A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 20 de A Grande Síntese

A FILOSOFIA DA CIÊNCIA

    Apesar de seu espetacular progresso no estudo da matéria, a chamada ciência objetiva se fragmentou em inúmeras especialidades, perdendo-se no labirinto da análise, e obteve apenas soluções parciais em cada campo de sua pesquisa. Não conseguiu estabelecer elos entre os seus diversos ramos. O que temos hoje é uma ciência dividida em compartimentos estanques. Sobre isto Ubaldi se expressou em outro de seus livros:

     "A especialização, o perder-se, desorientando-se, no dédalo das análises, arruinando assim a virtude da síntese e da unidade, é um dos erros de todo o pensamento cientifico moderno. Procede-se hoje por análise, subdividindo e seccionando, cada vez mais aprofundando-se o particular. Assim, quanto mais subdividirmos um organismo unitário, tanto mais nos afastaremos da possibilidade de compreendê-lo. E por fim, não nos fica em mão senão um acúmulo de elementos desconexos, dos quais teremos que achar os significados reconstruindo-os na unidade, num conjunto que os explique e valorize, e cuja imagem desapareceu de nossa frente." (P. Ubaldi - Problemas Atuais).

     Esta falta de unidade no conhecimento humano tem suas raízes na nossa forma mental. Nossa mente é estruturada de forma que só pensamos de forma seqüencial no tempo e no espaço. Nunca conseguimos apreender as coisas globalmente e instantaneamente. Nossa ciência é uma ciência de relações e, portanto, a pesquisa científica avança passo a passo, acumulando uma montanha de fatos que a nossa mente tem dificuldade em ordenar de forma coerente pois só enxergamos a parte e não o todo.

    Andamos às apalpadelas como cegos de nascença. Nossas percepções sobre o mundo que nos cerca são limitadas e na maioria das vezes meramente ilusórias. Ubaldi no capítulo 29 afirma:

    O limite sensório é restrito e, diante da realidade das coisas, mantém-vos num estado que poderia chamar-se de contínua alucinação. Essa é a base de vossa pesquisa científica.

    Assim, devido as nossas deficiências andamos em círculos, repisando sempre o mesmo terreno, incapazes de elaborarmos uma síntese que nos aponte uma saída. O acúmulo de fatos e a nossa incapacidade em concluir chegou a um tal ponto de saturação que determinou o aparecimento da revelação Ubaldiana para reorientar a evolução humana. Isto acontece no momento certo, conforme haviamos dito no capítulo 5: "O terreno está pronto para a semeadura de novos conceitos de maior envergadura do que os existentes hoje e, por isso, exigem nutrientes mais poderosos que só podem ser proporcionados por uma nova revelação".

    Mas, A Grande Síntese não surgiu para nos eximir do penoso trabalho da pesquisa do conhecimento. Ela apenas nos indica uma direção para essa pesquisa e nos revela a existência de um telefinalismo para o transformismo universal. Ubaldi, diferentemente da ciência que não sabe para onde vai este transformismo, demonstra que existe um propósito e uma direção bem definida para estas transformações e que também existe um ponto final para este aparente eterno movimento, ou seja, a unificação de todos os fenômenos num Sistema orgânico. Haverá uma revolução conceitual que transformará e redirecionará a ciência quando esta se der conta dos conceitos filosóficos desenvolvidos pela A Grande Síntese, desta forma, o enorme acúmulo de informações e dados colecionados pela ciência até hoje, se integrarão num sistema de conhecimento unificado e coerente. Surgirá, então, uma verdadeira filosofia da ciência que orientará a pesquisa científica por um caminho bem delineado, diferente do agora trilhado que não sabemos para onde nos leva.

    Com alguns exemplos compatíveis com a evolução do conhecimento científico da época (1931) em que foi escrito este capítulo, Ubaldi nos demonstra que o ponto de partida de nossa pesquisa é sensório e, por isso, a nossa percepção direta dos fenômenos é ilusória e somente por vias indiretas conseguimos imaginar que a aparente solidez da matéria não passa de energia em altíssima velocidade vibratória, confinada numa trajetória em circuito fechado. Uma analogia que nos fornece uma idéia aproximada deste fenômeno é a de um velocíssimo jato de água, em alta pressão, que se torna uma impenetrável barreira para quem tenta atravessá-la. A ciência ainda não conseguiu ver que as transformações g ® b e b ® g fazem parte de um único fenômeno, isto é, não viu o caráter cíclico do nascimento e da morte da matéria cósmica. Este ciclo é o traço de união entre as duas transformações o que nos mostra a unidade entre matéria e energia.

    O conceito de unidade do criado (Monismo) revelados pela A Grande Síntese tem, portanto, como objetivo elevar a ciência a condição de um sistema filosófico, fornecendo-lhe um fundamento conceitual comum entre seus ramos aparentemente autônomos.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br