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Como A Realidade Acontece Depende De Como A Vemos
Mensagem Original
Rossana Carvalho

A Realidade Acontece Quando a Vemos

    ...”Desde seus primórdios, a teoria quântica sugeria que algo muito estranho e de suma importância acontece quando observamos um sistema quântico. Fenômenos quânticos inobservados são radicalmente diferentes dos observados. No momento da observação, ou da medição, elétrons previamente inobservados que são tanto ondas como partículas tornam-se ou onda ou partícula. Ou seja, no momento em que uma indefinida função de onda quântica de muitas possibilidades é vista (ou medida) tem alguma coisa que a faz “colapsar” para uma única realidade fixa. Isto é um fato quântico comprovado – algo no ato da observação (ou da medição) faz colapsar a função de onda quântica (Mais precisamente, é ao menos uma das coisas que tem este efeito sobre os sistemas quânticos. Pode haver outras coisas ainda desconhecidas que provoquem o colapso da função de onda)...

    ...Assim, deve ser o próprio observador quem interfere na definição – isto é, uma consciência incorpórea, imaterial do observador. Segundo esta visão, proposta principalmente pelos físicos quânticos John Archibald Wheeler e Eugene Wigner, a consciência humana é o elo perdido entre o bizarro mundo dos elétrons e a realidade do cotidiano...

   Por outro lado há outros físicos que sugerem que não há nada paradoxal na realidade em si, mas, antes há algo errado, ou ao menos incompleto, na teoria quântica. Em sua forma atual, uma vez que não consegue explicar o que há na observação que provoca o colapso da função de onda, ela simplesmente não pode ser aplicada a toda realidade física. Precisa de uma matemática mais avançada, ou talvez até da descoberta de princípios físicos inteiramente novos...”

Como A Realidade Acontece Depende De Como A Vemos

    ...”Não só a observação de alguma maneira traz o colapso da função de onda, ajudando-nos assim a Ter um mundo, mas ocorre que o modo especial que escolhemos para observar a realidade quântica determina parcialmente o que veremos. A função de onda quântica contém muitas possibilidades e depende de nós qual delas será realizada.

    Um fóton, por exemplo, tem ambas as possibilidades: de posição (com sua natureza partícula) e de Momentum (com sua natureza onda). Um físico poderá armar seu experimento para medir, e portanto, determinar, qualquer uma delas – embora ao determinar uma delas ele perderá a outra (princípio da incerteza de Heisenberg). Sua interferência – a medição ou observação – parece influenciar de modo inesperado qual aspecto de sua natureza o fóton decidirá exibir. Isto é demonstrado por um experimento idealizado por John Wheeler (a seguir , versão muito simplificada do “experiência da escolha retardada”).

    Temos uma fonte que emite um fóton, e ele tem a opção de passar por uma ou duas aberturas numa tela (sendo mecânico-quântico ele tem a possibilidade de fazer os dois). O experimento planejado pelo físico terá o seguinte resultado: se ele colocar dois detectores de partícula à direita das aberturas, descobrirá que o fóton se comporta como uma partícula individual seguindo um caminho definido através de uma das aberturas e chegando a um dos detectores de partícula.

    Se, por outro lado, ele colocar uma tela de detecção entre as duas aberturas e os detectores de partícula, o fóton se comporta como onda – passa pelas duas aberturas, interfere consigo mesmo e deixa um padrão de interferência na tela de detecção. Físico e fóton estão envolvidos num diálogo criativo que, de alguma forma, transmuta uma das muitas possibilidades quânticas numa realidade definida, corriqueira. Portanto, o ato de medição realmente desempenha algum papel na decisão daquilo que está sendo medido. ! Num certo sentido um tanto estranho”, diz Wheeler, “ este é um Universo participativo”....

    Pietro Ubaldi, em Deus e Universo diz: “ ..... Alfa à Beta à Gama Cada forma de ser se reduz a um estado cinético diferente. Deus criou pois, pela transformação da substância prima pensante, o espírito Alfa, em energia Beta, que representa a fase cinética da ação que expressamos pelos verbos, a fase de querer e por-se em movimento para depois chegar, enfim à terceira fase do processo, à da matéria Gama....

