A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 18 de A Grande Síntese

O ÉTER, A RADIOATIVIDADE E A DESAGREGAÇÃO DA MATÉRIA
( g ®b)

     Em virtude da estrutura monista do nosso Universo a série dos elementos químicos apresentadas no capítulo 16 devem obrigatoriamente se estenderem além do Urânio e aquém do Hidrogênio. É evidente que a medida que os elementos destas séries se afastam do Hidrogênio e do Urânio tornam-se a cada passo mais "energéticos" pois se aproximam da fase Energia b, pois representam a transição entre as fases b ® g ® b, já que este transformismo é regido pela Lei da Continuidade (natura non facit saltus).

     Observação: Ao comentarmos este capítulo empregamos os conceitos de Número Atômico (Z) e Número de Massa (A) em vez de Peso Atômico usado por Ubaldi em 1932. Fizemos isto para estarmos coerentes com as convenções da Química moderna. Os fundamentos conceituais continuam os mesmos só que expressos em linguagem atualizada. É importante recordar que o Número Atômico de um elemento é definido pelo números de prótons que o átomo deste elemento possui no seu núcleo. Número de Massa é um número inteiro igual a soma de prótons e nêutrons existentes no núcleo do átomo.

    A radioatividade é um fenômeno característico dos elementos de alto peso atômico. Define-se radioatividade como a propriedade que tem muitos átomos de emitir radiações eletromagnéticas e partículas do seu núcleo instável afim de alcançar a estabilidade. Quando ocorre a emissão de partículas nucleares, o átomo de um determinado elemento químico se transforma em outro elemento diferente. Os núcleos dos átomos são constituídos principalmente pelos prótons e nêutrons. A razão entre nêutrons e prótons (n:p) mede a estabilidade do núcleo do átomo. Desta forma o Hidrogênio, por possuir apenas 1 próton e nenhum nêutron, é o único que tem estabilidade nuclear. Os elementos que possuem a razão n:p=1 são bastantes estáveis. Os átomos são razoavelmente estáveis no intervalo que vai do elemento químico de número atômico Z=20 até Z=83(Bismuto). A partir dos elementos com Z superior a 83 o núcleo destes elementos tornam-se bastante instáveis. Além dos elementos radioativos situados no intervalo Z=84 até Z=92, existem os isótopos naturais radioativos, centenas de isótopos radioativos artificiais e também os elementos químicos artificiais, cujos números atômicos são maiores que 92.

    O Urânio (Z=92) é o último elemento natural da tabela periódica. Ele tem o peso atômico de 238,2 e é altamente radioativo. O Urânio encabeça uma das 3 famílias radioativas naturais. O Urânio ao se desintegrar dá origem a um segundo elemento que também irá se desintegrar produzindo um terceiro elemento e assim sucessivamente até alcançar um elemento estável que no caso da família do Urânio é o Chumbo (Pb82206).

    Estas transformações são denominadas de decaimento radioativo e acontecem pela emissão, a partir de um núcleo instável, de partículas e de radiações eletromagnéticas. O núcleo pode emitir dois tipos de partículas: as partículas alfa (a) e as partículas beta (b). As radiações eletromagnéticas que são chamadas de radiações gama (g) nunca são emitidas sozinhas mas sempre acompanhado a emissão de uma partícula a ou b.

    ATENÇÃO: Não confundir partículas alfa, beta e radiações gama com as denominações usadas n'A Grande Síntese para designar as três fases da substância a (Espírito), b (Energia), e g (Matéria). Trata-se apenas de uma coincidência de nomes que encerram conceitos diferentes.

    As partículas alfa (a) são partículas pesadas com carga elétrica positiva, constituídas por 2 prótons e 2 nêutrons e simbolizada por (a24).
As partículas beta (b) são partículas leves com carga elétrica negativa. massa desprezível, constituída por 1 elétron e simbolizada por (b-10).
Os raios gama são radiações eletromagnéticas, não possuem massa e nem carga elétrica, seu símbolo é (g00).

