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A GRANDE SÍNTESE
Autor: Pietro UbaldiCapítulo 29
O UNIVERSO COMO
ORGANISMO, MOVIMENTO E
PRINCÍPIO
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Chegados a este ponto e realizada em grandes
linhas a exposição
do sistema cosmográfico, podeis ter uma idéia aproximada de sua
incomensurável
grandiosidade. Por simplicidade e clareza, tive que seguir uma
exposição
esquelética e esquemática. Observamos o fenômeno reduzido à sua
mais simples
expressão de desenvolvimento linear; assim mesmo, que
complexidade orgânica e de
funcionamento, que riqueza de pormenores, que vastidão e
profundidade de ritmo,
que grandiosidade de conjunto! Acenei a uma síntese de
superfície, mas esta é
apenas a seção do dilatar-se de uma esfera; os ciclos, para
corresponderem mais
exatamente à realidade, teriam de ser esféricos, porque a
evolução, espacial em
g, dinâmica
em b, conceptual em a
etc., - mudando de qualidade em cada
fase - constitui
verdadeira expansão em todas as direções. Vós não possuís
sequer as palavras
próprias que englobem exatamente todos estes conceitos ao mesmo
tempo. Passais
dos símbolos e abstrações matemáticas, em que o aspecto
mecânico-conceptual do
universo está isolado do dinâmico e estático e de outros
aspectos que estão além
de vossa inteligência, à realidade vestida de miríades de
formas, complicada de
infinitas minúcias de ações e reações. Imaginai a miríade de
seres movidos por
incessante dinamismo, que exorbitam do universo de vosso
concebível, atentos a
esse grande esforço da própria evolução, que consiste em
conquista de perfeição,
poder, consciência e felicidade sempre maiores; impelidos pela
Lei, que é o
princípio de seu ser, pelo instinto irresistível, pela
aspiração máxima;
atraídos pela imensa luz que baixa do Alto, cada vez mais alta
à proporção que
eles sobem. Imaginai os seres todos escalonados, cada um em seu
nível, de ciclo
em ciclo, tal como concebeis os anjos organizados nas esferas
celestes. Imaginai
o canto imenso que, da harmonia desse organismo, na ordem
soberana dominante,
eleva-se de toda parte e um pouco da grandiosa visão se abrirá
diante de vossos
olhos.
Olhai. Cada fase é um
degrau, um átimo
no grande caminho. As fases matéria, energia, espírito formam
um universo.
Outros universos seguem e precedem, organizando-se em sistema
maior, o que é o
elemento de um sistema ainda mais amplo e complexo, sem jamais
haver fim, nem no
mais nem no menos. O princípio das unidades coletivas
(em seu aspecto
estático) e dos ciclos múltiplos (em seus aspectos dinâmico e
mecânico) é a força de
coesão que sustenta a estrutura dos universos. Como a evolução
é palingenesia, que leva do simples ao complexo, do indistinto ao
distinto, e multiplica
os tipos que levaria à pulverização do todo se essa força de
coesão não
reorganizasse o diferenciado em unidades cada vez maiores.
Viveis, vós mesmos,
esse princípio quando, ao progredir na especialização do
trabalho, sentis a
necessidade de reorganizá-lo; quando, paralelamente ao maior
desenvolvimento das
consciências individuais, vedes nascer consciências coletivas
cada vez mais
amplas e mais compactas. Assim, todos os seres tendem a
reagrupar-se, à
proporção que evoluem, em unidades coletivas, em colônias, em
sistemas sempre
mais abrangentes. Isso vos explica porque a matéria, que
consideramos em sua
estrutura e em seu devenir, apresenta-se a vós na realidade das
formas e não em
suas unidades primordiais, mas amalgamada e comprimida em
agregados compactos,
organizada em unidades coletivas de indivíduos moleculares. É a
trajetória da
espiral menor que se funde na espiral maior. Da molécula aos
universos, a mesma
tendência a reorganizar-se num sistema maior, a encontrar um
equilíbrio mais
completo em organismos mais amplos. Por isso, não encontrais
moléculas isoladas,
mas cristais, verdadeiros organismos moleculares, e amontoados
geológicos; não
encontrais células, mas tecidos: órgãos e corpos, que são
sociedades de
sociedades. Sempre sociedades moleculares, celulares, sociais,
com subdivisões
de trabalho e especialização de atitudes e de funções.
