Com a chegada dos novos tempos não teremos o fim do mundo mas o fim do velho. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Um direito não alimentado de força que lhe imponha o reconhecimento, na prática não é direito, é só um piedoso desejo, cuja satisfação depende do capricho do patrão. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Hoje o grande amor pelo pobre se tornou moda, é usado como bandeira, como se o pobre tivesse surgido só agora, como se não tivesse existido antes e não tivesse sofrido. O mundo se deu conta de sua existência somente hoje, depois que o pobre constitui um perigo, sem o que ninguém o veria. Até ontem seus direitos não existiam, seu problema não tinha importância, se hoje existe é porque se tornou o problema do rico, isto é, da sua segurança e da sua paz. Foi daí que surgiu esse novo amor, não por questão de bondade, mas de luta. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Se a vida é um escola, porque nela, naturalmente, nos exercitamos. É preciso compreender que não se pode chegar ao espírito simplesmente jogando fora a matéria, como se tratasse apenas de uma superestrutura postiça. Mas desta matéria somos feitos em grande parte, ela ainda está na base de nossa natureza, ela é o ponto de que partimos no caminho do retorno, e é ainda o centro de atração de nossa vida. É ingenuidade pensar que nos podemos livrar facilmente dela. Tomamos então uma atitude de antagonismo em relação a ela e no santo zelo de ascender, nós a agredimos como a um inimigo. Mas, se somos feitos de matéria, matando-a, matamo-nos a nós mesmos. É assim que um arremesso para a santidade pode assemelhar-se a uma tentativa de suicídio. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
É preciso compreender que nossa culpabilidade anti-Lei é um diafragma que nos separa das origens de tudo o que é benéfico. É assim que os auxílios chegam à zona onde não somos culpados e nada acontece naquelas onde a culpa e a rebeldia nos deixa abandonados ao nosso livre arbítrio de revolta. Eis porque razão o nosso mundo está em poder da feroz lei animal da luta pela vida. Esta significa: cada um por si, sozinho contra todos, sem defesa além das próprias forças, e salve-se quem puder. É um regime de inferno, baseado na força, no engano, na injustiça, que só um estado de revolta anti-Lei pode ter criado, porque não se pode admitir que obra tão terrível possa ter saído das mãos de Deus. O nosso mundo representa, de fato, a reviravolta da positividade do S. O pagamento se faz de acordo com a justiça. Em cada uma das zonas das forças e qualidades constitutivas de nossa personalidade, há uma balança estabelece até que ponto a privação deve funcionar como compensação e pagamento do respectivo abuso com que infringimos a Lei. É assim que o destino nunca atinge globalmente, mas apenas em dados pontos, poupando-nos, favorecendo-nos e até mesmo ajudar-nos em outros. É a natureza das forças com que somos construídos que atrai aquelas que nos devem depois punir ou premiar segundo a justiça. Assim, em cada ponto recebemos segundo o mérito. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Recordemos que a queda não é a destruição do indivíduo, mas de suas qualidades. Este resiste, mas em posição invertida. Na matéria, de fato, a inteligência não está morta, porém somente aprisionada. Ela permanece, mas o indivíduo não é mais um senhor dela, é o seu servo. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da lei de Deus).
Já a ciência entrevê a existência de um outro universo feito de antimatéria, que constituiria a outra metade espiritual, complementar do universo material que conhecemos. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
A Lei se comporta diante do indivíduo segundo a sua natureza e posição evolutiva. É ele quem, com o seu tipo de ação, aciona o julgamento da Lei, provocando uma correspondente reação. E a Lei, que as contém todas, devolve ao ser a reação correspondente à ação que a provocou. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Tudo o que existe está compreendido na ordem da Lei. Ela dirige todos os movimentos, dos astros e planetas aos elementos do átomo, dirige o desenvolvimento da vida e dos destinos, canalizando cada fenômeno para uma inconfundível linha de desenvolvimento, que o individualiza diante de todos os outros Os fenômenos são infinitos e as respectivas linhas de desenvolvimento são enquadradas nas dimensões de espaço e tempo, ao longo de uma ilimitada concatenação de causas e efeitos. Dentro da grande Lei, cada fenômeno obedece a uma lei particular que lhe define a trajetória, estabelece os limites e disciplina os movimentos. O desenvolver-se de todas essas trajetórias segue uma ordem suprema, que permanece inabalável mesmo diante dos núcleos de desordem que aquela ordem circunscreve, isola e corrige. Cada uma dessas trajetórias se enreda com as outras sem perder-se, repercute e ecoa, sem no entanto, confundir-se com elas. Tudo é livre, mas guiado; autônomo, mas interdependente; individualizado e definido por si mesmo, mas colocado no seu lugar, na devida posição dentro da ordem universal e em função dela. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
