A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 38 de A Grande Síntese

GÊNESE DA GRAVITAÇÃO

    Neste ponto Ubaldi inicia o estudo da fase energia b. A gravitação é a primeira manifestação da fase energia e é filha da movimento. Segundo Ubaldi, a gravitação vos aparece como energia cinética da matéria e, como nasceu antes, está tão inerente e estreitamente ligada a ela, que não vos é possível isolá-la. A explicação está no fato de que vivemos num universo trifásico onde as fases matéria, energia, espirito são concomitantes e estão soldadas entre si, formando uma unidade monista. Assim, qualquer fenômeno obrigatoriamente deve conter simultaneamente as três fases da substância. As três fases são conexas por filiação, são três momentos de um mesmo fenômeno, três aspectos de um único princípio, indissolúveis, sem sentido se isolados, três modos de ser do Todo-Uno, que não se podem cindir sem destruir todo o ser, como no homem não se pode separar o pensamento idealizador da atividade operante e da obra executada. Cada momento está no outro e é o outro. Os três momentos são iguais e distintos. Cada um é o Todo e o Todo está em cada um. Um descende do outro por gênese, como o filho do pai. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

    Quando b surgiu pela primeira vez na criação b (veja a fig.) o universo material, antes estático, se movimentou por ação desta energia. Ainda na criação b parte desta energia que preenchia o universo, regrediu na forma de matéria criado o nosso atual universo astronômico (g na criação c). A energia restante, que ainda não involuiu para g, é a responsável pela energia cinética que movimenta o cosmo. Mas esta energia ainda não é a gravitação newtoniana.

    A gravitação newtoniana (atrativa) é filha daquela parte que involui em direção a matéria. Não há descontinuidade entre energia b e a matéria g. A energia no seu processo de concentração, durante seu transformismo involutivo (b ® g), passa por uma fase intermediária entre energia e matéria. Esta fase intermediária é o chamado Éter que é basicamente constituído de núcleos sem orbitais eletrônicos. Podemos, então, imaginar que o espaço não é um vazio, e sim uma entidade que não é nem energia e nem matéria, mas uma coisa diferente com propriedades de ambas as fases. Desta forma podemos pensar que o universo é um tecido contínuo sem vazios, onde os corpos celestes e o espaço formam uma unidade monolítica contínua. Este tecido cósmico pode ser comparado, a grosso modo, com um tecido de diferentes espessuras ao longo de sua superfície. Ou, se pensarmos em três dimensões, o universo pode ser visto como um sólido esférico com zonas de diferentes densidades. (V. Espaço dinâmico). Esta continuidade é corroborada pela teoria de Einstein do "contínuo" espaço-tempo uma vez que o espaço é a dimensão da matéria e o tempo é a da energia. (....)nem encontramos jamais matéria ou energia isoladas, mas sempre fundidas em conjunto como, ainda, as suas respectivas dimensões de espaço e tempo. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

    O que descrevemos acima é uma das teorias científicas mais modernas: a teoria do espaço-dinâmico. Ubaldi se refere a este conceito da seguinte forma:

     Uma das mais recentes teorias científicas, a do espaço-dinâmico, em que se concebe o espaço, não como uma extensão geométrica, mas substanciado de uma densidade própria e dotado de uma mobilidade, como um fluido. O homem atribuiu ao espaço, de forma inteiramente arbitrária, os dois atributos de vacuidade e imobilidade, sem saber se eles efetivamente correspondem à realidade física. Há, entretanto, uma única realidade constitutiva do universo físico: o espaço fluido e móvel e o seu movimento. Os movimentos circulares desta substância conformam os sistemas atômicos e astronômicos, de que resulta a matéria. Os seus movimentos ondulatórios constituem a energia. Assim todos os fenômenos se reduzem a uma mecânica universal, dada pelo movimento do espaço. (P. Ubaldi - Deus e Universo)

    Desta forma, matéria e a força gravitacional atrativa são concebidas como encurvamentos do espaço-dinâmico. O maior ou menor encurvamento origina a matéria ou a energia gravífica. Assim, a gravitação pode ser considerada não somente como uma força mas também como o encurvamento do espaço próximo aos corpos astronômicos. Isto significa que a gravitação, analogamente à luz (onda/partícula), tem caráter dual, isto é, pode ser vista sob o ponto de vista da geometria como o encurvamento do espaço e sob o ponto de vista da dinâmica como uma vibração ondulatória, fato este coerente com o conceito do contínuo espaço-tempo. Portanto, podemos compreender agora que a força gravitacional atrativa é resultante do encurvamento da energia cinética surgida da primeira desintegração da matéria no universo b.

    A energia cinética primeva, resultado da primeira desintegração de g no universo b tende a difusão, a expansão, é, portanto, uma força centrífuga (força gravitacional de repulsão). Por efeito da Lei do Equilíbrio, surge através do encurvamento do espaço-dinâmico a força gravitacional atrativa (força centrípeta) para reequilibrar o universo, se assim não fosse o universo se deslocaria numa só direção com acúmulos de um lado e vazios de outro, proporcionais e definitivos (Cap. 8 - A Grande Síntese) .

    Devido a este binário de forças gravitacionais atrativo-repulsivo o universo move-se, mas, ao mesmo tempo, permanece unido. Por se tratar de de forças opostas e complementares equilíbrio acontece como função da Lei da Dualidade. Explicamos:

Força gravitacional Natureza cinética Tipo de Trajétoria Direção da evolução
Repulsão Força centrífuga Divergente (expansão) Evolutiva
Atração (Newtoniana) Força centrípeta Convergente (contração) Involutiva

    A polaridade evolutiva/involutiva (lei da Dualidade) estabelece o ritmo, ou seja, a propagação da energia gravífica dá-se sob forma ondulatória. Com o aparecimento da onda surge o tempo, a nova dimensão que mede a sua velocidade de transmissão. O tempo, como vimos no capítulo anterior, é a primeira dimensão da trindade conceptual e sua principal característica é que as individuações de b adquirem uma consciência linear, isto é, "sabem" ou "sentem" o seu progredir no tempo universal, embora não saibam da existência de outras individuações semelhantes.

    Por ser a primeira a surgir na fase b, a gravitação é considerada como a protoforça típica do universo dinâmico. Dela derivarão na criação c as outras formas energéticas: Raios-X, Luz, Calor etc..

taquions

    Na teoria da Relatividade de Einstein, a velocidade de propagação da Luz (300.000 Km/s) é considerada como o limite superior de toda velocidade. Ubaldi, neste capítulo escrito em 1932, nos revela que as ondas gravitacionais têm velocidade superior à da Luz. É uma afirmação surpreendente porque naquela época a ciência não admitia que existisse velocidade superior a da Luz e nem que a gravitação se propagasse em forma de ondas. Hoje, embora ainda não detectadas, existe uma rede internacional de detectores de ondas gravitacionais. A discussão sobre objetos superluminais (mais velozes que a luz) iniciou-se na década de 60 quando foi proposta a existência dos táquions. Os táquions seriam partículas cuja velocidade é superior à velocidade da luz e apresentam uma característica diferente das partículas comuns: quanto maior for sua velocidade, menor será sua energia.

    Para quem quiser aprofundar no tema da gravitação, sugerimos a leitura do capítulo 12 (Os Três Aspectos da Substância) do livro Deus e Universo e os capítulos 17 (As Ultimas Orientações da Ciência), 18 (O "Contínuo" Espaço-Tempo e a Evolução das Dimensões) e 19 (O Espaço-Curvo e a sua Expansão) do livro Problemas do Futuro.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br