Essa possibilidade de
estabelecer
contatos e ligações entre os mais distantes fenômenos, que é
possível por causa
da universal unidade de princípio, permitir-nos-á mais tarde
reconstruir uma
ciência jurídico-social em bases biológicas. Por isso,
também não encontrais
planetas isolados, mas sistemas planetários; não estrelas, mas
sistemas
estelares; não universos, mas sistemas de universos. Em vosso
universo, essa
força que cimenta e mantém unidos e compactos os organismos,
vós a chamais
coesão no nível g,
atração no nível b,
amor no nível a. Um
Princípio Único que se manifesta diferentemente nos diversos
níveis e que assume
diversas formas, adaptadas à substância em que se revela.
Encontrais essa força
unificante manifestada na concentricidade de todas as volutas
da espiral. Tudo
se entrelaça em redor de um centro, o núcleo, o Eu do fenômeno,
em cujo derredor
gira a órbita de seu crescimento.
O princípio das
unidades coletivas
dispõe as individuações por hierarquia, escalona os seres em
diferentes níveis,
segundo seu grau de desenvolvimento e suas capacidades
intrínsecas. Por isso, o
tipo superior domina naturalmente, sem esforço, o inferior, que
não tem
possibilidade de rebelar-se, porque o mais está totalmente
acima de sua
compreensão e de sua capacidade de ação. Estabelece-se, desse
modo, um
equilíbrio espontâneo nos diversos níveis, devido simplesmente
ao peso
específico de cada individuação. O diagrama das espirais
fornece o conceito
das hierarquias. Agora, pensai apenas isto: vós não sois
somente membros de
vossa família, de vossa nação, de vossa humanidade, mas sois
cidadãos deste
grande universo. São apenas os limites de vossa consciência
atual que não
permitem que vos "sintais" uma roda da imensa engrenagem, uma
célula eterna,
indestrutível, que com seu trabalho, concorre para o
funcionamento do grande
organismo. Esta é a extraordinária realização que vos prepara a
evolução às
superiores formas de consciência. Quando lá tiverdes chegado,
olhareis com pena
e desprezo vossas atuais fadigas ferozes.
Esta é a visão das
esferas celestes,
donde promana o hino da vida. É imensa e, no entanto, é
simples, em comparação
com a visão de seu movimento. Os seres não se detêm nos
diversos níveis,
mas se movem, num íntimo movimento que os transforma a
todos. Em vosso
universo físico-dinâmico-psíquico não é apenas a esfera física
que é dominada
pela energia; esta por sua vez, é dominada pelo espírito, mas,
todas juntas
constituem todo um incessante movimento de ascensão, das
esferas inferiores às
superiores. A matéria, o universo estelar, é uma ilha que
emergiu do nível das
águas do universo inferior. A segunda pulsação produziu uma
emersão mais alta, a
energia; a terceira, uma emersão utilíssima para vós, o
espírito. Desse modo, a
substância se muda de forma em forma, as individuações do ser
elevam-se de
esfera em esfera; aparecem, provenientes do infinito, em vosso
universo
concebível; desaparecem imersas no infinito. No alto, está a
luz, o
conhecimento, a liberdade, a justiça, o bem, a felicidade, o
paraíso; é a grande
luz que se projeta, e acende em vós aquilo que, com um
pressentimento, está por
cima de vossos ideais e de vossas aspirações já elevadas.
Embaixo estão as
trevas, a ignorância, a escravidão, a opressão, o mal, a dor, o
inferno, vosso
passado, que vos enche de terror no presente e este, por sua
vez, será amanhã o
passado que também vos encherá de terror.
A evolução
corresponde a um
conceito de libertação dos limites que sufocam, dos liames
que estrangulam, é um conceito de expansão cada vez mais amplo do nível
físico ao dinâmico e
ao conceptual. Por isso, é subida, progresso e conquista.
Embaixo, nos graus
subfísicos, o ser está apertado em limites ainda mais
angustiosos do que são o
tempo e o espaço que atormentam vossa matéria; no alto, nos
graus
superpsíquicos, não apenas caem as barreiras de espaço e de
tempo - tal como já
ocorre em vosso pensamento - mas desaparecem também os limites
conceptuais, que
hoje circunscrevem vossa faculdade intelectiva. O horizonte do
concebível será
deslocado imensamente, para mais longe, mas ainda constitui um
limite para vós e
só podeis superá-lo pela evolução. O universo psíquico já é
muito mais vasto que
os outros dois, o limite tempo-espacial já desapareceu
completamente! Vossa
mente, é inegável, perde-se em tanta amplidão. Mas deveis
compreender,
certamente, que o absoluto só pode ser um infinito, porque só
um infinito pode
conter e esgotar todas as possibilidades do ser. Deveis
compreender: se sois
cidadãos do universo, não sois o universo; sois órgãos e não o
organismo; sois
um momento do grande todo e não a medida das coisas.
