Prezado
amigo,
Infelizmente não assisti o programa. Não deixa de ser surpreendente
ver um ex-padre ir ao encontro daquilo que foi o motivo condutor de
sua vida: a fé na real existência de Cristo.
Não sei quais as provas que apresentou sobre a não existência de
Cristo. Mas, creio que tudo que existe ou existiu sobre a Terra
deixa seus rastros que podem ser detectados após sua passagem. Para
um paleontologista a pegada de um dinossauro impressa nas rochas é a
prova da existência desses seres monstruosos que habitaram a Terra
há milhões de anos. Essa é uma prova material que pode
ser vista por qualquer um, entretanto para o cientista ainda é
necessário mais informações que o possibilite a descrever não
somente a anatomia desses animais como também seus hábitos
alimentares, seus instintos, a datação da época em que viveram e,
sobretudo, verificar se o meio ambiente (atmosfera, vegetação,
vulcanismo, etc.) daqueles tempos permitia a existência desses tipos
de seres. De posse desses dados o pesquisador "constrói" uma teoria
fornecendo uma descrição objetiva, sistemática e abrangente do
cenário do período Jurássico.
A descrição desse cenário é obtida unindo
conceitualmente as provas físicas encontradas no
ambiente. Ora, a palavra conceito é um ente lógico de caráter
abstrato. Assim, a partir de pequenos indícios materiais os
cientistas construiram um conhecimento especulativo, metódico e
organizado de caráter hipotético abstrato e sintético.
Assim. a partir de "rastros" materiais
alcança-se o conhecimento que por sua natureza intrínseca é um ente
de natureza psicológica: o pensamento abstrato. Desse
modo, partindo da matéria chega-se ao espírito
Agora pergunto: Será possível o caminho inverso, isto é, a partir do
pensamento chegar a matéria? Penso que você já percebeu onde quero
chegar: Será possível a partir da doutrina cristã alcançarmos
a figura histórica de Cristo?
Se adotarmos esse caminho inverso podemos partir de "rastros
conceituais" para desenvolvermos nossa teoria (ou seria uma
Anti-teoria?). As nossas "pegadas" serão os evangelhos que segundo
seus autores é o registro da vida e do pensamento de Cristo. O Novo
Testamento relata sobretudo a ação de Cristo construindo um sistema
ideológico, estabelecendo um ideário comportamental de forma que
qualquer pessoa possa alcançar a felicidade na plenitude de uma vida
espiritual, Ao contrário da grande maioria dos personagens
históricos, Cristo não construiu monumentos, não fez guerras e,
portanto, não nos legou ruínas de pirâmides e palácios e nem uma
lista de sangrentas batalhas onde milhares de pessoas perderam a
vida. Ele nos legou apenas idéias e regras de comportamento, como
por exemplo o sermão da Montanha e sobretudo sua regra áurea que nos
diz para Amarmos o próximo como a nós mesmos. Suas
construções foram erguidas com materiais intangíveis e, portanto,
indestrutíveis e, estão de pé até hoje, vivas e atuantes. São obras
imperecíveis, ao contrário das construções dos Reis, Faraós e
Imperadores.
Por serem imperecíveis não caíram no esquecimento e não é necessário
a presença de paleontólogos para restaurar sua história, O ideário
cristão continua vivo e presente no nosso dia a dia, ele é a idéia
condutora de grande parte da humanidade. O ideal cristão embora
ainda não seja totalmente compreendido e praticado na sua essência
é, no entanto, a referencia maior para as nossas leis civis e para a
conduta humana. O ideal cristão é uma forte realidade interior,
sólida e objetiva, poderosa e resistente que paulatinamente está
levando a humanidade a tornar-se cada vez mais civilizada,
caminhando para o surgimento de um mundo fraterno onde a regra
máxima será aquela preconizada por Cristo; Amar o próximo como a si
mesmo.
Vemos, portanto, que existe uma meta a atingir para qual estamos
encaminhando. Fato esse que sinaliza a existência de um plano
anterior elaborado por uma mente poderosa que conseguiu vislumbrar
todas as fases construtivas desse imenso "edifício da fraternidade
humana". Toda construção tem que ter o seu "engenheiro" que planeja
e coordena as ações dos demais operários da obra, pois sem a
centralidade de concepção e de comando seria impossível manter
íntegros os objetivos almejados. O ideal cristão já
teria, a muito tempo, desaparecido da face do nosso planeta se não existisse essa
"cabeça pensante", que planejou e dirige essa obra civilizadora. O
acaso ou a mitologia não poderia ter sistematizado uma doutrina que
tem nexo lógico e racional. A unicidade desse pensamento transparece
nos Evangelhos e nos revela que só poderia ser produto de uma mente
singular e não de uma multidão de autores. Se fosse trabalho de
muitos teríamos um texto incoerente, confuso e contraditório.
Justifica-se,
assim, a necessidade da existência de apenas uma individualidade
planejadora e condutora desse processo. A tradição e a história
conservou o nome de Cristo como provocador desse movimento que
arrasta toda a humanidade. Os historiadores desde do século I da era
Cristã já se referiam a Cristo ao chamar seus seguidores de
Cristãos. A história Romana dos primeiros séculos está repleta de
referências aos Cristãos. Quem não conhece a história da perseguição
aos mesmos e do martírio de milhares deles nos Circos romanos?
Vários escritores e historiadores romanos dos séculos I e II se
referiram aos cristãos e a Cristo. Entre eles destacam Flávio Josefo
(37-100 d.C.), Tácito (56-120 d.C.), Suetônio (69-122 d.C.), Plínio
o Moço (61-114 d.C.), Tertuliano (155-220 d.C.) Para conhecer o que
esses historiadores escreveram acesse o site
http://www.cacp.org.br/criticismo-historia.htm
abraços,
Pedro Orlando Ribeiro
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