A Lei só pode atuar com o sistema da compensação entre contrários. Assim a sua justiça se compensa com a reação contra a injustiça. Explicando melhor, quem rouba à Lei se endivida primeiro, e depois paga, obrigatoriamente, de acordo com a sua justiça. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Os astronautas russos se gabaram de não ter encontrado Deus no céu, onde se diz que Ele está. Pensavam talvez em encontrar um Deus com imagem humana? Mas eles encontraram leis, leis e leis, que revelam a presença de um pensamento sábio e expressas por uma vontade de ferro, às quais prestaram obediência. Isto é Deus. Eles O tocaram e não O viram. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Deus não existe apenas enquanto se crê na sua existência, mas é um fato perceptível e controlável, é uma inteligência com que se pode raciocinar, questionar e obter respostas. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
A Lei é um sistema de forças, que as palavras não têm poder de mover, somente os fatos, as nossas ações. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Certos tipos de santidade do passado se justificam como reação a excessos bestiais involutivos, tais como matar, roubar, farrear, tão comum àquela época. Mas num mundo onde se tende sempre mais a eliminar tais excessos, por exemplo, no mundo moderno feito de uma economia disciplinada de trabalho e consumo, a pobreza de S. Francisco não tem mais sentido e não é mais virtude. A tendência para baixo hoje continua, mas de outras formas. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Do ato de Deus na criação o homem só poderia fazer para seu próprio entendimento um conceito dualista e separativista, sobre o qual se baseia a estrutura do AS, já que sobre ela o homem construiu a sua forma mental e o seu modo de conceber. Ele concebeu, à sua imagem e semelhança, um Deus que cria fora de si. Ora, enquanto o homem não pode criar senão tomando do exterior a substância e imprimindo-lhe uma forma, para Deus o ato de criar só pode consistir em dispor da própria substância de que é constituído, num estado diverso da criação humana. A criação que o homem faz é exterior, a de Deus é interior. Nos dois casos a posição do criador apresenta fundamental diferença. O homem é uma parte do todo, pode, portanto, tomar de fora o material para criar. Deus é o todo. Se houvesse alguma coisa fora Dele, não seria mais Deus. Assim, Ele não pode tomar coisa alguma fora de Si, mas apenas dentro de Si mesmo, da sua própria substância. Já o homem não podia sair dos esquemas que o seu mundo lhe oferecia e que constituem tudo o que pode conceber. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Não há necessidade de imaginar em Deus o chamado fenômeno interior de auto-elaboração, quando Deus poderia sempre ter existido no seu estado orgânico perfeito. Daí poder-se concluir também que não houve nenhuma criação verdadeira. Esta idéia de criação seria então apenas uma imaginação do homem, uma construção do tipo mitológico para explicar a origem das coisas que via, origem devida ao fenômeno da queda. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Então o sucesso na vida e em todo campo depende de um cálculo mais complexo, que não leva em conta somente as próprias forças e as resistências do ambiente contra o qual deve lutar, mas calcula também a estrutura, direção e impulso propulsivo das correntes da vida às quais deve juntar-se para subir. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Alguns indivíduos, mesmo que sejam personagens históricos considerados de pouco valor, fizeram sucesso pelo fato de terem sido elevados pela onda da vida, porque servia à sua finalidade. Assim se explica também que homens de grande valor não tenham sido reconhecidos porque, vivendo fora do tempo, se encontraram na descida da onda. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Cada trabalho deve prefigurar um fruto, como resultado que o justifique. A própria vida é utilitária e não gasta suas energias para não produzir coisa alguma. É a ligação a esse fruto que nos sustém no esforço de cumprir aquele trabalho. Então aquela distancia passa a ser um mal, porque elimina até mesmo a nossa vontade de trabalhar e nos leva a inércia. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Cada religião se apóia no proselitismo, que corresponde ao imperialismo no campo político, o valor prático de cada grupo vindo do seu poder de conquista e domínio. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
