1. Como acontece a Evolução ao longo do tempo?
Muitas vezes ficamos desanimados ao olharmos para a nossa vida e sentimos que nada muda e tudo continua na mesma, seguindo uma aborrecida rotina que exaure nossas esperanças de melhoria da nossa condição de vida. Tudo parece marchar para o envelhecimento, para a deterioração e para a destruição.
Entretanto, esta é uma visão míope centrada nos nossos desejos de curto prazo. Se olharmos para o antiqüíssimo passado da espécie humana veremos que o homem começou o seu caminho entre as feras,em duras condições de sobrevivência. Este era o estado do homem primitivo, indefeso, a mercê das feras e dos fenômenos naturais, num planeta que ainda era teatro de desencadeamento caótico de forças primitivas. A terra situada em baixo, campo de tantas lutas, continha muitos perigos de morte. (P. Ubaldi – Evolução e Evangelho). Apesar da seleção do mais forte ter sido a tônica da História, não podemos negar que houve um imenso progresso tanto na vida individual como na coletiva. Embora o homem ainda seja um primitivo e a sociedade seja injusta, houve uma sensível evolução em todos os campos da vida.
O que confunde a nossa perspectiva sobre a evolução é que esta parece andar por tentativas e erros. O acaso parece governar os acontecimentos. Tudo nos parece incerto.Mas se observarmos com mais atenção veremos que tudo é cíclico. A história nos mostra que a um período destrutivo segue um período construtivo. A evolução oscila entre estes pólos. Assim qualquer fenômeno está sujeito a repetir este ciclo: uma fase destrutiva seguida por uma fase construtiva.
Da descoberta do fogo pelo homem pré-histórico até a conquista da Lua a evolução humana se desenvolveu de maneira cíclica passando por períodos construtivos seguidos por períodos destrutivos. A evolução da História é semelhante a figura mitológica de Sísifo, cuja tarefa imposta pelos deuses do Olímpio era de empurrar uma imensa pedra morro acima. Quando atingia o cume a pedra sempre rolava para o sopé do morro obrigando a Sísifo a empurra-la novamente para o alto, repetindo seu gesto eternamente num ciclo infindável. Entretanto, os fatos históricos comportam de maneira um pouco diferente do mito, o novo ponto de partida fica sempre um pouco acima do ponto de partida inicial. Há sempre um ganho no cômputo geral. Para um olhar abrangente os fatos históricos parecem ziguezaguear ao longo do tempo.
Como vimos, a longo prazo o progresso é uma constante apesar de recuos periódicos, assim, podemos concluir que na realidade o ciclo destrutivo/construtivo não é fechado. Existe uma assimetria entre as fases construtivas e destrutivas. Ubaldi nos mostrou que existe uma razão de três fases construtivas para duas destrutivas. Dessa forma o ciclo é na verdade uma espiral de abertura constante, não obstante existirem as fases de recuo. Devido a estas fases de recuos a história se repete mas não é mais a mesma.
Como exemplo histórico podemos lembrar a revolução Francesa que após derrubar uma monarquia absoluta, implantando um governo de maioria, acaba por seus excessos e abusos na tirania Napoleônica e por fim na restauração da monarquia de Luis XVIII, num evidente recuo ao ponto de partida. Outro exemplo é o da Revolução Russa que surgiu de uma reação aos abusos do czarismo. O propósito da revolução era libertar o povo russo de um regime de milenar servidão e, paradoxalmente, terminou por retornar ao ponto de partida ao implantar um regime totalitário - o stalinismo - semelhante ao czarismo. É somente num novo ciclo histórico que estas conquistas políticas se restabelecem e se fixam. Portanto, a afirmação de que a História se repete tem um fundo de verdade. Mas, há uma diferença: o retorno nunca se dá exatamente no mesmo ponto de partida e sim um pouco acima, pois a trajetória do fenômeno segue o ritmo de três fases de avanços para duas de recuo, conforme mostra o gráfico do Desenvolvimento da trajetória dos movimentos fenomênicos na evolução do Cosmo -. fig 4 de A Grande Síntese.
