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Deus Existe?

Pedro Orlando Ribeiro

     Em tempos de agnosticismo e ateísmo sempre paira no ar uma pergunta - às vezes formulada em tom sarcástico - Deus existe?

     Muitas vezes a intenção que se esconde por trás desta questão não é a de negar a existência de Deus, o que é impossível, porque ela não depende das nossas opiniões, mas destruir a afirmação alheia da sua existência, isto é, a idéia alheia de que Deus existe. (P. Ubaldi - A Descida dos Ideais).

     Mas, se deixarmos de lado esta intenção malévola que se oculta na mente daquele que fez a pergunta, seria possível concluir sobre a existência de Deus usando apenas a faculdade da razão já que é praticamente impossível fazê-lo experimentalmente como deseja a Ciência?

     Creio que se abordarmos esta questão de outra forma poderemos obter uma resposta lógica. Em vez de responder diretamente, vamos procurar entender a pergunta em si mesma. Quando se pergunta se Deus existe, no fundo o que se quer saber realmente é se existe uma causa primeira para a existência do Universo, pois, pela nossa observação do mundo, vemos que tudo o que existe é derivado por filiação, ou seja, todo efeito tem obrigatoriamente uma causa.

     O que afirmamos acima é incontestável, ninguém pode negar a sua validade. Mas alguém poderia afirmar que a causa primeira seria o acaso, um conjunto de fatos aleatórios que se combinaram de forma a alcançar o efeito. Como a causa é aleatória haveria a probabilidade de acontecer infinitos efeitos diferentes. É aqui que reside a aparente solidez do materialismo. Assim o nosso universo poderia ser completamente diferente do que o é agora ou mesmo nem ter existido. Poder-se-ia pensar até na existência de um universo em que o efeito não tivesse causa, que o efeito fosse a própria causa, ou seja, não haveria a trajetória da causa ao efeito.

     Para a nossa maneira de pensar isto seria um absurdo, pois não admitimos efeito sem causa (o princípio da filiação que nos referimos acima). Não concebemos nada estaticamente, tudo está sujeito a um processo transformista. O movimento seria então o padrão subjacente do Universo. A causa primeira não seria mais a dualidade entre causa e efeito mas sim a unidade do movimento na forma de uma infinita corrente: ... causa-efeito-causa-efeito-causa-efeito etc... A trajetória de cada elo desta corrente está condicionada deterministicamente pelas trajetórias dos elos que a antecede. Desta forma, a trajetória desta corrente não pode ser considerada aleatória. A direção do movimento seria linear.. Mas poder-se-ia dizer que a corrente tem duas pontas, um início e um fim, logo recairíamos novamente na dualidade causa e efeito. Mas, se admitirmos que a trajetória seja circular, isto é, a causa inicial coincide com o efeito final, então só restaria um eterno movimento circular sem princípio e sem fim.

     Esta não é uma idéia absurda se considerarmos que todos os fenômenos no universo são cíclicos. Do átomo às galáxias o movimento circular é o padrão. As coisas vão e voltam desde os fenômenos climáticos até os acontecimentos históricos, pois é bem visível no desenvolvimento histórico a ascensão e queda das civilizações.

     O ciclo maior é formado por ciclos menores, assim, por exemplo, o ciclo cósmico das galáxias é resultado da organização de uma infinidade de ciclos atômicos. Desta forma o Universo material nada mais é que uma corrente organizada que vai do ciclo atômico ao ciclo das super-galáxias passando pelo ciclo molecular, pelo ciclo geológico que é mensurado na escala de bilhões de anos, pelos ciclos dos sistemas planetários e pelos ciclos galácticos. Estes ciclos funcionam de modo harmônico sem a sobreposição de movimentos o que indica a existência subjacente de um princípio de ordem.

     Onde existe ordem obrigatoriamente há de haver um principio ordenador que coordena estes movimentos cíclicos de modo a permitir a coexistência de fenômenos menores pois cada um é regido separadamente por sua própria lei particular. Se esta infinidade de princípios particulares não fosse circundada por uma Lei Maior que mantém e torna sincrônico e harmonioso o funcionamento Universal, o Universo, há muito tempo, já teria mergulhado no caos e na destruição.

     Não estamos referindo apenas aos ciclos relativos à Matéria. A própria Vida também é governada por ciclos. Se olharmos, por exemplo, para o nosso próprio organismo, veremos que somos governados por ciclos que se interagem de forma a gerar o ciclo maior da vida humana. Assim, os diversos sistemas do organismo humano são cíclicos como podemos ver nos sistemas muscular digestivo, respiratório, circulatório, nervoso, etc., que se integram no ciclo maior da existência humana. Essa, também é cíclica ao considerarmos o fenômeno: vida-morte-renascimento..

     Agora, é perceptível para nós a existência de um princípio inteligente que coordena tanto os fenômenos materiais como também os da vida biológica. Assim, o fluxo dos fenômenos é ordenado segundo leis preestabelecidas. Se considerarmos o fato de que os fenômenos biológicos se estruturam a partir de um suporte material, concluiremos que existe uma Unidade de Princípios que coordenam o funcionamento do Todo.

     Onde há Unidade de Princípios existirá obviamente uma VONTADE DIRETORA que é, segundo o Léxico, a força interior que impulsiona o indivíduo a realizar aquilo a que se propôs, a atingir seus fins ou desejos; ânimo, determinação, firmeza.

Pedro Orlando Ribeiro

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