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A GRANDE SÍNTESE
Autor: Pietro UbaldiCapítulo 37CONSCIÊNCIA E SUPERCONSCIÊNCIA. SUCESSÃO DOS SISTEMAS TRIDIMENSIONAIS
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Para compreender bem a passagem para as dimensões sucessivas deste
segundo
sistema, comparemo-lo ao primeiro. Enquanto este, em seu desenvolvimento, completa a dimensão
espacial, o
sistema seguinte, superior, que é vossa fase no nível humano, completa a dimensão conceptual,
aquela cujas
unidades de medida são as propriedades da consciência. Tal como ocorre nos universos precedentes quanto à
gênese progressiva do espaço, temos nesta unidade superior a gênese progressiva da dimensão conceptual.
Na
fase g, está completa a dimensão
espacial,
mas é nulo o desenvolvimento da dimensão conceptual: o ponto, um germe. Em b
aparece sua primeira manifestação: o tempo. O ponto movimentou-se, não
mais em direção espacial, mas em nova direção conceptual, e nasce a reta, a primeira dimensão nova. Ao
deslocar-se no tempo, o fenômeno adquire, em b uma consciência própria, linear, a primeira dimensão
conceptual. O fenômeno, que não é ainda vida, nem consciência, sabe apenas o seu isolado progredir no
tempo;
não se expande além da linha de seu devenir, não se eleva a julgamento, como a consciência humana, não
sabe
sequer dizer "Eu", porque ignora qualquer distinção e a consciência do não-eu, aqui, é o inconcebível.
Compreendamos, também aqui, não um tempo universal, isto é, a medida do devenir fenomênico; mas a
dimensão
desta fase, ou seja, a consciência (linear) do devenir. Entendido assim, esse tempo só nasce em
b como
propriedade da energia. Com efeito, apenas as forças tomam a iniciativa do movimento, tendo como
dominante a
característica dinâmica e dominam g, a
terceira dimensão espacial, característica da matéria, que sofre esse
movimento, não o inicia. Nas fases inferiores só existe o tempo em sentido mais amplo, entendido como
ritmo
do devenir, propriedade de todos os fenômenos; mas não como consciência do transformismo, propriedade das
forças. Facilmente compreendeis que revolução trazem esses conceitos em vossa ordem habitual de idéias.
Em a estamos na fase subumana e humana de consciência
mais
completa, e temos a segunda dimensão conceptual, correspondente, no sistema espacial, à
superfície. Tal
como
da linha se passa à superfície, com deslocamentos em novas direções extralineares, assim, por
deslocamentos
semelhantes, a consciência humana invade o devenir de outros fenômenos, diferencia-se deles, aprende a
dizer
"eu", a perceber a própria individualidade distinta das outras, dobra-se sobre o ambiente, projeta-se
para
fora (a nova dimensão), observa e julga. Os sentidos são os meios dessa projeção para fora,
característica
da segunda dimensão, meios que na primeira eram desconhecidos.
Em +x aparece a terceira manifestação de dimensão
conceptual que completa o sistema, correspondente ao volume. A consciência que, na matéria,
não tem
dimensão (o volume é a dimensão espacial completa, mas diante do sistema sucessivo é uma não-dimensão, o
ponto), no campo das forças assume a dimensão linear; no campo da vida alcança a
dimensão superfície;
no
campo absolutamente abstrato do puro espírito adquire a dimensão de volume. As
limitações de vosso
concebível impede-me de lançar-me aos sistemas sucessivos, cada vez mais espirituais e rarefeitos,
que
se estendem ao infinito. Ao invés, expliquemos as características da segunda dimensão (consciência)
em
relação às da terceira (superconsciência).
Da mesma forma que a superfície absorve a linha, a consciência
absorve o tempo e o domina; enquanto as forças precisam do tempo, o pensamento o supera. Na passagem da
fase
b à fase a , a dimensão tempo tende a desvanecer-se, embora
subsistindo, mas em tal aceleração de ritmo (onda) que vos pareceria quase desaparecer em nova dimensão.