Infelizmente, vosso
concebível se restringe aos limites de vossa consciência, que
só se comunica com
o exterior pelas portas estreitas dos vossos únicos cinco
sentidos. O que pode
acrescentar a isso a maioria das pessoas? Muito pouco, para
conceber o absoluto.
O limite sensório é
restrito e, diante
da realidade das coisas, mantém-vos num estado que poderia
chamar-se de contínua
alucinação. Essa é a base de vossa pesquisa científica. Suponde
em vós outros
sentidos diferentes e o mundo mudará. A distância que separa os
seres não é
distância espacial, é um modo diferente de vibrar, em resposta
às vibrações do
ambiente. Cada ser é um relativo, fechado num limitado campo
conceptual.
A série infinita dos seres sentirá o universo de infinitas
maneiras,
inimagináveis para vós. O relativo vos submerge, a
consciência que se apoia
na síntese sensória é um horizonte circular fechado. Não há
dúvida que para
vós é difícil sair de vossa consciência, superando-a,
impulsionando-vos até os
mais longínquos horizontes, conquistando novos concebíveis. Mas
é isto que vos
ajudo a fazer, a isso vos leva a evolução. Quem vive satisfeito
com a pequena
visão que domina, poderá saciar-se durante algum tempo, mas
corre o risco de
encontrar grandes desilusões, logo que chegue a mudança da
morte.
É verdade que muitas
coisas que vos
estou a dizer, não podeis verificar hoje com vossos meios
sensórios. Mas a
convergência de todos os fenômenos que conheceis para esses
conceitos, vos faz
confiar que eles correspondem também às realidades que
atualmente não podeis
controlar. Tudo está aqui contraído num sistema orgânico
completo e compacto.
Por que o desconhecido deveria mudar de caminho e fazer
exceções num organismo
tão perfeito? Quando eu tratar das normas de vossa vida, esta
massa enorme de
pensamento que estou acumulando constituirá um pedestal que não
podereis mais
derrubar.
Dessa forma, a
evolução, acossada por
baixo pela maturação dos universos inferiores, ávidos de
expansão e de progresso
e atraídos pela imensa luz que desce do Alto, fecundando e
incentivando a
subida, avança qual maré imensa que arrasta todas as coisas.
A lei que estudamos na
trajetória
típica dos movimentos fenomênicos é a lei desta evolução; é o
canal
através do qual se move a grande corrente; é o ritmo que
organiza o grande
movimento. Os seres não sobem ao acaso.
Para atingir a
é indispensável atravessar b
, e, antes, passar por g
. Ninguém é admitido na fase mais alta a
não ser pelo
amadurecimento, depois de ter vivido "toda" a fase precedente.
Só se pode
avançar por degraus sucessivos. Por isto, as formas mais
evoluídas compreendem
as menos evoluídas, mas não ao contrário. Só depois de haver
alcançado a
plenitude da perfeição, que advém do fato de ter atravessado
todas as
possibilidades de uma fase, pode-se passar para a fase
sucessiva.
Assim avança a grande
marcha. A estrada
está traçada e não é possível sair dela. A evolução não é um
subir confuso,
desordenado, caótico, é um movimento perfeitamente
disciplinado, sem
possibilidade de enganos, nem de imposições. A lei possui um
ritmo próprio,
absoluto, segundo o qual só se avança por continuidade; é
indispensável existir,
viver, experimentar, amadurecer, semear e recolher, em estrita
concatenação de
causas e efeitos. Pode parecer-vos caótico o mundo e os seres
misturados e
abandonados ao acaso, mas não importa uma aparente confusão
espacial, pois cada
ser traz em si escrita a lei, inconfundivelmente, na própria
natureza. Além
disso, o caminho evolutivo não é um caminho espacial. O
princípio vale mais que
o movimento; é o princípio que lhe traça o caminho. Eis o
aspecto conceptual
(mecânico) do universo, que colocamos acima de seu aspecto
dinâmico,
o movimento, e além de seu aspecto estático, o organismo
das partes.
