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Comentários e Observações
sobre o Cap. 26 de A Grande Síntese
ESTUDO DA TRAJETÓRIA TÍPICA DOS MOVIMENTOS FENOMÊNICOS |
Neste capítulo
Ubaldi inicialmente esclarece a razão porque cada fase retorna ao ponto de
partida e porque repisamos, em cada fase, o mesmo caminho três vezes em direção
evolutiva, intercalado por dois percursos em sentido inverso. Como vimos no
capítulo anterior a espiral que abre e fecha sobre si mesma em cada criação
revela esta estranha maneira da evolução avançar dando três passos à frente e
retornando dois. Para ficar bem claro, repetimos abaixo a figura que já havíamos
mostrado no capítulo 24:
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Nesta figura pode-se observar que qualquer fase é percorrida três vezes no
sentido evolutivo e duas vezes no sentido involutivo. Por exemplo, na figura acima
as linhas em azul indicam o sentido evolutivo da fase
b e as linhas verdes
o sentido involutivo. Os pontos M e N indicam retornos ao ponto de
partida P de b. O retorno nos mostra que toda a fase é
cíclica. Da mesma forma podemos concluir que o conjunto de todas as infinitas
fases também é cíclico e deverá retornar ao ponto onde iniciou o grande ciclo
involutivo-evolutivo. Note que para se esgotar a fase b
é necessário percorrer
três criações sucessivas b, c e d. Construção e destruição se alternam
. |
Este caminhar que
retorna sobre si mesmo não é estéril, pois a linha do desenvolvimento da
evolução não é um ciclo fechado mas uma espiral de abertura constante como vimos
no gráfico da figura 4 d'A Grande Síntese. Embora o andamento de muitos
fenômenos nos pareça invariáveis, fechados numa interminável repetição cíclica,
na realidade eles se abrem e se transformam, escapando da nossa percepção
imediata em conseqüência do seu lento transformismo. Um exemplo evidente é o do
transformismo geológico, cujo ciclo é mensurado na escala de bilhões de anos.
Devido a estes enormes espaços de tempo não conseguimos ver os imensos e lentos
movimentos transformistas do reino mineral. Já nos reinos vegetal e animal há
uma aceleração no ritmo evolutivo facilitando a nossa percepção do
transformismo.
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Ubaldi apresenta vários exemplos que
demonstram a universalidade deste esquema de princípio único em que a espiral é
a imagem exata da linha de transformismo de tudo que existe no Universo, desde
da matéria bruta até ao mundo moral e espiritual. No campo da matéria g
vemos o exemplo da materialização da espiral no caso das galáxias. É importante
compreendermos que esta espiral inicialmente se abre e depois de bilhões de anos
se fecha e redireciona a energia b concentrando-a e gerando novamente g.
Após outro longo período b é novamente reconstituída e não mais
retornará a g. Este desenvolvimento pode ser resumido no seguinte esquema (em
azul na figura abaixo):
g ® b ® (-b) ®
(-g
) ® g ® b
. O sinal negativo indica as fases de
concentração. |
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No campo da vida não se tem a imagem material
de uma espiral mas o seu desenvolvimento cinético. Assim o transformismo
fenomênico é observado pela variação cíclica de seu potencial energético entre
fases de concentração e expansão, isto é, a oscilação entre as fases de energia
cinética e de energia potencial. Esta variação é observada na técnica da semente
empregada pelas forças evolutivas. Tudo na vida inicia de uma semente e se
expande até um máximo e depois volta a concentrar-se novamente na semente,
constituindo um ciclo que sempre retorna ao ponto de partida. Mas aqui surge a
dúvida, pois o ciclo da semente ao fruto nos parece fechado e sem saída. Onde
podemos ver a abertura da espiral que produz o progresso? Ubaldi nos explica que
os avanços da evolução se dão no conjunto, assim, por exemplo, o inviolável
ciclo individual concorre para a evolução da espécie. O ciclo da vida celular
concorre para o desenvolvimento e evolução do organismo de que faz parte e a
seguir, o ciclo de vida dos organismos contribui para a evolução da humanidade.
