A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 35 de A Grande Síntese

A EVOLUÇÃO DAS DIMENSÕES E A LEI DOS LIMITES DIMENSIONAIS

     Como vivemos num universo relativo só percebemos as coisas pelo contraste, e não poderia ser de outra forma, já que vivemos sob a influencia da Lei da Dualidade. A própria lógica racional que guia nossas pesquisas é baseada no confronto entre dois opostos conforme nos demonstra a dialética. A própia linguagem que empregamos para descrever qualquer fenômeno é estruturada desta forma. Por exemplo, as expressões comparativas como maior e menor, alto e baixo, antes e depois etc. revelam a relatividade de nossos pontos de vistas. O nosso entendimento sobre o mundo está vinculado a um referencial e nunca à sua substância íntima.

     Ubaldi estendeu o conceito de relatividade de forma a abranger a totalidade fenomênica do nosso universo. Assim, ele foi além da relatividade tempo-espacial einsteniana, mostrando que a verdade também é relativa em qualquer campo. Quando pensamos ter alcançado a última verdade, absoluta e imóvel é preciso lembrarmos que vivemos num universo em constante transformação. Somos regidos obrigatoriamente pela Lei da Evolução não somente no mundo exterior percebido pelos nossos sentidos, mas também na nossa consciência interior. Desta forma a nossa mente evolui sob o compasso deste ininterrupto transformismo e portanto, as "verdades absolutas ", que somos depositários, têm a sua aparente solidez abalada pela marcha evolutiva. Descobrimos, então, que aquelas verdades eram apenas relativas àquele nível evolutivo da nossa consciência.

    Vemos agora que não são apenas as dimensões físicas (espaço e tempo) que são relativas, mas também a dimensão consciência que "mede " o nosso conhecimento da realidade. O nosso universo é referenciado por estas dimensões (espaço, tempo e consciência) e por conseguinte, persiste uma relatividade universal em todas classes de fenômenos, sejam eles abstratos ou materiais. Assim, o nosso entendimento do mundo será sempre relativo (embora progressivo) pois a nossa mente, que é produto da vida, não pode conter elementos de juízo e unidade de medida que ultrapassem os limites destas dimensões.

    Mas, como tudo evolui não poderíamos deixar de concluir que as dimensões do universo também evoluem, isto é, se transformam em outros tipos de dimensões. Vemos com clareza, no fenômeno da radioataividade, que pela desintegração da matéria a dimensão espaço que lhe é relativa, se torna tempo. O tempo é a dimensão que mede o fluxo da energia que é a nova fase assumida pela substância. Da mesma forma, veremos em capítulos posteriores a descrição de outra transformação de fases, a da energia em psiquismo, onde a dimensão tempo muda para a dimensão consciência.

    Como cada universo é trifásico, a substância dos fenômenos do nosso universo se apresenta em três aspectos: "1º como formas; 2º como fases; 3º como princípio ou lei. Esses três aspectos são as três dimensões da trindade da substância. Unidade trina, a três dimensões. (P. Ubaldi – A Grande Síntese)". O homem também, como o nosso Universo, é formado de três elementos: matéria, energia e espírito, assim, a sua unidade trina faz com que surja uma nova concepção de infinito. O que é ilimitado para uma dada dimensão não o é para a dimensão superior. A dimensão que marca um determinado estado do ser (matéria, energia, pensamento) tem caráter de infinitude para este nível evolutivo. O homem pela sua natureza material sente a infinitude do espaço mas, sua natureza espiritual supera conceitualmente este limite.

    O conceito de espaço infinito só existe dentro deste restrito modo de ver as coisas. Se olharmos para o universo sob o ponto de vista da evolução das dimensões podemos superar os limites estabelecidos por uma dada dimensão. Desta forma podemos superar a nossa incapacidade de percorrer materialmente o infinito do espaço através da nossa compreensão do que seja o universo físico. Pode-se percorrer o espaço de "outra forma", isto é, mentalmente. Como seres materiais somos limitados pelo determinismo da matéria, mas como seres espirituais superamos estes limites. É preciso entender que esta superação se dá em forma qualitativa através da conquista de uma consciência cada vez mais ampla e não simplesmente suplantando estes limites em direção espacial.

    A fase matéria do ser humano como já está praticamente estabilizada e não está mais em formação, marca profundamente com seus instintos atávicos a nossa maneira de sentir, pensar e conceber. O nosso consciente é produto novíssimo da evolução e ainda está em fase inicial de formação e, portanto, ainda não totalmente livre dos limites materiais. É por isso que não podemos percorrer materialmente a infinitude dos espaço mas podemos em contrapartida compreendê-lo, embora ainda de maneira imperfeita.

     Com a evolução do consciente racional para um consciente intuitivo sintético estes limites desaparecerão definitivamente. Destarte, surgirão outros limites compatíveis com esta nova dimensão: a intuitivo-sintética, que marca outro universo, que também é trino e supera evolutivamente o nosso. Existem infinitos universos porque infinita é a evolução e infinito é Deus.

    Ubaldi conclui o capítulo enunciando a Lei dos limites dimensionais que sintetiza os conceitos sobre a evolução das dimensões:

    
" Os limites de uma dimensão são dados pelos limites da fase de que ela é a unidade de medida; eles encontram-se no ponto em que, por evolução, passa-se de uma fase a outra, isto é, onde ocorre a transformação de uma fase e de sua dimensão na fase e dimensão sucessiva".

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br