Ubaldi nos afirma: No ritmo histórico continuamente se alternam os períodos clássico e romântico. O primeiro, masculino, explosivo, guerreiro, materialmente conquistador, destruidor, fecundante e semeador, violento, involuído, materialista. O segundo, feminino, tranqüilo, conservador e espiritualmente conquistador, construtor, preparador e amadurecedor, pacífico, evoluído, espiritualista. Na trajetória dos movimentos fenomênicos o primeiro período representa a fase de queda involutiva, de retorno e de recuo; o segundo, a fase de ascensão evolutiva, de progresso, de ímpeto. Ambos os períodos, porém, são necessários porque têm funções diferentes e ao mesmo tempo complementares. O progresso caminha amparado nessas duas forças contrárias, impelido pelos seus choques e contradições. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do 3º Milênio)
O século XX foi um século onde predominou o ritmo do período clássico. Este novo século que ora se inicia será a volta do período romântico, pois será o inicio de uma nova era espiritualista que substituirá o materialismo que predomina até agora. É por isso que Ubaldi prevê o surgimento de uma nova Civilização no Terceiro Milênio.
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2. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?
Se analisarmos as três perguntas veremos que, surpreendentemente, elas já contém em si mesmas as respostas. Esta estranha afirmativa tem seus fundamentos num ponto importante da teoria básica de Ubaldi: O MONISMO.
Ubaldi define inicialmente Monismo com o conceito de um Deus que É a criação. Assim, Deus é o Todo e em conseqüência já sabemos quem somos pois somos partes do Todo e desta forma fica explicado porque Cristo afirmou: Sois Deuses. Deus significa existir. Ele é a essência da vida. Tudo o que existe é vida, isto é, Deus. E Deus é tudo o que existe, que é vida. (P. Ubaldi – O Sistema)
Naturalmente viemos do seio de Deus, isto é da transformação da substância Divina: (...) transformando-se, de um todo homogêneo, internamente indiferenciado, num todo orgânico, unidade coletiva composta de infinitos espíritos (P. Ubaldi – O Sistema). Esta transformação que podemos chamar de criação deu-se em três momentos, que são os três modos de ser da substância divina original: Pensamento, Vontade e Ação (1ª criação). Esta é a Trindade do Deus-Uno que é uma abstração da realidade pois sabemos que há simultaneidade nos três aspectos em virtude do caráter Monista do Todo e, conseqüentemente, com Deus onipresente em cada manifestação (Imanência Divina). Como nada pode existir fora do Todo (Deus-Uno) - em virtude do Todo ser infinito – qualquer processo de criação obrigatoriamente obedece a este esquema trino.
A terceira pergunta Para onde vamos? no caso da 1ª criação deveria ser reformulada para Onde estamos? A resposta seria óbvia: Estamos no seio de Deus, somos partes de um Todo infinito.
As criaturas surgidas nesta primeira criação eram perfeitas, dotadas de autonomia, embora integradas ao Todo por serem parte da substância divina. Por serem autônomas e portanto livres, escolheram criar um organismo separado de Deus (2ª criação), em conseqüência apareceu o Anti-Sistema que é o nosso universo decaído. Mas como o Sistema original é infinito o Anti-Sistema continuou dentro do Sistema, só que de forma emborcada. Constituído o primeiro modelo da Trindade, não se podia sair dele; e com efeito ele retorna, ainda que invertido, permanece sempre o mesmo(P. Ubaldi – O Sistema). Ubaldi acrescenta: O universo, repetimo-lo, é feito de esquemas de um único tipo e, por isso, encontramos a cada momento e em todo ponto o esquema maior no menor, embora adaptado aos casos particulares. Tudo ecoa e se repete no universo. O eco desse primeiro ato do ser (1ª criação) não se extinguiu. Ele revive nas formas da vida, que continua a se desenvolver pela via então iniciada e traçada. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Desta forma os três modos de ser do Sistema original Pensamento, Vontade e Ação decaíram em Espírito, Energia e Matéria, mas, como se tratava de um organismo emborcado, a seqüência deste processo também se inverteu para Matéria, Energia e Espírito, fases que demarcam os limites dimensionais do nosso universo. O sentido do processo criativo se inverteu, e por isso é necessário fazer a trajetória inversa para reverter a queda (2ª criação): Matéria → Energia → Espírito. Assim, todos os fenômenos de qualquer espécie – sejam eles materiais ou intelectivos - são definidos por esta triplicidade.
