A hora é apocalíptica, porque é a hora da justiça quando todas as almas e os valores da humanidade devem ser joeirados, de uma forma implacável, a fim de que tudo o que não seja vital se incinere. Estamos afixiados por montanhas de falsidades e a vida se rebela porque está faminta de verdade. E a verdade deve ser dita a qualquer custo, pois que o mundo em breve será sacudido pelos alicerces. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
A humanidade padece a doença do materialismo e agora caminha para a mesa cirúrgica. No ano dois mil, Deus terá completado a operação. A bomba atômica será instrumento de liquidação da civilização materialista que a produziu. A destruição bélica, se essa for a via que o mundo escolher, será a obra de Satanás, que terá a incumbência, assim como a traição de Judas preparou a redenção, de preparar a nova civilização do espírito. E a hora chegou, e a fim de que a humanidade, com o terceiro Milênio, entre no seu terceiro dia, aquele em que Cristo ressuscitou. Cristo que afirmou que reconstruiria o Templo em três dias. Assim a velha civilização materialista deve ceder lugar uma nova civilização do tipo oposto.(P. Ubaldi - Deus e Universo)
Egocentrismo, porém, não é exatamente egoísmo. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O egoísmo poderia então denominar-se egocentrismo involuído, fechado e limitado em si mesmo, enquanto o altruísmo seria o egocentrismo evoluído, aberto e expandido no Todo. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Deus é centro, não para sujeitar, mas para atrair, não para absorver, mas para irradiar, não para tomar, mas para dar. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Quem mais possui, mais deve dar. Quem menos tem, mais deve receber. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O mundo econômico-financeiro não passa de uma série de crises em cadeia, que formam uma única, perene crise insanável, porque ela não se origina de um particular momento ou posição, mas de todo o sistema. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Na realidade funcionam inúmeras forças que a maioria ignora. Deus, ao sensibilizado por evolução, é uma realidade sensível. O caminho para aproximar-se Dele, suprema alegria, consiste na progressiva dilatação do próprio egocentrismo, que denominamos altruísmo, isto é, o fraterno amor evangélico. Este constitui o método de ascensão para a felicidade, encurtando as distâncias entre o homem e Deus, porque assim a criatura, segundo o exemplo divino, volta para trás a fim de orientar as criaturas irmãs. Quando o ser decide dessa forma a funcionar segundo a lei do Todo e se dispõe a despojar-se do que possui em favor do necessitado, põe em movimento os impulsos do sistema e faz com que este funcione em seu favor, de modo a ser de alguma forma provido e largamente compensado do que perdeu, dando voluntariamente. Em outros termos, ativa-se o princípio: quem beneficia seja beneficiado e tanto mais beneficiado quanto mais beneficiou. Inicialmente, punge o sacrifício, de pôr em movimento essas forças, mas o sistema, pode-se dizer, é de uma precisão mecânica tal que, uma vez posto em ação por quem o compreende e sabe, matematicamente dará resultado. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Os dois princípios acima aludidos, egocentrismo e liberdade, comuns também às criaturas, faziam delas tantos menores "eu sou", semelhantes a Deus, como tantos Deuses menores em função de Deus. (. . .) Ademais, existia um terceiro princípio fundamento do universo espiritual - o do Amor - mercê do qual Deus não é egocêntrico senão para irradiar em Amor. Assim sendo, o Sistema de Deus não pode basear-se na coação, assim como, em virtude do princípio de liberdade, não pode basear-se no determinismo, mas apenas na adesão espontânea. (. . .) Liberdade e Amor são conexos. Este pressupõe aquele. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
É certo que a queda foi devida à falta de conhecimento das conseqüências da revolta, mas é também certo que a criatura não poderia ser onisciente, igual a Deus. Pode-se objetar, então, que, se ela ignorava, como lhe pode ser imputada a culpa de haver caído? Deus deveria tê-la dotada do conhecimento suficiente para compreender antecipadamente as conseqüências da desobediência, de modo a não incidir nela. A tal objeção pode-se contrapor que a criatura assim teria seguido Deus unicamente no seu egoístico interesse, a fim de furtar-se a um dano e não por amor. Ora, um ato de aceitação tão fundamental no sistema não poderia basear-se num interesse nascido do egoísmo, isto é, em um princípio antípoda àquele que rege todo o sistema, como é o Amor. (. . .) Como é fundamental no sistema o princípio do Amor, prova-o o fato de do próprio Deus, no seu aspecto imanente, ter seguido o Sistema desmoronado para reconstruí-lo, jamais abandonando a criatura por mais injusta e rebelde que fosse. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O universo, repetimo-lo, é feito de esquemas de um único tipo e, por isso, encontramos a cada momento e em todo ponto o esquema maior no menor, embora adaptado aos casos particulares. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
