este
capítulo Ubaldi procura esclarecer aos adeptos da atual ciência materialista
que a nova linguagem d'A Grande Síntese é um novo caminho que leva a unificação do pensamento
científico que hoje se encontra fragmentado e dividido em compartimentos estanques. Para
espanto de nossa presunçosa mente racional, Ubaldi nos revela que esta unificação
só será alcançada através de uma síntese entre a ciência e o Evangelho.
Falta a
ciência atual a unidade do conhecimento e a visão holística própria dos sentimentos. Tanto isso é verdade
que até no
idioma que usamos para nos comunicarmos existem expressões que revelam esta qualidade dos sentimentos;
como no exemplo nas frases seguintes:
Ele tem o sentimento de sua grandeza. O sentimento de risco tem origem na experiência do passado.
Embora os
sentimentos
tenham a propriedade holística de encarar os fatos, no entanto não compreendem os detalhes e não possuem
o poder de
julgamento que são propriedades inerentes à análise científica. As qualidades destas duas diferentes
formas de
apreender o mundo se fundirão no futuro.
A nossa cultura adotou a regra de que o pensamento racional, na
sua elaboração, deve ser totalmente isento de qualquer parcela emocional, como se fosse possível separar
na
alma humana estes dois impulsos, que embora opostos são complementares. São complementares porque o que
move os processos intelectuais de busca são impulsos volitivos originários de um desejo que é, por sua
vez, produto do sentimento humano de inconformidade em relação ao tipo de vida que o mundo nos obriga a
suportar. Vida pontilhada de incertezas e perigos devido a nossa ignorância das leis que governam o
universo. Além do mais, podemos ver que na raiz de qualquer processo racional existe, nos seus primórdios,
um sentimento de que o
universo é regido por leis lógicas e não pelo acaso. As contínuas
conquistas da própria
ciência na constatação de que todas as leis universais, que descobriu até agora, possuem sempre um padrão
lógico que comprovam esse fato. Se não existisse o sentimento de fé de
que a ciência tem
fundamentos lógicos ninguém perderia tempo dedicando-se à árida pesquisa cientifica.
Os métodos de pesquisa empregados atualmente pela ciência se
restringem apenas ao mundo sensório que nos cerca. Para ver além dos limites do sensório é necessário
se aproximar
dos fenômenos com outro tipo de abordagem que extrapolam a nossa faculdade racional. É a intuição a nova
ferramenta que a ciência terá que aprender a usar para escapar das limitações impostas pelos nossos
sentidos. Mas, antes de mudar os métodos de pesquisa, se faz necessário conhecer esta nova faculdade, para
que se possa empregá-la na pesquisa científica. O método racional é um processo eficiente para acumular
fatos mas é precário para resumí-los numa forma sintética. Só a intuição consegue entrever ilações entre
fenômenos que para a nossa capacidade racional parecem excludentes.
Sim, podemos afirmar que existem dois tipos de pensamento: o
racional e o intuitivo. O primeiro já está bem desenvolvido e estabilizado na atual fase evolutiva da
humanidade; já o pensamento intuitivo ainda é, no atual nível médio evolutivo da humanidade, um fenômeno
muito raro, acontece esporadicamente e tem caráter imprevisível e nunca acontece quando provocado pela
nossa vontade. Somente o amadurecimento evolutivo tornará estável esta faculdade. A personalidade da
grande maioria dos homens ainda é moldada, como nos diz Ubaldi, no interesse e na ambição, que elevam
barreiras entre o Eu e o fenômeno. Ora, a intuição é integração entre o razão e o sentimento e,
portanto não se manifestará enquanto houver distanciamento entre o sujeito e objeto da sua pesquisa.
Em outro dos seus livros ele esclarece: E é grave e
importante, do ponto de vista filosófico, afirmar
que o problema do conhecimento não pode ser resolvido pelos atuais caminhos lógico-racionais possuídos
pelo homem, mas apenas pelas vias inspirativo-intuitivas, que possuirá no futuro, ao evoluir. Segue-se
uma colocação do problema de modo diferente do comum: afirmamos que a obtenção do conhecimento é problema
sobretudo de amadurecimento biológico. Em outros termos, o grau de conhecimento possuído, de uma verdade
para nós relativa e em contínuo processo de conquista, depende do grau de evolução alcançado.(P. Ubaldi -
O Sistema)
Conforme nos diz Ubaldi as portas do real conhecimento só se
abrirão para aqueles cuja maturação biológica alcançou um patamar onde predomina a retidão moral. É
importante ter em
mente que o comportamento moral é decorrente dos sentimentos dominantes. É fácil
concluir que é necessário ser possuidor de uma consciência moral para alcançar o pleno conhecimento, pois
a
faculdade intuitiva é resultado da harmonia alcançada na perfeita fusão da inteligência com o lado
emocional da nossa personalidade. A harmonização, como na música, é resultado da ressonância entre estes
dois fatores, pois sabemos que somente as notas da mesma freqüência vibratória se fundem. Desta maneira,
para surgimento da faculdade intuitiva, é
preciso ser possuidor, ao mesmo tempo, de uma moral e de uma inteligência aprimoradas. Mesmo que sejamos
detentores de uma mente racional potente, se carecemos de uma conduta moral correta nunca alcançaremos a
essência íntima dos fenômenos. Assim, podemos estabelecer as seguintes equações:
Inteligência positiva + Moral positiva = Conhecimento Pleno através da Intuição |
Inteligência positiva + Moral negativa = Conhecimento Fragmentário através da Razão |
É por esta razão que Ubaldi afirma que a ciência para avançar além
do universo sensório deve mergulhar no universo paralelo do imponderável que somente se revela por um
impulso de fé e nunca à visão cética da ciência atual. Esta é uma posição ultra-revolucionária,
maior
até
que a assumida por Copérnico e Galileu ao derrubarem a arraigada crença de que o Sol girava em torno da
Terra e não ao contrário, como sabemos hoje. Assim, como passamos, na Astronomia, do sistema geocêntrico
para o heliocêntrico, passaremos no campo da ciência para um sistema onde a fé será o fulcro central das
pesquisas científicas.
As forças evolutivas levarão ao surgimento de uma humanidade onde
a faculdade da intuição será um atributo normal da psique humana, e não uma exceção à regra como é hoje.
A evolução humana fará surgir um novo homem com qualidades e inteligência inimagináveis para nós.
No entanto,
Ubaldi comenta no livro Problemas Atuais: O progresso é um fato real. O homem pré-histórico,
podemos bem
imaginá-lo, foi na época o modelo da raça
humana. Se estabelecermos uma proporção, podemos imaginar o homem futuro. Então diremos: o homem
pré-histórico está para o homem de hoje como o homem de hoje está para X. Será fácil, dada a relação, achar
o valor da incógnita.
Concluindo o autor informa que a teoria exposta A Grande
Síntese
dá uma explicação completa e profunda de todos os fenômenos pois emprega uma férrea lógica que não
poderá ser contestada por nenhum cético, desde que ele possua o atributo moral de honestidade intelectual.
Pedro
Orlando Ribeiro
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