Quando formulamos (ou seja: criamos) as questões (Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?) estamos inconscientemente aplicando o processo criativo da 2ª criação, assim temos:
Quem somos?– Somos criaturas decaídas na matéria.
De onde viemos? – Viemos do Sistema através da queda ( queda = movimento involutivo, ou seja, energia).
Para onde vamos? – Vamos para o Espírito (Deus é puro espírito, isto é, pensamento).
A conclusão acima nos mostra que até na formulação de uma simples questão estamos limitados pela estrutura formal de nosso universo. A nossa atual forma mental é incapaz de superar conceptualmente as dimensões de espaço, de tempo e de consciência racional que marcam e limitam o universo atual. Assim, a resposta que podemos dar a estas indagações é apenas relativa ao nosso estágio evolutivo.
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3. Tudo evolui? Porque?
Creio, que esta pergunta já está parcialmente respondida pela 2ª. Mas é necessário complementar.
Sim, tudo evolui no Anti-Sistema, porque ele é constituído pela substância única da Divindade, contudo as qualidades desta substância estão emborcadas por motivo da queda. A evolução pode ser definida como o processo de recuperação da queda, é a subida que complementa a descida involutiva. O Sistema original é, por sua natureza, absolutamente perfeito e, portanto, não evolui, pois não há como evoluir o que já é perfeito.A evolução só existe no Anti-Sistema.
O Sistema original por ser perfeito já tinha na sua constituição um mecanismo automático de recuperação de qualquer erro que a criatura pudesse cometer. Uma imagem didática que podemos ter deste mecanismo é a daquele brinquedo infantil chamado “João Teimoso” que por mais vezes que tentemos derrubar o boneco, ele sempre volta a posição vertical.
Já no Sistema não pode haver evolução porque não há tempo e portanto não existe movimento. O Sistema é imóvel pois podemos dizer que Deus É, mas nunca podemos dizer que Deus foi ou será. Não existe evolução no Sistema porque ele está na eternidade e, portanto,não existe o tempo e, assim, não pode existir transformismo (Evolução é transformismo). A eternidade é alguma coisa qualitativamente diversa do tempo, situada nos antípodas. Ela não é um prolongamento de um tempo que, embora avançando, sempre está sujeito à duração. É um tempo imóvel, que não anda e jamais passa. É um não tempo. E que é o tempo, senão um produto do desmoronamento, um fracionamento do Uno, o imóvel em fuga no transformismo? A eternidade, unidade indivisa, com a queda se faz tempo, como o espaço, fração do infinito. O tempo existe somente como medida do transformismo (involutivo-evolutivo), cessando quando este termina: A fração cindida reconstitui-se em unidade no eterno, o finito no infinito. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
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4. Existe involução? De que forma?
Creio que a pergunta ficaria melhor se a redigíssemos da seguinte forma: Ainda existe involução? De que forma?
É preciso fazer a distinção entre a queda (involução) do conjunto, isto é, queda de parte do Sistema no Anti-Sistema, da involução parcial, periódica, que acontece a cada fim de um semiciclo evolutivo. É preciso lembrar que o grande ciclo involutivo/evolutivo do Universo é formado por ciclos involutivo/evolutivo menores e estes por ciclos menores e assim por diante ad infinitum. É o chamado princípio dos Ciclos Múltiplos, aspecto dinâmico da Lei das Unidades Coletivas.
Como no nosso Universo convivem as características do Anti-Sistema com as dos Sistema (após a queda o Anti-Sistema continuou dentro do Sistema) o desenvolvimento de qualquer fenômeno sofre a influência de ambos os Sistemas. Por isto vemos a alternância entre períodos evolutivos e involutivos (construção e destruição). A longo prazo, as forças evolutivas superam as involutivas, pois há um ritmo de três fases evolutivas para duas involutivas. Foi por esta razão que Ubaldi desenvolveu a imagem da espiral que abre e fecha periodicamente, mas no conjunto surge a imagem de uma espiral de abertura constante. Na guerra entre o bem e o mal, o bem inexoravelmente vencerá o mal.