Organismo, movimento e princípio, vede como se
encontra, mesmo na
trindade de aspectos de vosso universo, este conceito de
progresso; há uma
gradação de amplitude e de perfeição nesses aspectos. Só se
passa aos superiores
depois de completar e amadurecer os inferiores, completando e
amadurecendo o
próprio princípio. Por meio de uma dilatação progressiva, a
expansão evolutiva
transforma-se de física em dinâmica e em conceptual. Essa
evolução é a íntima
respiração em que vibra todo o universo. Os seres existem como
individuações; movem-se segundo a evolução, seguindo o
princípio que os
rege. O princípio contém, em embrião, todas as formas
possíveis, é o desenho que
inclui todas as linhas do edifício, mesmo antes que surja a
primeira pedra para
manifestá-lo. A cada momento ocorre a criação, alguma coisa
emerge de um nada
relativo, surge em realização de algo que estava à espera no
germe. Não existe
um nada absoluto. O ser toma uma forma nova, vestindo-a como
uma roupa, um meio
para subir, como um veículo que depois abandonará. O conceito,
o tipo já estava
fixado, à espera, no princípio que o próprio ser enfeixava em
si, e do qual é a
manifestação.
Assim, as
individuações atravessam a
série das formas, cujos projetos contém. Cada ser contém em si
também aquilo que
será a forma que deverá atingir; contém em germe o esquema de
todo o universo;
não o ocupa, não é o universo inteiro, mas nele se transforma
sucessivamente. Por isso, o princípio, mesmo existindo nas formas, é algo
acima e independente
delas. Na realidade, o tempo infinito permitiu que o ser
ocupasse formas
infinitas; desse modo, o futuro, tal como o passado, está
efetivamente presente
no todo. Não o está no relativo, onde a forma é isolada e
aguarda novos
desenvolvimentos. Mas ocorre o desenvolvimento e os
universos futuros que
atingireis e atravessareis, são dados, existem, foram
vividos, são o passado
para outros seres, ou seja, são vistos de um ponto diferente,
do qual o todo
olha para si mesmo. Essa relatividade de posições, de passado e
de futuro, de
criação e de nada, desaparece no absoluto e todas as criações
existem no
infinito e na eternidade. Só o relativo que se transforma,
possui tempo, isto é,
ritmo evolutivo. A Lei, sem limites, está à espera, no eterno.
O tipo
preexiste ao ser que o atravessa, as coisas vão e vêm.
Aí está a visão
bíblica da escada de
Jacó. Os seres sobem e descem. Um chega, outro parte, outro se
detém. Somente
entre graus afins é possível a passagem por continuidade.
Existem universos
contíguos ao vosso, que o precedem ou o superam; é apenas isso
que torna
possível a passagem ao longo da cadeia. Contiguidade, mas não
em sentido
espacial, mas de afinidade, de semelhança de caracteres, de
comunhão de
qualidades, de trabalho, de possibilidades na jornada
evolutiva. Se, do ponto de
vista estático, cada universo é um organismo completo em si
mesmo, com a
evolução, todos os seres se comunicam e se deslocam ao longo
dele, de um
infinito a outro. Nas fases inferiores à vossa, isto é,
g e b
, os seres sobem e descem de acordo com o abrir-se e fechar-se
da espiral, ou
de acordo com a linha quebrada do diagrama da fig. 2; isso
acontece por um
princípio de necessidade que não admite escolha. Trata-se de
u'a maturação
fatal, que o ser segue inconscientemente. Mas, em vosso nível
a, aparece um
"quid" novo, liberta-se um princípio mais amplo que se
chama livre-arbítrio: a livre escolha que nasce paralelamente quando
surge a
consciência. Podeis acompanhar a evolução ou não acompanhá-la,
e fazê-la à
velocidade que quiserdes. É a liberdade que preludia a fase
+x, em que
a consciência humana atingirá o novo vértice e conquistará
nova visão do
absoluto.
Desse modo, vosso
mundo humano contém
a e é
atravessado por seres
que sobem e descem; seres que, provindos das formas inferiores
de vida, mais
próximas de b, avançam
custosamente, trabalhando na criação do próprio eu espiritual;
ou então, seres
que, tendo decaído das formas superiores de consciência,
abandonam-se à ruína,
abusando do poder conquistado. Uns retrocedem, outros avançam;
uns acumulam
valores, outros os perdem. Existem ainda os que param,
indolentes, preferindo o
ócio, ao invés de esforçar-se com fadiga pelo próprio
progresso. Daí a grande
variedade de tipos e de raças no mundo. Essa é a substância de
vossas vidas.
