1 - Há alguma referência de qual ou quais funções fazíamos como integrantes do Sistema?
O pensamento humano está submetido as limitações das dimensões de nosso Universo decaído, ou seja, as dimensões espaço, tempo e consciência (Psiquismo). Se observarmos a linguagem humana que expressa a nossa mente racional, notaremos que a linguagem é linear e seu vocabulário é formado por palavras espaço-temporais.
A nossa mente, pode-se dizer, é estruturada de forma que o nosso raciocínio funciona como se estivesse num plano de duas dimensões e por isso é sequencial no tempo e no espaço.
Para seres altamente evoluídos, como Ubaldi, a razão torna-se intuição e, assim os fenômenos, são vistos de uma perspectiva situada fora do plano racional, isto é, a visão globalizante vê todos os pontos do plano e compreende instantaneamente a intricada relação existente entre todos os pontos que estão sobre o plano. Já nossa visão racional tem que se deslocar, trabalhosamente, de ponto a ponto, sequencialmente a fim de tentar construir um desenho coerente com aquilo que está sobre o plano. Essa é a razão porque a ciência humana é edificada passo a passo, com avanços e recuos, isto é, o acervo do conhecimento humano foi construido pelo método de tentativas e erros.
Aprisionados nestas dimensões, somos incapazes de compreender o Absoluto onde não existe as dimensões do Anti-Sistema. Deus sempre É. É um tempo que nunca passa no Sistema,
portanto não há o transformismo evolutivo pois Deus e as criaturas são perfeitos Se não existe tempo também não deveria haver movimento. Mas, existe movimento no Sistema diferente do movimento a que estamos acostumados no Anti-Sistema. Assim, a noção de organismo hierarquizado no Monismo Ubaldista tem um significado mais amplo do que a simples noção de hierarquia verticalizada, de alta ou baixa posição espacial.
Ubaldi confirma o que escrevemos acima: O absoluto não fica cindido pelo tempo que passa, mas simplesmente "é", sem tornar-se, livre da concatenação: ... causa-efeito, efeito-causa... Então, ele é totalmente concomitante, todo presente, todo visível. Nossa divisão entre passado, presente e futuro é apenas uma posição relativa a nós, dada pelo transformismo, condição necessária da evolução, que é a nossa lei. (P. Ubaldi - Profecias).
Além do mais, no Sistema perfeito não existe a dimensão espacial que é inerente ao nosso Universo. Como o Sistema é hierarquizado e orgânico, cada individualidade faz parte de uma individualidade maior onde impera o Colaboracionismo. Colaboracionismo significa trocas e compensações entre organismos diferentes sem a necessidade do comando ou do esforço de obediência. Seria como o fluir natural de um rio de suas cabeceiras até a sua foz impulsionado pelo desnível entre estes dois pontos. Se não houvesse este desnível teríamos em vez do rio um lago de águas mortas e estagnadas.
O movimento do Sistema é harmônico, pois não existe o dualismo, propriedade do Anti-Sistema. Portanto no Sistema não existe cisão e oposição entre duas partes, causa da desarmonia
reinante no nosso mundo, onde existe a dominação de um ser sobre o seu semelhante, guerras entre nações com o intuito de dominação etc. É impossível definir a natureza deste movimento harmônico já que nunca o vivemos ou o experimentamos e, nem conseguimos concebê-lo devido as limitações da nossa mente conforme foi descrito acima.
2 - E se essa função ou funções fossem únicas, não seria tedioso ficar em uma mesma função e hierarquia eternamente?
Como dissemos acima, no Sistema existe movimento, diferente do nosso. Como é um movimento harmônico, reina entre os seres trocas colaboracionistas que potencializa cada individualidade pelo fato de pertencer a um Todo. E tudo isto é regido pelo AMOR DIVINO. Onde existe o Amor e a Liberdade - que é um dos aspectos do Amor - não coexiste o tédio. Tédio é efeito da rotina. No movimento harmônico não existe rotina, pois o Sistema é dinâmico, embora possa parecer, para nós, estático, pois estamos habituados a movimentos desarmônicos produto do mal que é propriedade exclusiva do Anti-Sistema.
3 - Qual será a nossa posição ao retornarmos ao Sistema? Voltamos mais, ou menos hierarquicamente, já que nem todos tiveram o mesmo tipo de queda vibracional?
