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Dúvidas sobre a Evolução da Matéria

Mensagem Original

     Prezado Pedro Orlando:

A partir da página 86 de Deus e Universo, Ubaldi discorre a respeito da contração espiritual decorrente da queda, e coloca que, pelo menos em tese, ela pode continuar até ao ponto em que o ser é aniquilado como individualidade. No extrato abaixo o autor expõe que a retomada ascendente fica condicionada à vontade da criatura, cabendo a ela o impulso que a conduzirá novamente ao centro, a Deus:

"Há uma descida de dimensão em dimensão, da fase superconsciência à nossa consciência racional, à fase de consciência linear (tempo). Deste modo, o espírito, reduzido de uma estrutura volumétrica à de superfície e, enfim, à linear, está definitivamente sepultado como consciência, anulado na matéria, sua última forma de vida, sem consciência. Ele pode continuar a existir, assim, negativamente, ou então, desde que o deseje, inverter a rota para subir e evolver". (Destaques meus).

Surgiu-me a seguinte dúvida: estando o ser sem consciência, anulado na matéria, como a evolução poderá depender de um desejo dele para começar a acontecer? Nesse estágio tão primitivo da existência, a evolução não se daria automaticamente, por força de um automatismo ou determinismo inerente à matéria que a impulsionaria para cima, em direção à espiritualidade? Tais questões parecem tomar fôlego ao cotejarmos o texto supracitado com o que se vê exarado à página 189 do mesmo volume:

"No mineral, o divino está tão profundamente sepultado em estado de inconsciência que não se pode, de maneira alguma, falar de consciência e espírito, pois que eles jazem como que anulados. Sem liberdade de escolha, nem luz de compreensão, o ser aí se movimenta no determinismo que a Lei, completamente ignorada, impõe". (Destaques meus).

Aguardo na expectativa de que esclareças esse ponto que, à primeira vista, me parece um tanto ambíguo. Recebe meu abraço amigo de agradecimento.
E.S.P.

RESPOSTA

Prezado amigo,

    Essa questão que você suscitou parece que pode ser resumida na pergunta: Poderá um ser inconsciente manifestar um desejo de reverter seu estado de inconsciência? Seria possível encontrar um nexo com outros conceitos do Monismo Ubaldista de forma que possamos responder essa pergunta de forma lógica? Tarefa difícil, no entanto, vamos tentar responder a questão partindo dos dois princípios fundamentais - amor e liberdade- sobre os quais se eleva o edifício conceptual a que Ubaldi se refere no inicio do capítulo de onde você retirou a primeira citação.

    Esses dois princípios apresentam características opostas no que se refere aos seus atributos principais. O amor possui a força de atração e a liberdade busca a expansão. São dois movimentos contrários semelhantes a sístole e a diástole no ritmo cardíaco. Esses movimentos embora contrários se equilibram num ritmo harmonioso. Assim, a vida também é regulada por um ritmo. No Anti-Sistema devido a queda o ritmo é o resultado da alternância no tempo entre as duas fases. No Sistema, como não existe tempo, as fases desse ritmo são contemporâneas, não há portanto a alternância de fases como acontece no Anti-Sistema. Essa instantaneidade entre as fases do ritmo do Sistema é incompreensíveis para nós, seres decaídos, pois o nosso modo de pensar é estruturado e limitado pelas dimensões espaço-temporais do nosso Universo.

    No Anti-Sistema devido a alternância do ritmo quando uma das fases encontra- se no seu máximo a outra está inerte aguardando sua vez de manifestar-se. No Monismo que governa o Universo e a vida, o princípio da Substância Única alcança tudo o que existe, até a matéria dita inerte. Dessa forma podemos dizer que quando a consciência é aniquilada ao alcançar o ponto mais baixo da queda, a liberdade que é o predicado basilar da individualidade, transforma-se em rígido determinismo e em conseqüência o ser encontra-se próximo ao aniquilamento de sua individualidade. No ponto mais fundo da queda encontra-se Satanás e por isso Ubaldi afirma no capítulo 9 do livro Deus & Universo que Dante colocou Satanás no fundo do inferno, no centro da Terra. Aqui a condensação física é máxima, Mas, pelo PRINCIPIO DO EQUILÍBRIO ressurge o Amor na plenitude de sua força atrativa. Eis aí a explicação do milagre da redenção. No Capítulo 10 Ubaldi revela:...no fundo da morte (Satanás), está sempre Deus. Que é a vida o princípio pelo qual ela jamais se extingue. Deste modo, quando tudo parece perdido surge a atração Divina até no coração daquele que está mergulhado, inconsciente, nas trevas da perdição. Esse eterno retorno das forças amorosas é uma propriedade da Lei do Equilíbrio (também chamada de Lei da Compensação) que atua em todos os níveis evolutivos mesmo nas profundezas do inferno.

    No capítulo 11 Ubaldi complementa: Lúcifer, como dissemos, é por Dante colocado no centro da Terra, imerso nas trevas, encerrado na imensa prisão da matéria, imobilizado no gelo, negação da mobilidade e do calor, elementos de vida. Para voltar a subir, o espírito tem de tornar à ordem a fim de fundir esse gelo, a fim de queimar no fogo da própria dor as escórias da forma que o encarcera. Tem que, como elemento primeiro de vida, reacender por si a chama que se extinguira. Essa chama é o amor Divino que encontra-se em qualquer parte até no íntimo de Satanás. Assim, o amor conduzirá todas as criaturas do Anti-Sistema à salvação mesmo deixando aberta a porta que leva a autodestruição. Conclusão ratificada pelo Evangelho de Mateus: "Portae inferi non preavalebunt " (Mt 16,18)

    A "lógica" do amor prevalecerá sobre a lógica do aniquilamento. A dor, que pode ser definida como ausência do amor, será o instrumento que acordará a consciência adormecida no seio da matéria. E não poderia ser de outra forma pois o AMOR é a essência do Universo e preenche tudo que existe, mesmo o MAL que nada mais é do que o amor emborcado pela queda. A paixão de Cristo contada pelos Evangelhos é a revelação dessa surpreendente técnica da redenção pela Dor. São Francisco de Assis demonstra conhecer profundamente essa técnica da redenção por ação da Lei Do Equilíbrio ao dizer ao Irmão Leão que atrás da maior Dor está a perfeita Alegria.

    Na parábola do Filho pródigo também encontramos um exemplo que mostra que o Amor volta-se principalmente para aqueles que se perderam no caminho da salvação. A reprimenda do pai ao filho obediente que lhe reclamou da grande festa que Ele promoveu pela volta do arrependido filho pródigo é a demonstração de um amor sem limites que busca até o mais malvado de todas as criaturas para reconduzí-la ao caminho reto.

abraços,

    Pedro Orlando Ribeiro
     http://www.monismo.com.br

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