endes meios para comunicar-vos com
seres mais importantes que
aqueles a quem chamais habitantes de Marte, mas são meios de ordem psíquica, não
instrumentos mecânicos; meios psíquicos que a ciência (que pesquisa de fora para
dentro) e a vossa evolução (que se expande de dentro para fora) trarão à luz.
Pode chamar-se consciência latente uma consciência mais profunda que a normal,
onde se encontram as causas de muitos fenômenos inexplicáveis para vós. O
sistema de pesquisa positiva, ao fazer-vos olhar mais profundamente as leis da
natureza, fez-vos descobrir o modo de transformar as ondas acústicas em
elétricas, dando-vos um primeiro termo de comparação sensível daquela
materialização de meios que empregamos. Já avizinhasteis um pouco e hoje podeis,
mesmo cientificamente, compreender melhor. Acompanhai-me, caminhando do exterior,
onde estais com vossas sensações e vossa psique, para o interior onde estou eu
como Entidade e como pensamento. No mundo da matéria, temos, primeiro, os
fenômenos; depois, vossa percepção sensória e, finalmente, por meio de vosso
sistema nervoso convergente para o sistema cerebral, vossa síntese psíquica: a
consciência. Até aqui chegasteis, pela pesquisa científica e experiência
cotidiana. Vosso materialismo não errou, quando viu nessa consciência uma alma,
filha da vida física e destinada a morrer com ela. Mas é apenas uma psique de
superfície, resultado do ambiente e da experiência, servindo à satisfação de
vossas necessidades imediatas; sua tarefa termina quando vos tenha guiado na
luta pela vida. Esse instrumento, como já vos disse, não pode ultrapassar essa
tarefa; lançado no grande mar do conhecimento, perde-se; trata-se da razão, do
bom senso, da inteligência do homem normal, que não vai além das necessidades da
vida terrena.
Se descermos mais na
profundidade encontraremos a consciência latente; que está, para a consciência
exterior e clara, como as ondas elétricas estão para as ondas acústicas. A essa
consciência mais profunda pertence aquela intuição, é o meio perceptivo e a ele
é necessário poder chegar, como vos disse, para que vosso conhecimento possa
progredir.
Vossa consciência latente é
vossa verdadeira alma eterna, existe antes do nascimento e sobrevive à morte
corporal. Quando, ao avançar, a ciência chegar até ela, ficará demonstrada a
imortalidade do espírito. Mas hoje não estais conscientes dessa profundidade,
não sois sensíveis a esse nível e, não tendo em vós mesmos nenhuma sensação, a
negais. Vossa ciência corre atrás de vossas sensações, sem suspeitar que elas
podem ser superadas, e aí fica circunscrita como num cárcere. Essa parte de vós
mesmos está imersa em trevas, pelo menos, assim é para a grande maioria dos
homens que, por conseguinte, nega; sendo maioria, faz e impõe a lei, relegando a
um campo comum de fora da normalidade e juntando em dolorosa condenação, tanto o
subnormal, isto é, o patológico ou involuído, como o supranormal, elemento
super-evoluído do amanhã. Neste campo, muito errou o materialismo. Apenas alguns
indivíduos excepcionais, precursores da evolução, estão conscientes na
consciência interior. Esses ouvem e dizem coisas maravilhosas, mas vós não os
compreendeis senão muito tarde, depois que os martirizasteis. No entanto, esse é
o estado normal do super-homem do futuro.
Acenei a essa consciência interior, porque
é a base da mais alta forma de vossa mediunidade, a mediunidade inspirativa,
ativa e consciente; ela é justamente a manifestação da personalidade humana
quando, por evolução, atinge esses estados profundos de consciência, que podem
chamar-se intuição.
Vossa consciência
humana é o órgão exterior através do qual vossa verdadeira alma eterna e
profunda se põe em contato com a realidade exterior do mundo da matéria. Por seu
intermédio, experimenta todas as vicissitudes da vida, destas experiências faz
um tesouro, delas assimila o suco destilado, do qual ela se apodera, tornando
suas as qualidades e capacidades, que mais tarde constituirão os instintos e as
idéias inatas do futuro. Assim, a essência destilada da vida desce em
profundidade no íntimo do ser; fixa-se na eternidade como qualidades
imperecíveis e nada de tudo o que viveis, lutais e sofreis, perder-se-á em sua
substância. Vedes que, com a repetição, todos os vossos atos tendem a fixar-se
em vós, como automatismos que são os hábitos, isto é, um hábito, uma roupagem
sobreposta à personalidade. Essa descida das experiências da vida se estratifica
em torno do núcleo central do Eu que, com isso, agiganta-se num processo de
expansão contínua; assim, a realidade exterior (tanto mais relativa e
inconsistente quanto mais exterior) sobrevive àquela caducidade, condena-a
àquele constante transformismo que a acompanha e transmite ao eterno aquilo que
vale e sua existência produz. Por isso, nada morre no imenso turbilhão de todas
as coisas; todo ato de vossa vida tem valor eterno.
Quem consegue ser consciente também na
consciência latente, encontra seu Eu eterno e, na vasta complexidade das
vicissitudes humanas, pode reencontrar o fio condutor ao longo do qual,
logicamente, segundo uma lei de justiça e de equilíbrio, desenvolve-se o próprio
destino. Então, vive sua vida maior na eternidade e com isso vence a morte. Ele
se comunica livremente, mesmo na Terra, por um processo de sintonia que implica
afinidade com as correntes de pensamento, que existem além das dimensões de
espaço e tempo. Em outro lugar acenei à técnica dessa comunicação conceptual ou
mediunidade inspirativa.
Tracei-vos,
assim, o quadro da técnica de vossa ascensão espiritual, efeito e meta de vossa
vida. Em minhas palavras vereis sempre pairar esta grande idéia da evolução, mas
não no limitado conceito materialista de evolução de formas orgânicas, e sim no
bem mais vasto conceito de evolução de formas espirituais, de ascensão de almas.
Este é o princípio central do universo, a grande força motora de seu
funcionamento orgânico. O universo infinito palpita de vida que, ao reconquistar
a consciência, retorna a Deus. É esse grande quadro que vos mostrarei. Essa
visão que, partindo de vossos conhecimentos científicos, vos indicarei. Minha
demonstração, lembrai-vos, embora se inicie com uma investigação para uso do
céticos, é um lampejo de luz que lanço ao mundo, é imensa sinfonia que canto em
louvor de Deus.