A Grande Síntese

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A GRANDE SÍNTESE

Autor: Pietro Ubaldi

Capítulo 11

UNIDADE DE PRINCÍPIO NO FUNCIONAMENTO DO UNIVERSO

     Torna-se difícil reduzir à forma linear de vosso pensamento e de vossa palavra, a unidade global do todo, que sinto como uma esfera instantaneamente completa, sem sucessividade. Levai em conta, pois, que a forma que me devo exprimir restringe e diminui o conceito; que apenas aquela faculdade da alma, a intuição, de que vos falei, poderia traduzir para vós sem distorções. Capacitai-vos de que, embora minha exposição seja progressiva, o universo contém, a cada instante, cada uma, e todas, fases do transformismo. A cada instante ele é todo, completo e perfeito em todos os seus períodos de ida e volta. Não é a®b®g de um lado, e depois g®b®a de outro lado, mas em todos lugares e a cada momento, existe uma fase desse transformar-se, de tal modo que ele existe concomitantemente todo onde quer que seja, de forma que o absoluto não se divide, mas se encontra sempre a si mesmo, todo no relativo. Deus está, assim, onipresente em cada manifestação. Se assim não fora, como vos seria possível a observação dos fenômenos que, certamente, não teriam podido esperar na eternidade para existir e mostrar-se a vós, exatamente no instante em que também nascestes e se desenvolveram em vós os sentidos e uma consciência que se dirigem a ele? Grande diferença há entre o assunto deste tratado, que observa o infinito, e vosso olhar intelectivo, que só abarca o finito, isto é, um ou alguns pormenores particulares sucessivamente, e jamais o todo instantaneamente. Vossa razão só pode dar-vos um ponto de vista do universo, porque sois relativos, ou seja, sois um ponto que olha para todos os outros pontos. Mas os pontos são infinitos e vós fazeis parte deles; vós olhais e sois olhados; o universo olha para si mesmo de pontos infinitos. Apenas o olho de Deus pode Ter essa visão global, e tenho que reduzi-la muitíssimo para levá-la a medida de vossa mente. Vede que é exatamente esta que limita minha revelação.

    Um fato, porém, nos ajudará: é que o universo é regido por um princípio único. Já afirmei que o universo não é nem caos nem acaso, mas suprema ordem: a lei. Chegou agora o momento de afirmar que a Lei significa não apenas, como disse, ordem, equilíbrio e precisão de funcionamento, mas acima de tudo significa unidade de princípio. Por isso disse: Monismo. O princípio da trindade da substância, que vos expus, é universal e único: poderá pulverizar-se numa série infinita de efeitos e de casos particulares, mas ele permanece e o encontrareis em toda parte, em sua forma estática de individuação a, b, g, em sua forma dinâmica de transformismo que segue o caminho: . . . g®b®a. . . Três exemplos:

    O microcosmo está construído como o macrocosmo. O átomo é um verdadeiro sistema planetário, com todos os seus movimentos, em cujo centro está um sol, o núcleo central de densidade máxima, em redor do qual giram, seguindo uma órbita semelhante à planetária, um ou mais elétrons, segundo a natureza do sistema, e é isso que define o átomo e lhe dá sua individuação química. Vosso sistema solar, com todos os seus planetas, poderia considerar-se um átomo de uma química astronômica, cujas combinações e reações produzem essas nebulosas que vedes aparecer e desaparecer nos confins de vosso universo físico.

    Quando, no espaço, um sol, como qualquer núcleo com seu cortejo planetário, encontra-se com outro sol ou núcleo e seu cortejo planetário, o resultado é sempre o mesmo: formação de nova individuação, quer seja sistema cósmico ou químico. No primeiro caso se individuará novo vórtice, novo "Eu" astronômico, que se desenvolverá segundo uma linha, a espiral que - vê- lo-emos - é a trajetória típica de desenvolvimento de todos os movimentos fenomênicos. No segundo caso nascerá, pelo choque dos núcleos, e pela perda de elétrons pelo sistema, novo indivíduo atômico. Se isso ainda não apareceu em vosso relativo, o chamais de criação.

    Segundo exemplo. O princípio de que o universo se compõe, dividindo-se e reunindo-se, de duas metades inversas e complementares, é geral e único. Tudo que existe tem o seu inverso, sem o que é incompleto. O sinal -, complementar do sinal +, próprio da energia elétrica, o encontrais no átomo, composto de um núcleo estático e positivo, e de elétrons dinâmicos e negativos, na divisão sexual animal e em todas manifestações da personalidade humana.

    Terceiro exemplo. O homem é feito verdadeiramente à imagem e semelhança de Deus, no sentido em que compreende em si e constitui, numa unidade, os três momentos a, b, g. O homem é um corpo, estrutura física, que se apoia numa armação esquelética que pertence ao ramo mineral g sobre a qual se eleva o metabolismo rápido da vida, a troca (vida vegetativa, ainda não consciência), dinamismo que é b. O produto último da vida é a consciência, nascida daquele dinamismo e em contínuo desenvolvimento, por meio de uma azáfama de provas e experiências produzidas por choques não mais cósmicos ou moleculares, mas psíquicos.

    Essa unidade de conceitos é a mais evidente expressão do Monismo do universo e da presença universal da Divindade. Na infinita variedade das formas, sempre ressurge o primeiro princípio idêntico, com nomes e em níveis diferentes. Assim, no nível g temos a gravitação; no nível b temos o que denominamos simpatia; no nível a, amor. Eles constituem a mesma lei de atração, que vincula as coisas e os seres e os sustenta como organismo, numa rede de contínuas relações e trocas, tanto o mundo da matéria, quanto o da consciência.