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A Real Existência de Cristo

Mensagem Original

     Caríssimo Pedro Orlando Ribeiro,

    

     No domingo passado, o Fantástico apresentou uma reportagem em que um ex-padre coloca em xeque, por falta de provas, a não existência de Cristo. Caso tenha visto essa matéria, gostaria de saber a opinião do amigo e irmão sobre o que leva uma pessoa que estudou teologia a vida toda a ficar descrente. É uma coisa muito estranha já que passamos a vida inteira ouvindo falar de Cristo.

     Grato,
    Carlos Geiser.

Resposta

Prezado amigo,

     Infelizmente não assisti o programa. Não deixa de ser surpreendente ver um ex-padre ir ao encontro daquilo que foi o motivo condutor de sua vida: a fé na real existência de Cristo.

     Não sei quais as provas que apresentou sobre a não existência de Cristo. Mas, creio que tudo que existe ou existiu sobre a Terra deixa seus rastros que podem ser detectados após sua passagem. Para um paleontologista a pegada de um dinossauro impressa nas rochas é a prova da existência desses seres monstruosos que habitaram a Terra há milhões de anos. Essa é uma prova material que pode ser vista por qualquer um, entretanto para o cientista ainda é necessário mais informações que o possibilite a descrever não somente a anatomia desses animais como também seus hábitos alimentares, seus instintos, a datação da época em que viveram e, sobretudo, verificar se o meio ambiente (atmosfera, vegetação, vulcanismo, etc.) daqueles tempos permitia a existência desses tipos de seres. De posse desses dados o pesquisador "constrói" uma teoria fornecendo uma descrição objetiva, sistemática e abrangente do cenário do período Jurássico.

     A descrição desse cenário é obtida unindo conceitualmente as provas físicas encontradas no ambiente. Ora, a palavra conceito é um ente lógico de caráter abstrato. Assim, a partir de pequenos indícios materiais os cientistas construiram um conhecimento especulativo, metódico e organizado de caráter hipotético abstrato e sintético.

     Assim. a partir de "rastros" materiais alcança-se o conhecimento que por sua natureza intrínseca é um ente de natureza psicológica: o pensamento abstrato. Desse modo, partindo da matéria chega-se ao espírito

     Agora pergunto: Será possível o caminho inverso, isto é, a partir do pensamento chegar a matéria? Penso que você já percebeu onde quero chegar: Será possível a partir da doutrina cristã alcançarmos a figura histórica de Cristo?

     Se adotarmos esse caminho inverso podemos partir de "rastros conceituais" para desenvolvermos nossa teoria (ou seria uma Anti-teoria?). As nossas "pegadas" serão os evangelhos que segundo seus autores é o registro da vida e do pensamento de Cristo. O Novo Testamento relata sobretudo a ação de Cristo construindo um sistema ideológico, estabelecendo um ideário comportamental de forma que qualquer pessoa possa alcançar a felicidade na plenitude de uma vida espiritual, Ao contrário da grande maioria dos personagens históricos, Cristo não construiu monumentos, não fez guerras e, portanto, não nos legou ruínas de pirâmides e palácios e nem uma lista de sangrentas batalhas onde milhares de pessoas perderam a vida. Ele nos legou apenas idéias e regras de comportamento, como por exemplo o sermão da Montanha e sobretudo sua regra áurea que nos diz para Amarmos o próximo como a nós mesmos. Suas construções foram erguidas com materiais intangíveis e, portanto, indestrutíveis e, estão de pé até hoje, vivas e atuantes. São obras imperecíveis, ao contrário das construções dos Reis, Faraós e Imperadores.

     Por serem imperecíveis não caíram no esquecimento e não é necessário a presença de paleontólogos para restaurar sua história, O ideário cristão continua vivo e presente no nosso dia a dia, ele é a idéia condutora de grande parte da humanidade. O ideal cristão embora ainda não seja totalmente compreendido e praticado na sua essência é, no entanto, a referencia maior para as nossas leis civis e para a conduta humana. O ideal cristão é uma forte realidade interior, sólida e objetiva, poderosa e resistente que paulatinamente está levando a humanidade a tornar-se cada vez mais civilizada, caminhando para o surgimento de um mundo fraterno onde a regra máxima será aquela preconizada por Cristo; Amar o próximo como a si mesmo.

     Vemos, portanto, que existe uma meta a atingir para qual estamos encaminhando. Fato esse que sinaliza a existência de um plano anterior elaborado por uma mente poderosa que conseguiu vislumbrar todas as fases construtivas desse imenso "edifício da fraternidade humana". Toda construção tem que ter o seu "engenheiro" que planeja e coordena as ações dos demais operários da obra, pois sem a centralidade de concepção e de comando seria impossível manter íntegros os objetivos almejados. O ideal cristão já teria, a muito tempo, desaparecido da face do nosso planeta se não existisse essa "cabeça pensante", que planejou e dirige essa obra civilizadora. O acaso ou a mitologia não poderia ter sistematizado uma doutrina que tem nexo lógico e racional. A unicidade desse pensamento transparece nos Evangelhos e nos revela que só poderia ser produto de uma mente singular e não de uma multidão de autores. Se fosse trabalho de muitos teríamos um texto incoerente, confuso e contraditório.

     Justifica-se, assim, a necessidade da existência de apenas uma individualidade planejadora e condutora desse processo. A tradição e a história conservou o nome de Cristo como provocador desse movimento que arrasta toda a humanidade. Os historiadores desde do século I da era Cristã já se referiam a Cristo ao chamar seus seguidores de Cristãos. A história Romana dos primeiros séculos está repleta de referências aos Cristãos. Quem não conhece a história da perseguição aos mesmos e do martírio de milhares deles nos Circos romanos?

     Vários escritores e historiadores romanos dos séculos I e II se referiram aos cristãos e a Cristo. Entre eles destacam Flávio Josefo (37-100 d.C.), Tácito (56-120 d.C.), Suetônio (69-122 d.C.), Plínio o Moço (61-114 d.C.), Tertuliano (155-220 d.C.) Para conhecer o que esses historiadores escreveram acesse o site http://www.cacp.org.br/criticismo-historia.htm

    abraços,

Pedro Orlando Ribeiro

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