A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 32 de A Grande Síntese

GÊNESE DO UNIVERSO ESTELAR - AS NEBULOSAS - ASTROQUÍMICA E ESPECTROSCOPIA

     Em harmonia com a teoria que vem desenvolvendo nos capítulos anteriores, o autor ao retomar o estudo sobre a matéria g, obedece a trajetória típica dos movimentos fenomênicos com retornos periódicos ao ponto de partida. Mas este retorno dá-se um pouco acima do ponto inicial do ciclo anterior. No capítulo 10, onde abordou pela primeira vez este tema, Ubaldi começa pelo microcosmo da matéria, ou seja, o átomo. Aqui retoma o assunto no seu aspecto macrocósmico, isto é, pelo estudo do universo estelar: O ciclo volta sobre si mesmo, mas sempre com pequeno deslocamento progressivo de todo o sistema.

    O estudo anterior focou-se no nascimento e morte da matéria, isto é, na evolução dinâmica da matéria desde de sua origem por concentração da energia até seu desaparecimento por ação da radioatividade. O modelo cêntrico-giratório do átomo se repete em escala astronômica nos sistemas solares e no movimento geral das estrelas em torno da galáxia, de acordo com as leis de movimento de Kepler. Jan Heindrik Oort (1900-1992) demonstrou que o Sol revolve em torno do centro da nossa galáxia com uma velocidade de 220 km/s, completando uma volta a cada 250 milhões de anos. O movimento da Terra em torno do sol que desloca em direção a constelação de Hércules pode ser representado por uma espiral conforme o esquema abaixo:

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    As galáxias em harmonia com esta lei de desenvolvimento cíclico assumem a forma espiralada como se pode ver no vórtice das nebulosas. A nossa galáxia, a Via Láctea, é o exemplo que Ubaldi emprega para mostrar o princípio da espiral na organização do cosmo.

    Ubaldi afirma neste capítulo:Todo o vosso universo físico é constituído pela Via Láctea, um sistema completo e limitado, a cujo diâmetro podeis dar o valor de cerca de meio milhão de anos-luz. Esta afirmação tem causado estranheza à muita gente, pois sabemos que a Via Láctea é apenas um Universo-ilha entre bilhões de outros e, portanto, a expressão Todo o vosso universo físico nos parece equivocada. Também é motivo de dúvida a afirmação de que o diâmetro da Via Láctea é de meio milhão de anos-luz, o que contraria a hipótese, aceita pela maioria dos astrônomos, que estabelece o diâmetro de apenas 100.000 anos-luz para a nossa galáxia.

    Estaria Ubaldi errado? Como explicar esta discrepância? Afinal de contas A Grande Síntese, é um livro construído através do método da intuição. A intuição sobrepõe a razão, pois vê tudo globalmente e instantaneamente. Creio que sempre superestimamos os conhecimentos científicos, esquecendo que as verdades da ciência nunca foram absolutas. O campo de atuação da Ciência é o relativo e por isso mesmo ela está sempre superando as suas últimas conquistas, o que exige que nos abstenhamos de tomá-las como definitivas. Já Ubaldi inspirado por uma alta Corrente de Pensamento (Noúre) que está além do espaço e do tempo, pôde ver de uma maneira intuitiva, instantânea e global a essência das coisas. É por isso que afirma no início deste capitulo: "Minha consciência volumétrica - isto é, de terceira dimensão - num plano superior à vossa, de superfície (segunda dimensão), como vos explicarei, vejo por síntese, ao passo que vós vedes por análise. O finito, de que sois feitos, justifica esses retornos, a que sois obrigados, para examinar sucessivamente a realidade em seus aspectos, que nós vemos em síntese, a fim de penetrar, por degraus, além da forma que está na superfície e recobre a essência que está na profundidade."

