A Grande Síntese

Comentários
& Observações

Voltar ao Indice
cometob1.gif

Comentários e Observações sobre o Cap. 2 de A Grande Síntese

INTUIÇÃO

    Como afirmamos nos comentários ao capítulo 1, a intuição é uma forma instantânea de compreender um determinado fenômeno. É um relâmpago conceitual. De repente sem nenhum aviso surge na nossa mente a solução de um problema que nos atormentava há muito tempo ou repentinamente resplandece a compreensão global de um complexo fenômeno científico. Muitos matemáticos, físicos, químicos encontraram pela intuição, num átimo do tempo,a fórmula ou o conceito cientifico que há muito procuravam... a solução dos problemas percorre vias absolutamente independentes dos processos lógicos e racionais e como o relâmpago, que ilumina uma zona de pensamento, de improviso o apreende. Poincaré, no seu livro Invention Mathématique registra nestes termos o fato: "O que nos fere a atenção desde logo são as aparências de súbita iluminação, reveladoras de longo e prévio trabalho anterior". O autor observa, à custa de experiência própria, que nesses casos o pensamento se caracteriza pela rapidez, subtaneidade e certeza imediata. Quando menos se espera, apresenta-se à nossa mente a solução de problemas já de há muito propostos (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)

    Um divertido exemplo histórico, muito divulgado, foi o do sábio grego Arquimedes (287-212 AC) que estava tomando banho quando teve uma súbita inspiração sobre o empuxo hidráulico e por isso saiu correndo pelas ruas de Siracusa gritando Eureka! Eureka! (Achei! Achei!).

    A faculdade da intuição ainda é, no atual nível médio evolutivo da humanidade, um fenômeno muito raro, acontece esporadicamente e tem caráter imprevisível e nunca acontece quando provocado pela nossa vontade. Em algumas pessoas superevoluidas, como foi o caso de Ubaldi, o fenômeno se estabiliza e estes seres excepcionais alcançam o domínio pleno da intuição. Foi por isso que Ubaldi conseguiu escrever uma monumental obra filosófica em que cada conceito emitido em qualquer capitulo de qualquer um dos 24 volumes (10.000 páginas!!!) é perfeitamente coerente com todos os outros sem nenhuma contradição ou vacilação. Por sua vez, nenhuma obra humana escrita com auxílio apenas da capacidade racional escapa das próprias contradições.

     O homem, como sabemos, é uma criatura que é conduzida por duas forças opostas e complementares: o sentimento e a razão. Geralmente somos aconselhados a seguir mais aos ditames da razão do que das emoções. Creio que apesar de ser um conselho judicioso, trata-se, no entanto, de uma meia verdade. Quanta gente vemos existir que se conduz por um profundo e puro sentimento de fé e nos propicia um exemplo de sabedoria na arte de viver. Outras são extremamente racionais e no entanto são capazes de cometerem as maiores atrocidades. A real sabedoria é dualística.

    A intuição se desenvolve pelo amadurecimento equilibrado do indivíduo. O desenvolvimento unilateral de qualquer um dos dois componentes (Razão e Sentimento) pode levar a um perigoso desequilíbrio; o fanatismo no caso do sentimento e a arrogância quando predomina o outro componente. Temos exemplos históricos desses desequilíbrios na vida coletiva dos povos. A Alemanha, terra do pensamento racional por excelência (onde se destacam Kant, Leibniz, Hegel, Schopenhauer, Marx, Gauss, Einstein, Bethoven sem falar em pensadores de outras nacionalidades mas de língua alemã como Freud e Jung) paradoxalmente foi causadora de duas guerras mundiais e de inúmeros conflitos menores, devido as ideologias como as do Arianismo e do Nazismo. Alguns países do Oriente Médio representam hoje o predomínio exagerado dos Sentimentos, gerando o terrorismo político em função do fanatismo religioso fundamentalista.

    Assim a intuição plena será filha do casamento da Fé com a Ciência. Num mundo em evolução, em que tudo marcha para a unificação, é mais que evidente o futuro surgimento da intuição produzida pela união equilibrada entre o sentimento e a razão. Nossa época supercerebral já se começa a falar em inteligência emocional o que é um prenuncio da alvorada de um novo tempo em que a intuição deixará de ser uma exceção e passará a ser regra geral.

    Quando o autor diz: Só entre semelhantes é possível a comunicação; para compreender o mistério que existe nas coisas deveis saber descer no mistério que está em vós. significa que só alcançaremos o conhecimento pleno quando descobrirmos a existência do eu interior. Assim, poderemos imergir no divino consciente universal e, desta forma, não seremos mais observadores separados mas parte integrante dele. Poderíamos dizer que em vez de sermos portadores de conhecimentos seremos o próprio conhecimento. Esta é uma conseqüência lógica pois evoluir significa unificar. Daí vem a semelhança anunciada por Ubaldi.

     Outro ponto importante neste capítulo é a revelação da existência de dois "eus". Um exterior, o eu de superfície, e outro interior, o eu profundo. Esta é uma referência antecipada da Lei do Dualismo que governa todas as coisas no nosso Universo decaído; tema que Ubaldi desenvolverá ao longo da obra. A existência desta polaridade entre o eu exterior e o eu interior pode ser compreendida se atentarmos que há uma analogia com a polaridade existente entre corpo e espírito. O corpo é mortal e o espírito é imortal. O corpo é instrumento de evolução do espírito. A cada reencarnação o espírito toma um corpo diferente e em conseqüência terá um novo eu exterior adequado a sua nova vida e a seu novo ambiente. Fica clara então a afirmação de que a consciência exterior, filha da matéria, morre com ela. Sobreviverá, deste eu exterior, apenas uma destilação de valores, automatismos que constituirão os instintos do futuro. Talvez esteja aqui, a razão porque não lembramos das nossas vidas passadas, pois o que se transmite para o eu interior é a técnica da criação e não a memória do fato concreto que a desenvolveu.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br