E
stamos habituados a pensar que os grandes abalos que subitamente sacodem o mundo físico ou moral são
resultados de meras interações casuais entre fenômenos e, assim, acreditamos que não acontecem por
nossa culpa. Por isso, nos surpreende a afirmativa: ...determinam-se movimentos; canalizam-se correntes
dinâmicas; acentuam-se
atrações e repulsões, donde depois se exteriorizarão os fenômenos, desde as convulsões físicas às morais
...
Para Ubaldi, mesmo um terremoto que sacode a crosta geológica do planeta não tem como causa apenas as
forças físicas
originárias das profundezas do solo. Segundo sua teoria monista o Todo é solidário com as partes,
assim todos os fenômenos, sejam eles de natureza física, dinâmica ou moral, se influenciam e se interagem.
O orbe terrestre é uma unidade coletiva que é produto sintético das unidades menores pertencentes aos
mundos físico, dinâmico e mental, ou seja, a Terra é uma individuação coletiva em que se integram num
sistema
orgânico hierarquizado
os seus três modos de
ser: Matéria (g), Energia (
b) e Espírito (a
), em conseqüência não pode existir nenhum fenômeno isolado.
O mundo mental (espírito=a
) por pertencer a um nível evolutivo superior supera, domina e dirige as
fases
energia(
b) e matéria(g). Segundo Ubaldi a vanguarda da pesquisa
científica
já constatou que o observador não é exterior ao fenômeno e distinto dele, mas é um fenômeno no
fenômeno. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro). Fato este que nos leva a a surpreendente conclusão que
nós
mudamos o mundo quando o observamos.
Tudo isto nos mostra que o universo é um Todo que ainda quando
pulverizado em infinitas formas ou expressões de um mesmo princípio central único, permanece organicamente
compacto, porque ele é construído segundo um esquema único, consoante um idêntico modelo que se repete ao
infinito em cada unidade menor, em que a maior se ramifica e se diferencia até à extrema pulverização. O
que toma compacto o universo é ser ele um "eu", é o mesmo princípio unitário que mantém compacta toda
forma que, à semelhança da máxima, é uma unidade coletiva resultante da coordenação orgânica de unidades
"eu" menores. Assim. tudo permanece unido porque coligado por uma contínua atração de parte a parte, por
uma confraternização dos "eu" menores nas unidades maiores. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Sustentado por essa base conceitual e observando o comportamento
histórico da humanidade, Ubaldi anuncia o surgimento, em futuro próximo, de cataclismos tremendos que
se
por um
lado trarão destruição e sofrimentos, por outro conduzirão a vida terrestre a uma renovação profunda. A
acumulação, pela humanidade de deletérias ações egoísticas, está gerando no inconsciente coletivo
planetário tremendas reações destruidoras que purificarão e clarearão a escura atmosfera psíquica que
envolve a Terra. O amadurecimento destas reações não é percebida pela nossa mente racional que devido a
sua
natureza analítica vê o mundo como um conjunto pulverizado de seres, objetos e fenômenos. Assim, a
ciência,
produto desta mente analítica, perdeu-se num emaranhado de fatos, não conseguindo visualizar a unidade
conceitual do Todo. O espírito religioso que poderia fornecer rumos unificadores ao pensamento humano,
esclerosou-se e caiu na apatia de uma velhice decrépita.
Na atual fase da evolução humana não existe uma orientação que
propicie um rumo seguro para a a vida coletiva. Nos grandes agrupamentos coletivos atuais existem
apenas facções
de indivíduos ou individualidades isoladas que se entrechocam numa luta sem trégua para alcançar a
supremacia de uns sobre os outros. Não há, portanto, no mundo atual, um
pensamento diretor que coordene as diversas atividades humanas de maneira construtiva de forma a
superar a feroz luta animal que visa a seleção do mais forte e não a do mais evoluído e, portanto, mais
civilizado.
Muitas pessoas, ofuscadas pelo brilho das conquistas tecnológicas
modernas, acreditam que o mundo já avançou muito no processo civilizatório. No entanto, Ubaldi nos mostra
que aconteceu
apenas um
progresso formal: Hoje em dia a vida se apresenta feroz e desapiedada como nos tempos pré-históricos.
Não estar armado de pedras lascadas, mas de metralhadoras, não estrangular seu semelhante com
as mãos, e sim com os Bancos, representa apenas progresso formal, substancialmente fictício. (P. Ubaldi -
A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
No burburinho da apressada vida moderna só se dá valor ao ruidoso
mundo dos fenômenos exteriores e, por isso, a introspectiva faculdade intuitiva que revelava verdades
sintéticas aos
profetas bíblicos e a outros iluminados foi relegada ao campo da fantasia e da superstição. A análise do
detalhe passou a
conduzir o pensamento humano, determinando o nascimento da moderna ciência racional. A infinidade de fatos
colecionados
pela ciência prejudicou a visão do conjunto, mas, - como tudo é regido pela Lei do Equilíbrio - para
restabelecer a unidade
dessa fragmentação do conhecimento, surge este livro, A Grande Síntese, e os outros volumes
da imensa obra Ubaldiana que
serão pontos de referências da ciência sintética do futuro, como nos revela a frase: Nos grandes
momentos só a mão de Deus vos guia a todos, e ela está hoje em ação, como no tempo das maiores criações.
Os sinais dessa grande virada já é pressentida até pela própria
ciência ao constatar, através de suas observações, que aquilo que considerava pedra de toque da pesquisa
cientifica, isto é, a independência entre o fenômeno e o observador não é mais considerada nos altos
escalões do pensamento científico moderno. O pesquisador, agora, será obrigado a voltar o olhar para si
próprio para
investigar a verdadeira e real fonte do conhecimento: a psique humana. Olhando a si mesmo o homem
encontrará a explicação e a compreensão do Todo. Esta é uma atitude que ressaltará o significado da antiga
máxima dos filósofos gregos: Conhece a ti mesmo que as portas do infinito se abrirão para ti. E
demonstrará, sobretudo para as mentes cépticas, que o preceito evangélico: Amai o próximo como a si
mesmo
se fundamenta na constatação de que, num universo monístico, não havendo separação entre sujeito e
objeto, o amor ao próximo está na natureza própria do Universo. Não é, portanto, um adendo a ser
acrescentado na ordem das coisas, é, por conseguinte, um sólido pilar que sustenta e suporta a estrutura
universal.
Esse capítulo prenuncia o reaparecimento
através de superações biológicas da humanidade, da faculdade intuitiva que ficou perdida no emaranhado
factual da ciência materialista. E, será a própria ciência que a reconduzirá, renovada e alicerçada pela
conquista racional dos últimos séculos, à proeminência da investigação
científica. E, assim como nos diz Ubaldi: O homem refará a grande descoberta de que um supremo
pensamento desce do Alto.
Pedro
Orlando Ribeiro http://www.monismo.com.br
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