Sois sombras que caminham, consciências em construção ou em
demolição. Estais
todos a caminho, cada um grita diferentemente com voz da
própria alma, luta,
agita-se, semeia e acolhe. Livremente, com as próprias
ações, lança a semente
da qual nascerá aquilo que, mais tarde, constituirá seu
inexorável destino.
Em vosso nível, é livre a escolha dos atos e dos caminhos;
livres a colocação
das causas; isso vos é concedido por vossa maturidade de
habitantes da fase
a. No
entanto, não é livre
a escolha da série de reações e dos efeitos, pois esta é
inexoravelmente
imposta pela Lei. Cada escolha vos prende ou liberta. O poder
de escolher e de
dominar aumenta com a capacidade e com o merecimento, que lhe
garantem o bom
uso. Dessa forma, o determinismo da matéria gradualmente
evolui para o livre-arbítrio da consciência, à proporção que esta se
desenvolve. O livre-arbítrio não é um fato constante e absoluto como em vossas
filosofias, em
insolúvel conflito com o determinismo das leis da vida; mas é
um fato
progressivo e relativo aos diversos níveis que cada um
atingiu. Por isso,
apesar de vossa liberdade, o traçado da evolução permanece
inviolável. Essa
liberdade é, como vós, relativa, e vossas ações só podem afetar
o que se refere
a vós mesmos.
Eis, pois, em grandes
linhas, o imenso
quadro da criação. Ciclo infinito, de fórmulas abertas e
comunicantes,
progredindo das unidades mínimas às máximas, mediante uma
elaboração que opera,
em todas as profundidades do ser, o progresso da espiral maior,
que é movido
pelo progresso de todas as espirais menores, até o infinito. E,
no âmbito de
cada ciclo, uma pulsante respiração evolutiva que se inverte e
se equilibra num
período involutivo, a fim de retomar dessa involução uma
respiração mais ampla.
Isso se dá desde o infinitamente simples até o infinitamente
complexo, e a
respiração evolutiva de cada unidade é dada pela respiração
evolutiva de todas
as unidades menores. O vórtice maior progride por saturação dos
vórtices menores
que o constituem.
Pensai! O progresso de
vossa
consciência vive pelo concurso e pelo progresso de todos os
ciclos menores:
eletrônico, atômico, molecular, celular; Antes de ser um
vórtice psíquico, é um
vórtice de metabolismo orgânico, elétrico, nervoso, cerebral,
psíquico e,
finalmente, abstrato. Todo o passado está presente,
indelevelmente fixado por
todos os retornos involutivos. Todo o futuro está presente,
porque o presente o
contém todo, como causa, como princípio, como desenvolvimento,
concentrado em
estado latente. Se esta derivação do mais, determinada pelo
menos, pode parecer-vos absurda, é apenas porque não podeis sair das fases de vosso
universo, que
constitui todo o vosso concebível. O mais é apenas a explosão
de um mundo
fechado em si mesmo, mas que já continha tudo em potencial.
Evolução significa
expansão de vórtices, que são depósitos de latências, tal como
seria um bloco de
dinamite. Não se trata de mais ou de menos substância, o
absoluto, que não tem
medida, não possui quantidade. Trata-se de transformação, de
criação no
relativo. É a auto-elaboração que traz à luz b de g e a de b
. Por isso, não digais que o espírito é um
produto da
matéria. Dizei: g se eleva até
a, revelando
o princípio que
continha latente em sua profundidade.
Pensai! A respiração
do átomo, dada
pela respiração do universo; a respiração do universo, dada
pela respiração do
átomo; uma criação sem fim, sem limites, em que tempo e espaço
são apenas
propriedades de uma fase, além da qual desaparecem; onde o
relativo limitado,
imperfeito, mas em evolução e inexaurível no infinito, forma e
iguala ao
absoluto. Dai a tudo isso uma concentricidade, uma
coexistência, que não pode
ser expressa pela forma linear da palavra, e tereis uma imagem
aproximada do
universo em sua complexidade orgânica, em sua
potência dinâmica,
em sua vastidão conceptual.
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