A Grande Síntese

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A GRANDE SÍNTESE

Autor: Pietro Ubaldi

Capítulo 53

GÊNESE DOS MOVIMENTOS VORTICOSOS

    Exposta a questão em seus termos gerais, vejamos, agora, mais particularmente, que mudanças assume o movimento no ponto de passagem de b a a. Vimos em g que, ao abrirem-se as órbitas dos elétrons, estes escapolem delas, gerando b. Vimos em b, a onda extinguir-se, com a progressiva extensão de seu comprimento e diminuição da frequência vibratória. Na última fase de degradação a onda se tenderia a tornar-se retilínea, se pela natureza qualquer reta não fosse uma curva, como toda trajetória circular é uma espiral que se abre ou se fecha. Vejamos agora como esta onda amortecida penetra no edifício atômico.

    O princípio cinético da vida é único em vosso universo, constituído pela forma dinâmica (eletricidade), na última fase de degradação. Em virtude da natureza da energia, que está em contínua expansão no espaço, o princípio da vida difunde-se por toda a parte, tal como a luz e as outras formas dinâmicas. Ele propaga-se como forma vibratória, até que encontre uma resistência numa aglomerada massa. Assim, a energia que, por sua natureza, espalhou-se nos espaços, portanto é onipresente, atinge qualquer condensação de matéria. Então, penetra na íntima estrutura planetária, justamente porque é a direção retilínea que possui o máximo poder de penetração. As trajetórias cinéticas apresentam respostas diferentes a essa penetração eletrônica, de acordo com seu tipo de natureza. O primeiro germe da vida, por isso, é universal e idêntico, sempre aguardando o desenvolvimento; um desenvolvimento que só chegará a realizar-se quando se verificarem circunstâncias favoráveis; um desenvolvimento que, embora partindo do mesmo princípio, manifestar-se-á diferentemente, de acordo com as diferentes condições do ambiente. Onde b toca em g, esta exulta num novo girar íntimo; onde b une-se a g, nasce a, a vida (princípio de dualidade e trindade). Conforme a natureza e reações da matéria, varia o fenômeno, e aparecem, enfim, as diferentes manifestações do mesmo princípio, único e universal.

    Que perturbação ocorre, então, no edifício atômico? Vimos que, na desagregação da matéria existe um trem de elétrons, sucessivamente lançado fora do sistema planetário atômico em demolição, justamente isso, constitui a gênese das formas dinâmicas. Quando esse trem de unidades que se impelem mutuamente atinge, como uma flecha, o equilíbrio normal atômico, produzido pelo girar das órbitas eletrônicas em redor do núcleo, o edifício atômico fica profundamente perturbado. Esse fenômeno só pode verificar-se quando b tenha atingido seu grau máximo de evolução, isto é, de degradação dinâmica (mínima frequência vibratória e máximo comprimento de onda), porque até que os tipos dinâmicos assumam a forma vibratória ondulatória, não têm suficiente potência de penetração e deles não pode nascer a vida. Então, o momento da gênese é dado por um equilíbrio exato de forças. Pelas resultantes desse equilíbrio é dado o desenvolvimento da vida e de suas formas. Como vimos ser a química inorgânica reduzível a um cálculo matemático de mecânica astronômica, assim é a constituição íntima da vida, embora resultante de sistemas de forças extremamente mais complexos. Então, somente um trem de elétrons que constituem energia elétrica extremamente degradada - isto é, somente b quando chegou ao último limite evolutivo de suas espécies dinâmicas - pode trazer mudanças radicais à íntima estrutura do átomo; mudanças não casuais, desordenadas, caóticas, mas produzidas por nova ordem de movimentos, mais complexa e profunda. Os deslocamentos cinéticos da Substância obedecem constantemente a uma lei de equilíbrio e são resultantes de impulsos precedentes; constituem sempre uma ordem perfeita, em que estão equilibradas ação e reação, causa e efeito. Isto se verificou na projeção dos elétrons da desintegração atômica radioativa (gênese da energia); isto se verifica agora nos deslocamentos interatômicos devidos à ação dos novos elétrons que chegaram.

    Detenhamo-nos um momento nesta reaproximação entre eletricidade e vida, para compreender porque, exatamente, essa força está colocada no início da nova manifestação. Sabeis que o equilíbrio interno do átomo e as órbitas de seu sistema planetário são regidas por atrações e repulsões de caráter elétrico; é o balanceamento entre esses impulsos e contra-impulsos que lhe mantém a estrutura numa condição de estase exterior. Por si nada se presta tanto a deslocar o equilíbrio do sistema e a penetrar nesse movimento, quanto a intervenção de novo impulso ou ação da natureza elétrica. Assim, a eletricidade enxerta-se na vida e a encontrareis sempre presente, especialmente se a considerais, como vos disse, em seu íntimo dinamismo motor. Embora aperfeiçoando-se, como tudo se aperfeiçoa por evolução, isto é, adquirindo em qualidade o que perde em quantidade - por uma degradação paralela à dinâmica, que vimos - também na vida subsiste sempre a fonte original de natureza elétrica. Ela origina todos os fenômenos nervosos que guiam e sustentam o funcionamento orgânico. Na base da vida existe integralmente um sistema elétrico de fundamental importância, que preside a tudo. A eletricidade permanece sempre como centro animador e substância interior da vida, da qual ela assume sempre a função central diretora, a mais importante. Essa sobrevivência, em posição tão conspícua, bastaria para demonstrar a parte substancial que a eletricidade deve ter tido na gênese e no desenvolvimento da vida. E ainda quando atinge as formas de magnetismo, vontade, pensamento e consciência, permanece o mesmo princípio, embora alçado às fases de máxima complexidade. Trata-se, verdadeiramente, da continuação do mesmo processo de degradação, que se estende das formas dinâmicas até às formas psíquicas.

