A idéia tem seu ritmo de divulgação, deve vencer obstáculos psicológicos e práticos, canalizar-se pelos caminhos da imprensa, superar como força a inércia psíquica do ambiente, enxertar-se nas correntes espirituais do mundo. Uma vez, porém, desfechada a centelha do pensamento, a idéia é uma força lançada e, como o som e a luz, caminhará sozinha, tendendo a difundir-se na proporção da potência do centro genético, a multiplicar-se por ressonâncias infinitas no coração dos homens. A lei de todas as coisas marca o ritmo também deste fenômeno, que deve ter o seu tempo. (P. Ubaldi - As Noúres).
Aqui está todo um ser que se movimenta, coração e inteligência, num espasmo de humanidade e de super-humanidade, que não pode deixar de despertar ressonâncias noutras almas. E aqui são postos de frente os mais graves problemas da psique e do espírito, e dessa superdelicada ciência do futuro, em que se fala de ondas-pensamento, de ressonâncias intelectivas, de captação de correntes psíquicas, de atrações e simpatias entre os mais distantes centros vibratórios do universo. Existe no fenômeno complexidade, riqueza de aspectos e, simultaneamente, um frescor de verdade; e como e apresentado como realidade vivida, interessa não só ao cientista, mas também ao filósofo e ao artista. (P. Ubaldi - As Noúres).
Despertou-se-me um olhar mais penetrante, que vê o interior e não mais somente a superfície, que registra nas coisas não só reflexos óticos, mas também psíquicos; esse novo olhar já não é interceptado pela forma, mas penetra diretamente na substância, buscando o conceito genético, o princípio que anima e governa as coisas. (P. Ubaldi - As Noúres).
Tenho, pois, a sensação de que existem em mim duas consciências, colocadas e operantes em planos visuais distintos. Elas se excluem mutuamente e me disputam o campo da personalidade, que não podem possuir plenamente, senão cada uma por sua vez. É necessário, antes, que eu adormeça, como num sonho, e é nesse sonho que o meu eu pode transferir-se à consciência mais profunda. (P. Ubaldi - As Noúres).
E se a virtude destes meus estados psíquicos particulares é de fazer-me atingir, conscientemente, esses planos, deverei achar suficiente falar não de es¬píritos no sentido comum, mas somente de centros emanantes de correntes psíquicas, as noúres, em que justamente se processa minha imersão, correntes que eu percebo, vibrações que registro em minha hiperestesia psíquica. (P. Ubaldi - As Noúres).
É, portanto, mediunidade do tipo mais elevado e chego quase a duvidar que em tais níveis possa ainda subsistir toda a estrutura da concepção espírita comum, e se a tudo isso se possa chamar ainda mediunidade, porquanto ela coincide e se confunde com o fenômeno da inspiração artística, do êxtase místico, da concepção heróica, da abstração filosófica e científica, fenômenos todos que possuem um fundo comum e que se reduzem, não obstante as diferenças particulares, ao mesmo fenômeno de visão da verdade no absoluto divino. (P. Ubaldi - As Noúres).
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Eis o conceito de que falei: a linha que percorro e ao longo da qual me elevo e desço é a dimensão evolução (confronte "A Grande Síntese", cap. 35 " A Evolução das Dimensões e a Lei dos Limites Dimensionais"). Tudo isso pode acontecer porque me encontro numa fase de transição e transformação entre consciência e superconsciência, que ainda me permite oscilar entre as duas fases contíguas de evolução psíquica. (P. Ubaldi - As Noúres).
No meu caso, por isso, a recepção se realiza por sintonização, isto é, capacidade de vibrar em uníssono, que se pode chamar simpatia, envolvendo o conceito de afinidade de natureza. Devo, então, submeter minha natureza humana ao martírio de viver num nível que não é o seu, entregando-se em holocausto de uma lenta morte; devo saber continuamente realizar entre as cargas de minha vida humana diária, o esforço de erguer-me, como consciência, a um nível sobre-humano e nele manter-me, através de uma tensão nervosa esgotante, em que muitas vezes me abato, caindo humanamente desfalecido. E através de um sofrimento continuo que eu posso declarar-me uma antena lançada no céu dos antecipadores da evolução. Só a dor pode permitir perdoar a audácia destas afirmações. (P. Ubaldi - As Noúres).
Procede-se, aqui, por sintonização entre o psiquismo do observador e o psiquismo diretivo do fenômeno; é necessário, em outros termos, que a alma do observador se dilate e expanda do exterior para o interior e entre em contacto com a substância, o princípio animador do fenômeno e não somente com sua forma externa e com o aspecto exterior de seu desenvolvimento. É o estado de espírito do poeta e do místico, de simpatia por todas as criaturas, de paixão de conhecimento para o bem, de visão estética do artista, não mais vagas, mas dirigidas com exatidão científica no campo das concepções abstratas. (P. Ubaldi - As Noúres)
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O saber moderno se tornou tão gigantesco e confuso, que há necessidade de uma reordenação, de um desfolhamento: a idéia múltipla do particular precisa ser reduzida à idéia simples, central e sintética, que tudo diz mais brevemente; após haver criado tantas disciplinas, urge saber encontrar os liames que as unam, agora que elas tendem a separar-se, a fim de fundi-las em uma verdade, que deve ser simples e única. São perigosas essas especializações, hoje tão em moda, mas que não correspondem à realidade dos fenômenos, que nunca existem isolados; são posições falsas essas, em que a mente do estudioso se afasta para uma ramificação última do mundo fenomênico e do saber humano. (P. Ubaldi - As Noúres).
