O que decide na difusão de uma ideia não é o seu valor, mas a posse de meios materiais que podem difundi-las. As opiniões fabricam-se mecanicamente. Basta possuir a imprensa e o radio. A grande floração de meios de que se enriquece a nossa pseudo-civilização mecânica e utilitária, nos fez esquecer o melhor. Eles absorveram toda a nossa atenção, sujeitaram o nosso espírito, invadiram tudo, substituindo-se a tudo e pretendendo bastar a tudo. Mas já sentimos o vazio terrível que está em nós, a carência de diretivas, porque sentimos cada vez mais que somos incapazes de dirigir esses meios sempre mais poderosos. E o perigo é grave, porque se não soubermos dirigi-los com sabedoria, eles se constituirão em nossas mãos um instrumento de destruição universal. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Observado de um outro plano, toda esta luta se torna unidade e o problema se transforma completamente, pois que cada problema é verdade sempre em função da inteligência que o propõe e dos limites da mesma. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Na estrutura atômico-eletrônica da matéria, os diversos elementos componentes não são iguais. É o que nos desvenda a indagação submicroscópica Em seguida, se a observação analítica substituirmos uma observação sintética macroscópica e constatarmos uma homogeneidade de conjunto, é porque esta resulta das características comuns aos elementos diferentes que só assim conseguem uma identidade de conjunto. E isto se dá sem prejuízo de sua individualidade e livre manifestação, segundo a estrutura de cada um. As leis da existência nos dizem, pois, que a vida atinge a homogeneidade sem prejudicar a individualidade, atinge a igualdade que unifica, sem destruir as diferenças que distinguem. Os elementos conservam, pois, a individualidade inviolada, sem com isto impedir que todas as semelhanças equilibrem estas diferenças, reconstituindo assim a unidade segundo as qualidades coletivas que estão na base de uma individualização mais vasta do que a dos simples elementos. A igualdade se constitui, deste modo, não como uma violação imposta a individualidade, mas como uma espontânea reordenação dessas unidades. A igualdade não é, assim, uma superposição forçada da realidade, mas uma organização desta em um plano evolutivo mais elevado (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
No nosso século de movimento e velocidade, assistimos a um contínuo desmoronar de barreiras. As paredes divisórias, erguidas pela ignorância humana, por mais que resistam, vão sendo paulatinamente demolidas. No campo político revela-se absurda e ofensiva para os excluídos a ideia de uma superioridade racial, como o é também a de uma absoluta superioridade racial, como o é também a de uma absoluta superioridade individual. Tanto mais perniciosa é semelhante ideia, quanto ela tende à escravização e ao extermínio de outras raças ou povos. Toda raça possui qualidades que não se formaram ao acaso e que têm uma função coletiva Cada povo pode oferecer uma contribuição útil à formação do novo organismo da humanidade. E se existe uma raça mais evoluída, esta tem, por isso mesmo, o dever de educar e fazer evoluir, e jamais o direito de esmagar e desfrutar. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Se Deus está presente em toda a parte, no entanto não o vemos jamais manifestar-se por ação direta, mas apenas por meio do pensamento e ação das suas criaturas, por meio dos eventos, e agir, mais do que no exterior, no profundo ou pela profundeza das coisas. É a isto que é necessário atentar. Quando Deus faz uma flor, cria um órgão, matura um fenômeno; não age com as próprias mãos, como nós o faríamos; pelo exterior, mas opera silenciosamente do interior, justamente porque, se Satanás é exterior e periférico e age em superfície, Deus é interior e central e opera em profundidade. A vontade de Deus reside, pois, no interior da vida e daí aflora nos fatos. É uma tácita e lenta transformação que só por fim aflora à realidade sensória, quando todo o processo da gênese estiver completo. Por isto a maioria não a percebe e assim acredita que Deus não esteja presente na Sua obra contínua. É, pois, necessário saber enxergar profundamente com olhos não materiais, mas espirituais. É necessário permanecer com ouvidos vigilantes para ouvir como falam os fatos em derredor de nós, sobretudo como significado espiritual, que não é quase nunca aquele significado próximo e utilitário que nós lhes damos. Se soubermos ouvir, perceberemos que realmente Deus nos fala. Ele se manifestará indiretamente, através de outras bocas e outras ações, mas se manifestará. Efetivamente, através dos infinitos seres viventes e pensantes não lhe falecem as vias para exprimir-se em qualquer linguagem e caso. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Nós nos fazemos iludir pela voz do mundo. Esta é muito diferente. É verdade que fere muito mais os ouvidos, mas não atinge a alma. O mundo tem sempre pressa, porque está encerrado no tempo. Deus fala calmo, porque é senhor do tempo. Por mais que a mundo corra nunca chega exatamente. Deus com a paz das coisas eternas, jamais se engana na hora. O mal clama estertorante nas praças, faz-se ouvir bem materialmente e, por isto, parece prevalecer. O bem, que vem de Deus, enxerga-se mais dificilmente, porque está oculto no interior, onde silencia e espera, mas amadurece na raiz das coisas. As vias de afirmação são opostas, mas as interiores produzem efeitos bem maiores. Os homens escrevem na superfície, mas Deus esculpe nas profundezas, de onde tudo nasce. Assim os bons não aparecem, porque não fazem ruído. O bem move-se mais lentamente, mas produz transformações mais substanciais, por conseguinte mais duradouras. Ele se propaga pacificamente, quase invisível, ramifica-se, infiltra-se no interior sem aparecer, porque obedece aos tenazes e profundos impulsos da vida que o quer. Aflição, alarido e também instabilidade estão no exterior, no reino periférico de Satanás, não nas fontes, onde se encontra Deus. Ali há paz e silêncio: uma atividade imensa e silenciosa que só surge, por fim, quando tudo está feito. Deus opera sem rumor. A Sua ação é tranquila, igual, segura e tenaz e em paz tudo vence, como uma lenta inundação. Diferentemente da afanosa evolução do mundo, Deus "É" e silencia, e, no entanto, está sempre presente com a Sua ação íntima, constante, benéfica. Só com essa Sua silenciosa presença, Deus alimenta e renova o universo, não da periferia ou superfície, mas do centro, não da forma, mas a esta chegando pela substância onde Ele é fonte da vida. Por isto é que Deus se nos revela em uma sensação de grande paz. É nesta direção, pois, isto é, na profundidade, no espírito, que devemos procurar ouvir as vozes que nos dizem qual é para nós, no nosso caso e em cada momento, a vontade de Deus. