alingenesia significa novo nascimento, recriação, regeneração. Palingenesia
vem de duas palavras gregas:
Palin, de novo, gênese, nascimento. No nosso mundo vemos as coisas
nascerem e transformarem e
por isso acreditamos que isto possa acontecer também no absoluto, isto é, cremos
que Deus possa criar fora
de
si, acrescentando algo a si mesmo. Se pensarmos com mais cuidado veremos que
esta crença é absurda. Deus por
definição é um ser infinito em todos seus atributos, logo nada Lhe pode ser
acrescentado. É por esta razão
que
os teólogos se referem a Deus sempre no presente: Deus É. Nunca se pode
dizer Deus foi ou será.
No absoluto não existe tempo nem
movimento ou transformação como
concebemos no nosso mundo relativo. Medir Deus com a nossa pobre razão seria
como uma gota d'água conter em
si todo o imenso oceano. Assim, transferirmos nossos limitados conceitos para a
Divindade, acreditamos que
os
pálidos reflexos luminosos de nosso mundo possa ofuscar a deslumbrante luz de um
Sol infinito.
Medir é comparar duas coisas ou
objetos, o que mostra o caráter
dualístico do ato de medir. O absoluto é uno e, portanto, não há como ser
medido. Desta forma começamos a
compreender que não pode haver o aparecimento de uma coisa absolutamente nova no
seio de um Sistema
perfeito,
se isto acontecesse o Sistema não seria perfeito e significaria um
arrependimento e um refazimento da
perfeição, o que seria um contra-senso, um disparate. É por esta razão que
Ubaldi afirma: Sobrenatural e
milagre são conceitos absurdos diante do absoluto.
O conceito de milagre traz em si a
idéia de superamento de leis e
princípios que regem nosso universo. O absoluto é imóvel em relação ao espaço e
ao tempo, assim, a idéia do
"novo", do superamento de princípios só existe no relativo. Princípios que
julgamos terem sido superados são
apenas um mero artigo de uma lei mais vasta e mais perfeita. Estes superamentos
podem ser entendidos como
uma progressiva aproximação da compreensão de uma lei mais completa. Como o
conhecimento absoluto é
infinito sempre existirá à nossa frente um campo inexplorado, por mais que se
alargue nossa percepção dos
pormenores desta Lei maior,
Estas constatações nos levam a
conclusão de que a nossa
compreensão
da essência da Divindade será sempre infinitamente aquém da sua verdadeira
realidade. Desta forma o conceito
definido pela palavra Palingenesia é aplicável somente ao nosso mundo relativo.
Deus é imutável, não está,
portanto, sujeito a retornos, a renascimento ou a qualquer mudança na sua
essência.
A concepção humana de criação está
vinculada ao esquema dualístico
que rege o nosso universo decaído. É, portanto, uma criação exterior que
resulta na
separação entre o agente criador e o objeto de sua criação. Deus como é o Todo,
não pode criar fora de si. O
que plasma o mundo é uma realidade interior (imanência Divina) e não as
perecíveis criações materiais
humanas, cujas decadências e extinções periódicas podemos observar ao longo da
história das civilizações
humanas.
Mas, no meio de tanta destruição
material, permanece as conquistas
espirituais da ética e da ciência em
virtude da imanência Divina no nosso mundo. É sobre estas bases imateriais que
são construídas as novas
civilizações, mais perfeitas que as anteriores. As conquistas espirituais não se
perdem como acontece com as
materiais. É por esta razão que Ubaldi afirmou:
O que é sólido não é o concreto, como se crê, mas o
abstrato. O espiritual, porque
se
encontra em cima, subtrai-se ao vórtice do transformismo que tudo arrasta.
(Pietro Ubaldi - Um Destino
Seguindo Cristo).
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Pedro
Orlando Ribeiro
http://www.monismo.com.br