omo vivemos num universo relativo só percebemos as coisas pelo
contraste, e não poderia ser de outra forma, já que vivemos sob a influencia da Lei da Dualidade. A
própria
lógica racional que guia nossas pesquisas é baseada no confronto entre dois opostos conforme nos
demonstra a
dialética. A própia linguagem que empregamos para descrever qualquer fenômeno é estruturada desta
forma. Por
exemplo, as expressões comparativas como maior e menor, alto e baixo,
antes e depois etc. revelam a relatividade de nossos pontos de vistas. O nosso entendimento
sobre o
mundo está vinculado a um referencial e nunca à sua substância íntima.
Ubaldi estendeu o conceito de relatividade de forma a abranger a totalidade fenomênica do nosso
universo. Assim, ele foi além da relatividade tempo-espacial einsteniana, mostrando que a
verdade também é relativa em qualquer campo. Quando pensamos ter alcançado a última verdade, absoluta
e imóvel é preciso lembrarmos que vivemos num universo em constante transformação. Somos regidos
obrigatoriamente pela Lei da Evolução não somente no mundo exterior percebido pelos nossos sentidos,
mas também na nossa consciência interior. Desta forma a nossa mente evolui sob o compasso deste
ininterrupto transformismo e portanto, as "verdades absolutas
", que somos depositários, têm a sua aparente solidez abalada pela marcha evolutiva. Descobrimos,
então, que aquelas verdades eram apenas relativas àquele nível evolutivo da nossa consciência.
Vemos agora que não são apenas as dimensões físicas
(espaço
e tempo) que são relativas, mas também a dimensão consciência que "mede
" o nosso conhecimento da
realidade. O nosso universo é referenciado por estas dimensões (espaço, tempo e
consciência) e por conseguinte, persiste uma relatividade universal em todas classes de fenômenos,
sejam
eles abstratos ou materiais. Assim, o nosso entendimento do mundo será sempre relativo (embora
progressivo)
pois a nossa mente, que é produto da vida, não pode conter elementos de juízo e unidade de medida que
ultrapassem os limites destas dimensões.
Mas, como tudo evolui não poderíamos deixar de concluir que
as
dimensões do universo também evoluem, isto é, se transformam em outros tipos de dimensões. Vemos com
clareza, no fenômeno da radioataividade, que pela desintegração da matéria a dimensão espaço que lhe
é
relativa, se torna tempo. O tempo é a dimensão que mede o fluxo da energia que é a nova fase assumida
pela
substância. Da mesma forma, veremos em capítulos posteriores a descrição de outra transformação de
fases, a
da energia em psiquismo, onde a dimensão tempo muda para a dimensão consciência.
Como cada universo é trifásico, a substância dos fenômenos do
nosso
universo se apresenta em três aspectos: "1º como formas; 2º como fases; 3º como princípio ou lei.
Esses
três aspectos são as três dimensões da trindade da substância. Unidade trina, a três dimensões. (P.
Ubaldi –
A Grande Síntese)". O homem também, como o nosso Universo, é formado de três elementos: matéria,
energia
e espírito, assim, a sua unidade trina faz com que surja uma nova concepção de infinito. O que é
ilimitado
para uma dada dimensão não o é para a dimensão superior. A dimensão que marca um determinado estado do
ser
(matéria, energia, pensamento) tem caráter de infinitude para este nível evolutivo. O homem pela sua
natureza material sente a infinitude do espaço mas, sua natureza espiritual supera conceitualmente
este
limite.
O conceito de espaço infinito só existe dentro deste restrito
modo
de ver as coisas. Se olharmos para o
universo sob o ponto de vista da evolução das dimensões podemos superar os limites estabelecidos por
uma
dada dimensão. Desta forma podemos superar a nossa incapacidade de percorrer materialmente o infinito
do
espaço através da nossa compreensão do que seja o universo físico. Pode-se percorrer o espaço de
"outra
forma", isto é, mentalmente. Como seres materiais somos limitados pelo determinismo da matéria, mas
como
seres espirituais superamos estes limites. É preciso entender que esta superação se dá em forma
qualitativa
através da conquista de uma consciência cada vez mais ampla e não simplesmente suplantando estes
limites em
direção espacial.
A fase matéria do ser humano como já está praticamente
estabilizada
e não está mais em formação, marca
profundamente com seus instintos atávicos a nossa maneira de sentir, pensar e conceber. O nosso
consciente é
produto novíssimo da evolução e ainda está em fase inicial de formação e, portanto, ainda não
totalmente
livre dos limites materiais. É por isso que não podemos percorrer materialmente a infinitude dos
espaço mas
podemos em contrapartida compreendê-lo, embora ainda de maneira imperfeita.
Com a evolução do consciente racional para um consciente
intuitivo
sintético estes limites desaparecerão definitivamente. Destarte, surgirão outros limites compatíveis
com
esta nova dimensão: a intuitivo-sintética, que marca outro universo, que também é trino e supera
evolutivamente o nosso. Existem infinitos universos porque infinita é a evolução e infinito é Deus.
Ubaldi conclui o capítulo enunciando a Lei dos limites
dimensionais que sintetiza os conceitos sobre a evolução das dimensões:
"
Os limites de uma dimensão são dados pelos limites da fase de que ela é a unidade
de medida; eles encontram-se no ponto em que, por evolução, passa-se de uma fase a outra, isto é,
onde
ocorre a transformação de uma fase e de sua dimensão na fase e dimensão sucessiva".
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Pedro
Orlando Ribeiro
http://www.monismo.com.br