    Assim, creio eu, não há possibilidade da existência de erros na obra. A primeira dúvida é logo dissipada ao examinarmos com mais cuidado o texto. Quando ele afirma que " Todo o vosso universo físico é constituído pela Via Láctea, um sistema completo e limitado..." não tinha a intenção de se referir a todo o cosmo. Ao dizer: o vosso universo físico... se referia ao universo que nos toca de perto: a Via Láctea. Mais adiante ele deixa patente o significado que deu a palavra universo: "Fisicamente, o vórtice de vosso universo é apenas um, da infinita série de vórtices ou nebulosas em processo de desenvolvimento ou de involução; eles combinam-se com este num vórtice ainda maior, até o infinito. Não podeis vê-los todos, porque não têm a vibração da luz".

     Hoje, muitas instituições científicas já admitem um valor maior para o diâmetro da Via Láctea. Segundo o PERTH OBSERVATORY (http://www.wa.gov.au/perthobs/hpc2mil.htm) a Via Láctea tem as seguintes características:

A Galáxia tem 4 partes principais:

  1. O núcleo saliente: a galáxia tem um núcleo saliente semelhante a uma panqueca com uma saliência no centro. Este núcleo tem um raio de cerca de 16.000 anos luz e contém principalmente estrelas velhas, gás e poeira interestelar .
  2. O disco galáctico: a parte da panqueca fora da saliência, estendendo até cerca de 50.000 anos luz do centro. O disco contém as estrelas jovens e mais gás e poeira interestelar .
  3. O halo – uma região esférica em torno do disco com um raio de aproximadamente 65.000 anos luz. O halo contém estrelas antigas, grupo de estrelas globulares, e uma fina camada de gás e poeira interestelar .
  4. A coroa galáctica – uma enorme espécie de halo que tem uma extensão de cerca de 300.000 anos luz de raio. Acredita-se agora que a coroa contém a maior parte da massa galáctica.

    Desta forma tem-se: 300.000 anos luz de RAIO. Logo o DIÂMETRO seria: 600.000 anos luz. Se considerarmos que a medida da coroa está superestimada em cerca de 15% em função da tênue densidade de massa nesta região, chega-se facilmente aos 500.000 anos luz .

    No site Institute for Astronomy da Universidade do Hawai
( http://www.ifa.hawaii.edu/~sanders/Lecture24_p1_f01.pdf) encontramos:
Coroa Galáctica - Até recentemente. esta parte da nossa Galáxia era inteiramente desconhecida. Novas descobertas mostram que o diâmetro de nossa Galáxia pode estender-se até 200 kpc (625.000 anos-luz) ou aproximadamente 5 vezes o diâmetro do disco visível. A Coroa Galática pode conter até 10 vezes mais massa do que todas as outras partes juntas. Até muito recentemente a natureza desta matéria escura era desconhecida. A recente descoberta de que as partículas de neutrino pode ter massa reforçou a idéia que muito desta matéria escura pode ser constituída de neutrinos.

    Mais informações sobre a matéria escura poderá ser encontrada no site da University of California, San Diego - UCSD ( http://ucsdnews.ucsd.edu/newsrel/science/mcdark.htm)

    Ubaldi descreve aqui a aplicação da Lei das Unidades Múltiplas no aglomerado estrelar No seu aspecto dinâmico esta lei define o processo de transformação evolutivo. Cada ciclo é produto de ciclos menores e participa por seu turno de ciclos maiores: "Cada ciclo é determinado pelo desenvolvimento de ciclos menores, que são a resultante do desenvolvimento de ciclos ainda menores, até o infinito negativo; por sua vez, é a determinante do desenvolvimento de ciclos maiores, que por sua vez o são de ciclos ainda maiores, até o infinito positivo". Assim, a nebulosas menores (o sistema solar é uma nebulosa menor que chegou a maturidade) por ação da Lei das Unidades Coletivas formam o vórtice da nebulosa maior: a Via Láctea.

    Assim não é de estranhar quando se fala em supergaláxia, que na realidade é uma unidade maior formada por outras menores. Dependendo do ponto de vista, o observador pode enxergar um aglomerado singular e não ver a sua interação com outros aglomerados, concluindo erradamente que é uma entidade isolada das outras. Os movimentos galácticos são tão amplos que fica impossível a percepção dos movimentos de rotação entre as galáxias. Embaraçados pelas enormes distancias cósmicas entre os corpos estelares, não conseguimos ver os imensos e lentos movimentos intergalácticos. Fica evidente que num Universo - que é constituindo por um Todo orgânico que se reduz a um monismo universal - não podem existir universos-ilhas isolados.

