Entendo e compreendo a queda o emborcamento das dimensões espirituais em dimensões materiais de espaço/tempo - matéria/energia como produto da queda espiritual, ou seja o mal uso da faculdade indelével da liberdade.
Contudo, as minhas dúvidas se situam no domínio ontológico do divino absoluto e dos reais motivos e interpretações do que chamamos a "queda do espírito".
Tentando explicar um pouco melhor:
Deus é colocado na revelação ubaldiana como o infinito SER, o infinito EU-SOU, acausal, atemporal...cujo substrato ontológico de sustentação do SER é o infinito AMOR.
DEUS É, tudo o que É, é o amor em sua infinita expressão. assim, poderíamos dizer, que ser=infinito=existência=deus=amor, todos estes substantivos seriam intercambiáveis.
Contudo, O que é o AMOR?
O que é este "substrato" imaterial, intangível, que fundamenta a totalidade da existência?
Aqui neste ponto temos que ter cuidado para não "contaminarmos" a análise com uma aproximação religiosa e humanística. temos que ter em mente que estamos analizando a ontologia primordial do SER.
O AMOR é algo que me foge à idéia de absoluto, de infinito, pois, para mim, o amor, é uma expressão do SER, e não, a totalidade do SER
Dizer que o amor é TUDO QUE É, é uma afirmação de certa forma impositiva, quiçá ditatorial.
Dizer que DEUS é amor é ontologicamente tão válido quanto dizer que DEUS é ódio...
Pq DEUS é amor e não ódio?
Talvez DEUS simplesmente seja...
Veja bem, lá está DEUS, o absoluto, o que é este absoluto? amor infinito?
Mas pq o absoluto é amor infinito?
Eu pessoalmente espero que DEUS realmente seja amor infinito, mas como se fundamenta tal assertiva?
Como o amor absoluto pode ser infinito, incausado, perfeitamente consciente e preexistente à tudo?
Você se refere às dimensões espirituais, mas seus argumentos são todos concebidos e centrados sob a ótica das dimensões que você denominou de dimensões materiais, ou seja, as dimensões do Anti-Sistema, ou mais precisamente as dimensões do Universo em que vivemos, já que devem existir, segundo Ubaldi, outros Universos menos e mais evoluidos que o nosso cujas dimensões são diferentes das nossas.
No capítulo 36 d'A Grande Síntese intitulado Gênese do Espaço e do Tempo encontramos o seguinte comentário sobre a famosa figura 2 d'A Grande Síntese:
A fase gama, matéria, representa a dimensão espaço completa. Eis a gênese progressiva. Na fase -z, temos a dimensão espacial nula: o ponto. Isso não significa que o universo -z seja puntiforme, mas que naquela fase, o espaço só existia em germe, à espera do desenvolvimento (vórtice fechado), e que, ao invés, existia uma dimensão diferente, fora de vosso concebível. Em -y aparece a primeira manifestação da dimensão espaço, isto é, a linha, aquela que denominais sua primeira dimensão: é a primeira e mais simples forma do espaço, em seu aparecimento. A segunda manifestação, mais completa, aparece na fase seguinte, -x, e revela-se como superfície, a que denominais segunda dimensão. A terceira e última manifestação, que completa a dimensão espacial, aparece em gama, na matéria, e revela-se como volume, é a terceira dimensão do espaço. Agora compreendeis como nasceu o espaço, porque a matéria tem, como dimensão, um espaço a três dimensões, dado por três momentos sucessivos. Também reencontrais este princípio geral: a manifestação de uma dimensão é progressiva e ocorre em três graus contíguos.
Destarte, podemos imaginar que um ser que vive na dimensão espacial -x "concebe" que tudo no seu Universo é espacialmente bidimensional, assim, não existe nesse Universo, menos evoluido que o nosso, nenhuma noção do que seja um mundo a três dimensões espaciais como o nosso. Da mesma forma podemos concluir que não sabemos, em relação às duas dimensões conceptuais do nosso Universo (Tempo e Consciência), como seria um mundo mais evoluido que o nosso onde existe a dimensão +x (Superconsciência).
Se não temos nenhuma idéia de como seria o próximo Universo mais evoluido do que o nosso, como poderemos extrapolar nossa imaginação para conceituarmos o que seja a dimensão da Divindade? No capitulo 30 d'A Grande Síntese Ubaldi escreveu: Não pode haver criação no absoluto. Só no relativo pode haver nascimento e transformação. O absoluto simplesmente "é". Não queirais restringir a Divindade aos limites de vossa razão; não vos eleveis a juízes e à medida do todo; não projeteis no infinito as pequeninas imagens de vosso finito; não ponhais limites ao absoluto. Em sua essência, Deus está além do universo de vossa consciência, além dos limites de vosso concebível. Assim, os atributos da Divindade são intangíveis como você muito bem frisou.
O amor pode ser considerado no nosso nível evolutivo como a força que cimenta e mantém unidos e compactos os organismos. Essa força é coesão no nível gama (matéria), atração no nível beta (energia) e amor no nível alfa (espírito). A verdade é progressiva como podemos constatar na evolução das dimensões. O amor se sublimará cada vez mais a medida que alcançarmos níveis evolutivos mais altos. No capítulo 82 (A Evolução do Amor) Ubaldi afirma que estamos à porta de novo reino: o amor místico e divino. Mais adiante nesse mesmo capitulo ele diz: No alto, como ponto limite da evolução humana, está o amor divino. Ao homem mediano só podemos pedir a maior aproximação admissível por suas capacidades de concepção e suportável por suas forças.
Ora, agora fica fácil inferir que o AMOR, sob suas diversas aparencias que assume nos inumeráveis níveis evolutivos, é a força de ligação nos organismos coletivos (lembre-se: o próprio homem é um ser coletivo formado por trilhões de unidades celurares). A natureza dessa força aglutinadora é a imanente presença da Divindade que mantém a unidade da Criação. Podemos então escrever a seguinte equação: Amor = Força Aglutinadora = Divindade. Ou simplificando a equação: Amor = Divindade.
Creio que a sua última questão também já está respondida: Se Amor = Divindade, em consequência o Amor é infinito, incausado, perfeitamente consciente e preexistente à tudo!