Página Principal | Download | Biografia | Álbum Fotográfico | Relação dos livros | Links | Artigos |

Ritmos Evolutivos

MENSAGEM ORIGINAL:

    Eu pesquisei aquela página que vc me indicou no domingo sobre a dúvida que eu tinha ( e ainda tenho) , sobre aquele aspecto da lei dos avanços e recuos no caminhar evolutivo na proporção 3:2, e o ritmo interno 2:1.

    E como eu ainda estou muito longe disso, eu queria te pedir que vc tivesse um pouquinho de paciência comigo, pois realmente eu tentei me esforçar pra entender aquela "Fórmula da progressão evolutiva - Análise da progressão em seus períodos" , mas eu não consegui. Por exemplo, como é que funciona na nossa vida física (na prática) aquela parte: "O sinal negativo indica que a fase está sendo percorrida em sentido contrário, isto é, em direção involutiva".

    É que eu não entendo o que seria uma experiência que poderia provocar involução na nossa vida. No Kardecismo eu aprendi que a gente nunca consegue andar para trás na nossa evolução. A gente pode até passar uma encarnação inteira estacionado (não evoluir nada), e desencarnar e voltar para o plano astral no mesmo patamar evolutivo que estava quando nasceu. Eu imaginava que todos os acontecimentos da nossa vida serviam para o nosso aprendizado, pois mesmo quando cometemos erros, em geral é por sermos ainda ignorantes, e pela lei do carma (ação x reação), vamos aprendendo com os retornos negativos a distinguir a luz das trevas, o bem do mal, o ético do anti-ético, e assim por diante, e tudo fazendo parte de um processo evolutivo (quer dizer, eu imaginava assim até conhecer a teoria de Ubaldi). E então eu imaginava que nesse processo todo não poderia existir involução, pois tudo faz parte do aprendizado e do processo de iluminação do ser, mas agora lendo Ubaldi eu não poderia deixar de considerar e tentar entender o que ele quis nos mostrar.

    Será que vc, querido amigo, poderia tentar me explicar na vida prática da gente como que isso funciona?

    RESPOSTA:

    Creio que se você observar o transformismo a que todos os fenômenos estão sujeitos, verá que existem períodos involutivos intercaldos com os períodos evolutivos. Assim, estão sujeitos a estas oscilações de períodos evolutivos e involutivos os transformismos cósmicos, geológicos, climáticos etc. cujos períodos duram bilhões de anos até os fenômenos humanos que duram apenas algumas dezenas de anos. Vejamos alguns exemplos onde poderemos ver e sentir com mais facilidade devido a nossa proximidade com eles.

    Tomemos como primeiro exemplo o fenômeno da vida física humana. O período evolutivo pode ser visto nos períodos da infância, juventude e maturidade. O corpo passa por transformações do crescimento e do aumento do vigor físico, atingindo um máximo na maturidade adulta. Após isto sobrevém a velhice e a decrepitude. Nestas fases há um evidente récuo nas qualidades físicas do ser humano, que pode ser observada pela perda de massa corporal, de altura (devido o desgaste ósseo), e de decréscimo da energia vital.

    Para fixar com mais precisão estas idéias, tomemos a vida psíquica do ser humano como segundo exemplo. Na infância predomina a mente instintiva em que a criança interarge com o mundo exterior através dos impulsos inconscientes básicos (fames et libido) herdados da milenária evolução animal-humana. Na juventude sobressai o dinamismo, a procura e a experimentação e, pelos choques com o ambiente, começa a se formar a capacidade racional que alcançara o seu ápice relativo na maturidade da vida. Alcançado um ponto culminante, relativo ao nível evolutivo de cada criatura, começa a decadência psíquica que geralmente são denomindas de esclerose que nos seres menos evoluídos termina na mais profunda caducidade. Assim, fica claro o significado do sinal negativo, pois o ser na velhice aparentemente perde tudo aquilo que havia conquistado no seu crescimento físico e psíquico.

    Mas, como tudo é repetição ciclica no Universo, na próxima encarnação o ser torna a refazer este caminho de forma um pouco diferente na duração destes períodos por estar mais evoluido. Devido a sua experiência anterior trilha o antigo caminho mais depressa atingindo a maturidade mais cedo e a velhice psíquica mais tarde.