E assim, em nosso mundo, a negação está infiltrada em toda afirmação, a vida se casou com a morte, a enfermidade aninha-se em todos corpos sãos, a destruição é o guia de toda construção, o mal ofende o bem e Satanás se introduz por toda a parte, procurando trair Deus. O motivo da queda dos anjos e do pecado original repete-se a todo instante entre nós, em nossa vida cotidiana. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Os esforços para subir, muito comumente terminam no retrocesso de alguns passos, em virtude do terreno informe, movediço, no qual o pé não encontra apoio e a vontade se despedaça. É o esquema da primeira queda que retorna em cada decaída subseqüente, tendendo a repetir-se ao infinito. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Mal e dor não podem ser eternos por uma outra razão. Entre a idéia do mal e a da eternidade há contradição, que não lhes permite a coexistência. A eternidade é alguma coisa qualitativamente diversa do tempo, situada nos antípodas. Ela não é prolongamento de um tempo, que embora avançando, sempre está sujeito a duração. É um tempo imóvel, que não anda e jamais passa. É um não-tempo. E, que é o tempo, senão o produto do desmoronamento, um fracionamento do Uno, o imóvel em fuga no transformismo? A eternidade, unidade indivisa, com a queda se faz tempo, como o espaço, fração de infinito. O tempo existe somente como medida do transformismo (involutivo-evolutivo), cessando quando este termina. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Em toda a parte, mesmo no âmago do espírito de Satanás, Deus está presente. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Há no Todo uma grande harmonia e correspondência de partes, o que o mantém unitário e compacto, não obstante a infinita multiplicidade das suas formas. Essa compactação deriva do fato de que a sua diferenciação, a que a vida tende, é uma ramificação que se inicia sempre na mesma raiz, onde está o tipo modelo da gênese que, embora se diversifique em particulares, permanece sempre aderente aos princípios fundamentais que tudo rege. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O retorno é o único meio pelo qual o absoluto pode continuar a existir no sistema fragmentado do relativo, como um eterno retorno do espaço sobre si mesmo, como espaço curvo, é a única forma pela qual o infinito pode vir a existir no finito. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Ao lado da curvatura do espaço, existe também uma curvatura do tempo, pela qual o que uma vez foi feito tende a ser refeito (tradição), ciclicamente voltando sobre si mesmo. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Se tudo tende hoje a repetir-se sobre o decalque de velhos esquemas, fá-lo, no entanto, a maior velocidade, com o resultado de elaborá-los e determinar mais rápida maturação de sua transformação. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
A revolta padeceu de um erro fundamental de estratégia: o de haver confundido semelhança com identidade. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O mal pode parecer em crescimento, num determinado ponto do universo, como a Terra, em conseqüência da ascensão e chegada de elementos inferiores. Mas, no todo, o mal, com a existência, devora a si mesmo, em razão da própria natureza e estrutura, e só mediante esta condição pode existir. O mal, como o bem, no universo, assim como na Terra, não está uniformemente distribuído e o aparecimento local do fenômeno pode iludir-nos quanto ao seu destino real, que está fatalmente traçado. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Mas, então, foi justamente com o desmoronamento do sistema no anti-sistema que se formou a contraposição - transcendência e imanência. Esta cisão do único aspecto, o absoluto, de Deus, no de Deus transcendente e Deus imanente, representa justamente a cisão do Uno, que, como Uno absoluto, reúne em si os dois aspectos. Ele é ambos ao mesmo tempo, estando acima da cisão, sem poder ser um só deles, ou seja, não é exclusivamente transcendente, nem exclusivamente imanente. Desta forma, compreenderemos que a visão dualística, a do Uno bipartido, é relativa à posição do ser no universo atual e no período da cisão, não possuindo valor absoluto. Em outros termos, se encarado no seio do nosso universo, Deus pode parecer à criatura como imanente ou como transcendente, isto é, poder ser concebido sob dois aspectos diversos, desde que saiamos do relativo para o absoluto, deveremos admitir a existência de Deus em um Seu só e único aspecto, que está além de qualquer dualismo e criação, ao qual denominamos Deus absoluto. