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DIFERENÇAS ENTRE MONISMO E PANTEISMO
Pedro Orlando Ribeiro
MENSAGEM ORIGINAL

     Em A GRANDE SÍNTESE TEMOS a seguinte afirmativa: "agora passais ao MONISMO, isto é, ao conceito DE UM DEUS QUE É A CRIAÇÃO." Confesso que eu entendo isso perfeitamente, porém tenho dificuldades de explicar, pois com todos em que toco no assunto noto eles têm enorme dificuldade de diferenciar MONISMO de PANTEÍSMO. Peço aos amigos que se possível, tracem para mim as diferenças básicas do Monismo e do Panteísmo, e creio que devido a esta dúvida pairar na cabeça de muitas pessoas, cabe colocar nas Homes Page sobre Ubaldi, um artigo a respeito.
C.F.

RESPOSTA
Prezado amigo:

    Esta dúvida surge porque estas duas palavras parecem significar a mesma coisa, isto é: que Deus é a soma de tudo quanto existe. Mas, veremos adiante que o conceito de Monismo é mais amplo do que o de Panteísmo. Esta confusão é explicável porque a tendência normal é o de analisar estes dois conceitos sob o ponto de vista do Anti-Sistema. Mas, se considerarmos que vivemos num mundo dualista, produto da queda de um Sistema perfeito e unitário no Anti-Sistema imperfeito, onde a unidade se fragmentou em unidades menores, poderemos compreender a diferença que existe entre os conceitos de Monismo e Panteísmo.

    O trecho: "agora passais ao MONISMO, isto é, ao conceito DE UM DEUS QUE É A CRIAÇÃO." que você extraiu de A Grande Síntese mostra que Deus é a essência da criação. E não poderia ser de outra forma, pois se admitirmos que Deus é infinito e por conseguinte nenhuma coisa poderia existir fora Dele. Se admitíssemos que Deus pudesse criar fora de Si, Ele não seria infinito e portanto poderia existir uma coisa maior que Deus, o que seria um absurdo; deste modo Deus não seria Deus. Assim o que chamamos de panteísmo é a imanência de Deus nas criaturas. Outra qualidade atribuída à Divindade é a Onipresença, e para ser onipresente é necessário que Deus esteja no âmago de todas as criaturas, desde às microscópicas como o átomo até nos Universos de Universos.

    O panteísmo é rejeitado por muitos porque o tomam como uma profanação da perfeição divina ao admitir que a matéria bruta, como as pedras, possa conter a essência divina. Isto acontece porque não conhecem ou não aceitam, por soberba, a Teoria da Queda dos Anjos. A este respeito Ubaldi comenta: O panteísmo é justamente condenado porque consiste, frequentemente, em crer que todas as coisas e criaturas sejam Deus por si mesmas. Mas, esta é apenas uma interpretação materialista do panteísmo. (P. Ubaldi – O Sistema)

    Agora preste atenção na seguinte passagem do livro Deus e Universo: Nessa primeira criação "perfeita", as criaturas, centelhas em que o incêndio divino se dividiu por Amor (criação), continua "Uno" , porque estão fundidas em um só organismo unitário – Deus - Que se cindiu para dar por Amor o ser às criaturas espirituais, mas cindiu-se apenas no Seu interior, permanecendo como um Todo orgânico, uno e indivisível, do qual as criaturas, espíritos perfeitos, fazem parte. [....] A criação puramente espiritual ocorreu no Seu seio, no Todo-Uno e nele permanece. Deus quis multiplicar-se em infinitos seres, permanecendo "uno".

    Isto significa que existe dois aspectos na substância divina: a Imanência que já examinamos sob o nome de Panteísmo e a Transcendência, isto é, Deus permanece UNO mantendo seu EU distinto das criaturas (transcendência) e ao mesmo tempo permanece nas criaturas (imanência). Compreendemos agora porque o conceito de Monismo é mais amplo que o do Panteísmo, pois engloba dois aspectos, Imanência e Transcendência.