    ....Ajudar-nos-á a compreender o grande fenômeno da criação, observar o que se passa em nossa mente, quando ela desenvolve semelhantes impulsos com sua manifestação, imprimindo-os no mundo exterior, pois que ela não é mais do que um momento da substância pensante do Todo, que se isolou em um sistema menor .....Antes de agir todos pensam na ação a executar e este é o primeiro momento, o da construção do esquema diretor, pelo qual se imprimem às formas novos estados cinéticos....”

Resposta
                                                               Pedro Orlando Ribeiro

   Ao mergulharmos nestes textos com as mais recentes especulações científicas sobre a matéria, sentimos embaraçados frente a inesperadas constatações conceituais da ciência moderna.

    No mundo da física estatística e quantística nossas percepções da realidade parecem se desfazerem numa massa de fatos incoerentes. A realidade subjacente é baseada em eventos improváveis e probabilísticos. Desaparecem aí as exatas leis do mundo macroscópico. Todo aquele secular trabalho de pesquisa da Física na determinação destas leis parece ter sido em vão. Dá-se a impressão que vivíamos uma ciência feita por mágicos ilusionistas que nos escondiam o caótico mundo da realidade com representações maquiadas de um mundo organizado e previsível.

    A descontinuidade, a assimetria e o comportamento irregular são a nota dominante dos fenômenos desvendados pela moderna Física. Alicerçados nesta panorama do mundo microscópico, somos obrigados a revisar os nossos padrões conceituais. A questão mais importante passa a ser a da reavaliação de nossas idéias sobre o mundo que nos cerca.

    Será que vivemos uma alucinação sensória ou será possível conciliar os dois pontos de vistas, aparentemente excludentes, da física clássica e da física quantística? Creio que as coisas se esclarecerão se empregarmos os conceitos básicos da Filosofia Ubaldista no exame dos fatos.

    É necessário, portanto, antes de mais nada, resumirmos estes conceitos básicos. O fulcro das idéias ubaldistas está centrado na Teoria da Queda. Esta teoria estabelece que houve uma fragmentação de parte de um perfeito Sistema Orgânico em suas individualidades. Antes da queda, as criaturas conviviam em um organismo hierarquizado em que as menores unidades componentes se coordenavam formando unidades coletivas maiores e estas, por sua vez, em unidades maiores ainda e, assim, sucessivamente até o infinito. O Todo-Infinito também é unitário e foi por sua iniciativa que se deu a criação das individuações menores, sem que Ele perdesse a unidade e a centralidade. Um Sistema Monístico assim constituído é, portanto, governado por um princípio único, reflexo da centralidade do Todo-Uno- Infinito. A queda deu-se por livre escolha das criaturas já que a liberdade é um dos pressupostos de um Sistema perfeito. Com a queda (Involução) houve a pulverização das unidades maiores em unidades singulares e a formação do chamado Anti-Sistema cujas características são uma antítese das qualidades originais do Sistema. Como o Sistema é infinito, nada poderia existir fora dele, e por isso o Anti-Sistema continuou dentro do Sistema mas em posição emborcada. Em conseqüência surgiu um universo dualista em que se misturam as características do Sistema e do Anti-Sistema.

    Sendo o Sistema original por natureza absolutamente perfeito deve, portanto, ser a prova de erros e por isto continha em si um mecanismo para restaurar a perfeição perdida, mesmo respeitando a liberdade de escolha das criaturas. Este mecanismo é a Evolução cujo telefinalismo é a reunificação das unidades singulares em um Sistema Orgânico. Na reunificação os elementos singulares são organizados numa unidade maior através da ação da Lei das Unidades Coletivas. Assim num determinado nível evolutivo uma individualidade é uma síntese de individualidades menores: O princípio das unidades coletivas nela exposto (A Grande Síntese -cap. XXVII) implica o de uma escala de formas hierarquicamente ordenadas no sistema do universo, em que a superior compreende a inferior, que se organiza, com outras semelhantes, em uma síntese mais elevada. Esta é uma unidade coletiva que tem a função de coordenar as atividades das menores unidades componentes para novos fins que transcendem os de cada uma delas isolada, e isto sempre segundo o conceito acima exposto do universo, princípio unitário, e da tendência unificadora que ele imprime em todas as coisas (....)Todo plano tem um limite além do qual, num nível mais alto, as suas leis, mesmo permanecendo, não têm valor senão em função de uma lei superior e por si só não são suficientes para explicá-la, nem para dirigi- la a nova unidade. (P. Ubaldi – Problemas do Futuro – Cap. 17 §6)

    O texto acima explica porque os elementos singulares mesmo conservando sua autonomia, suas ações são coordenadas pela unidade maior em virtude da Lei dos Grandes Números (Lei da Espécie): Em um sistema, sob o ponto de vista microscópico, o comportamento dos componentes individuais é livre, mas, sob uma visão macroscópica, há um determinismo nos efeitos da interação entre os elementos singulares.