A Queda não foi igual para todos. Os que estavam mais em cima caíram mais fundo do que aqueles que se situavam mais embaixo. A palavra Queda é inadequada pois, como já vimos, não existe a dimensão espacial no Sistema. O que aconteceu realmente foi um emborcamento das qualidades dos seres que se revoltaram. Ubaldi empregou o termo QUEDA para ser mais bem entendido pela nossa mente que é caracterizada pela dimensão espacial. Como o SISTEMA é infinito nada pode existir fora dele, por isso o ANTI-SISTEMA continua dentro do Sistema. No emborcamento do Anti-Sistema, o limite sensório é restrito diante da realidade das coisas, mantém o Anti-Sistema num estado que poderia chamar-se de contínua alucinação. Veja esta referência no Capítulo 29 d'A Grande Síntese. O emborcamento leva-nos a ter uma visão dualística do Universo e, por isso, o nosso olhar nos conduz a um estado de perturbação da consciência, caracterizado por ofuscamento da vista e obscurecimento do pensamento em virtude da coexistência do Sistema e do Anti-Sistema no nosso mundo. Esta alucinação nos impede de perceber a existência da Unidade Monística do Sistema mesmo no nosso mundo "decaído". Repare que coloquei a palavra decaído entre aspas, pois devido ao emborcamento, o que se passa realmente, é como se estivéssemos adormecidos vitimas de pesadelos alucinatórios. O que quero dizer, é que o Mal e todos os seus atributos não são reais já que resulta de um processo alucinatório devido ao emborcamento de parte do Sistema.
Cada individualidade retornará ao Sistema no mesmo nível hierárquico em que se encontrava antes da Queda. O Sistema que é ABSOLUTAMENTE perfeito não pode aumentar a sua perfeição, pois o Sistema é Infinito e ao infinito nada se pode acrescentar. Assim, podemos concluir que não sendo possível esse acréscimo de perfeição, somos obrigados a concluir que o Sistema retornará a sua situação anterior e, em consequência, a perfeição das Criaturas será igual a perfeição que possuíam antes da queda. Fato que comprova a afirmação de que não existe evolução no Sistema. Mas, como explicar o "acréscimo de conhecimento" da criatura sem que esse aumento seja computado na perfeição do Sistema? Creio que, numa primeira explicação, podemos concluir que esse "conhecimento" já existia no seio do Sistema se lembrarmos que ele (o Sistema) é INFINITAMENTE sábio, ou seja, o Sistema é ONISCIENTE e, portanto nenhum conhecimento "extra" pode lhe ser acrescentado. Ubaldi confirma essa assertiva: A queda não se verificou ao acaso, por si mesma. A Lei, ou seja, o pensamento de Deus, previra-lhe a possibilidade; prova-o o fato de haver determinado o seu decurso e suas consequências, mesmo antes da sua ocorrência. Sem dúvida, devia haver na Lei, princípios que, mais tarde, ao se verificar a queda, teriam regulado a descida involutiva e, também, a posterior subida evolutiva, como no-lo demonstra o seu evidente telefinalismo. (P. Ubaldi - O Sistema - Cap. 20). Assim, podemos concluir que o processo criativo já continha no seu desenvolvimento a determinação de que as criaturas deveriam passar pela livre escolha entre permanecer no Sistema jungidos pela força do amor Divino ou recusar o convite amoroso de Deus, pois, o amor não pode ser imposto obrigatoriamente. É óbvio que sem liberdade de escolha o Amor não existiria. Se assim não fosse o Amor não seria amor, mas sim uma imposição escravagista.
4 - E a mais importante, é o que o Sistema seja, em termos de ser tão bom ou felicidade plena mesmo, etc., se uma infinidade de espíritos resolveram rebelar-se contra este Sistema, de sair de lá, enfim, de não querer seguir ali. Pietro revela mais ou menos na obra, sentimentos ou visões, que seja tão bom mesmo realmente voltar pra lá?
Aqueles que se rebelaram e caíram após retornarem ao Sistema, onde reina o amor e a felicidade, estarão cientes dos males e sofrimentos que suportaram durante milhares de reencarnações e, portanto não vão querer repetir a malfadada experiência. Os que não caíram e permaneceram fiéis a Deus não vão querer repetir a desastrosa aventura dos seus companheiros, pois acompanharam todos os sofrimentos suportados pelos falidos para retornarem ao Sistema. Como expliquei no parágrafo anterior Deus já previra que isto poderia acontecer e acompanhou os decaídos sob o aspecto de Imanência Divina para reconduzir os seres arruinados à Salvação, mesmo respeitando o livre-arbítrio de cada um. Existe, no entanto, a possibilidade do espirito descaído, por sua livre vontade, de continuar a se aprofundar no mal. Mas isto é um fato apenas TEÓRICO, pois o espirito alcançará um nível de sofrimento cada vez mais insuportável que o obrigará a reverter a sua caminhada involutiva e procurará a redenção. Creio que estas conclusões demonstram a impossibilidade de uma nova queda.
abraços,
Pedro Orlando Ribeiro
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