omo vimos nos capítulos anteriores o nosso Universo tem uma estrutura
trifásica, ou seja, é tridimensional. Existe uma hierarquia
entre as dimensões espaço, tempo e consciência que marcam estas fases, assim, a consciência supera o tempo
pois podemos pensar em termos de
passado, presente e futuro e o tempo supera o espaço pelo movimento.
Podemos dizer, então, que a nossa mente ao encarar um fenômeno o
faz
sobre estes três fundamentos: espaço, tempo e consciência, já que o nosso universo é constituído não só pela
matéria
mas também pela energia e pelo pensamento. Este universo está em contínuo transformismo, isto é, em
evolução. Esta evolução se dá não só no sentido material mas sobretudo nos conceitos com que a encaramos.
Exemplo: hoje já se concluiu que a solidez, pedra de toque da matéria, não passa de uma ilusão de nossos
sentidos. O novo parâmetro, aceito hoje, para definir a matéria, é o cinético, ou seja, a energia. Vê-se
assim a passagem da dimensão espaço para a dimensão tempo na nossa concepção do que seja a matéria. Mas, a
coisa não pára aí, segundo a visão da filosofia monista de Ubaldi a energia também não passa de uma
involução de uma dimensão ainda maior: o pensamento. Da aparente solidez absoluta da matéria chega-se a uma
expressão meramente conceitual.
Desta forma, não podemos encarar o
universo somente do ponto de vista material, como o faz hoje a ciência moderna. O conceito de espaço
infinito só existe dentro deste restrito modo de ver as coisas. Se olharmos para o universo sob o ponto de
vista da evolução das dimensões podemos superar os limites estabelecidos por uma dada dimensão. Desta forma
podemos superar a nossa incapacidade de percorrer fisicamente o infinito do espaço através da nossa
compreensão do que seja o universo material. Pode-se, então, percorrer o espaço de "outra forma", isto é,
mentalmente.
Como seres materiais somos limitados pelo determinismo da matéria, mas como seres espirituais superamos
estes limites. É preciso entender que esta superação se dá em forma qualitativa através da conquista de uma
consciência cada vez mais ampla e não simplesmente suplantando estes limites em direção espacial.
Ao superarmos a fase evolutiva da matéria pelo conhecimento surgido
do desenvolvimento pleno da fase espírito, muda a nossa concepção da infinitude do espaço. O espaço é
ilimitado se o considerarmos relativo apenas à fase matéria, pois não podemos percorrê-lo todo
materialmente: "Vossa mente o domina (o espaço) por completo, porque sendo ela de um plano superior, pode
ultrapassar qualquer limite espacial. Se podeis, num corpo tão frágil e pequeno, voar conceptualmente tanto
que podeis compreender o universo físico, o qual jamais poderíeis percorrer todo materialmente, isto é
devido ao fato de que existis numa fase evolutiva superior". Mais
adiante, Ubaldi afirma: Encontraremos um limite, mas no transformismo evolutivo, não no espaço.
Assim
a dimensão própria de uma fase é ilimitada para esta fase, mas não o é para a fase superior. A dimensão que
marca um determinado estado do ser (matéria, energia, pensamento) tem caráter de infinitude para este nível
evolutivo. Assim, o que passa a ser infinito na dimensão consciência é o conhecimento e não o espaço.
Como cada universo é trifásico, a substância dos fenômenos do nosso
universo se apresenta em três aspectos: "1º como formas; 2º como fases; 3º como princípio ou lei. Esses
três
aspectos são as três dimensões da trindade da substância. Unidade trina, a três dimensões. (Cap. 21 – A
Grande Síntese)". O homem também, como o nosso Universo, é formado de três elementos: matéria, energia e
espírito, assim, a sua unidade trina faz com que ele enxergue de maneira ambígua a natureza dos fenômenos.
Pela sua natureza material ele sente a infinitude do espaço e pela sua natureza espiritual supera
conceitualmente este limite. A fase matéria do ser humano como já está praticamente estabilizada e não está
mais em formação, marca profundamente com seus instintos atávicos a nossa maneira de sentir, pensar e
conceber. O nosso consciente é produto novíssimo da evolução e ainda está em fase inicial de formação e,
portanto, ainda não totalmente livre dos limites materiais. É por isso que não podemos percorrer
materialmente a infinitude do espaço mas podemos em contrapartida compreendê-lo, embora ainda de maneira
imperfeita.
Com a evolução do consciente racional para um consciente intuitivo
sintético estes limites desaparecerão definitivamente. Destarte, surgirão outros limites compatíveis com
esta nova dimensão: a intuitivo-sintética, que marca outro universo, que também é trino e supera
evolutivamente o nosso. Existem infinitos universos porque infinita é a evolução e infinito é Deus. É lógico
que agora para o leitor a palavra infinito, sob a visão Ubaldiana, tem uma conotação diferente para cada
nível evolutivo. Conclui-se assim que a verdade não é o que se vê mas como se vê.
É limitada a nossa capacidade para visualizar todo o
transformismo g ® b ® g. Para os nossos olhos, a expansão do vórtice galáctico
termina onde a matéria torna-se energia e, por esta razão, não vemos o movimento inverso de concentração da
fase energia para formação de novo vórtice físico. É por esta razão que a Física não compreendeu de forma
completa o fenômeno da entropia, pois ainda não enxergou o caminho inverso percorrido pela energia,
representado pela transformação: b ® g. Este fato leva o autor a concluir que somente uma mente
intuitiva poderá superar os limites do concebível impostos pela nossa atual mente racional.
Pedro
Orlando Ribeiro
http://www.monismo.com.br