-a-ser, o
princípio ou lei, podem também denominar-se:
ou também, movendo-se no
sentido inverso:
Do primeiro modo de ser, que é:
Espírito | Pensamento |
Princípio ou Lei |
deriva o segundo, que é:
Energia | Vontade | Movimento ou vir-a-ser |
e do segundo, o terceiro que é:
Matéria | Ação | Estrutura ou forma. |
Esses três modos de
ser estão coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais
simples a exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos. A idéia pura, o
primeiro modo de ser do universo, a que chamaremos espírito, pensamento, Lei,
que representaremos com a letra a
( alfa ); condensa-se e se materializa,
revestindo-se com a forma de
vontade, concentrando-se em energia, exteriorizando-se no movimento, segundo
modo de ser que representaremos com a letra b
(beta); num terceiro tempo, passamos (em
virtude de mais
profunda materialização ou condensação, ou exteriorização), ao modo de ser que
denominamos matéria, ação, forma, isto é, o mundo de vossa realidade exterior,
representaremos com a letra g
( gama ). O universo resulta
constituído por uma grande onda que, de a
, o espírito, (puro pensamento, a Lei que é
Deus) caminha
para um devenir contínuo, movimento feito de energia e vontade ( b) para atingir seu
último termo,
g, a
matéria, a forma.
Dando o sinal ® o
sentido
de "vai para", poderemos dizer: a®b®g
O
espírito, a, é o princípio, o
ponto de partida
dessa onda; g, a
matéria, é o
ponto de chegada. Mas compreendereis, qualquer movimento, se ampliado
constantemente numa só direção, deslocaria todo o universo (em sentido lato, não
apenas espacial), com acúmulos de um lado e vazios de outro, proporcionais e
definitivos. Então é necessário, para manter o equilíbrio, que a grande onda de
ida seja compensada por outra onda equivalente de volta. Isso é também lógico e
se realiza em virtude de uma lei de complementaridade, pela qual cada unidade é
metade de outra unidade mais completa. O movimento que existe no universo não é
jamais um deslocamento unilateral, efetivo e definitivo, mas é a metade de um
ciclo que retorna ao ponto de partida, após haver cumprido determinado devenir,
uma vibração de ida e volta, completa em sua contraparte inversa e complementar.
A esse movimento descêntrico que vimos,
a expansão e a exteriorização, a®b®g
, segue-se então um movimento concêntrico
inverso: g®b®a. Há , pois,
o movimento
inverso, pelo qual a matéria se desmaterializa, desagrega-se e expande-se em
forma de energia, vontade, movimento; é um tornar-se, que por meio das
experiências de infinitas vidas, reconstrói a consciência ou espírito. Aqui, o
ponto de partida é g, a
matéria, e o ponto de chegada é a, o espírito. Assim, a espiral, que antes era aberta,
agora se fecha;
a pulsação de regresso completa o ciclo iniciado pelo de ida.
Este é o conceito central do funcionamento
orgânico do universo. A primeira onda refere-se à criação, à origem da matéria,
à condensação das nebulosas, à formação dos sistemas planetários, do vosso sol,
do vosso planeta, até à condensação máxima. A segunda onda, de regresso, é a que
vos interessa e viveis agora, refere-se à evolução da matéria até às formas
orgânicas, à origem da vida; com a vida, tem-se a conquista de uma consciência
cada vez mais ampla, até a visão do Absoluto. É a fase de regresso da matéria
que, por meio da ação, da luta, da dor, reencontra o espírito e volta à idéia
pura, despojando-se, pouco a pouco, de todas as cascas da forma.
Estas simples indicações já esboçam a solução de
muitos problemas científicos, como o da constituição da matéria, ou como o da
possibilidade de, por desagregação, extrair dela, como de imenso reservatório, a
energia, que não seria senão a passagem de g®b
. A energia atômica que procurais, existe, e
a
encontrareis (6).
Estes apontamentos projetam a solução de muitos complexos problemas morais.
Diante da grande caminhada que seguis está escrita a palavra evolução e a
ciência não pôde deixar de vê-la, mas apenas a vislumbrou nas formas orgânicas e
não em toda sua imensa vastidão. Vosso ciclo poderia definir-se como um físio-
dínamo-psiquismo. A fórmula é g®b®a
.
6 - Estas páginas foram escritas em 1932.
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