Vemos, portanto que a queda do conjunto praticamente (Veremos uma exceção mais abaixo) já se concluiu mas que na marcha evolutiva para restauração do Sistema períodos involutivos de regresso se revezam com os períodos evolutivos de avanço.
Mas existe uma exceção para os rebeldes que se situavam na mais alta hierarquia do Sistema. É o caso de Lúcifer e outros espíritos de maior potência. Ubaldi nos explica este fato no capítulo A Inteligência do Diabo no livro A Técnica Funcional da Lei de Deus: Trata-se de fatos de um caso particular. Devemos pensar que a queda da grande massa se tenha já realizado, porque vemos o nosso universo em fase evolutiva, ao menos até onde podemos conhecer. Na verdade, as qualidades do ser em evolução são limitadas, mas em via de retificação do tipo AS para o tipo S. no caso particular que ora examinamos, temos qualidades de potência e inteligência de tipo S, mas na direção invertida para o AS. Deve-se tratar então, não de emersões evolutivas vindas de baixo, mas de resíduos que no processo involutivo subsistem, porque ainda não foram precipitados na sua fase mais profunda. Estes seriam constituídos pelos elementos que, por serem mais potentes, sendo mais alto seu ponto de partida, têm melhor podido resistir à ação destruidora da queda, mas continuam impulsionados para baixo, ocupados com a construção do AS, e empenhados em arrastar todos para ele. Neste caso particular, aquilo que chamamos inteligência do diabo, típica por suas características, seria um resíduo daquela inteligência de origem, não destruída ainda, mas empenhada na descida e em via de destruição. Quando encontramos a inteligência unida ao mal, isto é, em posição invertida do AS, devemos admitir que estamos no caminho da descida. A presença da inteligência e sua potência nos mostram que o ponto de partida é o S. O seu emborcamento no mal comprova-nos que a direção é o AS. Assim se explica o poder do mal e a sua inteligência, fato cuja presença é inegável.
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5. Do que decorre a Involução e/ou a Evolução?
6.. Teria alguma coisa a ver com a Queda?
O ciclo Involução/Evolução surgiu em virtude da queda. Seria um absurdo afirmar que no absolutamente perfeito Sistema original exista evolução ou involução. O que já é infinitamente perfeito por natureza não tem como melhorar. E, também não pode involuir pois o que é perfeito não tem em si a semente da imperfeição. Acho que estas perguntas já foram respondidas pelas anteriores.
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7. Que ligação tem a Evolução com a Reencarnação?
Esta pergunta ficaria melhor se a reescrevêssemos: Que ligação teria o ciclo involutivo/evolutivo com o ciclo morte/reencarnação?
Como tudo no universo funciona através de ciclos a vida humana não poderia ser exceção. O ser progride através dessa contínua oscilação entre as duas posições inversas e complementares, que são vida e morte. Com a revolta, o espírito não morreu. Apenas a sua vida se inverteu no seu contrário: a morte, de onde vai ressuscitando à proporção que percorre o caminho da evolução. E, através das inúmeras mortes, vai ressuscitando cada vez mais com a evolução. Pensando negar a Deus para afirmar a si mesmo, o ser, com a revolta, não tocou em Deus e negou apenas a si mesmo, precipitando-se da vida, na morte. Com a evolução, deve agora tornar a subir da morte para a vida, com oscilações cada vez mais lentas, nas quais a fase morte vai sendo reabsorvida com o afastar-se do Anti-Sistema, até atingir a plenitude da vida sem mais morte, no Sistema. (P. Ubaldi – O Sistema)
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8. Poderia haver Evolução sem a Reencarnação?