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Os próprios imperialismos dissimulados sob mascaras diversas, sempre iguais, não constituem senão uma forma de obediência a Lei, que concede a palma ao vencedor, apenas para confiar-lhe o encargo de, dominando, coordenar, nutrir e permitir a evolução de outras nações menores. E estas, pela mesma lei, se deixam dominar, nutrir, guiar e instruir até se tornarem adultas, para então rebelar-se e se tornarem, como se diz, livres. É o mesmo que se dá com os novos rebentos que crescem sobre o velho tronco, nutrindo-se da sua ruína. Sempre o mesmo esquema: dualismo, centro e periferia, núcleo positivo e elétrons negativos que giram em seu derredor, pai e filhos. Crescidos os filhos, o pai nada mais tem a fazer. O mesmo se passa com as nações imperialistas. E todos, servos da mesma lei, todos enquadrados no desenvolvimento dos ciclos históricos do tempo. É fatal. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Já vimos os vários aspectos humanos desse erro fundamental feito de orgulho e de rebelião, isto é: l.º - o erro moral de compreensão da lei divina; 2.º - o erro científico, especialmente no campo médico, do qual depende a nossa saúde física; 3.º — o erro político-social, causa de guerras e de revoluções. Vejamos agora um 4.º aspecto: - o erro intelectual, que desorienta todo o pensamento moderno. São eles quatro formas de desordem e de violência da lei, das quais derivam varias carências ou privações de bens ou seja: 1.º - miséria material, 2.º - aumento de moléstias, 3.º -destruição bélica e revolucionaria, 4.º - desorientação espiritual, que atinge as raias da loucura.(P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
No campo intelectual o erro moderno, baseado no orgulho, assume a forma de racionalismo. Esta é a forma mental do nosso século, que nela se encerrou sem saber como sair. É uma forma que teve a sua grande função, na qual, porém, os recursos espirituais do homem não se podem esgotar. A razão representa na fase relativa e transitória da personalidade humana, um meio construtivo da consciência que deve ser abandonada depois de conseguido o objetivo. Na realidade possuímos um vir-a-ser psicológico relativo e um contínuo processo de superação, vir-a-ser de que o racionalismo não é mais que um particular momento, ao qual se pretende conferir um valor absoluto e definitivo. O racionalismo é uma forma de pensamento destinado a esgotar-se com a sua função construtiva e que não possui valor senão relacionado a esta. Ora, em nada se vê tanto o aspecto luciferiano do espírito de orgulho e de rebelião, quanto neste racionalismo que substituiu o eu a Deus, e o querer humano as leis da vida. Pretender-se-ia assim dominar a eternidade, reduzindo-a a forma do nosso presente, e o absoluto, encerrando-o e reduzindo-o aos termos do nosso relativo. (P. Ubaldi - Ascensões Humanas).
Quando pretendemos a realização de um objetivo qualquer, de um lado existe a nossa necessidade e o nosso desejo, e de outro um plano instintivo e racional, ambos visando a conseguir a satisfação do objetivo. Mas o que não envolverá esse plano em face ao oceano de incógnitas que nos circunda? E essas incógnitas são forças presentes, reais e ativas, de tal ordem que a cada instante podem desviar o transcurso dos nossos planos, interferir na série por nós coordenadas dos nossos atos, introduzindo-lhe novos impulsos, que provindos do ignoto, são para nos imprevisíveis. Para poder compreender e definir o imponderável é necessário penetrar esse ignoto. Os desvios que ele introduz e que nós não logramos prever, porque nos escapam os seus elementos, que são mais poderosos do que nós, assediam-nos a cada passo, nos pequenos eventos individuais de cada dia como nos grandes da história, conferindo à nossa vida um contínuo toque de incertezas. Efetivamente jamais estamos verdadeiramente seguros, quando pomos em execução um projeto qualquer, se conseguiremos chegar aonde pretendíamos ou se seremos levados a um ponto inteiramente diverso do fixado. Frequentemente uma coisa desejada com tenacidade e disputada com sagacidade não é conseguida, embora sabiamente preparada, enquanto que outras que de início parecem apresentar-se com mínima possibilidade de êxito, são às vezes imprevistamente coroadas de resultado pleno. Que na realidade os três quartos dos elementos do sucesso nos escapam, é fato que todos conhecem. Nós nos agitamos, pois, às cegas, mantendo em nosso poder apenas um quarto dos elementos de triunfo e, com tão poucos trunfos na mão, tentamos conseguir tudo. Tentamos na verdade. A maioria, que conhece essa incerteza, atira-se á aventura, agindo ao acaso, desordenadamente, fazendo o que pode e mais do que pode. Mas é evidente que a solução do problema do sucesso não está no uso arbitrário e desordenado, ainda que enérgico e decidido, daquele quarto dos elementos de que dispomos, mas está no conhecimento e, por conseguinte, na sábia manobra dos elementos contidos nos outros três quartos que nos escapam.(P. Ubaldi - Ascensões Humanas)
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