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O ser é incapaz de conceber fora de relações. Desaparecida a contraposição dos contrários, a sua percepção e concepção se anulam. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
O amor evolve do egoísmo para o altruísmo, em vastidão, profundidade, potência e prazer. Ele deve tornar-se cada vez mais semelhante ao Amor de Deus e, quando mais se lhe aproxima, tanto maior seu poder criador. O amor egoísta, pelo gozo próprio, que o caracteriza, é um amor separatista, é a contradição de si mesmo, é um amor degradado, encerrado em si próprio, em um mar de ódios, um amor que distanciado de Deus, cresce em poder destruidor e involve para a autodestruição. Quanto mais a criatura inverter o modelo que deve imitar, tanto mais ela se põe fora da Lei. Esta, então, se houve abuso do prazer, contrai-se e nega o amor. Fica, então, fragmentado, tornando-se o outro termo inacessível. Nascem, assim, em ambos os sexos os invertidos, cuja personalidade tem os sinais opostos aos do seu corpo. Deste modo a Lei se revolta contra eles, como eles se revoltaram contra a Lei. Qualquer violação, seja do gênero que for, nos coloca em posição inversa, condenados a carência correspondente ao abuso. O ser se deforma, não a Lei. Ele permanece estropiado no patológico, vulnerável, portanto. O mal fere aquele que o faz, não aqueles para os quais foi feito. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Não basta que uma coisa se nos torne lógica e justa, por ser cômoda. Há necessidade de que, quem errou, compreenda. Nenhuma força pode ser destruída mas apenas corrigida. Subsiste a lei do equilíbrio e justiça, em que se baseia o sistema, que exige a sua reconstrução. (. . .) O mal não pode extinguir por um ato arbitrário, pois a Onipotência divina não é jamais arbitrária, mas segundo a própria Lei. O mal só se pode extinguir por reabsorção, isto é, por retificação, pela reconstrução daquilo que ruiu. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
A existência eterna corrompeu-se na existência no tempo, que a mede e a pulveriza em um ritmo interrompido por pausas opostas. (. . .) Mas tudo rui por terra. Cada alegria ameaça inverter-se em dor, parecendo ter nascido envenenada pela recordação do primeiro desmoronamento. Para continuar, a vida dever refazer-se desde o começo, na semente, no filho. Tudo nos dá idéia de alguém que, subindo uma encosta em terreno resvaladiço, a cada três passos para diante, dá dois para trás. Recua, mas um passo ganha sempre, e assim a evolução avança, avizinhando-se cada vez mais, ainda que lenta e fatigosamente, da libertação. (. . .) Tudo isto evidencia a necessidade de aceitar a teoria do desmoronamento. Só ela pode explicar o dualismo da árvore do bem e do mal, o pecado original - continuação da revolta dos anjos e queda conseqüente, pecado cometido por Caim contra Abel, primeira personificação da cisão e da luta. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
No capítulo II do presente tomo - "O eu sou, esquema do ser", acenamos para Satanás, como personificação das forças do mal. Mas será ele apenas uma individualização fenomênica qualquer em tudo que é personalizado, ou Satanás é uma verdadeira personalidade? (. . .) Unicamente um "eu" pessoal pode ser objeto de salvação ou instrumento da necessária anulação do mal, sem o que Deus seria vencido: sem um centro pessoal, um "eu", não pode haver mérito ou demérito, culpa, responsabilidade, experiência, evolução e retorno a Deus, ou em caso contrário, anulação. Sem um "eu", tudo se dissolve no vago e nebuloso. Considerando tudo isto, o leitor poderá agora responder por si à questão acima proposta. Mas é evidente que a solução cabal de qualquer problema não pode ser obtida, encarando-o isoladamente, mas somente quando ele tenha sido enquadrado em todo um sistema de que venha fazer parte e em que todos os outros problemas do ser sejam harmonicamente resolvidos. Procuremos, todavia, precisar os elementos do problema. Assim como em um espelho partido cada fragmento reproduz a natureza do espelho inteiro, trazendo também em si