O conhecimento não se pode sobrepor à experiência, porque é conseqüência dela. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Em lugar de tentar remediar o mal, os ricos, detentores do poder e da cultura, tinham o dever de assumir a iniciativa de corrigi-lo. Entretanto o rico buscou escondê-lo, a fim de que não fosse percebido e pudesse impunemente, continuar a gozar as vantagens de sua riqueza. Para estar de acordo com o Evangelho e salvar a alma, o rico inventou o sistema da esmola, que deixa o pobre tal qual é, à mercê da beneficência do rico, sem uma educação para trabalhar e produzir, mantendo-o como seu servo, sem direitos nem independência. O sistema de caridade e beneficência paternalística de fato é muito conveniente para o rico, porque enquanto implica na superioridade e magnanimidade de quem é generoso, satisfaz o seu orgulho, sem impor-lhe qualquer laço, porque o deixa livre para distribuir benefícios segundo seu capricho. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Uma outra via pode ser escolhida pelo indivíduo mais evoluído que se encontra em minoria; não a que agora se enquadra como uma verdadeira adaptação, mas a de uma falsa condescendência, mimetizando-se externamente na aparência, isto é, o caminho da hipocrisia. A vida costuma usar a mentira, quando não há outro meio, como elemento de conciliação entre opostos. É um acordo na aparência, que se limita a esconder a dissensão que permanece, já não sincero e visível, mas tão distorcido que poderia parecer consenso. Isto se justifica enquanto é uma tentativa, uma antecipação daquela verdade, à qual se chega somente pela evolução. Todavia, mesmo este é um modo de chegar a uma convivência pacífica, o que é preferível a um estado de guerra. A vida que é utilitária, escolhe sempre o caminho do menor esforço e maior rendimento. Mesmo sendo a mentira remédio de ínfimo grau (os mais evoluídos a rejeitam com desprezo, resolvendo os problemas com inteligente sinceridade), é neste sentido pragmático que a vida aceita a hipocrisia, quando é obrigada a recorrer a ela, porque, em face da involução do indivíduo, neste nada encontra de melhor. Obviamente, mentir não é honesto e é necessária muita insensibilidade moral para adaptar-se à mentira. Mas quando o acordo não é conseguido em sua reta posição, a vida tenta consegui-lo numa falsa posição invertida que, não sendo uma concordância, é, pelo menos, um tácito compromisso que, bem ou mal, já aproxima as duas partes contrárias e permite uma primeira forma de pacífica convivência entre opostos. Eis a função biológica da mentira. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
O cálculo das probabilidades faz-nos crer que os fatos, porque se repetiram muitas vezes, devam continuar repetindo-se sempre. Mas os equilíbrios da vida reclamam exatamente o contrário. Exatamente porque determinado fato se repetiu tantas vezes deve ceder o passo à posição contrária. Por isso, em lugar de continuação do passado, como vulgarmente se pensa, as situações futuras são, quase sempre, resultado de retorno ao passado. Confiamos muito nas aparências, mas especialmente na História, como vimos, as aparências enganam. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Este fenômeno do destino nos mostra uma característica. Uma vez que ele é conseqüência do que semeamos, ele golpeia nos pontos precisos e na forma em que semeamos. Constituindo-se na correção das forças anti-Lei, que pusemos em movimento, é lógico que para corrigir-nos, como é sua função, ele o faça de modo específico, isto é, dirigindo-se contra o defeito a ser corrigido, contra o órgão enfermo a ser curado. Assim, cada um é submetido a um dado tipo de provas, duras para ele, porque o golpeiam justamente em seu ponto fraco, de menor resistência, enfermo e dolorido, enquanto que para outros, tal tipo de provas é insignificante, porque estes naquele ponto são fortes, sãos e inatacáveis. Mas o que não foram atingidos, submeter-se-ão, por sua vez, a provas que lhe serão igualmente duras porque serão golpeados em outros pontos também fracos, doentios e dolorosos; provas, entretanto, que não atingirão os demais seres que nestes pontos são fortes, sadios e inatacáveis. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
Foram exaltadas as três virtudes franciscanas: a pobreza, a castidade, a obediência, que queriam podar o indivíduo no plano animal humano, na esperança de poder elevá-lo a um nível evolutivo mais alto. Mas hoje, à virtude da pobreza ociosa e improdutiva, se substitui a virtude do trabalho, indispensável para elevar o nível de vida, base de uma civilização mais avançada. À virtude repressiva da castidade e da renúncia, um dar de contas às paixões baixas e ferozes então dominantes, mas que induzia à posição negativa do não fazer, se substitui hoje a virtude positiva motivada no dinamismo criativo do fazer, isto é, o exercício de uma paixão mais alta no plano da inteligência. Deixam-se em seu devido lugar as funções fisiológicas e nervosas, e se desloca o centro da vida para um outro nível mais evoluído. À virtude da obediência, referida acima, se substitui a da produtividade e da recíproca compreensão necessária para consegui-la. O exercício dessas três virtudes valia enquanto funcionava como correção das trajetórias mais comuns naqueles tempos, dirigidas no sentido oposto: abuso de riqueza, de sexo, de domínio. Então a autoridade, não só para corrigir, mas também para manter-se em pé, tinha que exercer a função de domador. Mudadas, porém, as condições de vida, encontrando- se esta em mais avançada fase de evolução, é natural que a moral evolua e surjam virtudes de tipo diverso. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)
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