Prezado amigo,
Não podemos definir o absoluto já que a nossa mente é relativa, pois só pensamos em termos das dimensões do nosso Universo: espaço, tempo e consciência. Essa consciência no nosso nível evolutivo é seqüencial no espaço e no tempo. Só pensamos de forma fragmentária, só alcançamos os detalhes e não conseguimos enxergar de forma global o conjunto do Universo que nos cerca. Repare que a própria linguagem é estruturada linearmente com termos espaço-temporais. Examine qualquer texto e veja que as palavras têm esse caráter linear. Exprimimos as idéias com palavras uma após a outra só alcançamos a um entendimento superficial (em duas dimensões) e não de forma volumétrica, ou seja, tomamos a parte pelo todo. Quando nos referimos a Deus está expresso que seus atributos são Absolutos. Se assim não o fossem poderia existir outros deuses já que Deus não seria infinito e nem possuiria as condições absolutas de Onipotência, Onisciência e Onipresença e nem um amor absoluto seria a sua essência primeira, pois existiria rivais ao seu poder. Se não admitíssemos que a Divindade é Una, Eterna e Absoluta estaríamos retornando ao Politeísmo, crença superada há milênios pela humanidade. Hoje estamos evoluindo para deixar de vez a idéia de um Deus Antropomórfico como nos ensina Ubaldi: como do politeísmo passasteis ao monoteísmo, isto é, à fé num só Deus (mas sempre antropomórfico, pois realiza uma criação fora de si), agora passais ao monismo, isto é, ao conceito de um Deus que É a criação. (.....) Do politeísmo, ao monoteísmo e ao monismo, dilata-se vossa concepção de Divindade. (P. Ubaldi - A Grande Síntese). Deus é, portanto, o Todo.
Concluído este intróito vamos procurar entender sobre o mal no nosso mundo decaído.
É axiomático que o ódio é uma faceta do mal. Assim o ódio é levado a praticar o mal, cujo fim é a destruição daquilo que é motivo de sua repulsa, sejam pessoas, idéias ou qualquer riqueza material que não possui, (conduzido pela a inveja que é outra face do mal). Guiado por um espírito vandálico procura aniquilar tudo que existe de forma a alcançar o nada absoluto. Estas considerações nos leva a concluir que o mal é autodestrutivo, pois na busca do nada absoluto acaba sendo conduzindo ao próprio suicídio.
Ora, você deve conhecer a fundo a Teoria da Queda pelas suas leituras dos livros de Ubaldi. A queda gerou o Anti-Sistema que é uma contrafação do Sistema. Quando nos referimos a Deus, uma premissa considerada necessariamente evidente e verdadeira é a sua infinitude, e, em conseqüência, o Sistema criado por Deus, no seu seio, também é infinito. Dessa forma o Anti-Sistema não poderia ser "criado" fora do Sistema. Para seu maior entendimento sobre a Teoria da Queda sugiro que releia o capítulo 4 do livro Deus e Universo
O Anti-Sistema é um emborcamento de parte do Sistema e está, portanto, dentro do Sistema e, por essa razão, coexiste dentro do Anti-Sistema o Bem (Sistema) e o Mal (Anti-Sistema). O Anti-Sistema está, assim, no seio do Sistema. No emborcamento do Anti-Sistema, o limite sensório é restrito diante da realidade das coisas, mantém o Anti-Sistema num estado que poderia chamar-se de contínua alucinação. Veja esta referência no Capítulo 29 d'A Grande Síntese.
O emborcamento leva-nos a ter uma visão dualística do Universo e, por isso, o nosso olhar nos conduz a um estado de perturbação da consciência, caracterizado por ofuscação da vista e obscurecimento do pensamento em virtude da coexistência do Sistema e do Anti-Sistema no nosso mundo. Esta alucinação nos impede de perceber a existência da Unidade Monistica do Sistema mesmo no nosso mundo "decaído". Repare que coloquei a palavra decaído entre aspas, pois devido ao emborcamento, o que se passa realmente, é como se estivéssemos adormecidos vitimas de pesadelos alucinatórios. O que quero dizer, é que o Mal e todos os seus atributos não são reais já que resulta de um processo alucinatório devido ao emborcamento de parte do Sistema.
