A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 31 de A Grande Síntese

SIGNIFICADO TELEOLÓGICO DO TRATADO - PESQUISA POR INTUIÇÃO

     Após a demonstração, ocorrida nos capítulos anteriores, do Princípio Único que abrange e domina toda a fenomenologia universal, o autor nos conclama a uma tomada de posição em relação à existência ou não desta Lei única. Admitida a sua existência, não poderíamos deixar de concluir que há continuidade na atuação desta Lei nos fenômenos que ainda escapam ao nosso entendimento, o que demonstrará a existência de uma lógica comum no desenvolvimento de qualquer fenômeno, conhecido ou desconhecido pela atual ciência humana. A nossa percepção dos fatos é limitada pela estrutura físio-dinâmica-psíquica do nosso universo, assim, a aparente descontinuidade lógica existente entre os fenômenos materiais e espirituais, subsiste apenas nos estreitos limites da nossa mente.

    Reconhecida a coerência no emprego do mesmo processo lógico nos acontecimentos de ordem moral, fica evidente a existência de regras incondicionais de conduta ética semelhantes às inflexíveis leis físicas. Quando se estabelecem leis, princípios ou regras busca-se uma finalidade comum para todas as coisas (Teleologia), deste modo a existência da Lei Única determina obrigatoriamente um objetivo comum a todos processos fenomênicos. Há, portanto, um finalismo na determinação de qualquer fenômeno natural.

    A Teleologia Ubaldiana fundamentada pela Lei Única tem, portanto, um telefinalismo único para todas as coisas. Esta concepção harmoniza com a idéia do Monismo, pensamento central da filosofia de Ubaldi. Como o Monismo significa a unidade da criação, haverá, em conseqüência, um destino único para a evolução dos seres, ou seja, a unificação final num sistema orgânico. Assim, é um contra-senso considerar a existência de fenômenos isolados da Lei do Todo, pois tudo é organismo. Por fazer parte do Todo, a coletividade humana é, por conseguinte, submetida a esta Lei, não podendo, portanto, conforme afirma Ubaldi, isolar-se em seu egoísmo.

    Perante esta Lei Única não se justifica as divisões ideológicas entre Materialismo e Espiritualismo que são, segundo Ubaldi, divergências transitórias que serão superadas na síntese entre ciência e fé. Os primeiros passos desta síntese são as revelações trazidas por este livro. A origem transcendente desta síntese é reafirmada aqui e, não poderia ser de outra forma, pois, como dissemos nos comentários do capítulo 5, a causa desta nossa incapacidade em ver toda esta rede de caminhos que convergem para a unificação, está na limitação de nossa mente racional que só raciocina por meio do contraste de idéias, como se as coisas existissem de per si, sem a obrigatoriedade de serem parte de um todo orgânico maior. Desta forma não conseguimos ir além das diferenças, não vemos o fundo comum que unifica o universo.

    Para tornar esta síntese de origem transcendente, inteligível à nossa mente racional, Ubaldi realizou um difícil e árduo trabalho de adaptação. Embora ele sempre afirmasse, por modéstia e humildade, que foi apenas um instrumento para recepção da obra, diminuindo o seu trabalho para exaltar apenas a fonte emissora, ele tinha, no entanto, que estar apto para compreender estes elevados conceitos abstratos afim de traduzí-los para uma linguagem compreensível ao nosso entendimento. Para compreendermos que é necessário que o instrumento tenha alcançado um alto grau de evolução espiritual para realizar esta monumental tarefa, citaremos uma frase do próprio Ubaldi: O que vemos não depende somente do objeto observado, mas dos olhos que usamos para observá-lo. assim, é necessário ter "olhos espirituais", isto é, ter desenvolvido a capacidade intuitiva que o tornou capaz a receber e interpretar esta revelação.

    O ponto de partida de qualquer conceito científico é sempre fixado em relação às dimensões do nosso universo relativo que é delimitado por dimensões espaço-temporais. Como ficou evidente com o surgimento da teoria da relatividade de Einstein, o espaço e o tempo absolutos não existem e, assim, os pontos fixos que estabelecemos como pontos de partida para as nossas teorias não são imóveis. Desta forma a nossa visão do mundo está sempre em mutação. Vemos apenas o fluir do rio da evolução, mas não vemos para onde ele se dirige, pois estamos mergulhados no seio desta corrente e não conseguimos ver além do trecho que estamos percorrendo. Somente um olhar abrangente situado acima das contingências humanas poderia ter enxergado o princípio único que norteia todo o processo evolutivo e o significado teleológico da existência.

    Uma visão desta natureza só podia se originar de um plano mental superior, onde as sufocantes barreiras do espaço e do tempo já foram superadas pela dimensão intuitiva do superconsciente. O autor conclui esclarecendo que não é somente pelo poder da mente que se alcança à faculdade da intuição, é necessário, também, a sublimação paralela dos sentimentos, fato que já havíamos comentado no capítulo 2.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br

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