A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 33 de A Grande Síntese

LIMITES ESPACIAIS E LIMITES EVOLUTIVOS DO UNIVERSO

     Como vimos nos capítulos anteriores o nosso Universo tem uma estrutura trifásica, ou seja, é tridimensional. Existe uma hierarquia entre as dimensões espaço, tempo e consciência que marcam estas fases, assim, a consciência supera o tempo pois podemos pensar em termos de passado, presente e futuro e o tempo supera o espaço pelo movimento.

    Podemos dizer, então, que a nossa mente ao encarar um fenômeno o faz sobre estes três fundamentos: espaço, tempo e consciência, já que o nosso universo é constituído não só pela matéria mas também pela energia e pelo pensamento. Este universo está em contínuo transformismo, isto é, em evolução. Esta evolução se dá não só no sentido material mas sobretudo nos conceitos com que a encaramos. Exemplo: hoje já se concluiu que a solidez, pedra de toque da matéria, não passa de uma ilusão de nossos sentidos. O novo parâmetro, aceito hoje, para definir a matéria, é o cinético, ou seja, a energia. Vê-se assim a passagem da dimensão espaço para a dimensão tempo na nossa concepção do que seja a matéria. Mas, a coisa não pára aí, segundo a visão da filosofia monista de Ubaldi a energia também não passa de uma involução de uma dimensão ainda maior: o pensamento. Da aparente solidez absoluta da matéria chega-se a uma expressão meramente conceitual.

    Desta forma, não podemos encarar o universo somente do ponto de vista material, como o faz hoje a ciência moderna. O conceito de espaço infinito só existe dentro deste restrito modo de ver as coisas. Se olharmos para o universo sob o ponto de vista da evolução das dimensões podemos superar os limites estabelecidos por uma dada dimensão. Desta forma podemos superar a nossa incapacidade de percorrer fisicamente o infinito do espaço através da nossa compreensão do que seja o universo material. Pode-se, então, percorrer o espaço de "outra forma", isto é, mentalmente. Como seres materiais somos limitados pelo determinismo da matéria, mas como seres espirituais superamos estes limites. É preciso entender que esta superação se dá em forma qualitativa através da conquista de uma consciência cada vez mais ampla e não simplesmente suplantando estes limites em direção espacial.

    Ao superarmos a fase evolutiva da matéria pelo conhecimento surgido do desenvolvimento pleno da fase espírito, muda a nossa concepção da infinitude do espaço. O espaço é ilimitado se o considerarmos relativo apenas à fase matéria, pois não podemos percorrê-lo todo materialmente: "Vossa mente o domina (o espaço) por completo, porque sendo ela de um plano superior, pode ultrapassar qualquer limite espacial. Se podeis, num corpo tão frágil e pequeno, voar conceptualmente tanto que podeis compreender o universo físico, o qual jamais poderíeis percorrer todo materialmente, isto é devido ao fato de que existis numa fase evolutiva superior". Mais adiante, Ubaldi afirma: Encontraremos um limite, mas no transformismo evolutivo, não no espaço. Assim a dimensão própria de uma fase é ilimitada para esta fase, mas não o é para a fase superior. A dimensão que marca um determinado estado do ser (matéria, energia, pensamento) tem caráter de infinitude para este nível evolutivo. Assim, o que passa a ser infinito na dimensão consciência é o conhecimento e não o espaço.

    Como cada universo é trifásico, a substância dos fenômenos do nosso universo se apresenta em três aspectos: "1º como formas; 2º como fases; 3º como princípio ou lei. Esses três aspectos são as três dimensões da trindade da substância. Unidade trina, a três dimensões. (Cap. 21 – A Grande Síntese)". O homem também, como o nosso Universo, é formado de três elementos: matéria, energia e espírito, assim, a sua unidade trina faz com que ele enxergue de maneira ambígua a natureza dos fenômenos. Pela sua natureza material ele sente a infinitude do espaço e pela sua natureza espiritual supera conceitualmente este limite. A fase matéria do ser humano como já está praticamente estabilizada e não está mais em formação, marca profundamente com seus instintos atávicos a nossa maneira de sentir, pensar e conceber. O nosso consciente é produto novíssimo da evolução e ainda está em fase inicial de formação e, portanto, ainda não totalmente livre dos limites materiais. É por isso que não podemos percorrer materialmente a infinitude do espaço mas podemos em contrapartida compreendê-lo, embora ainda de maneira imperfeita.

    Com a evolução do consciente racional para um consciente intuitivo sintético estes limites desaparecerão definitivamente. Destarte, surgirão outros limites compatíveis com esta nova dimensão: a intuitivo-sintética, que marca outro universo, que também é trino e supera evolutivamente o nosso. Existem infinitos universos porque infinita é a evolução e infinito é Deus. É lógico que agora para o leitor a palavra infinito, sob a visão Ubaldiana, tem uma conotação diferente para cada nível evolutivo. Conclui-se assim que a verdade não é o que se vê mas como se vê.

    É limitada a nossa capacidade para visualizar todo o transformismo g ® b ® g. Para os nossos olhos, a expansão do vórtice galáctico termina onde a matéria torna-se energia e, por esta razão, não vemos o movimento inverso de concentração da fase energia para formação de novo vórtice físico. É por esta razão que a Física não compreendeu de forma completa o fenômeno da entropia, pois ainda não enxergou o caminho inverso percorrido pela energia, representado pela transformação: b ® g. Este fato leva o autor a concluir que somente uma mente intuitiva poderá superar os limites do concebível impostos pela nossa atual mente racional.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br