A Grande Síntese

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Comentários e Observações sobre o Cap. 12 de A Grande Síntese

CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA - UNIDADES MÚLTIPLAS

    O estudo de A Grande Síntese pode ser considerado como a descrição das três fases que compõem o nosso Universo: g, b e a. Aqui, Ubaldi inicia o estudo da fase g, a matéria. A matéria representa apenas uma das fases do processo evolutivo da substância. A matéria, que os nossos sentidos nos revelam, é o substrato físico do nosso mundo que nos fornece a impressão de solidez e impenetrabilidade por causa da extrema velocidade que a anima. Veremos, no entanto, que a matéria é um dinamismo incessante e que sua solidez é toda aparente, produzida pelos nossos sentidos: Eis qual a substância que representa, conforme a ciência moderna, o elemento fundamental da realidade. O extremo corpúsculo material, qual o elétron, se dissolve em ondas, a substância fundamental, material de construção do edifício das coisas, é um puro campo eletromagnético (...)A solidez do mundo físico é, pois, toda sensória, e se reduz a algo que está bem distante da realidade física, isto é, a uma probabilidade matemática. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro).

    O avanço da ciência nos revelou que os átomos, que formam a matéria, estão organizadas de acordo com o aspecto dualístico da unidade de princípios que vimos no capítulo anterior: "cada individualidade fenomênica é construída na forma um sistema cêntrico-giratório, isto é, um centro imóvel e uma periferia móvel". Desta forma o átomo é formado por um núcleo central circundado por uma ou várias camadas eletrônicas. O movimento relativo entre estes dois termos gera uma polaridade elétrica entre o núcleo (carga positiva) e os elétrons periféricos (carga negativa). Cada elemento químico é caracterizado pelo número de suas partículas que formam seu átomo, conferindo-lhe, assim, sua individuação que o distingue dos outros.

    Podemos vislumbrar a constituição tríplice do átomo: Ele é g enquanto é partículas, b enquanto é movimento e polaridade elétrica e, finalmente, a pelo fato de ser governado por inflexíveis leis físicas. Esta concepção demonstra que mesmo no desenvolvimento de uma fase (no caso g), ela coexiste simultaneamente com as outras (a, b) o que demonstra que elas encontram a unidade no Monismo. A matéria - por conter em si os três aspectos da substância - não é, então, uma imóvel entidade monolítica; ela é um processo em evolução movida pelo poder da causa determinante, a, como veremos em capítulos posteriores.

    A Química nos revelou que os átomos existentes na natureza podem ser classificados em uma tabela periódica, partindo do elemento mais leve (Hidrogênio) até ao mais pesado (Urânio). Hoje, além dos 92 elementos químicos naturais, existem mais 18 elementos artificiais (transurânicos) criados pelo homem. Os elementos naturais são raramente encontrados isolados na natureza. Na maioria das vezes, encontramo-os nas unidades moleculares, organismos ainda mais complexos, produzidos pela fusão de vários sistemas atômicos, isto é, sob a forma de substâncias químicas compostas, encontradas nos estratos geológicos na forma de cristais e rochas sedimentares.

    Como este capítulo foi escrito em 1932, as definições de várias propriedades do átomo estavam de acordo com a ciência da época. De lá para cá muitas propriedades foram redefinidas em função de novos parâmetros. Mas, na sua essência, estas propriedades continuaram as mesmas. O autor, para se adequar a mentalidade da época, não podia avançar nas suas definições pois não seria compreendido. Por isso, ele afirmou: "o que individua o átomo e o distingue é justamente o número desses elétrons que giram em torno do núcleo". Hoje, se define um átomo pelo número de prótons que ele tem em seu núcleo e não pelo número de elétrons de seus orbitais. O próton ainda não era bem conhecido na época e, por isso, ele empregou o número de elétrons como padrão do número atômico, já que num átomo de carga elétrica neutra o número de elétrons é igual ao número de prótons. Além do mais, nesta época ainda não existia a noção de íon.

    Sabemos hoje que o átomo é na realidade um complexo sistema contendo dezenas de partículas e sub-partículas. Ubaldi antecipou-se a isto ao afirmar o átomo é uma unidade decomponível em unidades menores. Baseando-se nesta propriedade e no fato de que as unidades atômicas se organizam sob a forma de coletividades moleculares, isto é, em unidades coletivas chega-se a idéia da existência da lei das unidades múltiplas ou coletivas que governa a agregação de unidades menores em unidades maiores, através de uma organização do simples para o complexo, do crescimento orgânico das partes justapostas. A união não é apenas espacial e temporal é sobretudo orgânica. Essa agregação se dá em todos níveis de atividades, não apenas na organização atômica, mas também nos mais diferentes campos de atividades como, por exemplo, no surgimento de estados supranacionais, na globalização da economia, na união de interesses em torno de problemas que interessam a todos, na universalização da informação em face ao avanço das telecomunicações, etc.

    A existência desta Lei das Unidades Coletivas é conseqüência da universal Lei do Equilíbrio, já referida em capítulos anteriores, pois ela reequilibra a tendência universal à diferenciação (Lei da Diferenciação) que a evolução produz. A tendência multiplicação dos elementos simples, no caso dos átomos, que partindo do Hidrogênio vão além do Urânio, é reequlibrada pela combinação química destes elementos simples na forma de substâncias compostas. Estas, por sua vez, combinam entre si formando substâncias cada vez mais complexas e assim sucessivamente.

     O estudo sobre a Lei das Unidades Coletivas será desenvolvido e aprofundado no capítulo 27.

    Pedro Orlando Ribeiro
    http://www.monismo.com.br