A Grande Síntese

Comentários
& Observações

Voltar ao Indice
cometob1.gif

A GRANDE SÍNTESE

Autor: Pietro Ubaldi

Capítulo 28

O PROCESSO GENÉTICO DO COSMOS

    Ilustremos, agora, tudo isso, com exemplos. Tal como fizemos antes com o conceito do retorno cíclico, que reconduz a espiral a seu caminho, façamos agora com este conceito do desenvolvimento da espiral maior, produzido pelo desenvolvimento da espiral menor. Notemos que, se a linha da criação não é a reta, mas a espiral, isto é devido ao fato de que esta é a linha de menor resistência e de maior rendimento. Tratando-se de realizar um complexo trabalho de destruição e reconstrução, a espiral é a linha mais curta, no sentido de que responde mais imediatamente à lei do mínimo esforço, pela qual se obterá o máximo efeito com o mínimo trabalho. No universo estelar, onde tudo acontece por atração, isso ocorre sempre por curvas. Até no nível físico vedes que a linha do menor esforço, lei universal, não é a reta, mas a curva, que responde a um equilíbrio mais complexo e é o caminho mais curto no sentido mais completo, não o espacial, em que vos isolais e limitais vossa concepção de reta.

    No nível físico vedes, nos movimentos estelares e planetários, a coordenação dos ciclos menores com os maiores, expressão visível do princípio dos ciclos múltiplos. Também o encontramos junto com o outro, o do retorno cíclico, nos fenômenos mais próximos de vós. Observai o círculo pelo qual passam as águas, do estado de chuva ao de rio e de mar e, por evaporação, voltam ao estado de nuvens e chuva; um ciclo contínuo, idêntico, no entanto, a cada rotação muda um pouco, e vai amadurecendo um ciclo maior, o da dispersão das águas por absorção na terra e difusão nos espaços; ciclo que caminha para a lenta morte do planeta. O ciclo volta sobre si mesmo, mas sempre com pequeno deslocamento progressivo de todo o sistema.

    Observai, em vosso mundo químico, como os elementos que constituem vosso organismo, provêm da terra, introduzidos no círculo pela nutrição, e voltam à terra pela morte. Sempre o mesmo material e o mesmo ciclo, mas que se desloca lentamente ao longo da trajetória do ciclo maior, na transformação da espécie. Observai o ciclo de vosso metabolismo orgânico e como ele constitui função de longa cadeia de ciclos. Vosso corpo é uma corrente de substâncias, que tomais de outros seres plasmófagos (animais), que por sua vez os tomaram de seres plasmódomos (as plantas), as quais, finalmente, operam a síntese orgânica das substâncias protéicas do mundo da química inorgânica da terra e do mundo dinâmico das radiações solares. Vosso pensamento é um ciclo mais alto, que se alimenta dessa cadeia, porque não poderia ele subsistir em vosso cérebro sem restauração física e dinâmica. Vosso funcionamento psíquico está, assim, em relação com processos químicos de vosso organismo, do organismo dos animais de que vos nutris, das plantas de que os animais se alimentam, dos processos químicos da própria matéria, de que os processos de síntese vital das plantas são apenas uma conseqüência.

    Os ciclos têm de caminhar inexoravelmente, e basta que um deles pare, para que toda a cadeia, também pare e se quebre. Todo o ciclo da energia mecânica e psíquica, que se desenvolve no organismo humano, está em estreita relação com o ciclo da energia química dos elementos que configuram um círculo, pelas suas reduções, hidrólises, oxidações, sínteses e processos afins. Quando a molécula de um corpo químico introduz-se por assimilação no organismo protoplasmático da célula, o ciclo do fenômeno atômico entra, através do ciclo do fenômeno molecular de que faz parte, no ciclo maior do fenômeno celular. No mundo das substâncias protéicas, a química do mundo inorgânico acelera seu ritmo, dinamiza-se, adquirindo em velocidade, o que perde como estabilidade de combinação. A individuação fenomênica não mais assume o aspecto de estase mas se torna, como veremos melhor depois, uma corrente, em que nova química instável e fragílima, de ciclo continuamente aberto, decompõe-se e se recompõe no metabolismo celular, base do recambio. Isso ocorre em seus dois momentos: anabólico, da assimilação, e catabólico, da desassimilação, quando atinge os vértices da fase b, penetrando na fase a, porque isso implica e significa uma pequena consciência celular que preside às funções de escolha, base do recambio, e mantém na corrente deste a individuação do fenômeno.

    A realidade vos mostra esta íntima transformação do ser, da fase g à b e desta à a, e como isso ocorre por ciclos contíguos e comunicantes. A assimilação é algo mais que simples filtragem osmótica: é a ponte de passagem de um ciclo para outro, em que a estrutura íntima do fenômeno sofre uma mutação. Através de que complexa cadeia de ciclos tem de passar a matéria, em sua íntima estrutura atômica, para chegar a poder produzir efeitos de ordem orgânica e psíquica! De que número de movimentos cíclicos resulta o fenômeno da consciência humana!

    Estes exemplos mostravam-vos como em realidade existe o conceito da formação progressiva da trajetória dos ciclos maiores, através do desenvolvimento da trajetória dos ciclos menores.