    A figura abaixo descreve graficamente a seguinte afirmativa de Ubaldi: é no plano equatorial da Via Láctea que se comprimem os amontoados das estrelas, enquanto nos pólos a matéria está em estado de rarefação:

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    O seguinte texto, deste capítulo, causa estranheza a muita gente: O sistema solar está situado mais para o centro da espiral, centro que lhe fica de lado, no plano de achatamento e do desenvolvimento do vórtice. Dá a impressão que Ubaldi afirma que o sistema solar está no centro da galáxia, fato que contraria a noção de que o sol se encontra na periferia do disco galáctico. O que Ubaldi afirma é que "o sistema solar está situado mais para o centro da espiral..." Mas o equívoco fica evidente se considerarmos que o diâmetro da galáxia tem 500.000 anos- luz e o sol está situado a 30.000 anos-luz do centro significando que está mais próximo do centro do que da periferia da coroa, pois do centro a periferia a distância é de 250.000 anos-luz e em conseqüência a distância do sistema solar à periferia será de 220.000 anos-luz. Portanto, em relação ao disco galáctico o sol fica na periferia mas, em relação a coroa galáctica fica mais para o centro.

    Ao comentar sobre a espectroscopia das estrelas, Ubaldi nos surpreende com outras revelações que subverte alguns conceitos científicos tidos como indiscutíveis. O primeiro é o da existência real de um novo elemento químico denominado nebúlio. Embora a ciência há muito tempo já o tenha detectado ao descobrir linhas desconhecidas no espectro de algumas nebulosas e, no início, acreditou tratar-se de um novo elemento, porém, a ciência atual reviu sua posição, baseando-se na teoria de Ira S. Bowen que afirma tratar-se de um elemento já conhecido, o oxigênio, altamente ionizado com a perda de dois elétrons. Mas, a ciência experimental, apesar de ter conseguido remover dois elétrons de um átomo de oxigênio e assim obter um átomo de nebúlio, não conseguiu, no laboratório, que este átomo emita a luz do nebúlio. Assim, a controvérsia permanece, embora, a maioria dos cientistas não admitam a existência do nebúlio como um novo elemento químico. Quem se interessar em pesquisar sobre o nebúlio na Internet, basta digitar a palavra "nebulium" num site de busca que encontrará dezenas de artigos sobre este tema.

    A segunda trata-se da classificação das estrelas pela constituição química e temperatura. Ubaldi além de acrescentar as estrelas de nebúlio, colocando-as na seqüência de estrelas como as mais quentes e em seguida coloca as estrelas de hélio e só depois as de hidrogênio, invertendo a precedência do hidrogênio sobre o hélio. Esta classificação aparentemente invertida perturbou a compreensão de muita gente pois o hidrogênio vem antes do hélio na Tabela Periódica.

    Uma explicação possível para esta inversão da precedência das estrelas de hélio sobre a estrelas de hidrogênio seria devido ao fenômeno da fusão nuclear. Para se realizar uma reação de fusão nuclear é necessário uma temperatura da ordem de cem milhões de graus centígrados e, como as estrelas mais jovens fornecem a condição de altas temperaturas, as reações de fusão acontecem primeiramente, formando um núcleo de hélio a partir de 4 prótons com a liberação de uma colossal quantidade de energia. Com o esfriamento paulatino da estrela torna-se mais difícil o acontecer as reações de fusão e vão surgindo assim as estrelas de hidrogênio.