    Assim quando um átomo emite uma partícula alfa ou uma partícula beta ele se transforma num átomo de outro elemento químico. A radiação gama nunca é emitida sozinha mas sempre acompanhada de uma partícula alfa ou beta. Existem duas leis que controlam o decaimento radioativo:
1ª lei da radioatividade: Quando um átomo emite uma partícula alfa seu número atômico Z diminui de 2 unidades e seu número de massa A, de 4 unidades.
2ª lei da radioatividade: Quando um átomo emite uma partícula beta seu número atômico Z aumenta de 1 unidade e seu número de massa A, permanece constante.

    Abaixo, apresentamos um exemplo da 1ª lei no decaimento radioativo de um átomo de Urânio:

U92 238® a24 + Th90 234

    A seguir um exemplo de transformação de um elemento por emissão de uma partícula b:

Cs55137® b-10 + Ba56137

     Os exemplos acima referendam a seguinte afirmação de Ubaldi: Uma transformação a pode ser compensada por duas transformações b. Mas aqui é necessário fazer um alerta para um erro de tradução d'A Grande Síntese do Italiano para o Português. Até a 19ª edição consta erradamente que uma transformação a é compensada por apenas UMA transformação b. No original em Italiano consta duas: Una trasformazione a può essere compensata da due trasformazioni b in senso contrario. Temos notícias que este erro foi corrigido em edições posteriores.

     Por mais que pesquisássemos, não encontramos em nenhum manual de química referências sobre o valor de 2,085.10-6/seg da constante de transformação. Encontramos, entretanto, referências a Constante Radioativa que assume diferentes valores a cada elemento químico em separado, mas não um único valor para todos os elementos.

    O conceito de vida média indica o tempo que os átomos de um elemento radioativo leva em média para se desintegrarem. A vida média é igual ao inverso da constante radioativa a que nos referimos no parágrafo anterior. Assim cada elemento em particular tem o seu próprio tempo de vida média que pode variar de frações de segundos a milhões de anos. A radioatividade, apesar de ser mais evidente nos últimos elementos da Tabela Periódica, é uma propriedade comum a todos os elementos químicos, assim toda a matéria se desintegra em maior ou menor velocidade.

     A continuidade da série dos elementos químicos após o Urânio, anunciada por Ubaldi, já se tornou realidade com a criação, pelo homem, dos elementos de número atômico Z=93 até Z=110. Como ele havia previsto, estes elementos têm peso atômico e radioatividade cada vez mais acentuada.

     O Netúnio (Z=93) é um elemento que não existe naturalmente já que foi criado artificialmente pelo homem. São os seguintes isótopos do Netúnio criados até o momento:

Netúnio (Np)
IsótoposMassa Atômica
234Np234,04289
235Np235,04406
236Np236,04657
237Np237,481678
238Np238,05094
239Np239,05293

     Sobre o peso atômico do Netúnio (elemento transurânico) Ubaldi previu um valor variando entre 240 e 242, no entanto este elemento descoberto em 1940 apresenta um PA de 237,05, valor menor que o do Urânio. Como explicar esta discrepância? Primeiramente é bom lembrar que a massa atômica de um elemento químico é calculada pela média ponderada dos números de massas dos isótopos existentes destes elementos na natureza, multiplicada pela abundância (% em massa) de cada isótopo. Exemplo: O Magnésio possui três isótopos cujos respectivos números de massa são: 24, 25 e 26 e o percentual de abundância na natureza são respectivamente: 79%, 10% e 11%. Efetuando o cálculo da expressão: (24X79 + 25X10 + 26X11)/100 = 24,32 que é a massa atômica do Mg. Isto posto, podemos por analogia supor que o Netúnio possa ter, embora ainda não descobertos, mais isótopos que os da tabela ao lado.

    Além do mais é preciso ter em consideração a seguinte afirmação de Ubaldi:...." (. . . ..) Tal a forma hoje assumida pelo pensamento humano, em seu desenvolvimento, forma, aliás, relativa, que exige se abstenha de tomar como definitivos e como base de orientação filosófica os últimos resultados que, pouco a pouco, são e foram sempre superados. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)".

    Baseando-se na Lei da Analogia, o ritmo musical estabelecido pelas isovalências no desenvolvimento da Tabela Periódica do capítulo 16, é estendido para as fases b e a, assim as oitavas se prolongam além do Urânio e aquém do Hidrogênio. A ciência já começou a visualizar as séries que sucedem ao Urânio ao produzir artificialmente os elementos pós-urânicos.