    Esta maior velocidade de transformismo indica que o círculo não é fechado. Na realidade é um espiral de pequena abertura como foi mostrado na famosa figura 4 do livro A Grande Síntese. Desta forma, os seres humanos de reencarnação em reencarnação atingirão um grau de perfeição que levarão os mais evoluídos a nascerem em um Universo cujas dimensões não mais serão: Espaço, Tempo e Consciência. As dimensões deste Universo superior são Tempo, Consciência e Super-Consciência (Intuição) o que significa que não existe matéria neste Universo e em consequência os "corpos" desses seres mais avançados evolutivamente do que nós, são puramente energéticos já que a Energia é o substrato básico destes Universos como a Matéria é o substrato básico do nosso Universo.

    Convém lembrarmos que o processo transformista acima descrito tem validade para qualquer tipo de fenômeno, como havíamos frisado sobre os ciclos cósmicos, geológicos, climáticos. Ele é válido até para os menores fenômenos do nosso cotidiano pois vivemos num Universo Monista onde tudo repete o processo original da criação e de sua posterior queda espiritual. Assim, tudo o que existe, seja material, energético ou psíquico oscila entre fases construtivas e destrutivas, mas, as fases construtivas acabam superando as destrutivas no ritmo externo de 3:2 e no transformismo interno na razão de 2:1. Muitas vezes temos dificuldade para "enxergar" estes ritmos por estarmos neles imersos e, sobretudo, em razão do seu compasso temporal que pode variar de bilhões de anos no caso dos ritmos cósmicos até a alguns nanosegundos ( 1 nanosegundo = 1 bilhonésimo do segundo) nos fenômenos relativos às partículas sub-atômicas.

    Ubaldi explica isto claramente na seguinte passagem:O universo, repetimo-lo, é feito de esquemas de um único tipo e, por isso, encontramos a cada momento e em todo ponto o esquema maior no menor, embora adaptado aos casos particulares. Tudo ecoa e se repete no universo. O eco desse primeiro ato do ser não se extinguiu. Ele revive nas formas da vida, que continua a se desenvolver pela via então iniciada e traçada. (P. Ubaldi - Deus e Universo)

    Para complementar o tema que desenvolvemos acima, reuni alguns trechos de vários livros de Ubaldi com o intuito de facilitar o seu entendimento.

    Poder-se-ia então definir o fenômeno biológico como um processo de transformação da energia em conhecimento, pensamento, inteligência ... A sabedoria da velhice é o equivalente psíquico dos valores dinâmicos da juventude. Nada se destrói, tudo se transforma. Quando o indivíduo tem esgotado suas energias por ter experimentado bastante, está rico de novas qualidades, que valem o que ele perdeu como energia. Na velhice o consciente adormece, se cristaliza de novo na inércia, mas o seu trabalho de toda a vida ficou filtrado no subconsciente, do qual estará sempre pronto a ressurgir para dirigir o ser no futuro automaticamente, quando o consciente não estiver acordado para realizar o trabalho de continuar, no futuro, a construção realizada no passado. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética - Cap.6)

    O que em geral acontece com os três tipos, na velhice e na morte, com referência às qualidades psíquicas? Aqui vemos que os decursos das suas vidas, física e psíquica, não coincidem. O órgão cerebral começa geralmente a decair entre os cinqüenta e sessenta anos. No tipo involuído as faculdades do pensamento desenvolvem-se até ao seu máximo de vinte ou trinta anos, estando na dependência do órgão cerebral, diminuindo com este. Assim para o tipo normal. Em ambos os casos, a velhice física comumente conduz à velhice mental. Isto porque a parte espiritual do indivíduo se apoia toda no cérebro, que a expressa, não transcendendo os poderes do instrumento. Então, pelo fato de que a psique não é bastante potente para ter feito uma vida autônoma independente, porque acima da capacidade do órgão que a expressa, a parte mental é obrigada a decair com este. Teremos, assim, na velhice aquilo que geralmente acontece, isto é, uma descida mental progressiva, culminando na morte, que será um extinguir-se da consciência até aos níveis do subconsciente alcançados pela personalidade do indivíduo. (P. Ubaldi - Um Destino Seguindo Cristo - Cap 16)

