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Comentários e Observações
sobre o Cap. 6 de A Grande Síntese
MONISMO |
Nos capítulos anteriores o
autor seguiu uma trajetória oposta a que usualmente estamos habituados a percorrer. Olhamos
para os efeitos, isto é, para o mundo exterior e procuramos entender o mundo a partir da
premissa da separação entre sujeito e objeto e dessa forma concebemos o mundo como um espaço
vazio povoado de seres e objetos sem qualquer vinculação. O roteiro deste livro segue um
caminho inverso, parte do pressuposto de que há no universo uma unidade orgânica coordenando o
funcionamento das partes e dessa maneira estabelecendo vínculos entre elas.
Neste capítulo é iniciada uma grande viagem
através deste organismo que é o nosso universo, onde veremos, num amplo panorama, as diversas
formas que o Todo assume no relativo sem perder sua unidade e identidade. Cada elemento deste
organismo, embora mantendo sua individualidade própria, tem impresso em si mesmo a imagem do
Todo. Esta imagem comum estabelece o parentesco e a indissolúvel ligação entre todos os
elementos: (...) aperto num monismo absoluto, os imensos pormenores do mundo
fenomênico ... Esta visão da unidade do todo foi a razão porque este livro foi intitulado
de A Grande Síntese Por
necessidade lógica, para que haja uma unidade orgânica é preciso que exista uma unidade de
princípios, caso contrário não haveria uma coordenação de funções de cada uma das unidades
menores diante do Todo, mas sim um caótico amontoado de elementos. Outra conclusão evidente é que se existe uma unidade de
princípios, obrigatoriamente existirá uma centralidade neste organismo, de onde irradia a
coordenação que estabelece o ritmo e harmonia do conjunto. Este Centro representa a
individualidade maior que engloba em si as menores. Como as menores são uma imagem da maior,
este Centro é ao mesmo tempo todos os pontos deste organismo. Fica assim clara a afirmação de
Ubaldi de um Deus que É a criação. Ubaldi, magistralmente, resume este
conceito da seguinte forma: O universo é um organismo de estrutura harmônica constituído
conforme um esquema unitário, pelo que o modelo fundamental, que o individualiza no seu
conjunto, é repetido em todo particular, que assim é individualizado à semelhança do todo. (P.
Ubaldi - Problemas do Futuro) Vai-se, assim, delineado-se, pouco a pouco, na nossa
mente o significado de Monismo sobre o ponto de vista de Ubaldi. Pode-se afirmar, então,
que Monismo é a unidade de Princípios que coordena a unidade orgânica do Todo, isto é, é LEI
ÚNICA que a tudo rege. Assim podemos dizer que esta Lei é Deus ou que Deus é a Lei Única. A conclusão acima nos leva a
revolucionar o nosso conceito a respeito da natureza da Divindade. O monoteísmo que sucedeu ao
politeísmo fixou em nossa mente a idéia de um Deus transcendente separado da criação, reflexo
da nossa forma mental que vê Deus e a criação como entidades separadas. A idéia do Monismo vem
soldar esta ruptura conceitual entre Deus e o universo. No texto sublinhado a seguir o autor antecipa, embora
ainda que de forma resumida, a teoria da queda que desenvolverá nos livros Deus e Universo
e O Sistema: A realidade, em vosso mundo, está fracionada por barreiras de
espaço e de tempo; a unidade aparece como que pulverizada no particular; vemos o infinito
fragmentar-se, dividir-se, corromper-se no finito, o eterno no caduco, o absoluto no relativo.
Esta teoria, como veremos nos livros citados, mostra que o universo foi criado perfeito e
posteriormente por culpa das criaturas - ao usarem o seu irrevogável direito ao livre-arbítrio
- a unidade do Sistema original pulverizou-se neste nosso universo material.
Assim, surgiu o ciclo involutivo/evolutivo. A
Grande Síntese descreve o semiciclo evolutivo que representa a recuperação da queda
original. Como foi dito acima o universo funciona sob um esquema de tipo único e por isso o
ciclo involutivo/evolutivo é repetido em todo particular, isto é, as menores coisas do nosso
universo seguem uma evolução cíclica com avanços e recuos (construção e destruição). O Monismo
original permaneceu já que o Sistema original era infinito e, desta forma, nosso universo
decaído não poderia estar fora dele. É por estarmos agora percorrendo este semiciclo
evolutivo (reconstrução) que o autor afirma no último parágrafo: Ascensão é a idéia
dominante. Deus é o centro
Para quem nunca leu toda a obra de Ubaldi e inicia agora pela A Grande Síntese é
aconselhável ter sempre em mente os seguintes conceitos básicos que o auxiliarão a compreender
com mais facilidade o pensamento de Ubaldi: 1º) Monismo: Tudo é uno no Universo.
A mesma Lei governa todos os fenômenos desde os menores (microcosmo) até os grandes fenômenos
macrocosmicos. Assim qualquer coisa funciona sob um esquema de tipo único: O que está
embaixo é como o que está no alto, e o que está no alto é como o que está embaixo, no milagre
de uma só coisa (Hermes Trimegistro - 3000AC). 2º) Tudo é cíclico no Universo em
virtude de todas as coisas repetirem o esquema maior do grande ciclo involutivo/evolutivo do
universo.
Pedro
Orlando Ribeiro http://www.monismo.com.br
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