Com
efeito, quanto mais baixa e material é a consciência, tanto mais é lenta e se assemelha a b; enquanto mais concreto o pensamento, mais denso é o
ritmo e mais vagarosa a onda. O pensamento implica tempo, somente enquanto, e na medida em que ainda é
energia; quanto mais é cerebral, racional, analítico, tanto menos é abstrato, intuitivo, sintético.
Neste
segundo sistema tridimensional, assistis a uma aceleração contínua de ritmo. Nessa aceleração o tempo é
gradualmente absorvido. Por sua vez, a superconsciência domina e absorve a consciência, tal como o volume
o
fez com a superfície.
Explico: a consciência humana, derivada por evolução de
b, através
da profunda elaboração da vida, não é linear; isto é, não é limitada em si mesma nem a um fenômeno, e
pode
sair e mover-se em todas as linhas de superfície, em todas as direções, abraçando como conseqüência,
muitíssimos fenômenos. Por isso, é absolutamente hiperespacial. Mas, de qualquer forma, é sempre dimensão
de
superfície, à qual está inexoravelmente ligada enquanto não evoluir. Isso significa que está presa ao
relativo, que só pode mover-se no finito, que só sabe conceber por análise, isto é,
por meio da
observação e
da experimentação, tal como vossa ciência. Domina todas as linhas do devenir fenomênico, mas toda a sua
vida
está na superfície e dela não pode sair. Jamais vos perguntastes a razão dessa vossa insuperável
relatividade, desses limites que restringem vosso concebível, dessa vossa incapacidade de visão direta da
essência das coisas? Eis a resposta com expressão geométrica. Vossa consciência é segunda dimensão, de
superfície e, como superfície, é uma contínua impotência diante do volume, sua dimensão
superior. Para
atingir o volume, é indispensável que a superfície se mova em nova direção; para atingir a
superconsciência
é necessário multiplicar a consciência por novo movimento. Dessa forma e só por multiplicação de análise
podeis aproximar-vos da síntese. A superconsciência é dimensão conceptual volumétrica, que se obtém ao
elevar uma perpendicular sobre o plano da superfície da consciência, conquistando, dessa maneira, um
ponto
de vista fora do plano: o único ponto que pode dominá-la totalmente. Por isso, só a superconsciência
sobrepuja os limites de vosso concebível, domina o relativo na visão direta do absoluto, domina o
finito,
movendo-se no infinito; não mais concebe por análise, mas por síntese.
São esses conceitos que escapam à vossa consciência e, nesse
nível,
não podem ser alcançados. Somente assim se passa do relativo ao absoluto, do finito ao infinito. Este não
constitui uma sucessão nem uma soma de relativos, mas algo qualitativamente diferente: diferença de
qualidade, de natureza, não de quantidade, nem de medida. O verdadeiro infinito é isso, bem diferente
de
tudo o que costumais chamar, é simplesmente um indefinido ou incomensurável. A superconsciência move-se
numa
esfera mais alta que a consciência humana, em contato direto com os princípios que vós laboriosamente
procurais, tentando alcançá-los em sínteses parciais, e que só sentireis diretamente por meio de vossa
evolução. Como vedes, diferença substancial. Não se trata de somar fatos, observações e descobertas; de
multiplicar as conquistas de vossa ciência; trata-se de mudar-vos a vós mesmos. Não mais o lento e
imperfeito mecanismo da razão, mas da intuição rápida e profunda. Não mais projeção da consciência
para o
exterior, por meios sensórios que apenas tocam a superfície das coisas, mas expansão em direção
totalmente
diversa, para o interior: percepção anímica direta, contato imediato com a essência das coisas.
Eis a consciência maior que vos aguarda. Essa é a consciência
que
no princípio chamamos latente, dilata-se continuamente, aumentando-se com os produtos de vossa
consciência.