    Quando, num sistema rotatório, sobrevém nova força, esta se introduz no sistema e tende a somar-se e a fundir-se no tipo de movimento circular preexistente. Podeis imaginar que complicações profundas ocorrem no entrelaçamento já complexo das forças atrativo-repulsivas. O simples movimento circular agiganta-se num movimento vorticoso mais complexo. Pela emissão de novos elétrons, o movimento não apenas complica sua estrutura, mas se reforça, alimentado por novos impulsos. Ao invés de um sistema planetário, tereis nova unidade, que vos recorda os redemoinhos de água, as trombas marinhas, os turbilhões e ciclones. O princípio cinético de g é retomado, assim, por b, numa forma vorticosa muito mais complexa e poderosa. Nasce, dessa forma, nova individuação da substância, desta vez verdadeiro organismo cinético, em que todas as criações, conquistas, ou seja, trajetórias e equilíbrios precedentemente constituídos, subsistem, mas coordenando-se. Veremos como o tipo dinâmico do vórtice contém, em embrião, todas as características fundamentais da individuação orgânica e do Eu pessoal. Nesta nova forma de movimento, organização de sistemas planetários, coordenação complexa de forças, na própria instabilidade da nova construção e na rapidez das contínuas trocas com o ambiente, em seu mais intenso devenir de equilíbrio que, mesmo mudando, sempre reencontram seu fio condutor, revela-se aquele psiquismo, o mais requintado dinamismo com que a energia surge na vida. Princípio novo, mas filho dos precedentes; simples expansão de potências concentradas no estado de latência; novo modo de existir da Substância, que atingiu a periferia das manifestações.

    A primeira expressão de a assume, então, a forma do vórtice. O tipo do movimento do átomo físico combina-se consigo mesmo em movimentos mais complexos por obra da nova imissão dinâmica. O termo sânscrito "Vivartha" significa exatamente esse processo, que desde a concepção hindu até as mais modernas hipóteses científicas, exprime a substância dos fenômenos do universo 12. Mas a essência de a não é o vórtice. Este é apenas sua manifestação, a forma exterior de que se reveste aquele princípio imaterial. O espírito, a, está na Substância, esta é movimento (velocidade), é aquilo que movimenta, guia, anima e dirige o vórtice, sem o qual este perderia seu tipo, sua resistência e se extinguiria, reabsorvido no indiferenciado. Não o encontrais e, portanto, não podeis observar senão fenômenos, isto é, efeitos, manifestações. Somente podeis tocar a exteriorização do princípio e, apenas a partir dela, podeis penetrar o centro e encontrar a causa. Digo isto a fim de evitar dúvidas e mal-entendidos. Se b já o era, a é muito mais um princípio absolutamente imaterial, que permanece sempre distinto da matéria, embora a anime e a mova de seu centro. Aliás, já vos disse que a matéria é velocidade e que o átomo, como o elétron, é um sistema de forças; então não se pode entender por vórtice, mesmo no sentido mais material, senão um movimento que arrasta consigo outros movimentos. Vosso separatismo, que divide corpo e espírito, portanto, não tem sentido, especialmente como antagonismo. Trata-se apenas de dois pólos do ser, de dois extremos, que se comunicam por constantes trocas e contatos, de uma zona de trajetória em caminho. Vossos conceitos habituais não têm mais nenhum significado, quando se olha no âmago das coisas. Se me perguntais: por que a, o espírito, manifesta-se nesse momento do transformismo evolutivo e que relações possa ter a origem dos movimentos vorticosos com o surgimento da consciência? Eu vos direi: se a fase b conquistou a dimensão tempo, agora a imersão do movimento de b no movimento de g representa a construção de edifícios, verdadeiros organismos dinâmicos, que constituem as manifestações de novo princípio de coordenação e direção de movimentos. Isso significa a gênese da nova dimensão consciência. A consciência, que hoje é de superfíce e analítica, transformar-se-á num organismo ainda mais complexo de movimentos vorticosos, numa animadora de nova potência, a dimensão superconsciência sintética de intuição, a dimensão volumétrica, máxima de vosso sistema. Então a matéria se desmaterializará de sua forma atômica e o ser sobreviverá além do fim de vosso universo físico e de suas dimensões.

12 - Reveja a trajetória típica dos movimentos fenomênicos, no capítulo 26