    Um exemplo muito claro da ação desta Lei é o funcionamento da Sociedade Humana: Os indivíduos conservam sua autonomia mas estão sujeitos ao controle da Sociedade por obra das Leis e dos Costumes.

    Desta forma fica fácil explicar porque na visão dos físicos quânticos John Archibald Wheeler e Eugene Wigner o observador interfere através da ação de sua consciência incorpórea, imaterial na definição de uma experiência. Esta consciência por pertencer a um nível superior procura reunificar e coordenar os elementos singulares numa unidade maior; no caso o nível de organização a alcançar será o da consciência do observador. Esta reunificação acontece, portanto, dentro dos parâmetros estruturais intrínsecos da consciência do pesquisador, deste modo haverá para cada observador uma organização diferente.

    A explicação do fenômeno está no fato de que apesar de pertencermos o Anti-Sistema, estamos ainda imersos no Sistema, e por isso o nosso Universo decaído continua monista e unitário na sua totalidade. Não pode haver, então, separação entre o observador e a coisa observada: Agora o observador não é exterior ao fenômeno e distinto dele, mas é um fenômeno no fenômeno. A sua posição está num dado nível de hierarquia ou escala evolutiva, e deste ele pode olhar em torno no próprio plano, ou para os superiores, de baixo, ou para os inferiores, do alto, isto é, a sua investigação pode hierarquicamente descer por via de análise no particular, ou subir, por via de síntese, no universal. (P. Ubaldi – Problemas do Futuro – Cap. 17 §8)

    Aqui surge um obstáculo: Se para cada pesquisador tem-se um resultado diferente, como se explica então a existência de um consenso em torno das verdades científicas? A divergência só existe – como vimos acima - quando a investigação se dirige ao nível inferior em que os elementos se encontram pulverizados no nível da física quantística. Quando ela se relaciona ao limite do perceptível das unidades-sínteses de nosso nível evolutivo, isto é, onde a percepção tem um caráter unitário para os fenômenos situados na sua altura evolutiva, há unanimidade no consenso. A unanimidade reflete a unidade da consciência-síntese deste plano evolutivo. Isto explica porque as leis físicas são exatas no mundo macroscópico (nosso atual plano evolutivo) e descontínuas no microcosmo. Mas, para um ser situado num nível superior, o nosso universo pode lhe parecer caótico e descontínuo. Assim a frase:Como A Realidade Acontece Depende De Como A Vemos pode ser modificada para:
Como A Realidade Acontece Depende De Que Nível Evolutivo A Vemos.

    Sobre a função onda assim se posicionou Ubaldi: E eis que o ponto clássico, ou um elétron que se move no espaço, pela ciência já é concebido como um conjunto de ondas; o que se acha ser o último indivisível elemento da realidade, é ainda, depois, decomposto em menores elementos componentes. Desse modo, conforme a mais recente física, este último termo da realidade não é senão uma contração de energia ondulatória, tanto mais facilmente e exatamente localizável, quanto mais as freqüências componentes do conjunto de ondas diferem entre si. Com uma freqüência única não é possível nenhuma localização, porque uma onda única em nenhum ponto se distingue de uma uniforme intensidade. Esse elemento, pois, pode formar-se lá onde numerosas ondas de várias freqüências interfiram entre si, de modo a se anularem reciprocamente no espaço e a, se distinguirem em sistema autônomo, somente em torno de um determinado ponto. Ora, dado que a "função de onda" é determinável segundo regras de cálculo bem definidas, adotando-as, se resolvem algumas dificuldades como as do elétron incidente, divisível somente assim em mais ondas incidentes, explicando desse modo o seu comportamento quando, isolado, ele fere uma lâmina de cristal. (P. Ubaldi – Problemas do Futuro – Cap. 17 §18)

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