Não! Num Universo onde tudo é cíclico se houvesse interrupção da continuidade em qualquer forma de vida, por mais insignificante que fosse, afetaria a evolução do conjunto com o aparecimento de lacunas, trajetórias sem prosseguimento, paradas abruptas de desenvolvimentos e perdas de preciosas experiências acumuladas de uma imensa massa de indivíduos que seriam colocados à margem do progresso comum de toda a humanidade. A evolução do conjunto é mais importante do que a evolução individual, por isso a vida não pode abrir mão de um rico acervo de conhecimentos individuais construído através dos milênios. O seguinte trecho de Ubaldi complementa a nossa resposta: Sempre colocamos morte e nascimento como dois pólos opostos do mesmo fenômeno vida, como dois momentos paralelos indissolúveis, um como condição indispensável do outro. Sem esta concepção de uma vida mais ampla, ligando todas as pequenas vidas no tempo, não se pode conceber o fenômeno da evolução, nem mesmo espiritual, em que se baseiam as religiões. O conceito de uma criação espiritual, que ocorra toda vez, individualmente, a cada nascimento, quebra todo o conceito de equilíbrio e de continuidade, fazendo do universo material-espiritual uma desordem absurda e caótica, em que nada mais se compreende. Essa idéia de uma criação da alma a cada novo nascimento pode ser colocada ao lado da idéia que diz ser a Terra o centro do Universo, em torno da qual o sol gira, como também a idéia do homem como único habitante objetivo da criação, e ainda a concepção antropomórfica de um Deus que pensa e age à semelhança do homem (P. Ubaldi – O Sistema).
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9. Quais as provas da Reencarnação?
Segundo Ubaldi a teoria da reencarnação é de clareza tão intuitiva e de logicidade tão evidente que, da mesma forma que a existência de Deus. Mas, mesmo assim, podemos enumerar uma série de argumentos lógicos que convergem para uma única solução que é a necessidade de que exista o princípio reencarnacionista para validar estes processos lógicos e demonstrar a coerência dos raciocínios.
Infelizmente, a ciência ainda não pode estabelecer um controle experimental sobre este tema. Isto só será possível quando as ciências psicológicas e sobretudo das radiações estiverem mais desenvolvidas. (P. Ubaldi – Problemas Atuais).
Muitas pessoas argumentam que não existe reencarnação porque não lembramos de nossas vidas passadas. Ubaldi responde da seguinte forma: Se tivéssemos que nos basear na recordação, não teria existido nossa maturação como feto, nosso nascimento, nem os primeiros anos de nossa vida.
Para facilitar a melhor compreensão da teoria da reencarnação, compilamos alguns trechos de dois capítulos do livro Problemas Atuais que Ubaldi escreveu sobre o tema da reencarnação. Procuramos relacionar o texto ubaldiano com as leis e princípios que regem o nosso universo. Apresentamos os vários argumentos em forma de uma tabela para tornar mais clara a exposição.
Argumentos lógicos sobre a Reencarnação
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Argumento ou Lei |
Descrição |
Princípio do Monismo |
Existência de uma fórmula única que rege todos os fenômenos sejam eles do mundo físico ou do mundo moral. A teoria da reencarnação portanto deve seguir as mesmas leis que governam o Todo, como veremos abaixo. |
Lei do Retorno Cíclico |
Tudo na natureza funciona por ciclos, assim, o fim de uma vida leva a abertura de um novo ciclo, semelhante (Princípio Monista) ao que acontece com o ciclo climático: ao inverno sucede automaticamente a primavera. |
Lei do Equilíbrio |
Se não quisermos negar a eternidade do espírito após a morte, temos que admitir em paralelo sua eternidade antes do nascimento. O universo é um organismo equilibrado. Não pode haver balança com prato de um só lado. Não pode existir um semicírculo sem um correspondente, inverso e complementar que o complete. |
Lei dos Opostos |
Aplicando a lei dos opostos, isto é, o princípio geral de que cada abuso gera carências, fácil é imaginar que cada privação e dor presente seja a conseqüência de um excesso passado em sentido contrário (.....)explicando-nos a presença dessas dores entre nós com uma exata proporção ao mal cometido, com lógico reverso de posições como um instintivo sentido de justiça nos diz que deve ser. (.....)Só assim podem explicar, de acordo com a justiça de Deus, tantas injustiças aparentes. |
Lei de Causa e Efeito |
1- Deve haver proporção entre causa e efeito. Então, não é possível que uma causa limitada no tempo (uma só vida) possa produzir um efeito de natureza ilimitado (eternidade). Essa causa só poderá produzir um efeito a ela proporcional, da mesma ordem, isto é, limitado por natureza.
