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Universo Antimatéria

Mensagem Original

    Prezado Pedro Orlando, lendo uma resposta sua sobre Antimatéria, deu vontade de perguntar :

    Se há um universo oposto ao universo material, formado por antimatéria, então tudo existe em duplicata? Como numa foto, onde vemos a fotografia e o negativo? A outra parte ( ou a cópia) de tudo o que existe no anti sistema, ficou lá no sistema?

Resposta

    Prezado amigo:

    Somente agora é que a ciência começa a pesquisar sobre a antimatéria. Assim, para não arriscarmos a produzir um mero trabalho de imaginação sem bases sólidas, vamos procurar nos textos de Ubaldi âncoras conceituais que mantenham os nossos pés assentados sobre o terreno firme da realidade.

    Inicialmente devemos tomar como ponto de partida a afirmação de Ubaldi de que tudo no Universo é construido sob um esquema de tipo único em que o modêlo fundamental do Todo se repete em todas as coisas, sejam elas grandes ou pequenas (o microcosmo repete o macrocosmo). Ubaldi assim se expressou sobre este conceito:

    A natureza obedece a esquemas únicos e simples, repetidos em todos os estágios evolutivos, em todas as dimensões e presentes em todas as complexidades, de maneira que, para dirigir e animar tudo, basta um único princípio, método e dinamismo. As infinitas manifestações fenomênicas obedecem a um só motor e a um só tipo diretivos. E isso de um extremo a outro, dos mais complexos agregados às unidades mais elementares, (por exemplo: do sistema solar ao átomo). Assim, todo fenômeno não passa, em substância, de uma espécie do mesmo modelo; todas as formas se calcam no esquema originário de que derivam os demais. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio). Deste modo ele conclui mais adiante: No homem se repete, em ponto pequeno, o plano construtivo do universo

    Assim, podemos tomar as características da figura humana como ponto de partida para tentarmos entender o que seria o Universo espiritual (Universo antimatéria).

    A principal característica do homem, que logo nos chama à atenção, é a dualidade corpo e alma. O corpo é a parte concreta (matéria) do ser humano e a alma representa a parte abstrata (psiquismo). É através do psiquismo que nos individualizamos e, por isso, reconhecemos e sentimos sermos distintos uns dos outros, isto é, a de termos consciência de existirmos como "eus" separados.

    Outro ponto importante revelado por Ubaldi no capítulo 2 de A Grande Síntese é a existência de dois "eus". Um exterior, o Eu de superfície, e outro interior, o Eu profundo:

    "Não ignorais isto totalmente; olhais admirados tantas coisas que afloram de vossa consciência mais profunda, sem poderdes descobrir as origens: instintos, tendências, atrações, repulsas, intuições. Daí nascem irresistíveis todas as maiores afirmações de vossa personalidade. Aí está o vosso verdadeiro e eterno Eu. Não o Eu exterior, aquele que sentes mais quando estais no corpo, aquele Eu que é filho da matéria e que morre com ela. Esse Eu exterior, essa consciência clara, expande-se no contínuo evolver da vida, aprofunda-se para aquela consciência latente que tende a vir à tona e a revelar-se. Os dois pólos do ser - consciência exterior clara e consciência interior latente - tendem a fundir-se. A consciência clara experimenta, assimila, imerge na latente os produtos assimilados através do movimento da vida - destilação de valores, automatismos, que constituirão os instintos do futuro. Assim expande-se a personalidade com essas incessantes trocas e se realiza o grande objetivo da vida. Quando a consciência latente tiver se tornado clara e o Eu tiver pleno conhecimento de si mesmo, o homem terá vencido a morte." (P. Ubaldi - Cap. 2 - A Grande Síntese)

    Este Eu interior e latente é o Espirito. Ubaldi ao afirmar que a morte será vencida quando este eu interior se revelar totalmente está indicando que o eu interior está além da matéria pois sobrevive a ela. Isto significa que o espiríto não reside na matéria como muitos pensam. E nem poderia ser assim porque o espírito não vive na dimensão espaço, mesmo que venha a manifestar-se nele. (. . .)A natureza do espírito não é matéria espacial, mas um imponderável, definível, por conseguinte, por outras mensurações. (P. Ubaldi - Deus e Universo)

    Neste universo espiritual a nossa psique racional não sobrevive e é substituída por uma psique espiritual. Ubaldi afirma: Vosso materialismo não errou, quando viu nessa consciência uma alma, filha da vida física e destinada a morrer com ela. Mas é apenas uma psique de superfície, resultado do ambiente e da experiência, servindo a satisfação de vossas necessidades imediatas; e sua tarefa termina quando vos tenha guiado na luta pela vida. Esse instrumento, como já vos disse, não pode ultrapassar essa tarefa; e, lançado no grande mar do conhecimento, se perde: trata-se da razão, do bom-senso, da inteligência do homem normal, que não vai além das necessidades da vida terrena. (P. Ubaldi - A Grande Síntese)

    Deste modo poderiamos perguntar: Como então o espírito manifesta na matéria se está além da dimensão espacial?

