A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 15 de A Grande Síntese

A EVOLUÇÃO DA MATÉRIA POR INDIVIDUALIDADES QUÍMICAS - O HIDROGÊNIO E AS NEBULOSAS

     Neste capítulo Ubaldi inicia a descrição da evolução da matéria no nosso Universo. Descreve as diversas formas que g assume, caracterizando a individualidade de cada elemento químico, distinguindo-o por suas qualidades. Mas ao mesmo tempo mostra as relações e parentescos entre os 92 elementos da Tabela Periódica. Quando escreveu este texto a ciência ainda não conhecia todos os 92 elementos, mas, mesmo assim, Ubaldi mostra os seus lugares na Tabela e indica seus números atômicos. Hoje, todos estes elementos são conhecidos e suas características se harmonizam com as relações e princípios revelados por Ubaldi.

    Dissemos anteriormente que, devido ao avanço científico, o homem conseguiu criar mais 18 elementos artificiais, totalizando hoje 110 elementos químicos conhecidos. No capítulo 18 Ubaldi previu a continuidade da série de elementos químicos além do U e aquém do H.

     O Hidrogênio H, cujo peso atômico é 1,008, é o ponto de partida da série dos elementos químicos.

     Mas, aqui é preciso esclarecer um ponto que para muitos significa um equívoco nos conceitos estabelecidos neste capítulo. Estamos referindo ao emprego, por Ubaldi, da noção de Peso atômico em vez de Massa atômica. Pergunta-se: será que Ubaldi confundiu duas coisas diferentes já que massa se refere a quantidade de matéria e peso é a força de atração que a Terra exerce no corpo? O peso de um corpo na Lua seria 6 vezes menor que na Terra, mas a massa seria a mesma. Alguém poderia afirmar que A Grande Síntese foi escrita no início da década de 30 e nesta época muitos compêndios de Química ainda confundiam massa com peso daí o erro de interpretação de Ubaldi. Ledo engano! Ubaldi nunca poderia estar errado, pois A Grande Síntese é um livro inspirado pelo Alto e por isso mesmo isento de erros. Ao contrário, Ubaldi estava muito além do seu tempo como está demonstrado abaixo: Modernamente massa atômica é por definição o número que indica quantas vezes a massa do átomo é maior que a unidade de massa atômica (u). Assim para encontrarmos a massa atômica temos de dividir a massa do átomo por u, então a massa atômica é um número puro (adimensional) de valor idêntico ao peso atômico.

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    A definição de valência está de acordo com a Química da época em que foi escrita A Grande Síntese. Neste tempo ainda não se conhecia a distribuição das camadas eletrônicas do átomo, por isso se definia a valência em função do Hidrogênio H. Hoje se define da seguinte forma: A valência de um elemento químico é o número de ligações iônicas ou covalentes, que um átomo desse elemento é capaz de estabelecer. Mas se comparáramos a definição de A Grande Síntese com a definição moderna veremos que conceitualmente ambas estão corretas. A diferença está na maior precisão da definição moderna na explicação porque dois ou mais elementos apresentam valências diferentes quando formam dois ou mais compostos químicos. É o caso, por exemplo, da valência do Ferro (Fe) nos compostos OFe e O3 Fe2.

    Se se considerarmos que A Grande Síntese é um livro inspirado alguém poderia questionar a definição menos precisa de Ubaldi sobre a valência dos elementos químicos. A explicação é simples: Ubaldi não poderia expor conceitos que ainda não eram conhecidos. Caso empregasse definições que escapassem ao conhecimento da ciência da época, sua obra não seria compreendida pelos seus contemporâneos. Como tudo muda, os próprios conceitos que ora adotamos, evoluirão no futuro para formas cada vez mais precisas, assim de nada adiantaria avançar muito, pois o conhecimento sempre será relativo. Outro ponto a considerar é que a revelação que nos vem através de A Grande Síntese tem o objetivo de reorientar a marcha evolutiva e não a de nos eximir do esforço da conquista do conhecimento.

    Ubaldi emprega a definição de peso atômico adotada na época, ou seja, sendo o átomo uma entidade muito pequena, o seu peso atômico não pode ser medido diretamente, estabelece-se então uma relação entre o peso de cada elemento químico e o peso do átomo de hidrogênio tomado como padrão, atribuindo, por convenção, o valor igual a 1 para este peso. Com o descobrimento dos isótopos foi necessário a mudança do padrão. Desta forma foi definido o novo padrão, conhecido como unidade padrão de massa (u). Essa mudança de padrão foi necessária porque foi descoberto que o Hidrogênio é constituído por três isótopos de massas diferentes, fato que ocasionava uma pequena imprecisão nos cálculos.