Em vós, a superconsciência está em estado de germe, que espera o desenvolvimento para revelar-se. Agora
compreendeis que valor dar às palavras razão, análise, ciência, que vos parecem ser tudo. Para progredir
mais, tereis de sair do plano de vossa consciência, a que penosamente estais presos, e conquistar um
ponto
fora dela. As intuições do gênio e as criações morais do santo são apenas perpendiculares levantadas no
plano da superconsciência por antecipação. Por isso vos disse que a intuição é a nova forma de pesquisa
da
ciência futura; somente ela pode dar-vos, não mais ciência, mas sabedoria. Isto vos explica o inexorável
relativismo de vossos conhecimentos, vossa limitação e relatividade de sínteses, a escravidão da análise,
uma impotência apriorística de alcançar o absoluto. A superfície jamais vos dará, embora percorrida em
todos
os sentidos, a síntese volumétrica. Razão e intuição, análise e síntese, relativo e absoluto, finito e
infinito são dimensões diferentes, produzidas em planos diferentes. Absoluto e infinito estão em vós
em
estado de germe, tremem na profundidade de vosso eu como um pressentimento: nada mais. Aí vos espera a
maior
aproximação conceptual da divindade. Eu estou neste plano mais alto, de consciência volumétrica, onde se
domina todo o tempo, até mesmo o futuro, porque estamos fora e acima de vosso tempo; aqui a concepção é
visão global instantânea de tudo o que só concebeis sucessivamente; aqui tenho, por visão direta a
síntese
que agora vos transmito. Destes planos mais altos, descem as revelações que se comunicam a vós por
sintonização de ondas psíquicas, partindo de seres de outra esfera; consciências imateriais não
perceptíveis
aos vossos sentidos, que vossa razão não pode individualizar.
Assim sucedem-se as três dimensões de
b,
a, +x. Tal como
g, matéria, vos deu o espaço, assim temos:
1º O tempo, isto é, o ritmo, onda, unidade de medida de dimensão
de
b = energia.
2º A consciência, isto é, a percepção externa, razão, análise,
finito, relativo, dimensão de
a, a fase vida, que se culmina no psiquismo
humano.
3º A superconsciência, isto é, a percepção interna, intuição,
síntese, infinito, absoluto, dimensão de +x, a fase super-humana.
Assim, as dimensões sucedem-se por trindades sucessivas e
contíguas, na escala progressiva da evolução: desde o ponto, até a linha, a superfície, o volume, o
tempo, a
consciência, a superconsciência, numa contínua dilatação de princípio. Tudo evolui. E, com os universos,
também suas dimensões. Agora, podeis compreender como a abertura de uma espiral maior, produzida pela
abertura de uma menor (cfr. diagrama fig. 5) não ocorre em sentido espacial, porque a dimensão muda a
cada
abertura de ciclo, mas no sentido da evolução que é, como dissemos, a dimensão do infinito. O infinito +
e o
infinito - (+ ¥ e -¥) que, no diagrama, aparecem com expressão espacial, têm,
assim, na realidade, outro
valor totalmente diferente. As dimensões aparecem e desaparecem ao progredirem. Assim, morrerá o
espaço
com
a matéria, o tempo com a energia, a relatividade com a consciência; mas a Substância ressurgirá em
formas
e
dimensões mais altas, assumindo sempre novas direções. Cada dimensão é relativa e, na evolução, segue uma
precedente, mas vem antes de uma seguinte e existe sempre um degrau mais alto para subir, uma fase
superior
o aguarda. A cada salto para frente conquista-se o domínio da própria dimensão, que antes não era
acessível
senão sucessivamente. O campo de ação e visão dilata-se: do alto se domina o que está embaixo.
Reencontramos
ainda o princípio da trindade em toda a parte; nas três fases de vosso universo: matéria (g), energia (b
), espírito (a); em seus três
aspectos:
estático, dinâmico, conceptual (ou mecânico); nos dois sistemas dimensionais observados: linha,
superfície,
volume (espaço); tempo, consciência (relativo) e superconsciência (absoluto).
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