Estou persuadido de que o saber humano, em todos os campos, não mais pode avançar com os velhos métodos e que é iminente e necessária uma mudança de rota. É evidente que a verdade, que tão laboriosamente se acomete, já existe íntegra, completa, funcionando desde toda a eternidade. O universo é, não de agora, um organismo perfeito e não espera, por isso, a compreensão humana. Possui ele sua sabedoria e suas leis e sabe aplicá-las com consciência e equilíbrio. Não se trata, pois, de criar coisa alguma, mas de saber enxergar o que já existe, de atingir conceitos que se distanciam de nosso relativo. É absurdo continuarmos a observar eterna e exteriormente os fenômenos, multiplicando observações e classificações, e permanecermos esmagados sob a mole divergente do particular. Importa aperfeiçoar e potencializar esse instrumento de pesquisa que é a consciência humana, se quisermos algo que produza um resultado prático. (P. Ubaldi - As Noúres)
O pensamento não é uma secreção do cérebro, mas, sim, o cérebro é, se se pudesse dizer, uma secreção do pensamento. (P. Ubaldi - As Noúres)
O órgão cerebral é o produto mais elevado da evolução biológica; é o órgão através do qual a química inorgânica do mundo pré-vital, internando-se, posteriormente, no complexo metabolismo da química orgânica, atinge um estado de superquímica em que os íntimos movimentos planetários atômicos se deslocam até à desmaterialização da matéria. (.....) O cérebro é o substrato material destas forças superbiológicas, seu ponto de contato com o organismo animal; é o órgão por meio do qual o organismo psíquico entra em contato com o mundo sensório da matéria. O cérebro, pois, que foi meio construtivo do psiquismo é igualmente seu invólucro exterior, seu apoio material e funcional e está para a consciência como o esqueleto está para o organismo humano que sustenta, mas de que não poderá jamais revelar nem o princípio nem o complexo funcionamento. Para compreender o órgão cerebral não basta, portanto, olhar seu exterior com simplismo pueril, mas importa penetrar na orientação cinética dos movimentos planetários dos átomos de suas células, observar as deslocações que as vibrações ondulatórias do pensamento operam nessas disposições e as mudanças que aí operam as emanações noúricas, quando chegam, por redução involutiva, a esse plano de oscilação dinâmica. A anatomia tem de descer à análise da natureza magnética dessas correntes imponderáveis que de todas as coisas emanam e que impressionam esses centros, nos quais a sensibilização é máxima, porque se encontram no ápice da evolução biológica. (P. Ubaldi - As Noúres)
A ideia abstrata do bem pode tornar-se música, poesia ou pintura, renúncia martírio ou ação heroica, conforme o ambiente humano em que se materializa. Cada realização concreta é um processo involutivo em que a unidade se ramifica no particular. Por isso, cores e sons e as várias sensações humanas se equivalem num plano mais alto então passam de diferentes vestiduras do mesmo conceito. Esse conceito foi percebido por Franz Liszt quando, de Roma, escreve ao seu amigo Berlioz dizendo-lhe como sentia um secreto parentesco entre Rafael e Mozart, entre Miguel Ângelo e Beethoven, entre Ticiano e Rossini. Poder-se-ia afirmar que na profundeza da consciência se tocam os planos superiores, onde a ideia, antes de descer e diferenciar-se na forma concreta, é abstrata e existe em tipos simples e únicos para muitos grupos de manifestações diversas; e que, quanto mais subimos para o centro, tanto mais a ideia originária se faz abstrata e única, até identificar-se naquele monismo absoluto, que é Deus. Assim, a arte e a fé, a ciência e a ação não passam de diferenciações produzidas pela descida daquele e único princípio. (P. Ubaldi - As Noúres)
Há uma correspondência entre os vários planos de evolução, porque a essência das coisas que destila dos planos mais altos se projeta como uma sombra nos planos inferiores. E isso é lógico porque toda unidade está ligada à superior, na linha da evolução. (...) É por essa correspondência entre os diversos planos que se pode falar por parábolas, que o simbolismo pode exprimir os princípios abstratos e as realidades mais dificilmente imagináveis para os incultos, traduzindo-as em sua sombra mais densa ou projeção concreta, que também as ficam possuindo, embora veladamente. Assim se conseguiu dar expressão, sensorialmente acessível, à realidade abstrata do superconcebível, trazendo-a ao nosso mundo com o revesti-la de um invólucro que a torna tangível. (P. Ubaldi - As Noúres).
É evidente, que sendo o universo sempre todo presente em suas várias fases evolutivas e dimensões que os seres atravessam no infinito, o limite do perceptível somente existe nos meios individuais de percepção e não nos fenômenos. Assim, por exemplo, o ouvido humano não abarca senão uma determinada amplitude na frequência de vibrações dos sons, além da qual não há percepção. É óbvio também que, como com a criação de novos instrumentos e recursos de pesquisa se alcançou a revelação de um novo mundo, do mesmo modo toda extensão de sensibilidade desloca o limite do cognoscível, que é justamente uma função daquela, um relativo suscetível de contínua evolução. O perceptível, pois, não tem fronteiras em si mesmo, mas apenas na relatividade de nossa posição evolutiva; se esta se eleva, automaticamente também se dilata o perceptível. (P. Ubaldi - As Noúres).
A Bíblia é o mais vasto documento de recepção noúrica mundial, atingindo as mais elevadas fontes. O povo hebreu nos dá o exemplo de um fenômeno inspirativo gigantesco, prolongando-se por séculos e séculos, funcionando como preparação do evento que daria origem à civilização destinada a governar o mundo. Não é possível a dúvida nem a negação em face de fatos históricos de tal importância. E o Cristianismo foi esperado e preparado por essa elevadíssima mediunidade inspirativa, que agora estudamos, e desses contatos superiores continuamente se tem alimentado e fortalecido no seu exaustivo caminhar. (P. Ubaldi – As Noúres).
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