    Muita gente estranha a afirmação de Ubaldi sobre o inflexível negativismo do Hidrogênio alegando que o hidrogênio é um íon positivo e não negativo. Não seria, ao contrário, o inflexível positivismo do Hidrogênio? Esta objeção é outro engano ocasionado pelo desconhecimento do que seja realmente negativismo químico, ou melhor, Eletronegatividade.

    O livro Química Integral de Martha Reis define eletronegatividade como a capacidade que um átomo possui de atrair elétrons para perto de si, em comparação a outro átomo. Existe uma escala de Eletronegatividade, denominada escala de Linus Pauling em que a negatividade do Hidrogênio é representada por um número maior que 2 numa escala que vai de zero a 4.

    Mais adiante no mesmo livro de Química encontramos uma explanação sobre as propriedades químicas do Hidrogênio: "O Hidrogênio é um elemento atípico totalmente diferente dos outros. É o menor e o mais leve dos átomos. Possui uma única camada eletrônica (camada K) contento apenas um elétron. Por causa disso, o Hidrogênio é normalmente colocado na tabela periódica junto à família dos metais alcalinos (elementos que possuem um elétron na camada de valência). O Hidrogênio, entretanto, não possui nenhuma das propriedades que caracterizam esses metais; pelo contrário, sua tendência é atrair mais um elétron para completar a sua primeira e única camada (uma vez que a camada K fica completa com 2 elétrons). (.....) O ideal é matê-lo à parte, destacado da tabela periódica" (Como fez Ubaldi!!!).

    Desta forma o Hidrogênio pode estabelecer ligações iônicas com metais eletropositivos, pois os metais perdem elétrons para adquirir estabilidade e podem formar compostos iônicos com o Hidrogênio (exemplo: MgH2). Por outro lado o Hidrogênio possui também eletropositividade ou caráter metálico que lhe permite a formação de cátions (íons positivos) que em soluções eletrolíticas migram para o pólo negativo (cátodo). Explica-se assim, o seu caráter atípico, como foi dito acima e também sua "inflexível negatividade" na expressão de Ubaldi.

    Para apoiar sua afirmação de que foi a partir do Hidrogênio que se originou, por evolução, os outros elementos químicos, Ubaldi descreve o desenvolvimento das Nebulosas, onde se pode verificar pela análise espectral a composição química das várias etapas evolutivas atravessada pela matéria constituinte da nebulosa. Verifica-se, então, que os corpos estelares mais jovens são compostos apenas pelo Hidrogênio, posteriormente pelo envelhecimento e esfriamento paulatino destes corpos vão surgindo na sua constituição elementos químicos mais pesados. Demonstra também que a matéria é um inversão da energia ao constatar que os corpos irradiantes de energia luminosa a medida que se esfriam tornam-se mais densos, deixam de emitir energia e são formados por elementos químicos mais pesados. Na evolução das nebulosas pode-se, então, ser observado, além do transformismo involutivo b®g a evolução dos elementos químicos (g) a partir do Hidrogênio (H) até os elementos mais pesados como o Urânio (U), ponto em que se inicia o retorno de g a b pela desintegração da matéria pela radioatividade.

    Outro ponto importante do transformismo evolutivo do Universo, a continuidade, é ressaltado aqui. Esta continuidade não acontece de maneira seqüencialmente homogênea e sim em forma de individuações bem definidas: "essa continuidade tem paredes e vértices". É lógico que tudo tem que ser individuado num Universo de estrutura hierarquizada. Se assim não fosse o universo seria semelhante a uma infinita planície deserta, onde não existe nada, uma planície tão igual que é impossível estabelecer qualquer ponto de referência ou de distância, nesse espaço incomensurável.

    Em virtude desta característica individualizante que perpassa todo o Universo, a matéria também não poderia fugir a esta regra, assim ela assume - tanto nos elementos simples como nos compostos - formas rigorosamente individualizadas. Desta modo é perfeitamente coerente falar-se em indivíduos químicos como se fala sobre as individualidades vegetais e animais. Sobre estes fundamentos desenvolveu-se, então, a ciência química estabelecendo a classificação destas individuações químicas e as leis que regem suas interações. As leis citadas, como a lei da espécie química mostram com clareza a exata regularidade no comportamento dos elementos químicos, simples e compostos.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br