Eis aqui um ponto de difícil compreensão para nós: Como explicar que ciclos
invariáveis que sempre voltam ao ponto de partida podem promover o avanço da
espécie? E como entender porque os ciclos invariáveis das espécies cooperam para
evolução do gênero que as englobam? Se do nada, nada se cria, de onde, então,
apareceu esta qualidade adicional que faz o conjunto ser maior que as partes? Se lembrarmos que a origem de tudo que
existe no nosso Universo é produto da queda de um Sistema orgânico
perfeito, cujas individualidades se pulverizaram num caótico Anti-Sistema,
ficará fácil a solução desta aparente contradição. Vemos então que a perfeição
do Sistema está na organização harmônica das individualidades no seio do
Sistema. O que foi destruído pela queda não foram as individualidades em si mas
sim a associação entre elas. A perfeição portanto está na organização. Assim
podemos entender a evolução como uma reconstrução deste Sistema original. Desta
forma o que nos parece surgir do nada é apenas fruto de uma reordenação dos
componentes singulares de um organismo. A interação colaboracionista entre os
elementos singulares de um sistema orgânico forma uma imensa rede de ações e
reações colaboracionistas que potencializam o conjunto, explicando assim porque
as qualidades do todo são maiores que a soma das qualidades das partes.
Compreende-se então que Evolução=Unificação. Nada, portanto, se cria de novo,
tudo já está predeterminado e contém todas as condições essenciais a sua
realização. Um ponto importante abordado por Ubaldi neste
capítulo, é o da evolução darwiniana das espécies. Segundo Ubaldi esta evolução
não é linear, pois acontecem retornos involutivos. Quando este fato for
verificado pela ciência, acontecerá uma revolução na compreensão que temos da
ciência biológica. Até a própria evolução dos universos é desenvolvida oscilando
entre um máximo do qual não pode ultrapassar retornando posteriormente à fase
germe. Isto significa que a atual fase de expansão do nosso Universo será
seguida por uma fase de contração que novamente se expandirá em um máximo, maior
que o anterior. Expansão e contração, diástole e sístole, expiração e inspiração
é o ritmo do todo. É possível até imaginarmos que não existiu apenas um Big
Bang e que eles acontecem periodicamente seguidos no fim de cada ciclo por
um Big Crunch. Qualquer ato humano é precedido por um
pensamento que é o princípio, a origem ou causa desta ação que por sua vez se
condensará em um novo pensamento, síntese do aprendizado realizado pela
experiência. Este pensamento-síntese será o novo ponto de partida para uma nova
ação mais perfeita que a anterior. Ubaldi resume este tema com a afirmação: o
pensamento produz a ação e a ação produz o pensamento.
Ubaldi mostra detalhadamente a seguir que o desenvolvimento das consciências
individuais segue a mesma linha dos movimentos fenomênicos representada pela
espiral dupla e inversa. Ele descreve este processo genético tomando a
consciência juvenil como ponto de partida e mostra o seu amadurecimento através
do transformismo paulatino de uma consciência dinâmica voltada para o exterior
para uma consciência reflexiva interiorizada. Atingido este ponto a consciência
volta sobre si mesma e se fecha a ação e só retomará o ciclo na próxima
encarnação num nível mais alto. O capítulo conclui
estendendo o exemplo anterior das consciências individuais para o das
consciências coletivas que obedecem ao mesmo esquema, mostrando que no ciclo das
civilizações ao se alcançar um máximo de esplendor possível, segue-se períodos
de decadências e mortes, renascimentos e recomeços. Assim, a crença de
que a História se repete tem um fundo de verdade. Mas, há uma diferença: o
retorno nunca se dá exatamente no mesmo ponto de partida e sim um pouco acima,
pois - como vimos - a trajetória do fenômeno segue o ritmo do desenvolvimento
fenomênico de uma espiral que se abre e se fecha seguindo períodos inversos de
expansão e contração.
Pedro
Orlando Ribeiro http://www.monismo.com.br
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