    Ubaldi descreve nos capítulos 26, 27 e 28 do livro A Nova Civilização do Terceiro Milênio a técnica empregada pela vida para que aconteça a interação entre o mundo da matéria e do espiríto.

    Nosso corpo, isto é, a parte que vemos, é apenas a metade do organismo humano. Como decorrência da aplicação da lei de dualidade e dos princípios acima expostos e dela derivada, a outra metade deve possuir características inversas e complementares. (....)Quem a apreende e a faz sua é, no espírito, a consciência. Quando, porém, se chega ao cérebro, o organismo físico termina; de que modo se pode, partindo daí, prosseguir a caminhada até ao espírito? Como e através de que vias pode estabelecer-se comunicação? Chegadas ao diafragma (o cérebro) que está suspenso entre os dois mundos, dá-se nas vibrações a transformação própria da passagem de um mundo material para um mundo imaterial. Depois que o cérebro é ultrapassado, a telegrafia-com-fio se transforma em telegrafia-sem-fio; a vibração, como acontece na transmissão radiofônica, liberta-se do suporte de seu condutor e, apoiando-se apenas no éter, torna-se livre, radiante. De modo que o cérebro se relaciona com duas formas de vida, a material e a espiritual; a primeira o atinge através de vibrações canalizadas pela rede do sistema nervoso; com a segunda ele se comunica por meio de radiações em liberdade no espaço. (P. Ubaldi - Cap 26 - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)

     Pelo que vimos acima podemos estabelecer as seguintes conclusões:
1a) Corpo e Espírito pertecem a Universos diferentes (o espírito não reside no cérebro)
2a) O Espírito pertence a um mundo imaterial: o Universo espiritual.
3a) Os Universos material e espiritual se interagem e são opostos e complementares.

     Sabemos que o Universo material é trifásico. Suas fases são matéria, energia e psiquismo ( o Eu exterior). Como tudo é tríplice na Criação, o Universo Espiritual que contrapõe ao Universo material deve ser também trifásico. Suas fases devem ter qualidades opostas e complementares às fases do Universo material. Assim a matéria se contrapõe a antimatéria, a energia da matéria deve ser contrabalançada por uma energia espiritual de qualidade oposta e finalmente o psiquismo inerente à matéria se opõe ao Espírito. Nestes casos quando se fala de oposição entre fases é preciso compreender que elas são reciprocamente excludentes embora o ser oscile de uma para outra. Explico: matéria e antimatéria não podem existir ao mesmo tempo. Se isto acontecer elas se auto-destróem pois terem qualidades inversas. Assim acontece da mesma forma com as outras fases. A evolução do ser dá-se pela sua oscilação entre as fases conflitantes. É por essa razão que vivemos alternadamente nos dois Universos, oscilamos entre a vida e a morte.

    Ubaldi valida nossas conclusões: Um desencarnado é um adormecido a respeito dos vivos, o qual acordará em nosso mundo da matéria pelo seu nascimento físico. Um encarnado é um adormecido a respeito dos mortos, o qual acordará no mundo espiritual pela sua morte. Com esta inversão de posições é possível para o ser um trabalho contínuo, alternativamente num dos dois lados, ao mesmo tempo que ele descansa do outro. . (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética)

    Para reforçar o que foi dito acima sobre os mundos da antimatéria e do espírito é bom recordarmos as concepções orientais sobre Duplo Etéreo, Corpo Emocional, Corpo Mental etc., sem esquecer das idéias espíritas sobre o Perispírito.

    Então, como explicar a mediunidade, a interação entre os dois Universos se eles são mutuamente excludentes? Mas, tudo ficará claro se atentarmos para o fato de que os médiuns e os inspirados entram em transe ou simplesmente esvaziam as suas mentes para que seja possível a interação. Ubaldi descreve detalhadamente no livro As Noúres a técnica para recebimento das correntes de pensamento pertencentes ao universo espiritual.

    Creio que agora temos elementos suficientes para responder a sua indagação se há um universo oposto ao universo material, formado por antimatéria, então tudo existe em duplicata? Como numa foto, onde vemos a fotografia e o negativo? A resposta é afirmativa mas com o reparo de que para nós, a humanidade, enquanto um Universo está ativo o outro estará latente e só despertará pela morte ou pela reencarnação ou ainda por ação da mediunidade como dissemos acima. Outro ponto a considerar é que o Universo espiritual está também em evolução como o Universo material. Ele transformará em um um Universo místico-unitário como nos explica o livro Ascese Mística. E este por sua vez evoluirá para o um Universo ainda mais perfeito, e assim sucessivamente até que a queda seja reabsorvida pela Dividade e aí cessará todo o transformismo evolutivo.

    Pedro Orlando Ribeiro
http://www.monismo.com.br

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