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A GRANDE SÍNTESE
Autor: Pietro UbaldiCapítulo 27
SÍNTESE CÍCLICA - LEI DAS UNIDADES
COLETIVAS E LEI DOS CICLOS MÚLTIPLOS |
Compreendido bem este conceito do retorno dos
ciclos e sua
razão, por meio dessa exemplificação, que vos desmonstra como a realidade
corresponde ao princípio que vos expus, podemos agora levantar o olhar para um
horizonte ainda mais amplo. Antes de proceder a essa exemplificação
demonstrativa, já acenamos que o resultado final do abrir-se e fechar-se da
espiral pode ser expresso (fig. 4) por uma espiral maior, em constante expansão.
Agora pode dar-se a essa expressão sintética do fenômeno, uma expressão ainda
mais resumida. Considerando o progredir dessa linha maior ao longo da abscissa
vertical, vemos que a cada quarto de giro ela cobre a altura de uma fase (fig.
4). Dessa forma, a coordenada das fases -y +x resume, em seu traçado,
todo o movimento da espiral e eleva-se com a expansão desta. Podemos, agora,
construir o diagrama da fig. 5. A linha maior, em expansão constante, que
exprime o progresso da evolução, está aqui traçada simplesmente, abandonando as
fases de retorno, expressas no diagrama da fig. 4. Ela é vista na pequena
espiral da esquerda. A abscissa vertical não é mais uma reta, mas uma curva e
parte de uma espiral maior, ao longo de cujo traçado escalonam-se as fases
sucessivas -y, -x, g etc. A
síntese de todo o movimento evolutivo da primeira espiral é dada, assim, não
pelo prolongamento retilíneo da vertical, mas pelo desenvolvimento de uma
espiral maior, também de abertura constante. As fases sucessivas, segundo as
quais ela avança, são de amplitude maior. Abarcarão, por exemplo, ao invés de
uma das fases a, b, g etc., uma criação inteira ou uma série de criações. Mas esta
espiral maior ascende também segundo uma linha que, igualmente aqui, será uma
curva, que faz parte do traçado de uma espiral ainda maior que progride também
em abertura constante. O percurso da espiral maior resume em si todo o movimento
progressivo da espiral menor que, por sua vez, é produto sintético do movimento
de outra espiral menor, assim por diante. Desse modo o traçado maior se resume,
e é dado por todos os desenvolvimentos menores. O pequeno organiza no grande; o
grande é constituído do pequeno. A série das espirais, naturalmente, é
ilimitada, cada movimento é decomponível e multiplicável ao infinito -
propriedade de todos os fenômenos - mesmo permanecendo idêntico seu princípio.
Eis a síntese máxima dos movimentos fenomênicos. O processo avança por um
movimento interno de íntima auto-elaboração, que liga e une, num modo
indissolúvel e compacto, o infinito negativo ao infinito positivo. Um mecanismo
de exatidão matemática dirige, toda a criação, com a simplicidade de um
princípio único e alcançando uma complicação que vos atordoa. Tudo se
compenetra, coexiste; tudo, a cada instante equilibra-se; tudo, do mínimo
fenômeno até a criação dos universos, encontra em cada ponto, sua justa
expressão.
À série de unidades coletivas
(pelas quais as unidades menores se organizam em unidades maiores e a tendência
à diferenciação que a evolução produz, compensam-se em reorganizações mais
amplas, de tal forma que a auto-elaboração não desagrega nem pulveriza, mas
consolida a estrutura do cosmos), corresponde aqui a série dos ciclos
múltiplos. Cada individuação é um ciclo; se tudo o que existe constitui uma
individuação em seu aspecto estático, compõe um ciclo em seu aspecto dinâmico de
transformação. Na infinita variedade do caso particular, tudo reencontra sua
unidade, o princípio único que irmana todos os seres do universo. Assim como
cada individualidade maior é o produto orgânico das individualidades menores,
assim cada ciclo maior é produzido em seu desenvolvimento pelo dos ciclos
menores. A evolução do conjunto só pode obter-se por meio da evolução de suas
partes componentes: processo de maturação íntimo e profundo. Em cada nível, a
qualquer distância, o mesmo princípio, idêntica construção orgânica, idêntico
processo evolutivo, idêntica conexão funcional. Como não existe individuação
máxima nem mínima, assim também não há ciclo máximo nem mínimo, sem jamais ter
fim. O sistema prolonga-se, multiplicando-se, subdividindo-se ao infinito. A
constituição íntima do ser, a lei de sua transformação é independente da fase de
evolução, mas é idêntica no microcosmo tal como no macrocosmo. A lei das unidades coletivas
pode, por isso, transportar-se de seu aspecto estático ao dinâmico. Diz ela:
"Cada individualidade é composta de individualidades menores, que são agregados
de individualidades ainda menores, até o infinito negativo; por sua vez, é
elemento constitutivo de individualidades maiores, as quais são de outras ainda
maiores, até o infinito positivo". Cada organismo é composto de organismos
menores e é componente de maiores. A lei, repetida em seu aspecto dinâmico na lei dos ciclos múltiplos, reza: "Cada ciclo é determinado pelo
desenvolvimento de ciclos menores, que são a resultante do desenvolvimento de
ciclos ainda menores, até o infinito negativo; por sua vez, é a determinante do
desenvolvimento de ciclos maiores, que por sua vez o são de ciclos ainda
maiores, até o infinito positivo". Cada individualidade, como cada ciclo, é
produzida e definida pela unidade que a precede; forma e define a unidade
superior. A organização, o desenvolvimento, o equilíbrio maior é constituído
pela organização, pelo desenvolvimento, pelo equilíbrio menor. Cada movimento
constrói o seguinte, da mesma forma como foi construído pelo precedente. Cada
ser equilibra-se num ponto da série, na hierarquia das esferas, que não tem
limites. Isto do átomo à molécula, ao cristal, à célula, à planta, ao animal, a
seu instinto, ao homem, à sua consciência individual e coletiva, à sua intuição,
à raça, à humanidade, ao planeta, ao sistema solar, aos sistemas estelares, aos
sistemas de universos, antes e além desses elementos de vosso concebível, antes
e além das fases g, b, a
. Eis a que processo de íntima auto-elaboração deve a
evolução. Nenhuma força age nem intervém do exterior, mas tudo existe no
fenômeno e tudo caminha por síntese progressiva. Progresso e decadência cósmica
se ressentem da evolução e do esgotamento atômico. Os extremos se tocam. A
grande respiração do universo é dada pela respiração do átomo. |
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