Prezado amigo:
Da mesma forma que todos
os órgãos, células, moléculas, átomos de nosso corpo trabalham em uníssono formando um ser coletivo
maior, assim também, somos partes de individualidades ainda maiores: famílias, grupos sociais, povos,
nações, humanidades e humanidades de humanidades, fundindo-se juntos em unidades cada vez maiores pois o
Universo é Monista, significando que todas individualidades são constituídas da mesma substância
única: a substância divina. Embora num universo em evolução os seres se escalonem em níveis
evolutivos
diferentes, a evolução é solidária entre os diversos planos. Não há compartimentos estanques dentro do
processo evolutivo, o que está mais acima apóia sobre o que está mais abaixo para se desenvolver, mas, ao
mesmo tempo arrasta o menos evoluídos para níveis mais altos. Veja, por exemplo, como se desenrola a cadeia
alimentar entre os seres vivos, processo que Ubaldi muito apropriadamente denominou de curso de
educação da
matéria:
"Massas de milhões de plantas cada dia, assimilando-a no seu
organismo, transformam a matéria prima inorgânica em material orgânico. Milhões de animais comendo-o e
assimilando-o, transformando-o assim em carne o levam a um nível mais alto. Milhões de seres humanos, sem
poder deter-se, para viver, devem ingerir cada dia montanhas de toneladas deste material que plantas e
animais lhe fornecem, transformando-o em substância ainda mais evoluída, nervos e cérebro, produtores de
dinamismo volitivo e mental. Gradualmente diminui a massa da quantidade em favor da qualidade na qual ela
se transforma, destilando e concentrando os valores espalhados naquela quantidade. Para que serve esta
contínua ingestão de matéria de grau menos evoluído, colocada assim em circulação para cumprir funções cada
vez mais elevadas em organismos mais evoluídos? Começando pelas plantas assimiladoras do terreno, e assim
se elevando até ao homem, vemos que a matéria, do seu estado inorgânico passa através de uma elaboração
contínua, pela qual os átomos que a compõe, chegam ao estado orgânico da vida, até ao nervoso e cerebral,
no qual devem saber funcionar como elemento do instrumento do pensamento; esses átomos dispõe-se a
colaborar de mil maneiras e devem aprender muitas coisas. Assistimos assim a uma espécie de curso de
educação da matéria. Neste processo não só o ser mais evoluído aproveita o trabalho feito pelos menos
evoluídos, e assim como uma pirâmide, a vida se eleva em direção a planos mais altos, apoiando-se nos mais
baixos; assim também o material de tipo inferior, que serve e ajuda, com o seu trabalho mais rudimentar, à
execução do mais avançado, é levado por sua vez a avançar, ao estar formando parte de organismos e portanto
adstrito a trabalhos mais complexos" (P. Ubaldi - A Descida dos Ideais)
Dentro desse dinamismo, as substâncias são tomadas e levadas
através do organismo, são absorvidas, assimiladas, fundidas na palpitação vital e, depois de haver demorado
nele, são eliminadas. Sua passagem pelo ciclo orgânico é, para essas substâncias, uma espécie de febre, de
corrida insólita, da qual escapam para repousar em seu equilíbrio químico inorgânico assim que se livram
dessa imposição. (P. Ubaldi - A Grande Síntese)
Assim se dá a renovação celular do nosso corpo, que no prazo de
alguns meses suas células são totalmente substituídas. Vida e morte se alternam em todos os níveis, tanto
na vida humana, como no sistema celular e até no aparecimento e desaparecimento de universos. Para se
construir uma casa mais moderna é preciso demolir a casa velha para liberar o terreno para a nova
construção.
A matéria eliminada retorna ao seu estado primitivo mais simples e
cai num repositório comum e é retomada por outros seres num ciclo mais baixo de vida reiniciando seu
caminho evolutivo. E assim de grau em grau, com avanços e retornos, os seres de qualquer nível evolutivo,
evoluem interagindo com os planos evolutivos que lhes estão acima e abaixo. Desta forma, podemos dizer que
somos responsáveis em sentido genérico em relação às individuações menores, mas não em sentido
especifico
com cada individuação menor em particular. Somos, no entanto, especialmente e diretamente responsáveis em
relação aos nossos semelhantes do plano humano. Responsabilidade essa que gera tanto o Carma
individual como o coletivo,
Pedro
Orlando Ribeiro