     Mas ficamos perplexos, ao depararmos com a afirmação de que as séries se prolongam para antes do Hidrogênio com um salto no peso atômico de 2 ou 4 unidades. Se considerarmos que o Hidrogênio tem peso atômico igual a 1,0008 ou, o que dá no mesmo, número de massa A igual a 1, teríamos que admitir a existência de massa negativa. Outro ponto a considerar é que os elementos que antecedem o Hidrogênio que possui apenas um elétron, não têm orbitais eletrônicos. Desta forma estes elementos seriam constituídos apenas por núcleos.

     Para superar esta dificuldade teremos que dar um salto a frente e recorrer ao capítulo 46 de A Grande Síntese onde encontra-se a seguinte passagem:

Segunda afirmação mais complexa: disse-vos que o núcleo, centro de rotação eletrônica, não é o último termo. Acrescento agora: o núcleo é um sistema planetário da mesma natureza e forma que o sistema atômico, dentro do qual se encontra, composto e decomponível até o infinito, em semelhantes sistemas menores interiores. Acrescento mais: o núcleo é a semente ou germe da matéria. Das 92 espécies de átomos, o hidrogênio é o mais simples, por ser composto de um núcleo e de um só elétron, que lhe gira em torno. Ele é quimicamente indecomponível. Tirai aquele único elétron ao núcleo e tereis o éter, a substância-mãe do hidrogênio. Então o éter é composto apenas de núcleos sem elétrons; a passagem do éter ao H e, sucessivamente, a todos os corpos da série estequiogenética ocorre pela abertura progressiva do sistema espiralóide. No princípio, na passagem do éter ao H, temos a abertura do sistema do núcleo, com saída de um só elétron, depois, de dois, três, até 92. Tal como o sol no sistema solar, o núcleo é o pai prolífico de todos os seus satélites, nos quais se dá e se multiplica, por um princípio geral que encontrareis na reprodução por cisão. Por esse princípio, cada organismo, seja núcleo ou átomo, quando cresce demais, enriquecendo-se em seu desenvolvimento por evolução, cinde-se em dois. Assim, também a matéria produz filhos. (Capítulo 46 de A Grande Síntese)

     Da citação acima podemos tirar algumas conclusões:

  1. O núcleo do átomo é mais complexo do que supõe a ciência atual. Não é simplesmente um conjunto de prótons e nêutrons, mas um "mini-átomo" dentro do átomo.
  2. O éter, na sua acepção mais simples, nada mais é que o núcleo do Hidrogênio
  3. É pela emissão de elétrons a partir destes sistemas planetários menores que são formados os elementos químicos da Tabela Periódica.
  4. Embora o texto não aprofunde a explicação sobre a constituição do éter, podemos conjecturar que ele seja o ponto de partida de uma série evolutiva de elementos que precederam ao Hidrogênio e que, segundo Ubaldi, ja desapareceram do nosso planeta.
  5. Para escapar da suposição da existência de massa negativa para estes elementos pré-hidrogênio é necessário considerar que o salto de 2 ou 4 unidades do peso atômico seja referido a outra unidade de massa adequada a esta série de "mini-átomos", isto é, tomando como unidade de medida o peso do éter ou estabelecer outra escala de Número de Massa a partir dele. A ciência não poderia estabelecer uma unidade de medida a partir de elementos que ainda desconhece. Desta forma, os valores negativos de massa são apenas números relativos de uma escala cujo ponto de partida foi instituído em função daquilo que era conhecido pela ciência. Admitida a existência dos elementos pré-hidrogenio poderemos recuar o ponto de partida e com isso desaparecerão os valores negativos de massa.

     Mas tudo isto são meras conjecturas. Somente a evolução da ciência poderá confirmar na prática, através de processos racionais, estes conceitos que Ubaldi alcançou pelas vias intuitivas. Assim muitos conceitos científicos que hoje nos parecem firmemente estabelecidos poderão ser considerados no futuro simples aproximações de uma verdade mais profunda: Doutra parte, não haveis certamente de presumir que o presente de vossa ciência contenha todo o saber possível. A experiência do passado vos ensina que tudo pode mudar, dos pés à cabeça, com resultados imprevisíveis, a cada momento.(Capítulo 43 de A Grande Síntese)

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br