2- Como pode um homem, numa vida com a máxima média de 80 anos, aprender toda a sabedoria, exaurir todas as experiências, adquirir méritos ou deméritos da tal envergadura e valor, para produzir conseqüências eternas? |
Lei daindestrutibilidade da substância |
Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma: A teoria da reencarnação está em harmonia com as leis da natureza que conhecemos, como a indestrutibilidade da substância, pela qual, se as mudanças se operam só na forma, a personalidade humana poderá mudar, mas não ser destruída. . Essa teoria é a ampliação, no campo moral, da lei de conservação da energia, estabelecida pelos físicos. |
Lei da Continuidade |
1- Ora, diz-nos a lógica que, sem reencarnação, a conservação dos maiores valores da vida é impossível, porque lhes falta o fio condutor da evolução.
2- Só a teoria da reencarnação nos deixa aberto o canal de transmissão dos resultados da experiência da vida. Totalmente insuficiente é a hereditariedade fisiológica para os filhos que nascem, sobretudo quando os pais são ainda jovens, e portanto possuem quantidade mínima de experiência a transmitir. Para que pudesse ser transmitida aos filhos, ao menos a maior parte dela, seria indispensável que os pais gerassem em avançada idade, quase no fim de suas vidas. Ao contrário, a reprodução é confiada aos jovens, mais aptos materialmente, e menos maduros espiritualmente. A hereditariedade fisiológica não pode, pois, ser o caminho para a transmissão das qualidades intelectuais e morais que são as mais importantes. Deve então haver outro caminho que não possibilita a perda de nenhuma experiência.
3- Sem a reencarnação, a vida dos solteiros estaria perdida para a evolução.
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Lei de extrinsecação do latente |
Vemos nascerem pessoas com qualidades inatas, atitudes instintivas de caráter nitidamente humano, que só podem explicar-se como resultado de um trabalho terreno precedente de construção. Não há outro modo de explicar-se isto, num universo em que nada se cria e nada se destrói. |
Princípio de finalidade |
Não se pode negar, e no-lo mostra a observação, que cada alma, encarnando-se na Terra, traz consigo como um feixe de impulsos seus, que depois obrigarão sua vida terrena a tomar esta ou aquela direção. Quantos acontecimentos em nossa vida tendem a realizar-se como por força própria, impondo-se, à nossa própria vontade; e quantos, por mais que façamos, jamais conseguiremos traduzi-los em realidade! Vemos pois que a alma encarnando-se, traz consigo um destino específico, seu particular, que será como o roteiro no qual tenderá a realizar sua vida. (....)Mostra tudo isso que, quando nasce o homem, já foram colocadas diante de sua vida premissas que depois é difícil abalar. Se isto é um fato de observação, o senso da justiça diz-nos que essas premissas devem ter sido postas por ele mesmo. (.....)A cada indivíduo está reservado um tipo particular de experiência, cuja explicação e justificação se contém toda nas supras citadas premissas à sua vida. |
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10. Quais os argumentos favoráveis e os contrários?
Creio que o item anterior fornece elementos suficientes para responder esta questão.
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11. A Reencarnação não seria uma Queda?
Vimos acima que “O universo é feito de esquemas de um único tipo e, por isso, encontramos a cada momento e em todo ponto o esquema maior no menor “ desta forma a reencarnação do ser individual é uma queda em ponto menor em relação a queda de todo o Anti-Sistema. É preciso lembrar que o motivo da queda original ecoa em todos os fenômenos do maior ao menor. É o princípio dos ciclos múltiplos, onde as unidades menores espelham as características das unidades maiores.
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12. Metempsicose é Involução?
No dicionário encontramos a seguinte definição de Metempsicose: Doutrina segundo a qual uma mesma alma pode animar sucessivamente corpos diversos, homens, animais ou vegetais; transmigração.
