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A GRANDE SÍNTESE
Autor: Pietro UbaldiCapítulo 20A
FILOSOFIA DA CIÊNCIA |
Essa filosofia da ciência de que vos falei, tem
a função de coordenar a grande quantidade de fenômenos que observais; de reduzir
a uma síntese unitária vossa ciência, a fim de não vos perderdes no particular
das análises; tem a função de dar-vos a chave da grande máquina do Universo.
Vossa ciência possui vícios de base e defeitos orgânicos que venho sanar. Falta-
lhe totalmente unidade e isto impediu-lhe até agora de elevar-se a sistema
filosófico, dando-vos uma concepção de vida. De um lado, as filosofias
intuitivas, de outro, uma ciência puramente objetiva, caminhando por estradas
opostas e com metas diferentes, só podiam chegar a resultados incompletos.
Mantendo separados o abstrato do real, eram insuficientes para conseguir a
síntese completa que vos dou, fundindo os dois extremos: intuição e razão,
revelação e ciência. Quando estiver completa nossa viagem pelo cosmos, tornarei
a descer, num tratado mais profundo, aos pormenores de vossa existência
individual e coletiva, para que ela não seja mais guiada, como até agora, pelos
instintos que emergem de uma lei que desconheceis, mas possais, vós mesmos, com
consciência e conhecimento - não mais menores de idade - tomar as rédeas do
funcionamento complexo de vosso mundo. Outro defeito de vossa ciência é de
constituir-se em ciência de relações, ou seja, que se limita a estabelecer,
embora de forma matematicamente exata, as relações entre os fenômenos; ciência
que parte do relativo e se move apenas no relativo. Minha ciência é ciência do
absoluto. Eu não digo: "poderia ser". Digo "é". Não discuto: afirmo. Não indago:
exponho a verdade. Não apresento problemas, nem levanto hipóteses: exprimo os
resultados. Minha filosofia não se abstrai em construções ideológicas, mas
permanece aderente aos fatos em que se baseia.
Vós multiplicais vossa perspicácia e o
poder de vossos meios de pesquisa, mas o ponto de partida é sensório. Assim,
percebeis a matéria como solidez e não como velocidade. Torna-se-vos difícil,
mas só por vias indiretas chegais a imaginar como a massa de um corpo exista em
função de sua velocidade; como a transmissão de uma nova energia signifique para
ele um peso maior; como a velocidade modifique as leis de atração (giroscópio);
como a continuidade da matéria se deva à velocidade de deslocamento das unidades
eletrônicas que a compõem, tanto que, sem essa velocidade - dado seu volume
mínimo em relação ao espaço em que circulam - vosso olhar passaria através delas
sem perceber nada; como sua solidez, fundamental para vossas sensações, deva-se
à velocidade de rotação dos elétrons, que lhes confere quase uma contemporânea
onipresença espacial; velocidade sem a qual toda a imensa grandeza do universo
físico se reduziria, em um átimo, ao que verdadeiramente é: um pouco de névoa de
poeira impalpável. Eis a grande realidade da matéria, que a ciência deveria
mostrar-vos: a energia. Pelo método em
que se baseia, vossa ciência é inapta para descobrir as íntimas ligações que
unem as coisas e delas revelam a essência. Por exemplo: compreendesteis o
fenômeno que demonstra a transformação, que afirmei, de
g, em
b, e o retorno da fase matéria à fase energia, observada
também na radioatividade do vosso planeta, ou seja, o fenômeno mediante o qual o
sol inunda de energia, a sua própria custa, desgastando-se em peso e volume, a
família de seus planetas e o espaço, até exaurir seu ser. Mas a ciência pára
aqui e olha para aquele sol, que é vossa vida, como para um enigma; sol que
vagará por bilhões de séculos, exaurido de luz e de vida, apagado, frio, morto.
Ao invés, eu vos digo: ele obedeceu à lei universal de amor, que impõe a doação
gratuita e que, em todos os níveis, torna irmãos todos os seres do universo.
Assim, por exemplo, tentais a desintegração atômica, procurando demolir o
edifício atômico inviolado; tentais penetrar, entrando na zona eletrônica de
alto potencial dinâmico, até o núcleo, bombardeando o sistema com emanações-
projéteis de alta velocidade. Mas não vedes que a essência do fenômeno da
transmutação dos átomos reside na lei da unidade da matéria. Assim, também
notasteis que a matéria sideral nasce e morre, aparece e desaparece, volatiliza-
se de um lado em radiações, e em outra parte reaparece como matéria; mas não
colocasteis lado a lado os dois fenômenos e não observasteis o traço que os une
e a linha comum cíclica do seu desenvolvimento. Eu vos revelo os vínculos que
unem os fenômenos aparentemente mais díspares. Meu sistema não despreza a
ciência, como acontece com vossa intuição filosófica; toma-a como base,
completa-a, ergue-a ao grau de concepção sintética, dá-lhe dignidade de
filosofia e de religião, porque, no infinito pormenor da fenomenologia
reencontra o princípio unitário que, dando-vos a razão das coisas e respondendo
aos últimos porquês, é capaz de guiar-vos pela estrada de vossas vidas e de
proporcionar-vos um objetivo para vossas ações.
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