    Para que fique bem claro é necessário compreender que Deus não se divide em dois, um Deus Transcendente e um Deus Imanente. Na realidade transcendência e imanência são apenas aspectos diferentes de um mesmo Deus: “Mais exatamente, a imanência e o dualismo transcendência - imanência nasceram no ato da criação. Somente se costuma chamar imanência à presença de Deus no nosso universo decaído, porque somente este percebemos, ao passo que a imanência abrange também o universo feito de puros espíritos, conservado perfeito. Em outras palavras, a imanência não é senão a permanência do Criador na Sua criação, pelo que Deus permaneceu presente, quer no sistema, quer no anti-sistema. (P. Ubaldi - Deus e Universo)”. Se admitíssemos esta hipótese dualista sobre Deus estaríamos incorrendo num tremendo absurdo, pois: Dualismo não significa apenas cisão em duas partes, mas oposição das duas partes, uma contra a outra. (P. Ubaldi - Queda e Salvação). Cisão e oposição não são atributos da Divindade, pois Imanência e Transcendência são ASPECTOS da substância divina e não subdivisão da mesma.

    Eis a explicação de Ubaldi: A esta altura, poder-se-ia, contudo, objetar: existem, então, dois Deuses? Respondemos: existirão, talvez, duas Terras, porque a nossa tem dois pólos? Existirão, porventura, dois seres em um homem porque é feito de alma e corpo?

    Panteísmo - Novas Dúvidas

    1) Pelo que pude depreender de sua resposta e da leitura do texto citado, o panteísmo é um componente do Monismo. Isto que dizer que Deus é a Criação, todavia, a criação não é Deus, seria isso?

    Seria mais apropriado empregarmos a palavra imanência em vez de panteísmo pois o termo imanência se relaciona com transcendência através do sufixo -ência cujo significado é ação ou resultado da ação. É bom lembrar que o agente desta ação é a Substância divina. A palavra ação deve ser compreendida, neste caso, como manifestação de um ASPECTO da divindade. Imanência e transcendência são, portanto, os aspectos (aparências) que a Substância única aparece ao nosso entendimento. Como estamos falando de coisas espirituais devemos ter em conta que os conceitos de imanência e transcendência são entes abstratos e não materiais.

    Em última análise a Substância divina é pura vibração: [...] poder-se-ia dizer que o universo é inteiramente feito dessa primordial Substância conceptual que é o pensamento de Deus, e qual um infinito oceano vibrante, em cujo seio, porém, cada individualização do ser não vibra da mesma forma. (P. Ubaldi – Deus e Universo). Em linguagem musical poderíamos dizer que as individuações vibram em diapasões diferentes constituindo uma polifonia. A harmonia coordena esta diversidade sonora de forma a resultar numa sinfonia absolutamente perfeita. Cada nota desta sinfonia “encaixa-se” num lugar apropriado ao seu particular padrão sonoro (especialização). Assim, o conjunto das notas como cada nota em particular são da mesma natureza, isto é, são vibrações sonoras. Por analogia podemos compreender que Deus é a criação e a criação é Deus porque Deus e as criaturas têm a mesma natureza: são puras vibrações espirituais. Eis porque Cristo pôde dizer: "Vós sois Deuses". (P. Ubaldi – Deus e Universo).

    Em resumo: imanência e transcendência, nos seus fundamentos, são modos diferentes de vibração espiritual da Substância Divina. Vê-se, então, que quando se emprega um denominador comum (no caso a vibração) fica mais fácil compreender as sutilezas que diferenciam as noções de imanência e transcendência. Podemos concluir então que atrás do dualismo imanência-transcendência resplandece o unitário pensamento divino: o MONISMO.

    2 Se olharmos o panteísmo ao contrário ele esta certo, ou seja, se pensarmos que Deus é formado das partes (ideia panteísta) dá a entender que as partes vieram antes de Deus, o que é um erro; porém é o contrário a parte é que é a presença de Deus.

    Talvez nem antes nem depois. A 1ª criação talvez nem tenha existido. Deus pode ter sempre existido na sua forma orgânica, mas não há como comprovar esta suposição. Veja como Ubaldi se referiu a esta hipótese: Não há necessidade de imaginar em Deus o chamado fenômeno interior de auto-elaboração, quando Deus poderia sempre ter existido no seu estado orgânico perfeito. Daí poder-se concluir também que não houve nenhuma criação verdadeira. Esta ideia de criação seria então apenas uma imaginação do homem, uma construção do tipo mitológico para explicar a origem das coisas que via, origem devida ao fenômeno da queda. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus)

    Pedro Orlando Ribeiro

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