    Na tabela da Universidade de Harward que apresentamos abaixo, evidencia-se a precedência das estrelas de Hélio (He) sobre as de Hidrogênio (H) na seqüência apresentada na última coluna (Constituição Química). Assim, nas estrelas mais quentes o elemento Hélio (He) predomina sobre o Hidrogênio (H), como previu Ubaldi. As estrelas do tipo espectral W (Wolf-Rayet) são estrelas muito luminosas, incrivelmente quentes, são mais quentes que as do tipo O e provavelmente são as estrelas de nebúlio, embora a ciência ainda não afirme nada sobre isto. O que nos leva a esta afirmação é o fato de que suas temperaturas chegam até 250.000K e de terem a forma nebulosa e comportamento semelhante ao das nebulosas que as originaram conforme podemos ver na foto abaixo. Por esta razão perdem muita massa sob a forma de fortes ventos solares: mais de metade da massa da estrela pode assim dispersar-se pelo espaço. O que confirma a asseveração de Ubaldi sobre as estrelas de nebúlio: A matéria está no estado gasoso, a massa estelar é uma nebulosa ainda no seu início. Estas são as estrelas mais jovens, de cor prevalentemente azul, e representam a fase inicial da evolução sideral do vórtice galáctico.

Estrela Wolf-Rayet

    A tabela comprova a seqüência na constituição química, temperatura, condensação e idade apresentada, por Ubaldi, no texto do capítulo 32.

CLASSIFICAÇÃO ESPECTRAL DAS ESTRELAS - UNIVERSIDADE DE HARWARD
Tipo Espectral Exemplo Cor Temperatura Efetiva Constituição Química
W - - - • Linhas de emissão
de Hélio (He) ionizado

• são as chamadas
Estrelas Wolf-Rayet

O ζPuppis branco-azuladas,
muito quentes
50000 K • Tanto linhas de emissão
como de absorção

• Hélio (He) ionizado

• He neutro

H fraco (H neutro)

• Metais ionizados

B Rigel, γLyrae branco-azuladas 25000 K He neutro são as
linhas mais proeminentes

H mais forte
as linhas de Balmer do H são
mais fortes e aumentam em
intensidade continuamente

• linhas do He ionizado
desaparecem depois
do tipo espectral B3

• metais ionizados começam
a mostrar suas linhas

A Sirius, Vega branca 11000 K • as linhas de Balmer do
H alcançam sua
intensidade máxima e dominam

• linhas de He
neutro desaparecem

• metais ionizados uma única
vez: as intensidades das
linhas de metais ionizados,
particularmente CaII, estão
aumentando

F Canopus, Procyon branco-amarelada 7600 K H mais fraco;
as linhas do H
ainda são importantes
mas suaintensidade
está diminuindo

• linhas do Ca
são importantes

• metais ionizados uma
única vez ou neutros:
a intensidade das linhas de
metais está aumentando

G Sol, Capella amarela 6000 K Ca ionizado uma única vez muito
proeminente: no tipo espectral
G0, as linhas H e K do cálcio
ionizado, CaII, são dominantes

H mais fraco: as linhas do H
diminuem muito em intensidade

• metais neutros: as linhas
metálicas dominam

•as linhas do ferro
também são fortes

• certas bandas moleculares
(CH e CN) se tornam visíveis

K Arcturus, Aldebaran alaranjadas 5100 K • metais neutros:
algumas linhas metálicas
neutras se tornam fortes

•as linhas do H ficam
cada vez mais fracas

•as linhas H e K do Ca ionizado,
CaII, aingem a sua intensidade
máxima no tipo espectral K2

•aparecem bandas moleculares:
as bandas CH e CN
aumentam em intensidade

M Betelgeuse, Antares vermelha 3600 K (M0);
3000 K (M5)
• bandas de óxido de titânio,
TiO, dominam o espectro

•metais neutros

R     3000 K • bandas muito fortes de CN, CH
e C2 com intensidade crescente

•metais neutros

•também são chamadas de
estrelas de carbono

N     3000 K • bandas muito fortes de CN,
CH e C2 com
intensidade decrescente

•metais neutros

•também são chamadas de
estrelas de carbono

S     3000 K • óxido de zircônio

• metais neutros

• diferem das estrelas M
no fato de que elas tem
fortes bandas de óxido de
zircônio, ZrO, em vez das
bandas de óxido de titânio

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br