Segundo Ubaldi é praticamente impossível que isto aconteça embora seja teoricamente possível, vejamos então alguns trechos do livro Problemas Atuais:
Nada se pode efetivamente compreender do fenômeno da evolução, se não se percebe a semente psíquica que é a causa dessa forma. E essa semente que forma ao seu redor o seu próprio corpo, com os materiais do ambiente. Por isso, só é capaz de produzir um organismo correspondente à sua própria natureza. É assim que o princípio psíquico involuidíssimo do mineral (tão involuído que muitos o negam) não poderá produzir seres mais evolvidos que os cristais, capazes somente de orientar suas moléculas em formas geométricas. E assim, gradativamente subindo até o homem, nenhum indivíduo pode formar para si uma veste corpórea que seja mais que ele mesmo. E chegamos assim a reencarnação, que não diz respeito somente ao homem, mas, nesse amplíssimo sentido, o todo ser vivente. Assim, pois, cada ser humano não poderá nascer se não num corpo adequado ao desenvolvimento psíquico do espírito animador. Não poderá nascer no corpo de um animal ou ao contrario. Imitir o princípio espiritual de um ser humano na forma física, de um animal, de um inseto, seria como querer que o oceano entrasse num rio. Todavia há uma possibilidade teórica de que isso se venha a dar, quando, por involução um oceano se evaporasse até tornar-se um rio. Verifica-se, nesse caso, o processo inverso da evolução, isto é, em lugar de desenvolvimento de consciência, a sua redução e adormecimento. Então as qualidades mais elevadas anteriormente adquiridas, atrofiam-se por falta de exercício, como acontece para o órgão corpóreo que não seja mais utilizado
Mais adiante ele complementa: Desse modo, involvendo, o assassino poderia chegar a reencarnar-se num animal feroz, o sensual, e guloso no suíno, etc. Mas isto é demasiado difícil, dado que haveria necessidade de períodos extremamente longos de retrocessos, insistindo num mal que constitui dor também para o sujeito que o pratica, dor que ele mesmo instintivamente, procura libertar-se. Períodos longuíssimos de milhares de encarnações são precisos para que se possam verificar essas transformações biológicas, seja em sentido involutivo como no evolutivo, neste segundo caso para desenvolver a consciência subumana latente, na consciência desenvolvida do homem.
Mas, creio eu, que se o espírito for muito evoluído poderá assumir vários corpos pois devido ao seu avançadíssimo conhecimento domina completamente a matéria e seus processos. Ubaldi confirma este fato: A alma é independente do corpo e pode assumir diversos corpos segundo o seu grau evolutivo. (P. Ubaldi – Problemas do Futuro)
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13. O que constitui o Carma? Todo mundo tem Carma? Os animais têm Carma?
Encontramos num brilhante artigo escrito por SÉRGIO GIULIETTO as seguintes definições sobre O CARMA:
A palavra carma tem sua origem na raiz sânscrita "kri", que significa, literalmente, ação, ato. Sabe-se que toda ação provoca uma reação e esta por sua vez, condiciona ou impulsiona um novo e determinado tipo de ação, o qual provoca nova reação, e assim sucessivamente.
Somos o produto do nosso passado. Tudo o que temos ou não temos, tudo o que sofremos, que sabemos ou não sabemos, é resultado de nossas ações anteriores. Isto não significa que o nosso destino esteja traçado deterministicamente. Temos duas liberdades: a primeira consistiria na forma com que aceitamos os resultados de nossas ações anteriores e, a segunda, a liberdade que temos para nortear as nossas ações presentes, de tal forma que provoquem reações mais suaves no futuro.