Como a verdade é um dos alicerces do Sistema, o seu inverso só pode ser a mentira, deste modo, aquelas criaturas que se revoltaram, por livre vontade, mergulharam na insanidade e alucinação. Assim, se o ódio é um a alucinação, uma mentira, podemos concluir que o Sistema (Deus) tem por base a verdade e o Amor é, portanto, a âncora que sustém a unidade do Sistema. Esta âncora (o Amor) é DEUS por ser o vértice do Sistema e pela sua Onipresença tanto no Sistema como no Anti-Sistema. A imanência de Deus no Anti-Sistema funciona como um despertador deste pesadelo alucinatório através da força da Evolução. A presença de Deus no Anti-Sistema é uma prova cabal de que a sua essência é o Amor, pois o motivo, daquele Ser puro, em acompanhar o exílio dos decaídos no inferno terrestre, só poderia ser o AMOR. O BEM que vemos em luta contra o mal no nosso mundo é a comprovação da Imanência Divina entre nós.
Desta forma é o Amor que nos reabilitará. Esta é, portanto, uma confirmação do mandamento maior que Cristo nos legou: Amai o próximo como a si mesmo! Esta regra áurea demonstra que o Amor irrestrito entre as criaturas é o telefinalismo da Evolução. Quando toda a humanidade alcançar este ponto final, será óbvio que a essência de todos os nossos atos, de qualquer natureza, será o Amor. O Amor traz a Unificação, a própria História humana nos mostra esta marcha para a Unificação de povos e nações. A Unidade iniciou-se com o grupo familiar, passando para o tribalismo, feudalismo, etnias, povos, nações e, hoje a palavra de ordem é a Globalização que se finalizará num Governo Mundial que estará acima dos poderes de todas as nações. Alcançado este ponto, o próximo passo será a descoberta da realidade do Espírito que unirá todos os credos religiosos na forma de uma religião científica como preconiza Ubaldi em sua obra. Se a finalidade da Evolução é o Amor, a essência do Condutor (o Deus Imanente) deste transformismo evolutivo é o AMOR, pois cada ser revela sua essência através de seus atos.
O grande filósofo Sócrates intuiu que a cura do processo alucinatório se daria através do conhecimento de nosso intimo quando disse; Conheça a ti mesmo que as portas do infinito abrirão para ti. Ele concluiu que há mais valor no conhecimento de si mesmo e não no conhecimento exterior. O conhecimento interior nos despertará desta vida ilusória. Até a ciência moderna nas palavras de um dos seus maiores gênios, Albert Einstein, afirma: A realidade é uma ilusão, embora bastante persistente. A religião Hinduísta, também, nos legou o termo Maya que significa ilusão, ao afirmar que o nosso mundo é uma grande Maya.
Concluído a parte que se refere que o Amor é a essência última da Divindade, vamos tentar mostrar que o Mal é autodestrutivo e acaba trabalhando para o Bem. Ubaldi nos esclarece no livro A Nova Civilização do Terceiro Milênio; Da natureza negativa das forças do mal resultam três conseqüências importantes: 1ª - Por parte do mal, absoluta impotência de construir para si mesmo e capacidade de desenvolver apenas atividade negativa, isto é, de embaraçar o trabalho construtivo alheio. Portanto, o mal subordina-se ao bem existe apenas como forma de negação do bem, quer dizer, é função dele, como da luz depende a sombra. O mal, desse modo, nasceu escravo e seu domínio não passa de domínio negativo, de desagregação. 2ª - Sua irresistível tendência para autodestruição. 3ª - A subversão de todo o rendimento de sua atividade, que assim, na realidade oposta às mentirosas aparências, não se resolve a seu favor, mas a favor do termo oposto - o bem. A destruição levada a cabo pelo mal se transforma assim, em construção no campo de forças, inverso e contrário.
A terceira conseqüência derruba a sua afirmação de que o ódio é destruidor e não construtor já que seu trabalho resulta em beneficio do Bem e não a seu favor. Para compreender a fundo sobre as três conseqüências do mal sugiro a leitura de todo o Capítulo X do livro A Nova Civilização do Terceiro Milênio. Não estou anexando-o a esta mensagem por ser muito extenso.
Abraços,
Pedro Orlando Ribeiro