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A GRANDE SÍNTESE
Autor: Pietro UbaldiCapítulo 30PALINGENESIA
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Que vem a ser, neste
sistema, o vosso conceito de Divindade? Compreendeis que Deus não pode
ser algo mais e exterior à
criação, ou
distinto dela; que só o homem que está no relativo pode acrescentar a si, ou
devenir além de si, não Deus, que
é o absoluto. Vossa concepção de um Deus que cria fora e além de si,
acrescentando algo a si mesmo, é absurda
concepção antropomórfica, é querer reduzir o absoluto ao relativo. Não pode
haver criação no absoluto. Só
no
relativo pode haver nascimento e transformação. O absoluto simplesmente "é".
Não queirais restringir a
Divindade aos limites de vossa razão; não vos eleveis a juizes e à medida do
todo; não projeteis no
infinito
as pequeninas imagens de vosso finito; não ponhais limites ao absoluto. Em sua
essência, Deus está além do
universo de vossa consciência, além dos limites de vosso concebível. É
irreverência aviltar esse conceito para
querer compreendê-Lo. Constituindo-vos em medida das coisas, colocais como
sobrenatural e miraculoso qualquer
fato novo para vossas sensações, tudo o que exorbite do que sabeis e conheceis.
Mas, a natureza é expressão
divina e não pode haver nada acima dela, nenhum acréscimo, nenhuma exceção,
nenhuma correção à Lei.
Sobrenatural e milagre são conceitos
absurdos diante do absoluto,
aceitáveis apenas em vosso relativo, aptos a exprimir vosso assombro diante do
que é novo para vós e nada
mais. Neles está contida a idéia de limite e de seu superamento; conceitos
inaplicáveis à Divindade. Esta é
superior a qualquer prodígio e o exclui como exceção, como retorno ao que já
está feito, como retoque ou
arrependimento e, sobretudo, como vontade de desordem no equilíbrio da lei
estabelecida. Limitai a vós mesmos
esses conceitos e não vos julgueis centro do universo. Guardai para vós os
conceitos de tempo, de espaço, de
quantidade, de medida, de movimento, de perfectibilidade. Não deveis medir a
Divindade como medis a vós
mesmos; não tenteis defini-La, muito menos com aquilo que serve para definir-vos
a vós mesmos, por
multiplicação e expansão de vosso concebível. Se quereis somar ao infinito
vossos superlativos, dizei ao
infinito: isto ainda não é Deus. Seja Deus para vós uma direção, uma
aspiração, uma tendência; seja
para vós a
meta. Se Deus está no infinito - inconcebível para vós em sua essência - nosso
finito dele se avizinha por
aproximações conceptuais progressivas. Vede como na Terra cada um adora a
representação máxima da Divindade
que pode conceber, e como, no tempo, essa aproximação se dilata. Do politeísmo
ao monoteísmo e ao monismo
verificais o progresso de vossa concepção, que é proporcional à vossa força
intelectiva e progride com ela. A
luz aparece mais intensa à proporção que o olhar se torna mais penetrante. O
mistério subsiste, mas empurrado
cada vez para mais longínquos horizontes. Por mais que este se dilate, haverá
sempre um horizonte mais
afastado para atingir. Ao verificar vossa relatividade que progride, eu não
destruo o mistério, mas o enquadro
no todo e dele dou a justificação racional, torno-o um mistério relativo, que só
existe pela limitação de
vossas capacidades intelectivas, que recua continuamente diante da luz, em
função do caminho das verdades
progressivas; um mistério fechado dentro dos limites que a evolução
ultrapassa dia a dia. Se a divindade
é um
princípio que exorbita vossos limites conceptuais, ela lá está a esperar-vos;
para revelar-se, espera vossa
maturação. Hoje, que finalmente vossa mente está amadurecendo, não é mais
lícito, como no passado,
"reduzir"
aquele conceito a proporções antropomórficas. Hoje, eu já trouxe ao vosso
relativo nova e maior
aproximação;
projetei em vossas mentes a maior imagem que as humanidades futuras terão de
Deus. Este é um canto mais alto
de sua glória. Isto não é irreligiosidade, mas ao invés, pela maior exaltação de
Deus, é religiosidade mais
profunda. Não procureis Deus apenas fora de vós, tornando-O concreto em imagens
e expressões de matéria, mas O
"sentis", sobretudo , em sua forma de maior poder dentro de vós, na idéia
abstrata, estendendo os braços para
o universo do espírito, que vos aguarda.
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