O fenômeno cármico pode ser comparado com a imagem de um menino atirando pedras no espaço. A força com que uma pedra é atirada, o seu tamanho e a sua direção dependem da vontade, ou seja, do livre-arbítrio de quem a atira. A trajetória desta pedra no espaço depende do meio ambiente que atravessa e da lei da gravidade. Todo ser é livre para atirar uma pedra no tamanho, na forma e direção que quiser. Aí cessa a sua intervenção no fenômeno. A trajetória dessa pedra, a partir do momento em que ela sai da sua mão, já não lhe pertence e segue leis que fogem ao seu controle imediato, mas as conseqüências que esta pedra provoca em seu caminho são de inteira responsabilidade de quem a atirou (S. Giulietto – A Lei do Carma)
Deste modo podemos concluir que todos nós temos Carma. Mas é necessário compreender que existem dois tipos de Carma: o negativo e o positivo. Giulietto nos esclarece: Outro conceito difundido de forma errônea, é a ligação que se faz entre carma e dor. Carma nem sempre é dor. Pode ser alegria do dever cumprido, da dívida resgatada, do irmão ajudado nas inúmeras formas que um irmão pode ajudar o outro. Quem está consciente de uma dívida e um dia pode pagá-la, este é um dia de alegria. Acontece que, neste planeta, nesta época, os credores são poucos e os devedores são muitos, confundindo-se o carma com resgate obrigatório e, portanto, doloroso.
Em relação aos animais não existe Carma, vejamos algumas passagens escritas por Ubaldi: (...) a absoluta exigência de sobreviver contra todos os assaltos num ambiente hostil, gerou no animal o indispensável instinto de conservação, ensinando-lhe o egocentrismo e a arte do ataque e da defesa. A função destes instintos é a de construir o indivíduo, forte e astuto, apto a defender-se a si mesmo, inclusive atacando: - o vencedor na luta pela vida. (A Lei de Deus).
Em outro livro tem-se a seguinte texto: Aparece, assim, a vida como desenfreada concorrência de apetites, em que tudo é obtido com a força ou com a astúcia. Este é o nível do animal que não tem horror a seu estado, porque sua sensibilidade é proporcional a ele. O animalé feroz com toda a inocência e nem por isso é imoral, mas simplesmente amoral. (A Grande Síntese).
Em virtude do caráter amoral de seus atos, é incipiente o desenvolvimento espiritual dos animais: Os animais vivem apenas no plano físico do corpo, não podendo, por isto, gozar depois da morte, de uma vida consciente, que não possuem, pois ainda não conquistaram. Saem da vida física e a ela voltam por um fenômeno automático, determinístico, assim como caem as gotas da chuva, sem sabê-lo. (P. Ubaldi - O Sistema).
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14. Como entender o Carma pelo seu significado em relação a Obra de Pietro Ubaldi?
O conceito do Carma está implícito nos fundamentos conceituais do pensamento de Ubaldi. O próprio fenômeno da queda dos espíritos rebeldes no Anti-Sistema gerou um imenso Carma negativo coletivo, conhecido como Pecado Original pelas religiões tradicionais. O trabalho da evolução é o de apagar esta mancha ao longo de um imensurável intervalo de tempo. No decorrer do processo evolutivo, tanto individual como coletivo, o avanço é intercalado com recuos periódicos involutivos que geram carmas negativos parciais que deverão ser resgatados em períodos subseqüentes. Estes retornos involutivos é uma recaída à forma mental rebelde que levou as criaturas a serem expulsas do Sistema para o Anti-Sistema. O carma negativo no pensamento ubaldiano nada mais é do que um emborcamento das qualidades próprias do Sistema no Anti-Sistema. O inverso também ocorre com a geração de carmas positivos nos períodos de avanço evolutivo. Como existe uma razão de superioridade de três para dois para os períodos de avanço sobre os de recuo, progressivamente o carma negativo vai sendo absorvido pelo positivo gerando o progresso coletivo e individual que vemos acontecer a longo prazo.
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15. Como encaixar o conceito de Carma na Obra de Pietro Ubaldi?
Através da Teoria da Queda como foi explicado na resposta anterior.
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16. O que a Reencarnação tem a ver com o Carma?
Vimos na resposta 11 que a reencarnação é uma queda em ponto menor da vida individual. Na resposta 14 esclarecemos que a queda de parte do Sistema no Anti-Sistema gerou um Carma negativo, denominado Pecado Original pelas religiões cristãs. Da mesma forma podemos compreender que as ações e comportamentos de um indivíduo durante uma vida pode produzir um carma que determinará as características (positivas ou negativas) da próxima ou das próximas encarnações deste indivíduo.
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