    Nos primitivos não desenvolvidos no superconsciente, ativos apenas no plano físico, a vida é apenas corpórea, e a morte dá a sensação de anulação final. Por isso, é olhada com terror. Mas isso não quer dizer que eles não sobrevivam. Isto acontece, mas caindo na inconsciência, ou ficando com a capacidade de pensar apenas no nível do subconsciente animal. Faz realmente sofrer aquela sufocante diminuição vital, o que torna temível a morte. Extinto o cérebro, que era a zona dentro da qual estava limitada toda a consciência do indivíduo possuía, mentalmente era como se este fosse finito, mesmo que sobrevivessem no seu subconsciente resíduos de reminiscências terrestres. Para tais indivíduos a vida é a do corpo no plano físico. Por isso, temem perdê-la. E, uma vez perdida, procuram-na reencarnando-se, para tornar a viver no seu ambiente físico, o único em que se sentem vivos. Ao contrário, no indivíduo que alcançou um desenvolvimento mental e nível de consciência psicocêntrica mais avançado que o normal, a sobrevivência da personalidade no momento da morte advém sem nenhuma perda de consciência, em estado lúcido, sem a sensação de anulação e de morte. Isto confirma o que havíamos afirmado, isto é, a evolução em direção ao S conduzindo à superação de tudo o que é negativo, próprio do AS, como ignorância, dor e até a morte. (P. Ubaldi - Um Destino Seguindo Cristo - Cap 16)

    Na velhice, que é o período em que por graus se começa a morrer, pode-se constatar e controlar a realização deste processo de desfazimento mental que acompanha o do cérebro nos indivíduos cérebro-cêntricos, de desenvolvimento mental inferior ou médio, como se pode observar a ausência deste enfraquecimento nos indivíduos psicocêntricas, habituados a funcionar mentalmente no nível supercerebral do superconsciente. A constatação destes fatos faz prever como será o gênero de morte que espera o indivíduo conforme seja o tipo a que ele pertence, isto é, se ela será uma queda na inconsciência, ou uma morte lúcida, sem perda de consciência e conhecimento. Para quem conhece quais são os resultados da evolução, é lógico que assim aconteça. Deste modo ele se liberta cada vez mais da morte, na medida em que dilata e potencializa a faixa do consciente à custa da zona do inconsciente.(P. Ubaldi - Um Destino Seguindo Cristo - Cap 16)

    A evolução tem um ritmo, que não se pode forçar. Pode, assim, haver necessidade também de pausas e repouso, ainda de momentâneos retrocessos, para que a evolução não se torne destruição. (Pietro Ubaldi - Problemas do Fururo - Cap. 8)

     Na velhice há para todos um regresso involutivo, como um enrolar-se da personalidade que se fecha em si mesma, encerrando em si os resultados do trabalho da sua vida atual. Depois chega a morte, silêncio, vida introspectiva, em compensação da sua parte inversa e complementar — extrovertida, que chamamos também de vida. Quanto mais o indivíduo é primitivo, tanto mais poderosa e real é a segunda forma de vida, e fraca, misteriosa e irreal é a primeira. Quanto mais o ser é adiantado, tanto mais ilusória é a vida terrena, e mais poderosa, real e viva é a vida extra-corpórea depois da morte. Por isso o primitivo julga a perda da vida física uma grande perda e desesperadamente luta para a conservar, enquanto o evoluído possui a sensação de que a morte não o atinge, porque não apaga o seu estado de consciência acordada, no qual ele fica vivo, apesar da morte. (P. Ubaldi - Princípios de uma Nova Ética - Cap. 6)

    Também assim se explica por que a vida não progride em movimento uniforme, o seu ímpeto na subida se cansa e termina logo, esgotando-se na velhice e na morte. E explica-nos como, para poder continuar a evoluir, a vida deve sempre ser recomeçada no início, com os renascimentos. Isto acontece também no desenvolvimento das aristocracias, das classes dominantes e das civilizações. (P. Ubaldi - O Sistema- Cap. 14)

Pedro Orlando Ribeiro

Página Principal | Download | Biografia | Álbum Fotográfico | Relação dos livros | Links | Artigos |