os indícios do estilhaçamento, assim igualmente no sistema desmoronado, cada unidade carrega consigo os sinais do divino princípio do bem, da mesma forma que os satânicos princípios do mal. Bastaria este fato, que é possível verificar a todo instante em nós mesmos, tão profundamente ele se encontra impresso em nossa natureza, para demonstrar que, nas raízes deste nosso estado e como explicação desta nossa estrutura, não pode deixar de existir uma queda original, da qual se gerou este modelo de tipo dualístico, que se repete em todas individualizações menores. É assim que o princípio da queda se conservou presente em todo ser decaído. E é lógico e justo que cada ser, já que é um momento do sistema desmoronado, carregue contigo os estigmas do desmoronamento e a estrutura do sistema desmoronado. É por isto justamente que toda personalidade está dividida em duas partes opostas, ativadas por um dinamismo inverso, um divino e outro satânico, em contraste no campo do "eu". Foi assim que a invisível personalidade do "eu sou" originário se cindiu no seu íntimo dualismo, e é neste exatamente que Satanás se aninha. (. . .) A personalidade de Satanás está presente em todos os seres como princípio de trevas, enquanto Deus está presente neles como princípio de luz. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Este princípio onipresente em nosso universo é personificado como o lado de trevas em qualquer personalidade é o que entendemos como personalização de Satanás, princípio que pode revestir-se de uma forma qualquer, assumindo consistência real. Não se trata de uma vaga abstração, mas de qualquer coisa de concreto que se encontra como força individualizada no ser que, na Terra pelo menos, sempre apresenta uma certa dose dela, maior ou menor. A percentualidade é que varia, sendo santo aquele em que ela for mínima ou nula, e demônio aquele em que ela se aproximar da inteireza. No caso máximo deste último tipo, quem sabe em alguma forma cósmica de vida, teremos a personificação concreta e real de Satanás. (. . .) Onde está este inimigo? Está em toda parte como Deus, junto de Deus como sua negação, assim como a sombra está junto da luz e sem a qual não sabemos o que é luz. (. . .) É o princípio da destruição que secretamente mina todas as construções humanas. É o princípio do mal que sempre procura manchar a obra do bem. É um princípio que toma a forma concreta em atos e pessoas. Durante as trevas da Idade Média, houve o domínio inclusive no terreno religioso (inquisição, guerras santas, bruxarias) desse princípio de negação, em que Satanás prevaleceu. Por dois milênios ele tem reinado com o terror do inferno, construção sua. Tudo isto está escrito na hora histórica, para todos, e teve a tolerância da Igreja. E até hoje, no que respeita a Cristo, se tem atentado principalmente para o lado negativo e destrutivo da criatura humana, na crucificação que foi um triste espetáculo de carnificina, sem se olhar para o lado positivo e construtivo da ressurreição, eterna vida do espírito. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Quando em nós defrontam, em ação, duas motivações opostas de bem e de mal, em que se pesam a vantagem, em forma de alegria, e o dano em forma de sacrifício, estamos diante do maior drama do universo, que configurou o nosso tipo de existência e que retorna, repetindo no caso menor, a apocalíptica luta do universo entre o bem e o mal. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
É fácil assim imaginar uma hierarquia na gradação dos valores invertidos em negativo, do mal, da mesma forma que há uma hierarquia de valores positivos, no bem. Podemos, desta maneira, idealizar, no ápice da pirâmide invertida, um Lúcifer, qual sublimação do mal elevado à máxima potência, assim como no ápice da pirâmide positiva está Deus, sublimação infinita das potências do bem. É como se pode explicar racionalmente idéia tão difundida do anti-Cristo. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Todo o grande assalto de Satanás se reduz a um exame das forças do bem, a um sangrento banho de purificação, do qual o espírito sairá triunfante. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Todo fenômeno tem que volver sobre si mesmo, para completar-se, permanecendo sempre a mesma substância, ainda que mude a forma, porque ele é apenas um estado de vibração interior com finalidade e elaboração evolutiva, e não um deslocamento real. A mobilidade é, assim, só aparente, situada no relativo de vai-vém cíclico, enquanto no absoluto tudo permanece imóvel. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
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