Prezado amigo Claudio Fajardo:
O tema sobre a Intuição é assunto recorrente em toda obra de
Ubaldi,
por isso selecionei alguns capítulos de alguns livros onde o assunto é mais extensamente desenvolvido..
A Grande Sintese
Cap II
INTUIÇÃO
Cap XXXI
SIGNIFICADO TELEOLÓGICO DO TRATADO - PESQUISA POR INTUIÇÃO I
Ascese Mistica
Cap IV A CATARSE MÍSTICA E O PROBLEMA DO
CONHECIMENTO
Cap V
OBJETIVISMO E SUBJETIVISMO
As Noúres
Cap II
O FENÔMENO
A Nova Civilização do Terceiro Milênio
Cap XXVI
A MÚSICA - A VIDA DUPLA
Cap XXVII e XXVII
A PERSONALIDADE HUMANA
Além destes livros você encontrará referências a Intuição em
outros livros como O Sistema, A Técnica Funcional da Lei de Deus, Um Destino Seguindo Cristo,
Pensamentos, Evolução e Evangelho, Cristo, Princípios de uma Nova Ética, A Lei de Deus, Profecias, Queda
e Salvação, Ascensões Humanas, Deus e Universo, Problemas do Futuro, Fragmentos de Pensamento e de
Paixão, Grandes Mensagens, História de um Homem.
Este fato revela que o tema é um conceito fundamental sobre o
qual Ubaldi construiu toda sua imensa obra, É por essa razão que podemos concluir que este imenso caudal
de informações propiciadas pela obra Ubaldiana é isento de erros e contadições, pois a intuição é um
fenômeno que traz em si além da parte conceitual o sentimento de absoluta certeza na exatidão dos
conceitos por ela revelados.
Mas o que é a Intuição?
Veja no livro AS NOÚRES a descrição pormenorizada da técnica
e recepção das Correntes de Pensamento. Mas, de forma resumida, podemos dizer que a intuição é uma
forma instantânea de compreender um determinado fenômeno. É um relâmpago conceitual. De repente sem
nenhum aviso surge na nossa mente a solução de um problema que nos atormentava há muito tempo ou
repentinamente resplandece a compreensão global de um complexo fenômeno científico. Muitos
matemáticos, físicos, químicos encontraram pela intuição, num átimo do tempo,a fórmula ou o conceito
cientifico que há muito procuravam.
...a solução dos problemas percorre vias absolutamente
independentes dos processos lógicos e racionais e como o relâmpago, que ilumina uma zona de pensamento,
de improviso o apreende. Poincaré, no seu livro Invention Mathématique registra nestes termos o fato: "O
que nos fere a atenção desde logo são as aparências de súbita iluminação, reveladoras de longo e prévio
trabalho anterior
". O autor observa, à custa de experiência própria, que nesses casos o pensamento se caracteriza pela
rapidez, subtaneidade e certeza imediata. Quando menos se espera, apresenta-se à nossa mente a solução de
problemas já de há muito propostos (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Mozart esclareceu numa carta o seu processo intuitivo de composição:
Quer saber como eu componho? Posso dizer-lhe apenas isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo, seja de noite quando durmo, ocorrem-me idéias aos jorros, soberbamente. Como e donde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, delas tomo a parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da harmonia, dos instrumentos, etc. Então, em profundo sossêgo, sinto aquilo crescer, crescer para a claridade de tal forma que a obra mesmo extensa se completa na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou uma bela mulher... Quando chego neste ponto, nada mais esqueço, porque boa memória é o maior dom que Deus me deu.
Em geral, todos, mais ou menos, possuem intuição, mas de um
modo vago e sumário, sem a crítica e a precisão de um método. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)
A Intuição pode ocorrer de forma onírica usando a linguagem simbolica dos sonhos. Durante anos, os químicos se esforçaram para descobrir como os seis átomos de carbono e os seis de hidrogênio estavam ordenados dentro da molécula do benzeno, de uma forma que satisfizesse as propriedades especiais desse composto.
Foi em 1865 que os destinos do benzeno e do químico alemão Friedrich August Kekulé von Stradonitz cruzaram-se: em um sonho.
Depois de muito pensar, estudar e fazer proposições, Kekulé sentou-se em uma poltrona e acabou cochilando. Ao acordar, lembrou-se do estranho sonho que tivera, no qual uma cobra mordia a própria cauda. Imediatamente, associou a forma da visão com o arranjo de átomos que pesquisava, chegando à fórmula espacial do benzeno, formada por um anel hexagonal.
Outro exemplo marcante da subtaniedade da intuição foi descrito pelo poeta Fernando Pessoa numa carta ao amigo Mário Beirão em 1913:
(...)Destaco de coisas psíquicas de que tenho sido o lugar o seguinte fenômeno que julgo curioso. V. sabe, creio, que de várias fobias que tive guardo unicamente a assaz infantil mas terrivelmente torturadora fobia das trovoadas. O outro dia o céu ameaçava chuva e eu ia a caminho de casa e por tarde não havia carros. Afinal não houve trovoada, mas esteve iminente e começou a chover - aqueles pingos graves, quentes e espaçados - ia eu ainda a meio caminho entre a Baixa e minha casa. Atirei-me para casa com o andar mais próximo do correr que pude achar, com a tortura mental que V. calcula, perturbadíssimo, confrangido eu todo. E neste estado de espírito encontro-me a compor um soneto* - acabei-o uns passos antes de chegar ao portão de minha casa -, a compor um soneto de uma tristeza suave, calma, que parece escrito por um crepúsculo de céu limpo. E o soneto é não só calmo, mas também mais ligado e conexo que algumas coisas que eu tenho escrito. O fenômeno curioso do desdobramento é a coisa que habitualmente tenho, mas nunca o tinha sentido neste grau de intensidade... "
*ABDICAÇÃO
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.
Esta capacidade já existe embrionariamente em todos nós.
Quem já não teve um lampejo de uma compreensão instantânea e total sobre um determinado assunto sem
precisar recorrer a nenhuma elucubração racional?
abraços,
Pedro Orlando Ribeiro